20 de dezembro de 2019

Alegrias do ano: Musical dos Novos Baianos !

O ano não foi nada fácil. Além de toda essa pataquaiada mensal que a gente tem que engolir via Brasília, meu pai partiu para outro plano em 25/01, o que por si só já modificou meu ano todo ( e outros por vir). Mas justamente porque sei que ele não ia gostar nada nada dessa melancolia, vou colocar algumas alegrias do ano, pois no meio da tormenta, sempre tem arco-íris, pessoas boas, arte, cultura e esperança. Que bom! Uma das minhas alegrias em 2019 foi ver o musical dos Novos Baianos no teatro do Sesc Vila Mariana. A montagem, despretensiosa, cheio de música boa e com história não linear ficou perfeita e a cara dos Novos Baianos! Adorei...(abaixo, a capa do programa do show)

11 de dezembro de 2019

Noel Rosa, 109 anos (Doodle)

Hoje o Google homenageia um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos: Noel Rosa. Os seus um século e nove anos de nascimento mereceram um doodle com desenho simples mas singelo na abertura do site, como vocês podem apreciar abaixo.
https://www.br-nav.com/?source=6e57b02cff294b80a677f412230e18dd

9 de dezembro de 2019

Meu Primeiro LP

Esse LP, da rádio Antena 1, de 1979, foi o primeiro disco comprado com meu próprio dindim-arame-tutu-money. Eu tinha acabado de completar 12 anos e tinha ganhado um dinheirinho ajudando um candidato a vereador da minha cidade entregar santinho. Adquiri no antigo Mappin, e pode parecer a primeira vista que foi um impulso de adolescente ao ver essa linda capa - claro que isso ajudou - mas na verdade eu já conhecia pelo menos umas três músicas do LP, principalmente a festiva "Who Were You With In The Moonlight" do Dollar. As faixas giram em torno da discotheque e do pop, dois gêneros bem presentes na época, e claro, músicas melosas ( que a gente chamava de "lentas") e "balanços" jazzísticos. O LP está comigo até hoje, 40 anos depois, e é exatamente esse que aparece na foto abaixo! A íntegra do disco está no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=fXS6oTkC__k

6 de dezembro de 2019

Fim de semana periclitante: A Estátua Viva Vive e Expo Vintage Edição Extra

O fim de semana promete. Amanhã, a partir das 14hs, no Chopp in House do meu velho amigo Paulo Sacheta haverá o lançamento oficial do livreto "A Estátua Viva Vive", projeto poético-fotográfico-performático que fiz com o Carlão - Carlos Lopez Perez - que além de estátua viva é cosplay urbano, escritor, aventureiro e futuro ator de curta metragem. Será a partir das 14h, com leitura ao vivo, autógrafos e promoções imperdíveis no cardápio. Amanhã e domingo também rola a Feira Expo Vintage, desta vez em edição extra, capitaneada pelo Leo Marck, que levou o sucesso da empreitada para dentro da cervejaria Madalena, em Santo André. O formato vencedor é o mesmo do Encontro de Carros Antigos do Parque Chico Mendes em São Caetano, com bandas ao vivo e expositores sortidos dentro do universo retrô: colecionismo, brinquedos, miniaturas, arte retrô, moda vintage, pinups & rockers, posteres, discos de vinil e memorabilia em geral. Links e endereços abaixo. O old amigo Ricardo Rick and Roll Martins ficará a cargo da apresentação no palco, além de sua conhecida loja de LPs presente. Vou estar lá com ele no domingão. Mais um finde para a História!
https://www.revistamenu.com.br/2019/12/05/cervejaria-madalena-promove-feira-retro-no-abc-paulista/
https://www.facebook.com/events/2512990702266848/

4 de dezembro de 2019

"Salve-se Quem Puder" - Duayer/Francisco Ucha (o lançamento)

Ontem, dia 03/12, estive com minha cúmplice Cris no lançamento do livro "Salve-se Quem Puder - Cartuns e Fotos de Duayer", projeto bolado e produzido pelo Francisco Ucha com biografia, depoimentos, fotos e cartuns, muitos inéditos, do artista em sua fase no Pasquim e em participações posteriores na imprensa ( Status Humor, Pingente, Mad, etc). Um livro magnífico, super bem feito, que eu tive a honra de participar como revisor. O lançamento 1 já tinha rolado na Comix no sábado e lá eu também estive, ocasião em que pude finalmente conhecer o casal Duayer e Lourdes ( simpaticíssimos e calorosos) e trocar figurinhas com amigos como Luigi Rocco ( do excelente Tiras Memory) e Worney ( sempre a jato). Ontem foi na Livraria Martins Fontes-Paulista e o encontro se mostrou à altura da obra, com a presença de luminares da nossa imprensa e cultura: Jal (que escreveu a orelha do livro), Spacca ( que trouxe a tiracolo um livro raro do Duayer), Rosane Pavam, Ligia Colares ( da Avec Editora), Carlos Marchi (autor da excelente biografia do jornalista Carlos Castelo Branco), Volney Faustini, Fabio Siqueira, Antonio Carlos ( Gibiteca do Antonio), a artista Silvia Ruiz, entre outros. Mas a presença mais surpreendente da noite foi a do grande jornalista José Hamilton Ribeiro, um dos maiores repórteres que esse Brasil já viu, com seus 84 anos bem vividos e com disposição para dar e vender! Uma noite para não se esquecer!
( com Francisco Ucha, o "culpado" por isso tudo, e minha escudeira Cris)
(com Duayer e o jornalista Carlos Marchi)
(Spacca, Duayer, eu e Ucha)
( Jal, eu, José Hamilton Ribeiro, Duayer e Ucha)

2 de dezembro de 2019

Raízes 60

Mais um fim de ano e a revista Raízes, semestral, tem mais um lançamento pontual reservado para dezembro. A edição de número 60 tem um gosto mais do que especial pra mim, pois desta vez fiz uma homenagem ao meu pai, João Massolini, com um artigo sobre sua vida. Esse perfil é mais do que merecido, ele que sempre foi um dos grandes entusiastas da memória de São Caetano do Sul, tanto como contumaz "guardador" de cultura e memorabilia, como colecionador da própria revista Raízes ( tinha orgulho de ter todas es edições). Seu João, além de bater ponto em todos os lançamentos ( até julho de 2018), acabou também colaborando como coautor em um artigo da revista sobre a Rosacruz sancaetanense. É por essas e outras que esse lançamento será pra mim o mais emocionante de todos. Segura aí que eu seguro aqui, pai!

