31 de dezembro de 2010

Que venha 2011!

Embora para mim o ano de 2010 tenha sido um ano decepcionante em termos de grana, acabou sendo também enriquecedor em´"conteúdo", bagagem, experiências. Nos últimos meses tive a honra de lançar um jornal/blog cultural na minha região (http://culturaiblog.blogspot.com/) ao lado dos grandes figuras Mario Mastrotti e Henrique Valsésia e um blog libertário-anárquico cultural com outros dois figuraças, Léo Engelmann (que dá uma força em todos os blogs em questão) e Ricardo Berlitz (http://www.tripicalistas.blogspot.com/). Money zero, satisfação 1000. Não bastasse essa criação toda, consegui entrevistar personalidades singulares que me proporcionaram momentos únicos como pesquisador/jornalista: Alex Reis (baterista do Sá & Guarabyra) e Ana Maria Guimarães Rocha ( responsável pela biblioteca de São Caetano do Sul e presidente da Academia Popular de Letras), ambos para o Cultura I e Zuza Homem de Mello e Pelão ( João Carlos Botezelli), dois dos maiores "musicólogos" do nosso Brasil, entrevistados para um projeto com Marcelo Mazuras, que ainda não deu certo mas já rendeu estes dois importantes depoimentos. E claro, o Almanaque do Malu, meu xodó, cada vez mais dinâmico, aberto e repercutindo com força onde tem de repercurtir. Neste ano teve de tudo um pouco: entrevistas, participações especialíssimas, gratas inserções do acervo, incluindo tesouros do Seu João e novidades de Paulico Bianchi, e tantas, tantas outras cositas mas.Que 2011 venha com toda esta força e que a gente continue segurando a peteca, com garra, saúde e emoção. E um pouquinho, só um pouquinho mais de grana, que a gente merece, né?
Um ótimo ano para todos!

28 de dezembro de 2010

Documentários e reportagens dos alunos da 'Metô' merecem ser vistos

O Léo me mandou há um tempo matéria bacana produzida pelos alunos de jornalismo da Metodista. Eu fui aluno da instituição entre 1987 e 1991 ( e permaneci por lá ainda uns 4 anos por conta do namoro com a Cris - minha esposa- que fez Publicidade entre 1992 e 1995), num tempo em que não havia ainda o curso de Rádio e TV e fazíamos vídeo-reportagens na raça, com poucos recursos tecnológicos. Fui no site do Rudge Ramos Jornal ( tanto a edição impressa como a online são feitas pelos alunos) e me surpreendi com a diversidade e a relevância dos temas e a qualidade mostrada nos trabalhos. Não resisti e fiz uma seleta com os melhores vídeos culturais e históricos produzidos por essa turma, que a continuar nesse rumo, trará mais vida e garra ao jornalismo visual.
#Documentário ( "Madame Satã - Pague para Entrar, Reze para Sair") : http://www.metodista.br/rronline/videos/documentarios/2010/12/madame-sata-foi-palco-de-historias-do-rock-paulista
#Documentário (" Cidade de Fé"): http://www.metodista.br/rronline/videos/documentarios/2010/12/moradores-reconstroem-a-cidade-de-sao-luiz-do-paraitinga
#Documentário (""Claves de Só - Sobrevivendo da Música"):
http://www.metodista.br/rronline/videos/documentarios/2010/12/musicos-passam-por-dificuldades-para-atingir-o-sucesso
#Documentário ("Salve as Memórias"):
http://www.metodista.br/rronline/videos/documentarios/2010/12/pessoas-ainda-usam-fotos-reveladas-e-cartas-para-conservar-memoria
#Documentário ("Pacaembu - 70 anos de Magia e Tradição"):
 http://www.metodista.br/rronline/videos/documentarios/2010/12/documentario-pacaembu-70-anos-de-magia-e-tradicao
#Reportagem ( 30 anos da Pinacoteca de São Bernardo):
http://www.metodista.br/rronline/videos/reportagens/2010/12/pinacoteca-de-sao-bernardo-comemora-30-anos-com-1170-obras
#Reportagem (O maior colecionador de rádios antigos):
http://www.metodista.br/rronline/videos/reportagens/2010/11/morador-de-maua-e-o-maior-colecionador-de-radios-antigos-do-estado-de-sao-paulo
#Reportagem (Villani-Cortês: 63 anos dedicados à música erudita):
http://www.metodista.br/rronline/noticias/entretenimento/2010/11/villani-cortes-63-anos-dedicados-a-musica-erudita
#Reportagem (O Rei Pelé já marcou história no ABC):
http://www.metodista.br/rronline/videos/reportagens/2010/11/o-rei-pele-ja-marcou-historia-no-abc
#Reportagem (Ex-metalúrgico descobre dom artístico em montadora):
 http://www.metodista.br/rronline/videos/reportagens/2010/10/cartunista-iniciou-carreira-em-montadora-do-abc
#Reportagem (Colecionador de TV possui mais de 1.000 exemplares em seu acervo):
http://www.metodista.br/rronline/videos/reportagens/2010/09/colecionador-de-tv-possui-mais-de-1.000-exemplares-em-seu-acervo 
#Reportagem (Colecionador exibe mais de 1000 miniaturas de fuscas):
http://www.metodista.br/rronline/videos/reportagens/2010/08/colecionador-exibe-mais-de-1000-miniaturas-de-fuscas 

27 de dezembro de 2010

Capa do Mês: Marie-Claire interativa (iPad)

