30 de novembro de 2010

Camaro - o clipe

Divulgação
Como havia mencionado em post anterior, saiu o clipe do Chevrolet Camaro SS com a banda formada especialmente para a divulgação: Roberto Frejat , Edgar Scandurra e os irmãos Ivan e Andria Busic (do Dr.Sin).
Quem não viu, veja agora:
http://www.casttv.com/video/9exkjyn/clipe-da-camaro-gm-com-andria-ivan-busic-frejat-e-edgard-scandurra-video

Capa do Mês: Diarinho nº 2000

A capa do mês, pela importância, é a do Diarinho, suplemento infantil do Diario do Grande ABC  que chega ao nº 2000. O Diarinho surgiu em 1972 e arregimentou fãs de várias gerações, trazendo erm suas páginas pautas inovadoras e assuntos até então inéditos para o universo infantil. De lambuja, um vídeo apresentado pelo historiador/pesquisador Ademir Médici, com depoimentos de quem fez e faz o Diarinho, incluindo várias capas. como a do nº1, de 02 de julho de 1972, com arte de Maurício de Sousa, que junto a sua equipe, colaborou na concepção do jornalzinho no início. Um clássico da região que merece essa longevidade.
http://www.dgabc.com.br/Videos/320/diarinho-chega-a-edicao-2000.aspx

29 de novembro de 2010

Baú do Malu 28 - Mirim nº 311 - 07/04/1940

O Mirim foi uma das grandes revistas editadas por Adolfo Aizen, o homem que trouxe pela primeira vez ao Brasil as histórias em quadrinhos de aventuras e heróis. Antes dele, HQ por aqui era muito restrita, voltada exclusivamente para a criançada, que tinha como opção apenas o Tico-Tico, publicado desde 1905 com histórias infantis (quadrinhos legendados, sem balões) e passatempos. Até que Aizen, ex-colaborador da Editora O Malho (de O Tico Tico) e O Globo, viajou para Nova York em 1934, como jornalista free-lancer, e toda a história da nossa HQ mudou para sempre. Lá nos States, ele viu com seus próprios olhos o sucesso de Flash Gordon e outros personagens de aventuras e a profusão de cadernos especiais com tiras nos jornais americanos. Voltou com os olhos brilhando e foi propor ao ex-patrão Roberto Marinho o projeto de suplementos temáticos encartados. Marinho rejeitou a idéia do ex-pupilo, que foi bater na porta do diretor do jornal "A Nação", João Alberto Lins de Barros, integrante do movimento tenentista que ajudou Getúlio Vargas a tomar o poder em 1930. Em março de 1934, os suplementos temáticos bolados por Aizen enfim deram o ar da graça e entre eles, destacava-se o "Suplemento Infantil", a primeira publicação no país com os heróis dos quadrinhos americanos - Tarzan, Flash Gordon, Jim das Selvas, entre outros. Logo, o suplemento virou febre entre a petizada, aumentando a circulação do jornal, mas o sucesso fulminante trouxe problemas: leitores mais ortodoxos reclamaram que a credibilidade do vetusto e político diário estava à deriva, depois que as crianças, por causa do suplemento, viraram seus principais leitores. João Alberto, preocupado, cancelou o suplemento infantil mas continuou apoiando financeiramente Aizen, que conseguiu trazer à luz o Grande Consórcio de Suplementos Nacionais, embrião do que viria a ser a famosa Ebal (Editora Brasil America , 1945).
No Grande Consórcio, Aizen continuou publicando o Suplemento Infantil, agora avulso e logo rebatizado de Suplemento Juvenil, batendo recordes de vendagens. O sucesso da empreitada possibilitou o surgimento de outros sucessos: Mirim, em 1937, a primeira publicação brasileira de quadrinhos em formato americano e o Lobinho, que dizem as más línguas, foi registrado por Aizen para que o inimigo Roberto Marinho não lançasse O Globinho ( que realmente só foi aparecer muitos anos depois como caderno do O Globo e nome da matiné de desenhos da TV). Mirim saía duas vezes por semana no início (quartas e domingos), com séries continuadas, e logo ganhou uma terceira edição de sexta ( Mirim Sextaferino) com histórias completas ( outra novidade implementada por Aizen). Mas o pioneirismo e astúcia de Aizen não conseguiu segurar a gana de Marinho, que voltara sua atenção para o sucesso do ex-funcionário. Depois de provar seu próprio veneno com a recusa de Aizen em associar-se a ele nos quadrinhos, o manda-chuva de O Globo lançou-se ferozmente no mercado com o lançamento em 1937 de O Globo Juvenil ( nos moldes do Suplemento) e logo em seguida Gibi ( formato revista) que logo viraria sinônimo de revistinha em quadrinhos (apelido que perdura até hoje). Não contente, Marinho conseguiu em 1939 os direitos de publicação dos mais populares personagens junto à King Features, fazendo Aizen descontinuar séries cruciais e famosas, principalmente do Suplemento Juvenil, como Príncipe Valente, Flash Gordon, Jim das Selvas, entre outros - nesse episódio Adolfo se portou tão dignamente, que teve a sensatez de avisar na última edição das histórias que as continuações seriam vistas, em breve, no Globo Juvenil. O Mirim tirado do meu baú é do período imediato, quando Aizen cambaleava com a falta de papel do pós-guerra, e sentia a concorrência pouco ética de Marinho. A edição acima, de abril de 1940, traz personagens secundários, com exceção de Tarzan e Joe Sopapo. As relações com o governo Vargas ainda eram profícuas, vide a aparição na capa do ministro Capanema elogiando a publicação paralela do livro patriótico "Grandes Figuras do Brasil". No ano seguinte, Aizen venderia o Grande Consórcio para o governo e permaneceria apenas como editor até 1945, quando fundou a Ebal e abriu um novo capítulo na frente de batalha do mercado de HQs, inclusive liderando-o por quase duas décadas. Mas essa já é uma outra história...