29 de novembro de 2019

Salve-se Quem Puder - Cartuns e Fotos de Duayer

Depois do excelente "O Judoka - por FHAF", no ano passado, Francisco Ucha lança mais um "petardo cultural" imprescindível, "Salve-se Quem Puder - Cartuns e Fotos de Duayer", um lançamento que faz parte das comemorações de 50 anos do Pasquim, jornal da "imprensa alternativa" que fez História. Duayer, que entrou como fotógrafo no jornal, acabou ali dentro mesmo sendo descoberto como cartunista, muito pelo faro infalível de Henfil, que viu identidade própria e muita personalidade em seus desenhos. Ambas as funções foram brilhantemente exercidas por Duayer e estão escancaradas no livro, inclusive obras nunca antes publicadas! Sou bem suspeito em elogiar, pois colaborei como revisor. mas esse lançamento é primordial nesse momento em que as liberdades sociais se tornam um joguete na mão de pseudo-líderes - a arte de Duayer infelizmente se mostra mais moderna do que nunca! Ontem já rolou um pré-lançamento no Rio, no clássico restaurante Fiorentina, com a presença de amigos e ex-colaboradores do velho Pasca. Em São Paulo, duas datas foram disponibilizadas. Amanhã ( sábado) a partir das 15h, dentro da Virada Nerd, tarde de autógrafos na Comix Book Shop ( Alamenda Jaú) e na terça ( dia 03/12), na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, a partir das 18h30 ( folder abaixo). Imperdível!!

22 de novembro de 2019

Mestre Maureliano

Dentre os tantos canais na grade da tv - aberta e fechada - poucos se salvam da mediocridade ou pasmaceira reinante. Alguns da área cultural eu ainda salvo, caso do Canal Brasil ( que pertence à Globo, mas é um verdadeiro oásis para quem gosta de cinema), Curta, Music Box Brazil e o Arte1. Este último, com uma programação totalmente voltada para as artes ( plásticas, gráficas, audiovisuais, dramáticas e musicais) sempre traz programas que surpreendem. Hoje parei no canal para assistir um documentário sobre o Maracatu. Na verdade, essa série intitulada "O Som e o Silêncio - Instrumentos do Maracatu" vem sendo exibida por capítulos, e neste que botei os olhos hoje, o foco está em Recife, mais especificamente na figura do mestre Maureliano Ribeiro (Mau), percussionista, professor, luthier e artesão, que faz seus tambores reconhecidos internacionalmente na cidade de Camaragibe, na região metropolitana de Recife/PE. Há anos exercendo sua função de "artesão do tambor barravento" ( na verdade, ele mesmo não chama o instrumento de tambor, mas de "bombo"), com a delicadeza e o respeito que só os "puros de tradição" têm, mestre Maureliano foi mentor de grandes instrumentistas da região, tendo inclusive ensinado integrantes do Nação Zumbi ainda no início de carreira. Depois de fazer tambores de encomenda para Sepultura, Jota Quest, Naná Vasconcelos e o próprio Nação Zumbi, entre outros, continua com sua técnica e preparo único na confecção dessas riquezas culturais - como ele próprio diz no documentário, ele está fazendo o que sempre fez, ultrapassando o conceito de mera profissão para o que na sua vida já virou missão. Os tambores originais da tradição do Maracatu estão desaparecendo na Grande Recife e demais regiões, mas Mestre Maureliano e seus discípulos ainda mantém a chama dessa riquíssima História musical e social.O contato com mestre Maureliano é fácil na internet - vamos divulgar esse trabalho belíssimo e tão importante para nosso legado. Leiam aqui matéria bem interessante sobre Maureliano no site Interdependente (originária do Jornal do Commércio): https://www.interdependente.com/2015/02/o-dono-do-batuque-do-maracatu.html
(fotos - divulgação)

18 de novembro de 2019

Jorge Fernando ( 1955-2019) e Pedrão Baldanza (1953-2019)

O mês atabalhoou e eu acabei longe do blog por esses dias. Mas volto para registrar duas partidas muito sentidas por quem ama nossa cultura e arte. Em 27/10 faleceu o ator/diretor Jorge Fernando, por complicações decorrentes de um AVC sofrido no final de 2016. Jorge Fernando era muito querido pela classe artística e deixa um trabalho inovador como diretor de novelas e minisséries na TV. Dirigiu dezenas de novelas, consolidando o horário das 19h - entre cenas antológicas, uma que dirigiu e marcou a TV foi a guerra no café da manhã entre os personagens de Paulo Autran e Fernanda Montenegro em Guerra dos Sexos, de Silvio de Abreu (1986/1987). Outro muito querido, desta vez na música, é o baixista Pedrão Baldanza, gaúcho que aportou em São Paulo no final dos 60 e desde então manteve-se ativo como instrumentista de estúdio e em bandas essenciais como Enigmas (que apoiou os Novos Baianos em início de carreira) e O Som Nosso de Cada Dia, uma das mais importantes bandas progressivas brasileiras.No Rio de Janeiro a partir do final dos anos 70, intensificou o contato com artistas da música brasileira e gravou/tocou com, entre tantos, Elis Regina, Raul Seixas, Rosa Maria, Sá & Guarabyra, Ney Matogrosso, etc. Pelas suas contas, gravou no período 1979-2000 aproximadamente 1500 faixas ( como mencionou em entrevista ao site Consultoria do Rock em 2017). Faleceu em 28/10 aos 66 anos. Aos dois, meu muito obrigado pela intensidade com que vivenciaram e produziram arte!
Jorge Fernando em Ciranda, Cirandinha (1978): https://www.youtube.com/watch?v=ksP2jmjj6bs ------------------
Pedrão Baldanza (com Fabio Caramuru): https://www.youtube.com/watch?v=7wVzHMXActY

26 de outubro de 2019

Walter Franco (1945-2019)

Lá foi um dos grandes compositores brasileiros. Walter Franco deixou nosso planeta nesta semana aos 74 anos e deixou um legado vanguardista insuperável. Músico com muita personalidade, acabou caindo naquele rol maldito dos tais malditos que a mídia impôe aos que não podem ser rotulados. Sua bela música acabou restrita, mas ficará para todo o sempre como única, profunda, em movimento, moderna. Aqui no meu acervo tenho o famoso LP branco da mosca, seu debut em disco, e que por muitos anos foi disputado a tapa ( o original da época ainda o é) e os três posteriores eu consegui em CD. Todos frequentam meu som a todo momento e o Revolver, de 1975, é o meu preferido - não desmerecendo os outros, cada qual com suas texturas e direções. Tive o privilégio de vê-lo ao vivo com a família há uns dois anos e meio atrás, no Centro Cultural São Paulo. O show foi bem de perto, bem aberto e vibrante, com participação de seu filho Diogo como integrante de uma banda bem afiada. Senti que ele estava um pouco cansado, mas nada que o impedisse de tirar foto com os fãs pós-show. Vá em paz, Walter Franco - e espero que como disse uma de suas mais duradouras músicas - vá com a "mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo". Lá embaixo, o link para o programa "Som do Vinil" sobre o clássico "Revolver".
https://www.youtube.com/watch?v=-CZKpozwuY4