Esta é a capa normal - a que não se mexe.
A pioneira capa animada do nosso mundinho trouxa não poderia ser com outra pessoa: Emma Watson, a Hermione de Harry Potter, claro. A Marie-Claire gringa de dezembro teve a idéia de criar uma capa com animação, especialmente para iPads e o resultado ficou bem interessante. Confiram via Youtube, mas rapidinho,pois a maioria dos vídeos postados já saiu do ar:
http://www.youtube.com/watch?v=VWcH2VrHDDY
http://www.youtube.com/watch?v=TzWQJnrn91w&feature=related
A Marie-Claire brasileira, seguindo a matriz, também fez duas experiências similares em seu site:
http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI197367-17733,00-GRAZI+MASSAFERA+SORRI+PARA+OS+INTERNAUTAS+EM+NOVA+CAPA+ANIMADA+DE+MARIE+CLA.html 
http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI190024-17642,00-MARIE+CLAIRE+FAZ+CAPA+ANIMADA+COM+CLEO+PIRES.html 
Pelo andar da carruagem, em breve teremos nas bancas, capas com modelos mandando beijos, jogadores chutando bola e notícias da semana em movimento real, tal qual o "Profeta Diário" de Hogwarts.

Revista Bravo mais barata

Essa é daquelas que não se vê muito por aí: uma revista abaixar seu preço de capa. Pois a revista cultural Bravo, editada pela Editora Abril, já começa a circular em janeiro com seu preço novo, R$10,00, valor 33% mais barato do que a da edição atual, que custa absurdos R$14,90. Tudo bem, o papel é de ótima qualidade, as fotos e ilustrações abundam e o número de páginas surpreende, mas esse valor sempre me afugentou, mesmo eu tendo um comichão danado por revistas culturais. Pois essa mudança prova que uma (grande) editora pode sim abrir o leque do seu público alvo, mantendo a qualidade com um preço mais acessível, além de chamar a atenção pelo ato em si e promover um certo rebuliço no mercado editorial voltado para a cultura. Bravo!

25 de dezembro de 2010

R.E.M disponibiliza música nova para download

R.E.M., veterana banda de Geórgia (EUA), completou 30 anos em 2010, e agora no finalzinho do ano, disponibilizou em seu site oficial (http://www.remhq.com/) a faixa Discoverer, que fará parte do 15º disco de carreira, "Colapse Into Now", com previsão de lançamento para 07/03/2011. O novo álbum contará com participações especialíssimas de Eddie Vedder e Patti Smith.

Para baixar a música, basta escrever o endereço de email em um campo próprio do site e a faixa é enviada diretamente ao correio eletrônico do usuário.

23 de dezembro de 2010

Um peixe trompetista, peludo e ranzinza invade as livrarias

O que vocês me diriam de um personagem de quadrinhos com cara e jeito de peixe, pés idênticos aos dos humanos pêlos pelo corpo e que zanza pelo underground de São Paulo com seu trompete e suas sacadas ora filosóficas ora botequeiras? Um tanto estranho, não? Pois basta bater o olho no álbum "Peixe Peludo", lançado agora pela Conrad (R$24,90), que a estranheza inicial logo vira simpatia. O truta do título vive solitário, divangando pelas ruas de Sampa, lançando no ar referências pop ( Trapalhões, personagens Disney, programas de TV e artistas da música), costumes arraigados da metrópole ( homens-placa, churrasco grego) e citações intelectuais (Henfil e Pasquim, extinção dos dinossauros, literatura), tudo isso condensado em um traço forte e quase xilográfico que passeia por cenários clássicos da cidade ( Praça Roosevelt, Rua Augusta, Av. Paulista) entre habitantes zoomórficos. A Editora Conrad, depois de um período de baixas e descontinuações num passado recente, voltou a surpreender em 2010, com lançamentos fora do padrão e surpresas agradáveis. "Peixe Peludo", dos autores brasileiros Rodrigo Bueno (desenhos) e Rafael Moralez (textos), se encaixa nas duas vertentes.
Mais:
http://entretenimento.uol.com.br/album/peixe_peludo_conrad_2010_album.jhtm?abrefoto=1

13 de dezembro de 2010

Uma banda irlandesa liderada por um incendiário baixista vocalista com sangue latino nas veias - eis o Thin Lizzy

O Thin Lizzy era todo diferente. Surgido nos primórdios dos 70, já chegou mudando estruturas: o seu líder e fundador Phil Lynott era vocalista e também baixista (e em época de trio, guitarrista também), ostentava um baita cabelo black ( coisa rara de se ver em banda de rock), bigode e tinha descendência negra e latino-americana ( seu pai nasceu na Guiana). Aliás, bateu-se sempre na tecla de que Phil era filho de brasileiro - culpa de algum jornalista que não checou a fonte - até que sua mãe revelou sua origem em entrevista recente. O som do grupo era um quebra-cabeça para os críticos: começou como trio de folk/blues, passou para hard rock sem firulas, e um certo tempero irlandês, mas logo incorporou uma interessante parede sonora com baixo e guitarras  incessantes e uma levada pesada e balançada. Resumindo: o Thin Lizzy foi a primeira banda "heavy" que rompeu com a linha vigente do gênero, misturando rhythm and blues e outros ritmos negros, além do country. E ouvindo suas várias fases, dá pra sacar que o Thin não era só isso e quase toda a culpa desse som peculiar cai nos ombros do excêntrico e elétrico Phil Lynnot, um líder nato, mas também um tanque de gasolina prestes a explodir. Além do baixo na linha de frente, a banda ficou também famosa por seus guitarristas - passaram por ela grandes do instrumento: Scott Gorham, Brian Robbertson  (os mais estáveis) , John Sykes e Gary Moore. Não bastasse a força instrumental, ainda havia o lado literário de Lynott, com conotações libertárias e ênfase na classe operária. Uma banda que deveria ser mais conhecida por aqui - a nova geração os conhece mais pela regravação recente de "Whiskey in the Jar" feita pelo Metallica. A Kiss FM vira e mexe toca seus sucessos "Jailbreak" e "The Boys Are Back in Town", além da própria "Whiskey" original. O grande Phil Lynott partiu desta em 1986, enfraquecido e doente pelos excessos, mas não sem antes deixar grandes álbuns de rock - "Live and Dangerous" de 1978 é considerado um dos melhores 'ao vivo' da história. A banda tentou continuar sem o dínamo Phil, sem grandes consequências, mas agora, anunciou-se que um novo e redivivo Thin Lizzy voltará em janeiro de 2011. Que a essência de Phil Lynnot os fortaleça.
http://www.youtube.com/watch?v=TehFZ38kt6o
http://www.youtube.com/watch?v=YyJt05xVUJo&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=Unnh0T2Ftro&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=qhtgxS6z9yo&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=oMFYs3gfgis&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=1EjMLfa-13w&feature=related