P.S: Para quem quiser se aprofundar na grande batalha entre Roberto Marinho e Adolfo Aizen e no inacreditável e covarde cerco aos quadrinhos perpetrado por figurões do governo, da igreja e da imprensa, eu recomendo a leitura do livro "A Guerra dos Gibis" (Cia das Letras -2007) do incansável pesquisador Gonçalo Jr., que trouxe à baila informações cruciais sobre o período nunca antes levantadas.

26 de novembro de 2010

Vida - Keith Richards (Editora Globo)

Acabei de acabar o "Mick Jagger e os Rolling Stones" e já parti para o "catatau" 'Vida' da lenda (apesar de todos os prognósticos) viva chamada Keith Richards. O livro tem mais de 600 páginas e teve um helper do escritor best-seller James Fox, chegado de Keith desde o início dos 70. O mais incrível de tudo o que li até agora ( não cheguei ainda na pág 100) é a quantidade de informações e lembranças que Richards inclui em cada parágrafo. Se tem uma coisa que as drogas não detonaram nele foi a memória: o guitarrista não tem pinta de quem fica pesquisando suas informações, então é impressionante a sequência de detalhes que ele tira da cachola e bota em suas explanações cheias de sarcasmo, minúcias e links para assuntos vários. Eu estou bem no ponto em que ele encontra Mick Jagger na estação de Dartford ( 1961), mas até chegar a esse ponto zero para a história dos Stones, o nobre Keith ( que não é nem quer ser Sir) desenterrou verdadeiras pérolas do cotidiano de Londres dos anos 40 e 50: o cenário charledickeano da pantanosa Dartford, onde nasceu sob bombardeio inimigo; as agruras e o miserê da família e dos vizinhos; os primeiros acordes junto ao avô Gus; as encrencas e dificuldades na escola; os primeiros sons via rádio e a descoberta de Elvis, Chuck Berry e os blueseiros americanos; seu período no escotismo (!!!) e por aí vai. Keith vai chafurdando sua infância e juventude em passagens tragicômicas. Conta sobre as frequentes surras que levava na rua dos valentões do bairro. Lembra do primeiro playboyzinho da escola, com sua lambreta exibindo um rabo de esquilo na ponta, e já levanta a tese de que este cara pode ter sido o precursor dos "mods" londrinos. Resgata Michael Ross, o primeiro colega com quem subiu em um palco e tocou rock. Lembra cores, frases, músicos obscuros, lugares, esbanjando fósforo da cabeça. Quando eu acabar de lê-lo, virei com mais informações sobre essa "vida" conturbada e cheia de roteiros . Pelo visto, as surpresas são sucessivas. Keith Richards sempre surpreende.