20 de outubro de 2019

Foto do Mês: Lô Borges (Teatro Sesi - Prêmio Bunge - 07/10)

Um encontro especialíssimo no mês foi o pocket show de Lô Borges no Prêmio Bunge, realizado no Teatro Sesi no dia 07/10. Acompanhado de seu irmão Telo Borges, também compositor como ele, nos teclados e o excelente Henrique Matheus na guitarra, o mineiro desfilou sucessos duradouros do Clube da Esquina, movimento primordial da música brasileira, que teve Milton Nascimento e os irmãos Borges (Lô, Marilton, Telo, Nico, Márcio, Solange, Yé), entre outros, como peças-chave. Um show compacto mas bem emocionante, que ainda nos premiou com um encontro nos bastidores que carimbou de vez a noite. E nos provou que Lô continua um artista sem problemas com ego ou estrelismo - gente como a gente - o que é muito gratificante presenciar e comprovar ao vivo.

16 de outubro de 2019

Baú do Seu João 32 - Breda (folheto da Mercedes-Benz)

Eis mais um achado daqueles no meio da papelada guardada do meu saudoso pai. Desta vez apareceu um folheto ( ou parte dele) patrocinado pela Mercedes e pelo jeito com direcionamento para o turismo em São Paulo. Além da paisagem central da cidade na fronte, há no verso um belíssimo desenho de um modelo de ônibus da empresa Breda. Essa Breda presta serviços pelo Brasil e principalmente no Sudeste há décadas - aqui no ABC faz fretamento para várias empresas, entre elas a GM. Mostrei para meu primo Roberto, um expert em ônibus, e ele me disse que esse modelo ainda é o chamado "bicudinho", por conta de sua frente mais "avançada". O ano deste folheto eu não achei, mas estou pesquisando. Qualquer outra notícia, acrescento.

4 de outubro de 2019

Cartões QSL do acervo de Herbert Schlindwein

Uma matéria saborosa e rara de se ver, pelo seu assunto atípico: a Folha de S.Paulo publicou na semana passada uma reportagem assinada por Jasmin Endo Tran que encontrou em Brusque, Santa Catarina, o Gustavo, neto do seu Herbert Schlindwein e com ele uma coleção formidável de cartões QSL. Contando com cerca de 4000 unidades , o conjunto impressiona pelo design e estilos gráficos impressos, esbanjando cores, criatividade e variedade artística. O termo QSL, como a matéria informa, faz parte do código Q da radiocomunicação e quer dizer "entendido" ou "eu confirmo a recepção do seu contato. Era como seu Herbert e seus milhares de colegas radioamadores espalhados pelo mundo se comunicavam e a frase está marcada em todos os cartões do acervo, que eram mandados depois de usados para o receptor, numa logística toda própria que podia durar meses.Lendo tudo isso, me emocionei ao lembrar dos meus tempos de escoteiro, nos idos de 1979/1980,especificamente de uma atividade em que cada grupo ficou a noite e a madrugada inteira na casa de um radioamador experiente da região do ABC. O nome do senhor que nos acolheu com gosto em sua casa me fugiu com o passar dos anos, mas a sensação de estar presente naquele momento em que mensagens do Japão e da América Latina conseguiram conexão em seu receptor de radioamador foi realmente única - fora o fato de nós, do alto de nossos 12/13 anos, ter a oportunidade de passar a noite inteira fora de casa!! O que mais chama atenção nesse acervo no Sul, além da quantidade, é mesmo o design das peças. O uso das imagens não tinha restrições e eram feitas/montadas/gravadas pelos próprios radioamadores, que experimentavam pra valer e misturavam várias técnicas diferentes, como tipografia, colagem, carimbos, fotografia, ilustração, etc., quase todas com apuro e qualidade ímpar. O neto Gustavo, além de poder preservar o legado e a memória do avô saudoso, tem em mãos uma seleção riquíssima em termos gráficos e um recorte valoroso dentro da história pouco contada dos radioamadores, verdadeiros heróis e desbravadores em um tempo mais inocente pré-internet. Vejam a matéria completa no link abaixo e apreciem algumas imagens que colei lá em cima e aqui embaixo ( fotografei direto da tela...me desculpem a qualidade) - Crédito: Folhapress ********** https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/09/com-cartao-ate-da-antartida-acervo-de-radioamador-em-sc-revela-joias-do-design.shtml

1 de outubro de 2019

Seu Otacilho

Um dos grandes momentos do mês de setembro, daqueles que a gente leva para a vida, foi ter conhecido o formidável Seu Otacilho ( assim mesmo, com lh), em uma instituição de idosos na zona sul da capital. Fiz parte de uma ação com minha esposa e vários voluntários,onde, além de várias atividades como música e sarau de leitura, os moradores do asilo recebiam cartinhas e desenhos de crianças de outra instituição que escutaram as histórias dos próprios idosos e colocaram no papel o que sentiram da narrativa pessoal deles. Receber uma devolutiva de uma criança que escutou a sua história de vida fez com que cada idoso reagisse de uma maneira, mas sempre com emoção, agradecimento, felicidade. Seu Otacilho, ex-marinheiro, com voz de locutor a la Jamelão e conhecedor de sambas antigos, foi além e contou outras histórias ao vivo para nós - algumas de seu tempo como encarregado da caldeira no navio, navegando em várias partes do mundo, com destaque para a Argentina e os EUA. Chegou a morar em Los Angeles por alguns meses e lá também colheu algumas histórias hilárias, que ao saírem de sua boca agora, às portas dos 80 anos, vem carregada de sorriso e satisfação, como se viessem de uma das crianças das cartinhas. Na foto abaixo, com o voluntário Pablo que eu conheci no dia, essa alegria contagiante transparece! Viva Seu Otacilho! Obrigado pela ótima manhã e começo de tarde em sua companhia - foi uma honra conhecê-lo!