8 de dezembro de 2010

John

Lá se vão 30 anos sem John Lennon. Sigam lá no "Tripicalistas", que logo mais focará também o maestro soberano e o rei lagarto do rock...
http://tripicalistas.blogspot.com/2010/12/john.html

6 de dezembro de 2010

Glee é supimpa!

Glee é uma das séries de maior sucesso no mundo e basta ver alguns episódios para constatar o porque desta "febre". O enredo não foge dos clichês americanos: a escola, a turma de desajustados e nerds, os atletas esnobes, a busca do sucesso, e também um clichê reaproveitado com mais ênfase nos últimos tempos: a música no universo escolar. É aí que a comparação com outras sequências jovens moderninhas como High School Musical cai por terra. A música de Glee, ao contrário da contemporânea da Disney, tem alma, sensibilidade, tesão. Na High School tudo é bonitinho e estilizado demais - os atores cantam e dançam muito bem, o ponto não é esse - mas falta punch e improviso ( ou pelo menos uma encenação mais convincente de improviso). Outro foco claro: Glee homenageia o pop mundial com clássicos revisitados enquanto HSM tenta impor seu repertório novo. Ponto pro primeiro.
Mas chega de comparação, e vamos ao que interessa. O enredo amarra bem a história do coral outrora glorioso, que após uma série de escândalos e erros, torna-se decadente e constantemente humilhado pelo resto dos alunos. Um professor (de espanhol) tenta reerguê-lo e consegue reunir figuras especialíssimas em torno da causa, como a professora enérgica e hilária, a soprano nerd vitimizada, o guitarrista arredio, a garota tímida e misteriosa, entre outros "excêntricos" e "marginalizados". Entre os impopulares do coral surgem duas figuras importantes: a ótima e perfeccionista vocalista que botou na cabeça que ali está um trampolim para a fama e o popular atleta e também ótimo cantor, que enquanto leva sua vida de unanimidade no colégio, levanta a bandeira do coral por algum motivo ainda não explicado. Entram conflitos pessoais e traumas mas também intervenções corrosivas e sarristas para contrabalancear os dramas.
Glee agradou tanto que vários artistas famosos entraram na fila para participar dos episódios ou para que suas músicas sejam executadas. E o programa já rendeu disco (dois) e turnês ao vivo.
A Globo comprou a série este ano e deverá exibír a primeira temporada no início de 2011, quando entra em férias sua programação. Na Fox, passa de quarta (22hs). Entre policiais escatológicos e vampiros adolescentes, Glee achou seu espaço na TV paga esbanjando uma trilha deliciosa.
Seguem: site oficial da Fox e grandes momentos:
http://canalfox.com/br/series/glee
http://www.youtube.com/watch?v=e1_B9FCZJMA 
http://www.youtube.com/watch?v=JNl91QXws7o&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=GpyfmTjeMwU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=8AwM9zoQTRs&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=bro1uLtlMxs&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=7Tt2u-S7NTs&feature=channel
http://www.youtube.com/watch?v=44fESvkhA7Q&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=vxVnm4bWypM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=PSB3Sbl8TX0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=CbEsgyM_PP0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=s9XEnkAEMRE
http://www.youtube.com/watch?v=vTt4pyfXXUE
http://www.youtube.com/watch?v=q2hQtFSKhzU

30 de novembro de 2010

Camaro - o clipe

Divulgação
Como havia mencionado em post anterior, saiu o clipe do Chevrolet Camaro SS com a banda formada especialmente para a divulgação: Roberto Frejat , Edgar Scandurra e os irmãos Ivan e Andria Busic (do Dr.Sin).
Quem não viu, veja agora:
http://www.casttv.com/video/9exkjyn/clipe-da-camaro-gm-com-andria-ivan-busic-frejat-e-edgard-scandurra-video

Capa do Mês: Diarinho nº 2000

A capa do mês, pela importância, é a do Diarinho, suplemento infantil do Diario do Grande ABC  que chega ao nº 2000. O Diarinho surgiu em 1972 e arregimentou fãs de várias gerações, trazendo erm suas páginas pautas inovadoras e assuntos até então inéditos para o universo infantil. De lambuja, um vídeo apresentado pelo historiador/pesquisador Ademir Médici, com depoimentos de quem fez e faz o Diarinho, incluindo várias capas. como a do nº1, de 02 de julho de 1972, com arte de Maurício de Sousa, que junto a sua equipe, colaborou na concepção do jornalzinho no início. Um clássico da região que merece essa longevidade.
http://www.dgabc.com.br/Videos/320/diarinho-chega-a-edicao-2000.aspx