24 de novembro de 2010

Os Grandes Sucessos do Paramount - Série Prestígio - RGE

Eu sou um cara muito insistente. Atualmente, até os mais aficionados passam longe das seções de discos, principalmente no interior de hipers e supermercados, que tentam nos impingir coletâneas fajutas, pega-trouxas e engana bobos. é 'The Best' of pra lá, 'Hits' pra cá, caca atrás de caca. Mas como disse, a minha teimosia sempre me faz revirar as prateleiras atrás de algum disco que caiu ali por engano ou uma raridade que ninguém conhece e por consequência foi parar numa seção popular qualquer. E não é que ontem, no Coop perto de casa, achei entre os cantores gospel e as coletâneas sertanejas, essa jóia acima por reles R$ 2,99? É isso mesmo: um grande disco ao vivo apresentando uma importante fase da Bossa Nova em São Paulo, exatamente naquela transição entre a pré-produção dos banquinhos e violões dos bares paulistanos e apresentações amadoras em teatros e faculdades para o que viria a seguir, nos palcos dos festivais da TV.  Eu tenho essa produção em LP e desde a primeira audição, me impressionei muito com a maturidade na produção desses jovens artistas: do canto fantástico e emocionante de Alaíde Costa ( talvez em seu melhor momento como intérprete) à bossa cadenciada de Walter Santos; das composições já diferenciadas de Chico Buarque às delicadas e dedicadas intérpretes Yvette e Maria Lúcia ( onde estarão?). E o disco ainda contava com os potentes Zimbo Trio e Bossa Jazz Trio, além do tarimbado Tito Madi, "importado" do Rio. Um discaço a preço de banana, com um repertório irrepreensível, produção do mágico Walter Silva ( o "Pica Pau") e técnica de som do onipresente Manoel Barenbeim ( que nos anos 60 estava em todas).  Essa série da RGE, "Prestígio" ( o disco em questão é o nº9) traz texto interno sobre a produção e fotos ( abaixo) e também conta com discos originais de Paulinho Nogueira, Geraldo Vandré, Cartola, Dick Farney e Manfred Fest Trio, entre outros, e vale a pena ser procurada. Eu até pensei em comprar mais para distribuir pros amigos, mas só achei um.

Camaro no Brasil renova jingle clássico

*Divulgação
Muitos babaram no Salão do Automóvel e agora podem babar também no sofazão: o Camaro, um dos carros mais admirados do mundo ganhou uma campanha brasileiríssima para anunciar sua chegada ao país. O mais interessante de tudo é que resgataram aquele famoso jingle do início dos anos 80, criado pelo saudoso Zé Rodrix, "No Silêncio de um Chevrolet". A ação será em três partes: o primeiro filme de 30'' está no ar desde o dia 18 e traz ao fundo o jingle reinterpretado na voz de Frejat; no domingo (21), no intervalo do Fantástico, um outro filme de 90'', dirigido por Andrucha Waddington virá em forma de clipe, com Frejat, Edgard Scandurra e banda mandando ver no tema enquanto o carrão é apresentado; e por fim, um último filme de 30" convidará o consumidor a rever o clipe no site do Chevrolet Camaro. O ronco do bicho
realmente impressiona. Aguardemos o clipe, que promete.
Site: http://www.chevrolet.com.br/chevroletcamaro/index.shtml
Vídeo demontração: http://carros.uol.com.br/ultnot/multi/2010/11/23/040299346ADCA14307.jhtm?video-mostra-chevrolet-camaro-ss-em-detalhes-040299346ADCA14307
Teaser 30": http://www.youtube.com/watch?v=lhrxf9lNadc
Jingle original ( com Zé Rodrix): http://www.youtube.com/watch?v=NE1QKcnODv8