28 de setembro de 2019

Entrevista com Duda Moura

Entrevista com Duda Moura, amigo de longa data e um dos grandes bateristas brasileiros em atividade. Em sua longa carreira, participou de várias formações musicais e lançou dezenas de projetos, entre eles os métodos de bateria de sua autoria, Bateria Ouvir & Tocar (vols. 1 e 2) e Grooves do Brasil, além de idealizar o Curso de Bateria Drumming Boy. Mais detalhes de sua bio, aqui: https://www.dudamoura.com/biografia ................................................. M- Duda, um grande prazer conversar com você! Escutei a música “Céu do Sertão”, de sua autoria, recém-lançada na rede, um tema instrumental brasileiríssimo, profundo, com raízes latentes. Conte como veio à luz essa preciosidade em sua vida, e como foi o seu processo de criação... DM- Realmente foi uma luz! Mas é uma longa história e eu queria fazer uma introdução. Tudo começou com o trabalho que faço com a ONG “Amigos do Bem” lá no sertão - é um local de muita emoção, de emoção à flor da pele e tudo isso acaba contagiando a gente. No ano de 2017, eu fui convidado para fazer a trilha sonora de uma peça que a professora de teatro iria realizar lá no Centro de Transformação dos Amigos do Bem. Eu fiquei surpreso pelo convite porque eu não sabia se tinha condição ou não de fazer essa trilha, né? Há muito tempo eu não tocava violão, não compunha nada, mas resolvi aceitar o desafio. Só que aconteceu uma magia nessa história toda: ela me deu os temas...o motivo do que eu tinha que compor, e a partir daí começou a aflorar a inspiração! Compus várias músicas, algumas já tinha texto, outras eu tive que fazer a letra, outras ainda só a melodia, e a música “Céu do Sertão” na verdade era a introdução da abertura da peça – eram só dois acordes, e eu fazia um BG ( como a gente diz), indo e voltando naquilo ali, no ritmo do baião, mas ao mesmo tempo era uma coisa muito profunda. E eu percebi que a música tocou as pessoas no dia da peça...até eu mesmo fiquei emocionado! No primeiro momento foi assim. No ano seguinte, nós viajamos pra lá. Foi no ano de 2018, e era, se não me engano, o último dia de capacitação no sertão. A gente costuma ir para o Vale do Catimbau, que é um povoado lá em Buíque (PE). Era fim de tarde, quando uma amiga me convidou pra ver o pôr-do-sol, tinha mais umas pessoas lá no nosso alojamento, que na verdade é uma vila – a Vila do Bem, como a gente chama – e aí a gente desceu perto de uma igrejinha que tem lá. Aquele céu todo alaranjado, maravilhoso, e eu fiquei pensando, olhando praquele céu todo, aquele momento, o silêncio, aquele colorido...foi um momento muito bonito e me tocou também! Então na verdade foi uma soma a composição dessa música: a junção desse momento descrito e o convite para fazer a trilha de teatro para a Sonia Benetti, que é uma grande amiga e diretora de teatro de lá. Somando esse dois momentos, veio a inspiração no meu estúdio – onde estou agora narrando tudo isso – peguei o violão e foi aparecendo...fui lembrando das atividades, do nosso trabalho, que é voltado para as crianças. Na verdade, não trabalhamos diretamente com as crianças: a gente capacita os professores para eles educarem. E enquanto compunha, comecei a me lembrar do envolvimento todo que a gente tem com o projeto, que é de puro amor, pois nós somos voluntários e a coisa toda é feita com muito carinho e muita dedicação! Então nesse processo, acabei compondo, sem pretensão nenhuma...foi uma coisa particular. Só que foi um momento muito mágico porque eu senti algo dentro de mim que há muitos anos eu não sentia! Quando a gente começa a fazer música, quando a gente descobre que quer ser músico, e começa a tocar com os amigos - no meu caso, o Ponta Cristal, que você conheceu -, existe a arte dentro de você, aquela emoção diferenciada de tudo o que você já tinha vivido até aquele momento. Com o tempo, você vai se profissionalizando, e começa a perder isso, a se iludir com o trabalho; você tem que ganhar dinheiro como profissional da música, acaba meio que se desviando no meio do caminho...vira um “caça-níquel”, vamos dizer assim, e passa a viver no automatismo. Você acaba se enganando com tudo e isso passa a ser sua realidade. Eu passei muitos anos sem perceber que estava no meio dessa engrenagem toda, que não leva a nada! Então de repente me deparei com minha essência, lá da época do Ponta Cristal e consegui resgatar tudo aquilo que sentia antes, quando a gente fazia música pela arte. Então eu considero “Céu do Sertão” um resgate da minha essência e aos meus verdadeiros valores. Foi o reencontro da essência com o novo, com o que eu vivo agora. O processo de criação foi muito espontâneo, desse jeito que eu descrevi, e conseguiu trazer toda a emoção à flor da pele que eu vivi junto aos amigos da capacitação aqui para o estúdio. .............................................................. M - Na gravação, você contou com parceiros de longa data. Embora o vídeo conte com a ficha técnica, gostaria que você detalhasse a participação de cada um na execução da música... DM - É verdade! Contei com parceiros de longa data, mas de curta data também...rs. Você vai saber por que: o primeiro parceiro que eu tive contato foi o Paulo Dáfilin. Eu tava na sua casa e mostrei a música pra ele, sem pretensão nenhuma. Ele tava com o violão na mão, como sempre acontece quando a gente está batendo papo na casa dele e o violão acabou vindo pra minha mão. Eu toquei a música e ele começou a falar que quando o cara fosse gravar tinha que mudar determinado acorde, fazer não sei o que, e eu falei “ Mas não tem cara nenhum! Se tiver alguém, esse cara é você!” Aí ele pegou e falou “ ‘Bora’ gravar!” A gente marcou numa quarta-feira aqui no meu estúdio e foi assim que começou. O Paulo mudou alguns acordes...o violão não é o meu primeiro instrumento, tem uma certa limitação e ele é um especialista nisso, né? Então ele deu uma corrigida em alguns acordes e acrescentou alguma coisa. A participação dele nesse trabalho foi muito efetiva, não só como instrumentista, gravando os violões, mas fez a direção também, sugerindo que eu colocasse contrabaixo, violoncelo, que eu regravasse a bateria, pois era outra bateria que tinha. Ele é um grande diretor musical! Eu tive muita sorte de ter esse parceiro pra esse trabalho. Ah, e nesse mesmo dia que ele veio gravar, na verdade a melodia era a minha voz guia, mas como eu não sou cantor, tava aquela coisa linda de morrer...rs. Aí no caminho, quando ele vinha pra cá, ligou pro Amilcar, o saxofonista, que trouxe uma flauta, e me falou:”Olha, Duda, eu sei que sua voz é maravilhosa...rs, mas o Amilcar vai fazer uma guia pra poder gravar os violões”. Depois eu mandei esses violões guias já com a bateria que eu tinha gravado – que na verdade era uma bateria guia também. A percussão já tava valendo, mas a bateria era guia. Falei para o Amilcar que eu tinha uma ideia de algo orquestral e ele captou isso e gravou ali na melodia, tocando em uníssono, flauta, piccolo e sax soprano. Ficou uma coisa bem bonita, que lembra um pouco Villa-Lobos. Achei muito bacana e de pronto falei:”É isso!”. O Paulo até falou: “Vamos abrir vozes,tal”, mas era mais ou menos o que eu estava querendo e acabou ficando assim. E eu também resolvi colocar voz. Como a melodia se repete duas vezes: sopro na primeira vez e depois de novo, - então eu resolvi convidar uma cantora, a Adriana Jakutis. Essa é amiga de curta data, grande parceira de música lá no projeto junto comigo. A voz dela lembra a de uma cantora lírica e era o que eu queria na sonoridade da melodia. Só que na hora que ela gravou, ficou bonito, tudo, mas ficou faltando peso, e foi daí que surgiu a ideia de convidar o Gerson Machado, que era parceiro nosso do Ponta Cristal, vocalista, e ele participou também. No contrabaixo também é um amigo de longa data, o Nilton Leonarde, que tocou comigo no Double Duo, depois no Tropic Bossa, e como é um cara que eu tenho muita afinidade tocando, resolvi convidá-lo. Ele gravou no contrabaixo acústico. O cellista, Jonas Moncaio, eu não conhecia. O Paulo Dáfilin está dirigindo um musical que é a história do Juscelino Kubitscheck e o Jonas é o cellista deste espetáculo. Ele é de São Carlos, veio aqui na maior boa vontade e gravou aquele cello maravilhoso! Então foi assim...a parte de bateria e percussão eu gravei nove tracks de percussão – muita percussão, mais kit de bateria. Na execução teve a participação nos arranjos do Paulo, junto comigo, o Amilcar fez os arranjos do sopro, eu fiz os arranjos de bateria e percussão, o Paulo ajudou nos arranjos de voz e violão – eu tinha o arranjo pronto, mas ele acrescentou algo. O Nilton Leonarde contribuiu muito também com o arranjo de contrabaixo. O Paulo escreveu os arranjos para o cello e a voz teve a direção dele. Essa parte é muito boa também: os encontros com os amigos, cada um vindo com uma ideia, e tudo isso somado dá aquele efeito todo na música. Ouvir tudo concretizado é um prazer muito grande!