29 de novembro de 2010

Baú do Malu 28 - Mirim nº 311 - 07/04/1940

O Mirim foi uma das grandes revistas editadas por Adolfo Aizen, o homem que trouxe pela primeira vez ao Brasil as histórias em quadrinhos de aventuras e heróis. Antes dele, HQ por aqui era muito restrita, voltada exclusivamente para a criançada, que tinha como opção apenas o Tico-Tico, publicado desde 1905 com histórias infantis (quadrinhos legendados, sem balões) e passatempos. Até que Aizen, ex-colaborador da Editora O Malho (de O Tico Tico) e O Globo, viajou para Nova York em 1934, como jornalista free-lancer, e toda a história da nossa HQ mudou para sempre. Lá nos States, ele viu com seus próprios olhos o sucesso de Flash Gordon e outros personagens de aventuras e a profusão de cadernos especiais com tiras nos jornais americanos. Voltou com os olhos brilhando e foi propor ao ex-patrão Roberto Marinho o projeto de suplementos temáticos encartados. Marinho rejeitou a idéia do ex-pupilo, que foi bater na porta do diretor do jornal "A Nação", João Alberto Lins de Barros, integrante do movimento tenentista que ajudou Getúlio Vargas a tomar o poder em 1930. Em março de 1934, os suplementos temáticos bolados por Aizen enfim deram o ar da graça e entre eles, destacava-se o "Suplemento Infantil", a primeira publicação no país com os heróis dos quadrinhos americanos - Tarzan, Flash Gordon, Jim das Selvas, entre outros. Logo, o suplemento virou febre entre a petizada, aumentando a circulação do jornal, mas o sucesso fulminante trouxe problemas: leitores mais ortodoxos reclamaram que a credibilidade do vetusto e político diário estava à deriva, depois que as crianças, por causa do suplemento, viraram seus principais leitores. João Alberto, preocupado, cancelou o suplemento infantil mas continuou apoiando financeiramente Aizen, que conseguiu trazer à luz o Grande Consórcio de Suplementos Nacionais, embrião do que viria a ser a famosa Ebal (Editora Brasil America , 1945).
No Grande Consórcio, Aizen continuou publicando o Suplemento Infantil, agora avulso e logo rebatizado de Suplemento Juvenil, batendo recordes de vendagens. O sucesso da empreitada possibilitou o surgimento de outros sucessos: Mirim, em 1937, a primeira publicação brasileira de quadrinhos em formato americano e o Lobinho, que dizem as más línguas, foi registrado por Aizen para que o inimigo Roberto Marinho não lançasse O Globinho ( que realmente só foi aparecer muitos anos depois como caderno do O Globo e nome da matiné de desenhos da TV). Mirim saía duas vezes por semana no início (quartas e domingos), com séries continuadas, e logo ganhou uma terceira edição de sexta ( Mirim Sextaferino) com histórias completas ( outra novidade implementada por Aizen). Mas o pioneirismo e astúcia de Aizen não conseguiu segurar a gana de Marinho, que voltara sua atenção para o sucesso do ex-funcionário. Depois de provar seu próprio veneno com a recusa de Aizen em associar-se a ele nos quadrinhos, o manda-chuva de O Globo lançou-se ferozmente no mercado com o lançamento em 1937 de O Globo Juvenil ( nos moldes do Suplemento) e logo em seguida Gibi ( formato revista) que logo viraria sinônimo de revistinha em quadrinhos (apelido que perdura até hoje). Não contente, Marinho conseguiu em 1939 os direitos de publicação dos mais populares personagens junto à King Features, fazendo Aizen descontinuar séries cruciais e famosas, principalmente do Suplemento Juvenil, como Príncipe Valente, Flash Gordon, Jim das Selvas, entre outros - nesse episódio Adolfo se portou tão dignamente, que teve a sensatez de avisar na última edição das histórias que as continuações seriam vistas, em breve, no Globo Juvenil. O Mirim tirado do meu baú é do período imediato, quando Aizen cambaleava com a falta de papel do pós-guerra, e sentia a concorrência pouco ética de Marinho. A edição acima, de abril de 1940, traz personagens secundários, com exceção de Tarzan e Joe Sopapo. As relações com o governo Vargas ainda eram profícuas, vide a aparição na capa do ministro Capanema elogiando a publicação paralela do livro patriótico "Grandes Figuras do Brasil". No ano seguinte, Aizen venderia o Grande Consórcio para o governo e permaneceria apenas como editor até 1945, quando fundou a Ebal e abriu um novo capítulo na frente de batalha do mercado de HQs, inclusive liderando-o por quase duas décadas. Mas essa já é uma outra história...

P.S: Para quem quiser se aprofundar na grande batalha entre Roberto Marinho e Adolfo Aizen e no inacreditável e covarde cerco aos quadrinhos perpetrado por figurões do governo, da igreja e da imprensa, eu recomendo a leitura do livro "A Guerra dos Gibis" (Cia das Letras -2007) do incansável pesquisador Gonçalo Jr., que trouxe à baila informações cruciais sobre o período nunca antes levantadas.