22 de novembro de 2010

Paul empolga e a Globo ( mais uma vez) folga

Paul McCartney empolgou a multidão que foi assistí-lo ao vivo ontem, no Morumbi. Como prometido, fez um showzaço de mais de três horas, recheado de canções clássicas. Cantou todas as 22 músicas dos Fab Four ( ver post anterior), esbanjou vitalidade e ousadia ( cantar a tonitrinante "Helter Skelter" no último bis é realmente um ato de coragem), mostrou uma banda totalmente entrosada e tascou direitinho as frases de praxe em português ( tal qual Porto Alegre, com cola no chão). Os 64 mil privilegiados presentes babaram de satisfação, of course. Já outra multidão, sem alternativa, que assistiu Paul "logo depois do Fantástico", na inacreditável telinha da Globo, presenciou um show de 1 hora e 20 min. ( contando os breaks comerciais), com 16 músicas no total ( ante 40 do show completo) e só 9 da safra Beatles. Caíram fora do "compactão" Drive my Car, Eleanor Rigby, Something, I've Got a Feeling e até Hey Jude. E eu ainda acreditava até ontem, que o Multishow, irmão mais "descolado" da Vênus Platinada, fosse mostrar muito mais coisa. Balela: o programa editado de ambas foram idênticos. Pra não ficar tão feio, o próprio Multishow já anunciou pro final desta semana um programa extra sobre Paul intitulado "Bastidores". Veremos. 
Hoje, mais 64 mil iluminados presenciarão a lenda ao vivo. Quanto a mim, e todos aqueles que foram "compactados" pela Globo ontem, só nos resta esperar o futuro lançamento em DVD "Paul McCartney Live in São Paulo"

Acompanhem 'Jet' e 'All My Loving', via Estadão:

19 de novembro de 2010

Set list de Paul McCartney inclui 22 músicas dos Beatles!

De acordo com as últimas apresentações da turnê de Paul McCartney, incluindo o aclamado show de duas semanas atrás em PoA, o provável set list para domingo (21) e segunda (22) no Estádio do Morumbi/SP contará com nada mais nada menos que 22 músicas dos Beatles! nem os próprios Beatles tocaram tantas músicas em uma noite só ( a Alemanha e o Cavern Club não contam - eles tocavam muitas coisas dos outros). A lista de fôlego de Sir McCartney ( vale lembrar que ele tem 68 anos) ainda inclui 18 canções pós-Beatles, muitas de sua fase setentista nos Wings. Certamente um show clássico que ficará na história. Para quem não conseguiu ingressos ou desistiu no meio do caminho ( como eu -a intenção era levar meu filho beatlemaníaco, mas a idade permitida me impossibilitou), resta a Globo, que como de praxe deverá cortar a apresentação a seu bel prazer, encaixando-a na sua grade inflada de anunciantes. Um pouco antes o Fantástico colocará no ar a entrevista com Paul feita pelo já tarimbado Zeca Camargo. Quem tiver assinatura do Multishow pode se sair melhor: o canal fechado embora seja da Globo, tem a grade mais solta e promete 1 hora de "best of" do show ( que tem aprox. 3 horas), a partir das 11h15 do domingo. Tenho certeza que aqueles que mataram Paul ainda nos anos 60, agora querem morrer, ao vê-lo mais 'live' do que nunca neste incomensurável 2010.