M - A gravação foi “ao vivo” no estúdio? Como foi a edição? DM - Como eu disse anteriormente, a gravação não foi feita ao vivo, porque a princípio, não era para ser uma coisa grandiosa. Era pra ser uma música com bateria, percussão, violões e só. Mas aí o Paulo veio com as ideias, colocou contrabaixo, sopro...tudo isso veio depois. A ideia de colocar voz também...foi acontecendo, né? Então não se pensou nisso antes, pra combinar com todo mundo e gravar ao vivo. A gente aproveitou a evolução da tecnologia, o que ela nos oferece hoje. Por exemplo: eu gravei aqui bateria e percussão; gravamos também voz, violões e cello. O Amilcar gravou na casa dele sopros e o Nilton Leonarde gravou no home studio dele o contrabaixo. A tecnologia te oferece essas condições de fazer a coisa à distância. Esse é o mundo de hoje. Mas como a gente estava em sintonia plena, tudo aconteceu de forma bem natural, tanto que não precisou de muita edição...uma coisinha ou outra só. Quanto à finalização do trabalho – mixagem, masterização – foi feita no Estúdio Baeta pelo Thiago Lima. Me parece que ele trabalha na TV Record, uma coisa assim – ele fica mixando o dia inteiro. Eu falei: “Esse é o cara que vai ter facilidade pra mixar”. Porque eram vários instrumentos, e como eu disse antes, só de percussão eram nove tracks! A gente fez a mixagem à distância: eu mandei pra ele como referência uma música do Dori Caymmi...mandei uma outra do Pat Metheny – coisas que eu gosto de ouvir. Aí a partir daí ele mixou, mandou a primeira mostra pra mim e eu fui corrigindo – aumenta aqui, abaixa ali -, mais ou menos umas “trocentas” vezes indo e vindo, até conseguir chegar naquele resultado. Assim foi feito o processo. A gravação foi realizada em três estúdios: no meu, no do Amilcar e no do Nilton, e a finalização no estúdio Baeta, em São Bernardo (do Claudinho Baeta). O Thiago Lima tem uma parceria com ele, tem uma sala lá. Sendo assim, resolvi lançar a música como meu primeiro trabalho solo, como instrumentista e compositor e daí veio a ideia de fazer um videoclipe, pois a música hoje está muito associada à imagem. Fechei uma parceria com a Ginguba Records e eles me deram toda a assessoria no sentido de distribuição digital. Hoje a música está sendo distribuída em todas as plataformas digitais ............................................................ M - E a produção das imagens para o vídeo? Você que deu as coordenadas? DM - Malu, eu pude contar com dois grandes profissionais: o Valdério Sá, que é lá do sertão de Pernambuco, da cidade de Inajá, e que cedeu gentilmente algumas imagens do céu do sertão que ele mesmo fotografou, e com a Wendy Maria, que fez a direção de arte/vídeo, além de criar aqueles gráficos inspirados na literatura de cordel. E quanto às coordenadas, eu deixei a Wendy livre pra desenvolver a criação do vídeo. Mas depois ela me enviou uma mensagem, perguntando se existia uma história da composição, como foi, e daí eu fiz um relato de tudo, da emoção e da energia na hora de compor, da inspiração que eu tive, enfim, tudo o que eu já relatei na primeira pergunta. Ela absorveu tudo isso de forma brilhante – ela é uma pessoa muito sensível – e conseguiu dar imagem à minha música. Eu gostaria de ressaltar aqui que essa música não é tão fácil assim pra fazer um trabalho como este. Ela tem vários movimentos, mas a Wendy teve essa percepção e conseguiu sincronizar muito bem as imagens com o áudio. ............................................................. M - O momento é de inspiração! Outras músicas de sua lavra podem surgir no horizonte? DM - Eu diria que o momento é de inspiração e introspecção. As duas coisas caminham juntas. Você tem que estar ali consigo mesmo para que aconteçam as coisas, e eu ando em busca de um novo horizonte, isso tem acontecido comigo! Junto com a música “Céu do Sertão” vieram outras...eu compus mais músicas, então eu estou com um repertório pronto. A ideia era lançar o primeiro single para ver como as coisas iam acontecer, né? Eu já fiz uma pré-gravação da próxima: é uma música em 7/8 chamada “Nascimento”. Na verdade este era o primeiro single que eu ia lançar, mas aí aconteceu aquele envolvimento com a música “Céu do Sertão”, e eu resolvi prestar aquela homenagem aos amigos sertanejos. Mas essa outra música já está na fila, prontinha para ser produzida. ........................................................ M - Nos últimos tempos, você focou e se empenhou muito como professor/educador de música, lançando cursos, lecionando em seu estúdio próprio e participando de projetos sociais. Detalhe, por favor, essas ações recentes... DM - Pois é, eu comecei a me envolver nessa área acadêmica a partir de 2002. Foi quando lancei o meu primeiro método “Bateria – Ouvir & Tocar – Volume 1”. Daquela época pra frente, eu comecei a levar paralelamente à minha atuação como músico, tocando na noite com artistas, a área acadêmica, dando aulas, escrevendo projetos. Daí veio o volume 2 do “Ouvir & Tocar”, veio o “Grooves do Brasil”, que é um método mais sedimentado nos ritmos brasileiros, lançado no Brasil e no exterior – por aqui pela Eme Editora, nos EUA pela Taps Space – e eu fui crescendo dentro dessa área. Por volta de 2005 eu comecei a trabalhar no Projeto Guri, pela Secretaria do Estado de São Paulo, um projeto social. Eu dei aula em Febem, dei aula em polos com camerata de violão, outros de orquestra. A gente preparava lá jovens e crianças pra tocarem na orquestra e ao invés deles ficarem na rua, iam até o projeto para aprender a tocar um instrumento. E no Projeto Guri, além de professor, eu fui supervisor por um curto período. Depois eu montei o meu próprio estúdio, onde além de produzir, eu ministro aulas de bateria. Já em 2012, eu fazia parte da ONG Amigos do Bem, arrecadando alimentos nos supermercados pra enviar para as famílias no sertão, e nesse período pensei comigo mesmo que eu podia fazer muito mais por eles, porque a música é um elemento transformador e eu já tinha essa experiência por conta do Projeto Guri. E veio de encontro com a abertura do centro de transformação, um lugar com atividades extra-curriculares, como música, esporte, línguas, capoeira, teatro, dança, além da escola fundamental. Mas na verdade, a essência disso tudo começou no período em que eu morei nos EUA: um certo dia, estava sentado na sala de aula – eu estudava numa escola que era para estrangeiros – com gente de todas as nacionalidades, e a professora americana chegou lá e falou que nós, principalmente o povo latino-americano, só olhava para o próprio umbigo. Aquilo ficou na minha cabeça – eu entendi que os imigrantes só queriam salvar a própria pele e não olhavam para os lados. Foi a partir daí que resolvi trabalhar com projetos sociais e hoje eu entendo que a gente está aqui nessa vida para partilhar com o próximo. ........................................................................................................................................................................................... M - E quem quiser ter aula com você, quais os caminhos? DM - Para quem quer estudar comigo, existem dois caminhos. No ano passado eu lancei uma vídeo-aula de bateria para iniciantes e tem maiores informações no meu site, ou melhor, no site do Drumming Boy, que é www.drummingboy.com.br. Você vai encontrar lá no link “curso online” as informações de como obter a vídeo-aula. O outro caminho são as aulas presenciais. A localização do meu estúdio é em São Caetano do Sul, no Bairro Santa Maria. É um estúdio com equipamento top de linha, no qual eu realizo gravações com os alunos. Eu trabalho muito por meio da prática, dos play alongs, oferecendo todas as condições para o aluno ser um grande profissional da música. O curso foi inspirado nas escolas de línguas estrangeiras onde você aprende por meio de conversação, então aqui se aprende tocando – depois, com o tempo, vai tendo consciência daquilo que foi tocado, no caso, a técnica, a leitura, o nome das notas, etc.
M - Com mais de 30 anos de carreira, tem algo inédito dentro da música que ainda gostaria de realizar? DM - A música tem um leque muito vasto. Dentro dela podemos encontrar a indústria da música, a arte, o entretenimento, a produção musical, a área acadêmica, e tantas outras facetas. Eu praticamente transitei em todas. Atualmente estou nessa parte acadêmica e de produção musical. Então eu diria que tenho muito a realizar ainda, porque quando você está lidando com algo que é abstrato, vamos dizer assim, as possibilidades são infinitas. Então tudo pode acontecer. Estou aqui aberto para que várias coisas aconteçam. Uma delas, que está em pauta, seria a realização de um álbum autoral. Então eu lancei o primeiro single, pretendo lançar o segundo, o terceiro, até completar o álbum com pelo menos umas dez músicas. É o que eu consigo enxergar no momento. A partir daí podem vir outras coisas. Eu sempre estou aberto à novidades, estou sempre pesquisando, indo atrás de coisas diferentes.Esse é um atrativo da música,né? Não existe monotonia.Você tem essa possibilidade de fazer várias coisas diferentes, dentro do que você gosta. ..................................................................................................................................................................... M - Para finalizar, deixe um recado para aqueles garotos/garotas - que eu sei que são muitos nesse Brasilzão -, que sonham em ser músicos, mas por vários motivos – falta de recursos, desprezo da família, falta de opções na comunidade, etc – acabam adiando ou enterrando esse sonho. DM - O recado que eu deixo é o seguinte: na vida, você pode conseguir aquilo que desejar, desde que tenha determinação, dedicação, paixão, foco e resistência ao não, porque é o que você mais vai ouvir. Não seja egoísta e fique longe das drogas. Seja positivo, tenha convicção que seu sonho se realizará e com certeza o universo colocará as pessoas certas no caminho para que atinja o seu objetivo. ................................................................................................................................................ M - Obrigado, Duda, pela entrevista! E parabéns pelos projetos! Que venham muitos por aí... DM -Valeu, Malu.Grande abraço! .................................................................................................................................................... Link para o clipe de “Céu do Sertão”: https://www.youtube.com/watch?v=Ft7fNZti7mw