26 de novembro de 2010

Vida - Keith Richards (Editora Globo)

Acabei de acabar o "Mick Jagger e os Rolling Stones" e já parti para o "catatau" 'Vida' da lenda (apesar de todos os prognósticos) viva chamada Keith Richards. O livro tem mais de 600 páginas e teve um helper do escritor best-seller James Fox, chegado de Keith desde o início dos 70. O mais incrível de tudo o que li até agora ( não cheguei ainda na pág 100) é a quantidade de informações e lembranças que Richards inclui em cada parágrafo. Se tem uma coisa que as drogas não detonaram nele foi a memória: o guitarrista não tem pinta de quem fica pesquisando suas informações, então é impressionante a sequência de detalhes que ele tira da cachola e bota em suas explanações cheias de sarcasmo, minúcias e links para assuntos vários. Eu estou bem no ponto em que ele encontra Mick Jagger na estação de Dartford ( 1961), mas até chegar a esse ponto zero para a história dos Stones, o nobre Keith ( que não é nem quer ser Sir) desenterrou verdadeiras pérolas do cotidiano de Londres dos anos 40 e 50: o cenário charledickeano da pantanosa Dartford, onde nasceu sob bombardeio inimigo; as agruras e o miserê da família e dos vizinhos; os primeiros acordes junto ao avô Gus; as encrencas e dificuldades na escola; os primeiros sons via rádio e a descoberta de Elvis, Chuck Berry e os blueseiros americanos; seu período no escotismo (!!!) e por aí vai. Keith vai chafurdando sua infância e juventude em passagens tragicômicas. Conta sobre as frequentes surras que levava na rua dos valentões do bairro. Lembra do primeiro playboyzinho da escola, com sua lambreta exibindo um rabo de esquilo na ponta, e já levanta a tese de que este cara pode ter sido o precursor dos "mods" londrinos. Resgata Michael Ross, o primeiro colega com quem subiu em um palco e tocou rock. Lembra cores, frases, músicos obscuros, lugares, esbanjando fósforo da cabeça. Quando eu acabar de lê-lo, virei com mais informações sobre essa "vida" conturbada e cheia de roteiros . Pelo visto, as surpresas são sucessivas. Keith Richards sempre surpreende.

24 de novembro de 2010

Os Grandes Sucessos do Paramount - Série Prestígio - RGE

Eu sou um cara muito insistente. Atualmente, até os mais aficionados passam longe das seções de discos, principalmente no interior de hipers e supermercados, que tentam nos impingir coletâneas fajutas, pega-trouxas e engana bobos. é 'The Best' of pra lá, 'Hits' pra cá, caca atrás de caca. Mas como disse, a minha teimosia sempre me faz revirar as prateleiras atrás de algum disco que caiu ali por engano ou uma raridade que ninguém conhece e por consequência foi parar numa seção popular qualquer. E não é que ontem, no Coop perto de casa, achei entre os cantores gospel e as coletâneas sertanejas, essa jóia acima por reles R$ 2,99? É isso mesmo: um grande disco ao vivo apresentando uma importante fase da Bossa Nova em São Paulo, exatamente naquela transição entre a pré-produção dos banquinhos e violões dos bares paulistanos e apresentações amadoras em teatros e faculdades para o que viria a seguir, nos palcos dos festivais da TV.  Eu tenho essa produção em LP e desde a primeira audição, me impressionei muito com a maturidade na produção desses jovens artistas: do canto fantástico e emocionante de Alaíde Costa ( talvez em seu melhor momento como intérprete) à bossa cadenciada de Walter Santos; das composições já diferenciadas de Chico Buarque às delicadas e dedicadas intérpretes Yvette e Maria Lúcia ( onde estarão?). E o disco ainda contava com os potentes Zimbo Trio e Bossa Jazz Trio, além do tarimbado Tito Madi, "importado" do Rio. Um discaço a preço de banana, com um repertório irrepreensível, produção do mágico Walter Silva ( o "Pica Pau") e técnica de som do onipresente Manoel Barenbeim ( que nos anos 60 estava em todas).  Essa série da RGE, "Prestígio" ( o disco em questão é o nº9) traz texto interno sobre a produção e fotos ( abaixo) e também conta com discos originais de Paulinho Nogueira, Geraldo Vandré, Cartola, Dick Farney e Manfred Fest Trio, entre outros, e vale a pena ser procurada. Eu até pensei em comprar mais para distribuir pros amigos, mas só achei um.

Camaro no Brasil renova jingle clássico

*Divulgação
Muitos babaram no Salão do Automóvel e agora podem babar também no sofazão: o Camaro, um dos carros mais admirados do mundo ganhou uma campanha brasileiríssima para anunciar sua chegada ao país. O mais interessante de tudo é que resgataram aquele famoso jingle do início dos anos 80, criado pelo saudoso Zé Rodrix, "No Silêncio de um Chevrolet". A ação será em três partes: o primeiro filme de 30'' está no ar desde o dia 18 e traz ao fundo o jingle reinterpretado na voz de Frejat; no domingo (21), no intervalo do Fantástico, um outro filme de 90'', dirigido por Andrucha Waddington virá em forma de clipe, com Frejat, Edgard Scandurra e banda mandando ver no tema enquanto o carrão é apresentado; e por fim, um último filme de 30" convidará o consumidor a rever o clipe no site do Chevrolet Camaro. O ronco do bicho
realmente impressiona. Aguardemos o clipe, que promete.
Site: http://www.chevrolet.com.br/chevroletcamaro/index.shtml
Vídeo demontração: http://carros.uol.com.br/ultnot/multi/2010/11/23/040299346ADCA14307.jhtm?video-mostra-chevrolet-camaro-ss-em-detalhes-040299346ADCA14307
Teaser 30": http://www.youtube.com/watch?v=lhrxf9lNadc
Jingle original ( com Zé Rodrix): http://www.youtube.com/watch?v=NE1QKcnODv8