O set list ( Beatles com *)
Venus and Mars/ Rockshow
Jet
All My Loving*
Letting Go
*Drive my Car* ou Got to Get You Into My Life*
Highway
Let me Roll It/ Foxy Lady
Long and Winding Road*
1985
Let 'Em In
My Love
I've Just seen a Face* ou I'm Looking Through You*
And I Love Her* ou Two of Us*
Blackbird*
Here Today
Dance Tonight
Mrs Vanderbilt
Eleanor Rigby*
Ram On
Something*
Sing the Changes
Band on the Run
Ob-la-Di, Ob-La-Da*
Back in the U.S.S.R*
I've Got Feeling*
Paperback Writer*
A Day in the Life* / Give Peace a Chance
Let it Be*
Live and Let Die
Hey Jude*

1º Bis:
Day Tripper*
Lady Madonna*
Get Back*

2º Bis:
Yesterday*
Helter Skelter*
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band*
The End*

17 de novembro de 2010

Cultura I - o blog e o jornal


Neste ano aconteceram coisas incríveis pro meu lado. Um deles foi a criação, ao lado de duas figuras ímpares, Mario Mastrotti e Henrique Valsésia, do Cultura I, um jornal gerado em São Caetano e inteiramente dedicado à cultura e a memória. Sem ganância ou ânsia de lucro e com alma independente, o jornalzinho rendeu que foi uma maravilha: uma extensa entrevista com o baterista do Sá & Guarabyra, Alex Reis e matérias leves e soltas sobre quadrinhos, figurinhas, línguas, comportamento, memória. O jornal saiu no começo do mês e paralelamente criou-se também o blog Cultura I, replicando material do seu irmão impresso e também com conteúdo inédito. Dois filhotes à solta que me deixaram orgulhoso à beça. E é só o começo...
No blog, acabei de postar a entrevista com o Alex Reis, na íntegra. Vale a pena acompanhar:
http://culturaiblog.blogspot.com/ 

11 de novembro de 2010

Betinho Moraes


Betinho Moraes ( e) e Marcelo Mazuras (d) no Chaplin ( início dos 90) - crédito não identificado
 Betinho Moraes foi um herói da guitarra. Uma pena que, salvo algumas dezenas de roqueiros e boêmios do ABC e arredores, que conviveram com ele, poucos puderam presenciar ao vivo sua guitarra nervosa, seu violão abusado e sua liberta/errática forma de viver. Betinho apareceu do nada na virada dos 80 pros 90, no bar que já há alguns anos era nosso reduto roqueiro/etílico e também residência, pousada e clube: o dinástico e iconoclasta Chaplin Bar. O local era frequentado geralmente por loucos, beberrões, vagais, intelectuais, hippies, motoqueiros, marinheiros, liberais-anárquicos, e principalmente músicos & roqueiros. Deste último grupo sobressaíam-se habitués da casa que tocavam no diminuto palco entre as mesas ( Átila, Benê, Ricardão Batera, Marco Polo Pan, Fabricio, Duó, Haroldo, Renatinho e Grupo, Rui Português, entre tantos), incluindo o hiperativo batera do Kães Vadius Dênis Animal, sempre com uma grande turma à tiracolo. Nessas, Betinho surgiu, magro, tatuado, moicano, ainda dono de uma Kombi caindo aos pedaços, o estômago vazio e a cabeça cheia de coisas. As rodas de violão que rolavam enquanto os rodos e vassouras lavavam o bar quase fechando, logo foram angariadas por seu violão eclético, que podia numa noite só, emendar Lupiscínio, Ramones, Elvis e Garotos Podres. Em grandes sessions exclusivas pudemos curtir por noites a fio o grande músico Betinho desfilar acordes impressionantes e livres. Enquanto isso, seu desapego com a vida acumulava episódios hilários e trágicos: a kombosa que vivia sendo empurrada e vivia sem combustível; a excursão para São Thomé num feriado prolongado em que ele entrou no ônibus sem avisar, com a roupa do corpo e só; a vez que ele me convenceu a entrar por um furo na cerca de arame da estação São Caetano pois o trem estava chegando; o total mistério envolvendo sua família, sua casa, seu passado: a única coisa que se sabia é que ele tinha uma irmã, talvez em Santo André ( ou não). Eram histórias atrás de histórias. Na música, participava de shows no submundo underground e por um tempo fez parte de uma das formações do Devotos de Nossa Senhora Aparecida ( grupo ad eternum de Luiz Thunderbird). Um dia, todo contente, contou que fora chamado para o Kães Vadius - comemoramos demais neste dia. A partir daí, vivia com uma fita demo do grupo nas mãos (que acabou virando em 1993 o CD oficial da banda "Aqui Agora") e por conta dos shows, deu uma boa sumida do Chaplin. Numa das últimas vezes que o vimos, a história também rendeu um bom enredo: fizemos um bate volta até Boracéia - eu, Mazuras, Luciano Tatu e ele - no Monzão do segundo, que parou depois de uma chuva em plena Rio-Santos e ali ficou. Cena impagável: com o carro sem vestígio de água no radiador, apelamos para as poças da rodovia, e munidos de algumas folhas de chapéu-de-couro, corríamos de um lado a outro na tentativa de levar água até o motor. E não é que deu certo? no final da viagem, uma outra cena inesquecível, mas desta vez sem humor nenhum: a gente se esbaldando na água fria do mar, e só o Betinho na praia, observando a balbúrdia e impossibilitado de entrar na água salgada por causa das feridas purulentas nas pernas, decorrência da doença que já o enfraquecia. Betinho Moraes partiu desta vida em 1994, um ano depois daquele CD do Kães, que acabou virando o único registro fonográfico de sua guitarra ( até agora, pois o fundador e líder Hulk encontrou neste ano uma fita demo da fase inicial de Betinho na banda e tudo indica que vai virar disco). Fulminante, gentil , chapado, errante, autodestrutivo, gentleman, roqueiro de verdade, ele foi um anti-herói clássico, um anjo torto que nos serenou enquanto se incendiava. Que o nosso guitar hero esteja bem.