22 de setembro de 2019

Bat-Sinal (São Paulo, 21/09/2019)

Eu não pude comparecer, mas lá estava ao vivo minha correspondente para assuntos da cultura pop, Letícia Canos, que fotografou o momento exato em que o mundialmente famosos bat-sinal foi projetado na lateral do prédio do ItaúSA na Avenida Paulista.Essa ação em homenagem aos 80 anos do super-herói da DC aconteceu também em 10 cidades ao redor do mundo, entre elas, Tóquio, Berlim, Paris e Nova York. Graças à minha filha, fica registrado aqui no blog, em foto de sua autoria:

16 de setembro de 2019

Doodle - 105 anos de Lupicínio Rodrigues

Sempre que o Google homenageia os mestres e pioneiros da nossa cultura, eu faço questão de registrar aqui no AdM. O Doodle desta vez retrata o compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), boêmio, gremista, inventor do termo "dor-de-cotovelo" e um dos maiorais no quesito "samba canção", deixando mais de uma centena de canções, entre elas as pungentes e doídas "Nervos de Aço", "Vingança" e "Esses Moços, Pobres Moços". A homenagem é pelos seus 105 anos.

Baú do Seu João 31: mala Pégaso ( década de 50)

Hoje, fuçando no labiríntico acervo do meu pai, encontrei sua mala de juventude, onde ele carregava suas coisas do trabalho e da escola. A mala ainda está bem conservada para sua idade ( mais de 60 anos) e a etiqueta interna, de papel, mantém seu viço depois deste tempo todo! Nela está registrada a marca ( Pégaso), fabricante (Indústria de Artefatos de Couro Pégaso) e origem (São Leopoldo - Rio Grande do Sul). Um achado!