22 de novembro de 2010

Paul empolga e a Globo ( mais uma vez) folga

Paul McCartney empolgou a multidão que foi assistí-lo ao vivo ontem, no Morumbi. Como prometido, fez um showzaço de mais de três horas, recheado de canções clássicas. Cantou todas as 22 músicas dos Fab Four ( ver post anterior), esbanjou vitalidade e ousadia ( cantar a tonitrinante "Helter Skelter" no último bis é realmente um ato de coragem), mostrou uma banda totalmente entrosada e tascou direitinho as frases de praxe em português ( tal qual Porto Alegre, com cola no chão). Os 64 mil privilegiados presentes babaram de satisfação, of course. Já outra multidão, sem alternativa, que assistiu Paul "logo depois do Fantástico", na inacreditável telinha da Globo, presenciou um show de 1 hora e 20 min. ( contando os breaks comerciais), com 16 músicas no total ( ante 40 do show completo) e só 9 da safra Beatles. Caíram fora do "compactão" Drive my Car, Eleanor Rigby, Something, I've Got a Feeling e até Hey Jude. E eu ainda acreditava até ontem, que o Multishow, irmão mais "descolado" da Vênus Platinada, fosse mostrar muito mais coisa. Balela: o programa editado de ambas foram idênticos. Pra não ficar tão feio, o próprio Multishow já anunciou pro final desta semana um programa extra sobre Paul intitulado "Bastidores". Veremos. 
Hoje, mais 64 mil iluminados presenciarão a lenda ao vivo. Quanto a mim, e todos aqueles que foram "compactados" pela Globo ontem, só nos resta esperar o futuro lançamento em DVD "Paul McCartney Live in São Paulo"

Acompanhem 'Jet' e 'All My Loving', via Estadão:

19 de novembro de 2010

Set list de Paul McCartney inclui 22 músicas dos Beatles!

De acordo com as últimas apresentações da turnê de Paul McCartney, incluindo o aclamado show de duas semanas atrás em PoA, o provável set list para domingo (21) e segunda (22) no Estádio do Morumbi/SP contará com nada mais nada menos que 22 músicas dos Beatles! nem os próprios Beatles tocaram tantas músicas em uma noite só ( a Alemanha e o Cavern Club não contam - eles tocavam muitas coisas dos outros). A lista de fôlego de Sir McCartney ( vale lembrar que ele tem 68 anos) ainda inclui 18 canções pós-Beatles, muitas de sua fase setentista nos Wings. Certamente um show clássico que ficará na história. Para quem não conseguiu ingressos ou desistiu no meio do caminho ( como eu -a intenção era levar meu filho beatlemaníaco, mas a idade permitida me impossibilitou), resta a Globo, que como de praxe deverá cortar a apresentação a seu bel prazer, encaixando-a na sua grade inflada de anunciantes. Um pouco antes o Fantástico colocará no ar a entrevista com Paul feita pelo já tarimbado Zeca Camargo. Quem tiver assinatura do Multishow pode se sair melhor: o canal fechado embora seja da Globo, tem a grade mais solta e promete 1 hora de "best of" do show ( que tem aprox. 3 horas), a partir das 11h15 do domingo. Tenho certeza que aqueles que mataram Paul ainda nos anos 60, agora querem morrer, ao vê-lo mais 'live' do que nunca neste incomensurável 2010.

O set list ( Beatles com *)
Venus and Mars/ Rockshow
Jet
All My Loving*
Letting Go
*Drive my Car* ou Got to Get You Into My Life*
Highway
Let me Roll It/ Foxy Lady
Long and Winding Road*
1985
Let 'Em In
My Love
I've Just seen a Face* ou I'm Looking Through You*
And I Love Her* ou Two of Us*
Blackbird*
Here Today
Dance Tonight
Mrs Vanderbilt
Eleanor Rigby*
Ram On
Something*
Sing the Changes
Band on the Run
Ob-la-Di, Ob-La-Da*
Back in the U.S.S.R*
I've Got Feeling*
Paperback Writer*
A Day in the Life* / Give Peace a Chance
Let it Be*
Live and Let Die
Hey Jude*

1º Bis:
Day Tripper*
Lady Madonna*
Get Back*

2º Bis:
Yesterday*
Helter Skelter*
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band*
The End*

17 de novembro de 2010

Cultura I - o blog e o jornal


Neste ano aconteceram coisas incríveis pro meu lado. Um deles foi a criação, ao lado de duas figuras ímpares, Mario Mastrotti e Henrique Valsésia, do Cultura I, um jornal gerado em São Caetano e inteiramente dedicado à cultura e a memória. Sem ganância ou ânsia de lucro e com alma independente, o jornalzinho rendeu que foi uma maravilha: uma extensa entrevista com o baterista do Sá & Guarabyra, Alex Reis e matérias leves e soltas sobre quadrinhos, figurinhas, línguas, comportamento, memória. O jornal saiu no começo do mês e paralelamente criou-se também o blog Cultura I, replicando material do seu irmão impresso e também com conteúdo inédito. Dois filhotes à solta que me deixaram orgulhoso à beça. E é só o começo...
No blog, acabei de postar a entrevista com o Alex Reis, na íntegra. Vale a pena acompanhar:
http://culturaiblog.blogspot.com/ 