CD Aqui Agora (1993) - Kães Vadius - Betinho é o 3º da esquerda para a direita

Consegui resgatar dois vídeos do Kães Vadius com a participação de Betinho Moraes:
# Programa Matéria Prima - TV Cultura - http://www.youtube.com/watch?v=ZYDnkaXXcgY
#Programa TV Mix - TV Gazeta - http://www.youtube.com/watch?v=elm253SEiJw

6 de novembro de 2010

Exposição da Caixa Cultural nas 27 capitais brasileiras

"Independência" de Di Cavalcanti
A Caixa comemora um século e meio de existência com a exposição “Galeria Caixa Brasil”, a maior mostra simultânea já realizada no país. Desde ontem até 28 de novembro, o impressionante e vasto acervo artístico do banco -que inclui trabalhos de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Djanira, Carybé, Aldemir Martins, entre outros - será exposto em locais selecionados e sedes da Caixa Cultural espalhadas pelas 27 capitais brasileiras. O endereço de Sampa está aqui embaixo - se alguém estiver em novembro rodando por outra capital, vale uma parada, afinal, não é sempre que obras seminais como estas permanecem em exposição, e melhor ainda, gratuitamente. No link do UOL abaixo dá para visualizar as obras e no site da Caixa Cultural há mais detalhes sobre cada exposição e a distribuição regional das obras.
Caixa Cultural São Paulo (pça. da Sé, 111, 2º andar, Centro)
Terça a domingo, das 9h às 21h
Inf.: 0/xx/11/3321-4400
http://www.caixacultural.com.br/html/main.html
http://entretenimento.uol.com.br/album/galeriacaixabrasil_2010_album.jhtm#fotoNav=4 

5 de novembro de 2010

A maior coleção de Bossa Nova do mundo

Li atrasado mas faço questão de repassá-la. Uma ótima matéria do ótimo Ruy Castro para a quase sempre ótima revista Serafina da Folha de SP ( edição de outubro).