15 de setembro de 2019

Baú do Malu 80: mini-livro "Primaveras" de Casimiro de Abreu (1957)

Hoje compartilho com vocês este simpático mini-livro "Primaveras" de Casimiro de Abreu. Publicado em 1957 pela "Edições Leia", as únicas informações adicionais é que se trata de uma coleção chamada "Miniatura" e o volume foi composto e impresso nas oficinas da Tipografia Cupolo, em São Paulo, no mês de janeiro de 1957. Quem me deu esta pequena pérola literária foi minha querida madrinha Odete, a quem tenho grande amor e consideração. O livrinho inclusive está assinado pela minha madrinha e pela data constante foi lhe presenteado em seu aniversário de 15 anos pela sua amiga Paula, que lhe fez uma dedicatória (foto abaixo). Mesmo com esse tamanho diminuto, já o coloquei em destaque na estante!

10 de setembro de 2019

Cláudio de Souza Fragnan (1947-2019)

Soube hoje da morte de um dos maiores colecionadores de quadrinhos e discos do Brasil, que eu tinha também como amigo: Cláudio de Souza Fragnan. Ele morava no Rio de Janeiro e vinha lutando desde o ano passado contra um câncer. Uma das grandes felicidades minhas nesse meio do colecionismo foi ter conhecido o lendário Fragnan - lendário por ser um colecionador raro, dos que só colecionam itens impecáveis e preferencialmente com mais de 50 anos de idade. Essa peculiaridade cabia para os gibis e os LPs, embora no caso dos discos havia lugar também para os CDs. Fragnan colecionava revistas em quadrinhos dos anos 60 pra trás ( salvo raras exceções) e elas tinham que estar em "estado de banca". Se não estavam, ele fazia de tudo para trocá-las posteriormente, quando encontrava um exemplar melhor. O mesmo valia para seus discos: ele foi amigo pessoal de alguns músicos ligados à bossa nova e ao som instrumental da boemia carioca dos anos 60, entre eles, o eclético Ed Lincoln, e sua coleção de discos, impecável, logicamente, focava nesse universo musical. Tive alguns momentos excelentes com o Cláudio: em alguns telefonemas, chegamos a ficar conversando sobre quadrinhos e música por quase uma hora! E foi nessas ligações Rio-São Paulo que eu soube um pouco mais de sua vida: seus tempos de Banco do Brasil, sua aposentadoria, a fundação do Gibi Clube em 1983 e a abertura de sua própria loja de quadrinhos, sua longa amizade com Ed Lincoln. Outro momento sublime e pra mim inacreditável, foi quando ele me contatou para comprar alguns gibis de terror das editoras Chiodi e Novo Mundo que eu tinha encontrado em um sebo de São Paulo. E não era só mais uma troca do colecionador obstinado por um exemplar em melhor estado - do lote que eu adquirira, uma das revistas ele estava atrás há tempos. Foi realmente uma honra! Além dos longos papos na internet, o último grande momento com ele foi em abril deste ano no último Festival Guia dos Quadrinhos ( que acabou sendo o último mesmo). Ao lado do estande que eu, o Francisco Ucha e o Alexandre Morgado dividimos, lá estava a pequena mesa do Cláudio, com algumas dezenas de gibis incrivelmente intactos para os seus mais de 60 anos. Finalmente eu tinha a oportunidade de conhecê-lo ao vivo. Ele estava visivelmente debilitado, mas bastava aparecer em suas mãos algum gibi raro para imediatamente acender um brilho intenso em seus olhos de especialista e apaixonado. Foi a última vez que consegui conversar pra valer com ele - rimos, nos divertimos, ele me vendeu alguns gibis ( e ele me comprou alguns, mais por amizade que qualquer coisa...rs) e combinamos ali vários projetos ligados aos quadrinhos. Tentei contato em junho e julho, e ele me mandou uma mensagem breve, dizendo que estava resolvendo um assunto sério e que depois nos falávamos. O tempo, inexorável, infelizmente não permitiu. Espero, Fragnan, que a sua passagem para o outro plano seja da forma mais tranquila possível. Obrigado por sua amizade! E que seu legado para a história da História em Quadrinhos brasileira possa de algum modo ser apreciado pelas gerações futuras.
(da esquerda para direita: Francisco Ucha, Cláudio de Souza Fragnan e eu - FGdQ abril de 2019)

9 de setembro de 2019

Élton Medeiros (1930-2019)

Discreto e genial - esse era o compositor Élton Medeiros, considerado um dos melhores melodistas da história do samba. Também produtor, cantor, radialista, foi um dos fundadores da ala dos compositores da escola de samba Aprendizes de Lucas, onde deixou sua marca como criador em sambas sublimes como "Exaltação a São Paulo", de 1954. Mas desde cedo, antes mesmo da escola de samba, já era instrumentista , tocando trombone em gafieira à noite e membro da Orquestra Juvenil de dia. Mas foi a partir do início dos anos 60, nas reuniões do restaurante Zicartola ( que como o nome entrega, pertencia ao casal Zica e Cartola), como um dos principais incentivadores e frequentadores, que sedimentou uma amizade duradoura com Zé Keti, Paulinho da Viola, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Herminio Bello de Carvalho, o próprio Cartola, entre outros.E dessas amizades surgiram clássicos incontestes como "O Sol Nascerá", "Peito Vazio" (ambas de Elton Medeiros/Cartola), "Mascarada" (Élton Medeiros/Zé Keti), "Pressentimento" (Élton Medeiros/ Hermínio Bello de Carvalho), "Onde a Dor Não tem Razão", "Recomeçar" (ambas de Élton Medeiros/ Paulinho da Viola). Outros frutos oriundos das conversas no Zicartola foram o show Rosa de Ouro - espetáculo escrito por Herminio Bello de Carvalho e dirigido por Cléber Santos, com Élton Medeiros, Nelson Sargento, Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Clementina de Jesus e Aracy Cortes (mais aqui: http://almanaquedomalu.blogspot.com/2015/06/bau-do-malu-folheto-original-com.html; e o grupo A Voz do Morro, integrado por Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Zé Keti, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro e Oscar Bigode. Sua carreira seguiu discreta, com poucos discos e poucos shows, mas perpetuou sua aura de exímio ritmista e compositor de mão cheia - há indícios de que mais de uma centenas de sambas inéditos estejam guardados em seu acervo pessoal. Élton Medeiros faleceu no último dia 04, aos 89 anos. Sua poesia e sensibilidade ficam.