11 de novembro de 2010

Betinho Moraes


Betinho Moraes ( e) e Marcelo Mazuras (d) no Chaplin ( início dos 90) - crédito não identificado
 Betinho Moraes foi um herói da guitarra. Uma pena que, salvo algumas dezenas de roqueiros e boêmios do ABC e arredores, que conviveram com ele, poucos puderam presenciar ao vivo sua guitarra nervosa, seu violão abusado e sua liberta/errática forma de viver. Betinho apareceu do nada na virada dos 80 pros 90, no bar que já há alguns anos era nosso reduto roqueiro/etílico e também residência, pousada e clube: o dinástico e iconoclasta Chaplin Bar. O local era frequentado geralmente por loucos, beberrões, vagais, intelectuais, hippies, motoqueiros, marinheiros, liberais-anárquicos, e principalmente músicos & roqueiros. Deste último grupo sobressaíam-se habitués da casa que tocavam no diminuto palco entre as mesas ( Átila, Benê, Ricardão Batera, Marco Polo Pan, Fabricio, Duó, Haroldo, Renatinho e Grupo, Rui Português, entre tantos), incluindo o hiperativo batera do Kães Vadius Dênis Animal, sempre com uma grande turma à tiracolo. Nessas, Betinho surgiu, magro, tatuado, moicano, ainda dono de uma Kombi caindo aos pedaços, o estômago vazio e a cabeça cheia de coisas. As rodas de violão que rolavam enquanto os rodos e vassouras lavavam o bar quase fechando, logo foram angariadas por seu violão eclético, que podia numa noite só, emendar Lupiscínio, Ramones, Elvis e Garotos Podres. Em grandes sessions exclusivas pudemos curtir por noites a fio o grande músico Betinho desfilar acordes impressionantes e livres. Enquanto isso, seu desapego com a vida acumulava episódios hilários e trágicos: a kombosa que vivia sendo empurrada e vivia sem combustível; a excursão para São Thomé num feriado prolongado em que ele entrou no ônibus sem avisar, com a roupa do corpo e só; a vez que ele me convenceu a entrar por um furo na cerca de arame da estação São Caetano pois o trem estava chegando; o total mistério envolvendo sua família, sua casa, seu passado: a única coisa que se sabia é que ele tinha uma irmã, talvez em Santo André ( ou não). Eram histórias atrás de histórias. Na música, participava de shows no submundo underground e por um tempo fez parte de uma das formações do Devotos de Nossa Senhora Aparecida ( grupo ad eternum de Luiz Thunderbird). Um dia, todo contente, contou que fora chamado para o Kães Vadius - comemoramos demais neste dia. A partir daí, vivia com uma fita demo do grupo nas mãos (que acabou virando em 1993 o CD oficial da banda "Aqui Agora") e por conta dos shows, deu uma boa sumida do Chaplin. Numa das últimas vezes que o vimos, a história também rendeu um bom enredo: fizemos um bate volta até Boracéia - eu, Mazuras, Luciano Tatu e ele - no Monzão do segundo, que parou depois de uma chuva em plena Rio-Santos e ali ficou. Cena impagável: com o carro sem vestígio de água no radiador, apelamos para as poças da rodovia, e munidos de algumas folhas de chapéu-de-couro, corríamos de um lado a outro na tentativa de levar água até o motor. E não é que deu certo? no final da viagem, uma outra cena inesquecível, mas desta vez sem humor nenhum: a gente se esbaldando na água fria do mar, e só o Betinho na praia, observando a balbúrdia e impossibilitado de entrar na água salgada por causa das feridas purulentas nas pernas, decorrência da doença que já o enfraquecia. Betinho Moraes partiu desta vida em 1994, um ano depois daquele CD do Kães, que acabou virando o único registro fonográfico de sua guitarra ( até agora, pois o fundador e líder Hulk encontrou neste ano uma fita demo da fase inicial de Betinho na banda e tudo indica que vai virar disco). Fulminante, gentil , chapado, errante, autodestrutivo, gentleman, roqueiro de verdade, ele foi um anti-herói clássico, um anjo torto que nos serenou enquanto se incendiava. Que o nosso guitar hero esteja bem.

CD Aqui Agora (1993) - Kães Vadius - Betinho é o 3º da esquerda para a direita

Consegui resgatar dois vídeos do Kães Vadius com a participação de Betinho Moraes:
# Programa Matéria Prima - TV Cultura - http://www.youtube.com/watch?v=ZYDnkaXXcgY
#Programa TV Mix - TV Gazeta - http://www.youtube.com/watch?v=elm253SEiJw

6 de novembro de 2010

Exposição da Caixa Cultural nas 27 capitais brasileiras

"Independência" de Di Cavalcanti
A Caixa comemora um século e meio de existência com a exposição “Galeria Caixa Brasil”, a maior mostra simultânea já realizada no país. Desde ontem até 28 de novembro, o impressionante e vasto acervo artístico do banco -que inclui trabalhos de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Djanira, Carybé, Aldemir Martins, entre outros - será exposto em locais selecionados e sedes da Caixa Cultural espalhadas pelas 27 capitais brasileiras. O endereço de Sampa está aqui embaixo - se alguém estiver em novembro rodando por outra capital, vale uma parada, afinal, não é sempre que obras seminais como estas permanecem em exposição, e melhor ainda, gratuitamente. No link do UOL abaixo dá para visualizar as obras e no site da Caixa Cultural há mais detalhes sobre cada exposição e a distribuição regional das obras.
Caixa Cultural São Paulo (pça. da Sé, 111, 2º andar, Centro)
Terça a domingo, das 9h às 21h
Inf.: 0/xx/11/3321-4400
http://www.caixacultural.com.br/html/main.html
http://entretenimento.uol.com.br/album/galeriacaixabrasil_2010_album.jhtm#fotoNav=4 

5 de novembro de 2010

A maior coleção de Bossa Nova do mundo

Li atrasado mas faço questão de repassá-la. Uma ótima matéria do ótimo Ruy Castro para a quase sempre ótima revista Serafina da Folha de SP ( edição de outubro).

http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/805780-conheca-o-carioca-que-possui-a-maior-colecao-de-bossa-nova-do-mundo.shtml 

Discos que nos Tocam 6 - Clube da Esquina - Milton Nascimento e Lô Borges (1972)