http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/805780-conheca-o-carioca-que-possui-a-maior-colecao-de-bossa-nova-do-mundo.shtml 

Discos que nos Tocam 6 - Clube da Esquina - Milton Nascimento e Lô Borges (1972)

Não teve jeito. Quando iniciei esta série, o 'Clube da Esquina' imediatamente surgiu como escolha óbvia para iniciá-la. Mas justamente para não cair em obviedade - e depois eu percebi que esta decisão foi uma bobagem - não inaugurei o "Discos que nos Tocam" com o disco que mais me tocou e que até hoje mais toca aqui em casa. Se os Rolling Stones me mostraram que branquelos britânicos podiam fazer rock com alma negra, se os Beatles me fizeram acreditar que a música está além da música, se Cartola provou que a inspiração e a intuição podem extrapolar a erudição, se Elis me fez crer que existe voz para a alma, Milton Nascimento, Lô e todos os músicos que moldaram este denso e fabuloso disco duplo de 1972, abriram definitivamente meu coração e ouvidos para uma música profundamente brasileira, mas que unia como nunca vocais e instrumentos, letras e canções, ritmos nativos e internacionais. O 'Clube da Esquina' é o disco que mais me toca porque em sua argamassa incomparável há uma mistura perfeita de sons mutáveis, que de repente se transformam em  cheiros, climas e emoções. E cada vez que se ouve surge uma nova passagem, um novo acorde, uma percussão ao longe. Depois deste disco, Milton Nascimento, um artista até então "cult" e "difícil", abriu picada para se tornar o grande menestrel dos estudantes setentistas. Lô Borges amadureceu na marra, tanto, que depois de lançar simultaneamente o seu disco ( o do tênis) incompreendido e belo LP, só reapareceu 7 anos depois, quando lançou sua obra-prima "Via-Láctea" e participou timidamente do segundo Clube da Esquina. Beto Guedes, até então um ótimo compositor e instrumentista da turma, mostrou também ter um vocal diferente e único, o que lhe abriu as portas para a carreira solo. Toninho Horta foi descoberto pelos músicos internacionais. O Som Imaginário ( que para não criar agremiações internas no clube, não foi chamado assim nas gravações), com Wagner Tiso, Tavito, Fredera, Luis Alves e Robertinho Silva, já mostrava desde o disco anterior Milton (1970) que era um dos mais estimulantes grupos da música brasileira, jorrando criatividade em arranjos arrojados e timbres progressivos.
Se já foram devidamente destrinchados no blog o histórico Os Borges (1980) e o emocionante Via Láctea (1979), não tinha como deixar pra trás o pai de todos. Clube da Esquina é Minas, Brasil e Mundo dentro de um clube que nunca existiu fisicamente, mas que vive e mora em muitos por aí afora. Pra sempre.

Em tempo: na coleção do Estadão "Grande Discoteca Brasileira" ( outro que se rendeu aos disquinhos em banca) o disco da semana é justamente o Clube da Esquina. Ele vem em CD único ( em capinha mixuruca) e um bom livreto analisando as gravações e perfilando os integrantes. Mas como eu sou chato para estas coisas, vai uma bronca: na ficha técnica não há qualquer referência aos músicos participantes em cada faixa, o que para este disco é um pecado tremendo. No mais, comprem. Por R$14,90 dá para levar para casa um dos melhores discos já produzidos no Brasil.

1 de novembro de 2010

O AcervoSorve 4 - Literatura de Cordel

Meu velho conhecido Roberto Wally, artista e batalhador das causas justas em São Caetano, valorizou demais da conta o acervo com sua nobre coleção de Literatura de Cordel ( com letra maiúscula mesmo, porque é escrita genuinamente popular, e portanto, de suma importância acadêmica). Separei alguns exemplos para expôr a diversidade dos temas, que vai do cotidiano nordestino às lendas e histórias populares e assuntos do noticiário nacional. Supra sumo, Wally. Valeu!