2 de setembro de 2019

No "retiro cultural" de José Zinnerman Nogueira

Finalmente consegui conhecer a casa do José Zinnerman Nogueira, amigo de fabulosos projetos e um dos grandes fanzineiros deste Brasil. Seu reduto fica em um bairro de Ferraz de Vasconcelos - ele mora lá há mais de três décadas - e logo que se entra em seu lar, já dá pra perceber que seus "guardados" culturais, artísticos e literários são múltiplos, sortidos e muito, muito coerentes em sua arrumação em caixas, potes e armários espalhados pelo aconchegante imóvel. As coleções são diversas: chaveiros, pôsteres, folhetos, bonecos, discos, livros, revistas, cinzeiros, máscaras, canetas, óculos, etc, etc. Mas dá para situar entre tantos objetos, alguns temas que lhe são mais caros, como, os itens que contam a história do rádio no Brasil - com centenas de áudios de programas, vinhetas e entrevistas -; a memorabilia imensa em torno de Raul Seixas e Made in Brazil - Nogueira foi cofundador do Raul Rock Club ao lado de Sylvio Passos e também idealizador de um dos primeiros fã-clubes dedicados ao Made; peças e itens ligados à arte de Salvador Dalí, Guto Lacaz, grupo Rex; fanzines e correspondências literárias de várias gerações de fanzineiros e escritores independentes do país; caveiras; Bob Esponja; Chico Anysio; arte erótica; áudios diversos de seus projetos, incluindo o último: "AudioZine". Essas são as coleções temáticas de destaque que me lembrei, mas tem mais, muito mais. O Nogueira, além de um baita parça, tem história à beça e grande importância na cultura independente de São Paulo. Ver ali ao vivo um pouco dessa sua história em cada detalhe do seu acervo é inesquecível. Nessa visita tive a honra também de conhecer seu elétrico e fiel cachorro e um simpático restaurante de comida caseira onde o proprietário - eita mundo pequeno - foi criado em Utinga, aqui pertinho da minha casa. No fim, claro, fizemos nossa tradicional troca de sacolas (cada um separa itens culturais para troca durante meses). Valeu Nogueirão! Para ver tudo, vou precisar marcar outra...rs

30 de agosto de 2019

Yesterday, novo filme de Danny Boyle

O surpreendente diretor Danny Boyle (Trainspotting; Quem Quer Ser Milionário; Steve Jobs) entrou em cartaz (desde ontem no Brasil) com a sua nova comédia "Yesterday". O filme tem uma premissa bem interessante, embora absurda: um músico com dificuldades financeiras, de repente se vê em uma realidade que desconhece a banda Beatles! Não há indícios de que os Fab Four existiram e a partir daí, a vida do guitarrista ( interpretado por Himesh Pattel, novato nas telonas) se transforma, para o bem e para o mal. A premissa empolga e vem recebendo boas críticas. Vou assistir neste finde com certeza. Segue o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Yyk9N40uIFs

27 de agosto de 2019

Fernanda Young (1970-2019) e Sonia Abreu (1951-2019)

Duas mulheres essenciais, fortes, transgressoras , tão necessárias para esse cenário titubeante e decepcionante atual, partiram muito de repente nesta semana e nos deixAram com o coração encharcado de tristeza. Fernanda Young, atriz, escritora incrível, com enredos para TV engraçadíssimos e anárquicos - como Os Normais - e indo para sua 15ª obra literária, e Sonia Abreu, radialista, produtora, jornalista, primeira DJ mulher do Brasil, se foram por esses dias e deixaram mais uma cratera gigantesca neste ano cheio de buracos, absurdos e desenganos. Um grande buraco pelas colunas que não lerei mais da Fernanda e outro tão grande quanto para o fim dos eventuais papos inbox com a Sonia, doces, simpáticos, aconchegantes, sempre. Não vou entrar em detalhes sobre as causas...não importa. Que Deus ilumine essas duas guerreiras. (abaixo, a última coluna da Fernanda Young, no O Globo de ontem).
(Sonia nos anos 70 - Grace Lagoa - divulgação)
(foto de perfil de Sonia Abreu no FB -reprodução Facebook) (Fernanda Young - abaixo)
Bando de cafonas A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. Não exatamente nas roupas que vestimos ou nas músicas que escutamos — a pessoa quer falar do mau gosto existencial. Do que há de cafona na vulgaridade das palavras, na deselegância pública, na ignorância por opção, na mentira como tática, no atraso das ideias. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo e esfrega sua tosquice na cara dos outros. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona manda cimentar o quintal e ladrilhar o jardim. Quer todo mundo igual, cantando o hino. Gosta de frases de efeito e piadas de bicha. Chuta o cachorro, chicoteia o cavalo e mata passarinho. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. É rude na língua e flatulento por todos os seus orifícios. Recorre à religião para ser hipócrita e à brutalidade para ser respeitado. A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Segura de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer vencer, para ver o outro perder. Quer ser convidado, para cuspir no prato. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país. (Fernanda Young - O Globo 26/08/2019)

21 de agosto de 2019

O essencial Poesia.Net (by Machadinho)

Há quantos e quantos anos eu recebo o Poesia.Net, capitaneado pelo querido Carlos Machado, amigo de tempos áureos de uma Editora Abril que já não existe, e só agora percebi que nunca publiquei por aqui - falha grave! Pensando bem, pode até ser que eu comentei alguma coisa no início do blog, mas mesmo assim já tava mais do que na hora de falar de novo. Recebi hoje o boletim de número 429, focado no novo livro do poeta Ruy Espinheira Filho. Além do texto delicioso do Machado, ele mesmo poeta de primeira, há todo um cuidado com o layout, com a parte gráfica e com o perfil dos autores escolhidos que ele faz questão de manter desde o início do projeto. Que bom que eu estou desde sempre em seu mailing! Vida longa ao essencial Poesia.Net! Valeu, Machadinho! Link abaixo... http://www.algumapoesia.com.br/poesia4/poesianet429.htm

16 de agosto de 2019

Dave Gibbons no encarte do LP do Jethro Tull de 1976!

Eu ganhei esse LP em um lote há alguns meses atrás e só agora que fui escutá-lo vi a incrível HQ de Dave Gibbons no miolo de sua capa. O disco, "Too Old to Rock and Roll: Too Young to Die" é de 1976, portanto antes de Gibbons desenhar Dan Dare no Reino Unido e muito antes de seu sucesso na DC nos anos 80 com o fenômeno Watchmen ( ao lado de Alan Moore). Nos créditos aparece o autor da capa - Michael Farrell - e Gibbons com seu nome de batismo (David). Fotografei a capa e o encarte abaixo, mas também posto o link do ótimo blog do Helio Jenné que traz os pormenores da obra e da história em quadrinhos encartada. Demais!! http://heliojenne.blogspot.com/2008/09/velho-demais-pro-rock-roll-muito-jovem.html