Não teve jeito. Quando iniciei esta série, o 'Clube da Esquina' imediatamente surgiu como escolha óbvia para iniciá-la. Mas justamente para não cair em obviedade - e depois eu percebi que esta decisão foi uma bobagem - não inaugurei o "Discos que nos Tocam" com o disco que mais me tocou e que até hoje mais toca aqui em casa. Se os Rolling Stones me mostraram que branquelos britânicos podiam fazer rock com alma negra, se os Beatles me fizeram acreditar que a música está além da música, se Cartola provou que a inspiração e a intuição podem extrapolar a erudição, se Elis me fez crer que existe voz para a alma, Milton Nascimento, Lô e todos os músicos que moldaram este denso e fabuloso disco duplo de 1972, abriram definitivamente meu coração e ouvidos para uma música profundamente brasileira, mas que unia como nunca vocais e instrumentos, letras e canções, ritmos nativos e internacionais. O 'Clube da Esquina' é o disco que mais me toca porque em sua argamassa incomparável há uma mistura perfeita de sons mutáveis, que de repente se transformam em  cheiros, climas e emoções. E cada vez que se ouve surge uma nova passagem, um novo acorde, uma percussão ao longe. Depois deste disco, Milton Nascimento, um artista até então "cult" e "difícil", abriu picada para se tornar o grande menestrel dos estudantes setentistas. Lô Borges amadureceu na marra, tanto, que depois de lançar simultaneamente o seu disco ( o do tênis) incompreendido e belo LP, só reapareceu 7 anos depois, quando lançou sua obra-prima "Via-Láctea" e participou timidamente do segundo Clube da Esquina. Beto Guedes, até então um ótimo compositor e instrumentista da turma, mostrou também ter um vocal diferente e único, o que lhe abriu as portas para a carreira solo. Toninho Horta foi descoberto pelos músicos internacionais. O Som Imaginário ( que para não criar agremiações internas no clube, não foi chamado assim nas gravações), com Wagner Tiso, Tavito, Fredera, Luis Alves e Robertinho Silva, já mostrava desde o disco anterior Milton (1970) que era um dos mais estimulantes grupos da música brasileira, jorrando criatividade em arranjos arrojados e timbres progressivos.
Se já foram devidamente destrinchados no blog o histórico Os Borges (1980) e o emocionante Via Láctea (1979), não tinha como deixar pra trás o pai de todos. Clube da Esquina é Minas, Brasil e Mundo dentro de um clube que nunca existiu fisicamente, mas que vive e mora em muitos por aí afora. Pra sempre.

Em tempo: na coleção do Estadão "Grande Discoteca Brasileira" ( outro que se rendeu aos disquinhos em banca) o disco da semana é justamente o Clube da Esquina. Ele vem em CD único ( em capinha mixuruca) e um bom livreto analisando as gravações e perfilando os integrantes. Mas como eu sou chato para estas coisas, vai uma bronca: na ficha técnica não há qualquer referência aos músicos participantes em cada faixa, o que para este disco é um pecado tremendo. No mais, comprem. Por R$14,90 dá para levar para casa um dos melhores discos já produzidos no Brasil.

1 de novembro de 2010

O AcervoSorve 4 - Literatura de Cordel

Meu velho conhecido Roberto Wally, artista e batalhador das causas justas em São Caetano, valorizou demais da conta o acervo com sua nobre coleção de Literatura de Cordel ( com letra maiúscula mesmo, porque é escrita genuinamente popular, e portanto, de suma importância acadêmica). Separei alguns exemplos para expôr a diversidade dos temas, que vai do cotidiano nordestino às lendas e histórias populares e assuntos do noticiário nacional. Supra sumo, Wally. Valeu!

28 de outubro de 2010

O carioquíssimo "Por Toda Minha Vida" com ele? Pô, que raro, meu!

Olha ele por aqui de novo. E é por aí - que venham mais dez, cem posts. Sinal que estão falando do homem em seu centenário como se deve. Agora esta me pegou pelo cangote: o carioquíssimo "Por Toda Minha Vida", da carioquíssima Rede Globo, que já exibiu ícones da cidade maravilhosa como Tom Jobim, Cazuza e Tim Maia, nos brinda hoje ( depois de "A Grande Família") com a história de um dos maiores compositores paulistas: Adoniran Barbosa. Coisa rara na tela da vênus platinada. Vou assistir de camarote, na beira do sofá, com uma cervejinha gelada e uns petiscos, vestindo meu belo paletó xadrez, aquele mesmo que eu vestia pelas noites do velho Bixiga. Adoniran vive.

22 de outubro de 2010

John, jovem, em breve nas telonas


Estreou nos EUA o filme sobre a juventude de John Lennon, "Nowhere Boy" ( referência a uma das melhores da safra do compositor, "Nowhere Man"). Em dezembro chega por aqui. Pelos traillers que já pipocaram de um ano pra cá dá pra ver que a película pega fundo nas conturbadas relações familiares dos Lennon e no cotidiano  da cidade de Liverpool, uma década depois do fim da 2ª Guerra. E claro, captura o início da paixão de John pelo rock and roll e por osmose, sua amizade com Paul e a formação dos Quarrymen ( a banda anterior aos Beatles). Baseado no livro da meia-irmã de John, Julia Baird, "Imagine This: Growing Up With My Brother John Lennon", o longa tem grandes chances de agradar tanto aqueles que buscam a fagulha que deu origem ao incêndio irreversível chamado Beatles, como os que se rendem a uma boa história de conflitos e amores ( mesmo que nem sempre resolvidos) envolvida em emocionante trilha. Atentem para o jovem ator Aaron Johnson - ele tem o timbre de voz de John!
1º trailler: http://www.youtube.com/watch?v=Y6Km9L1Sqd0
Trailler oficial (legendado): http://www.youtube.com/watch?v=jWG0t1BQf8Y
E pra quem gosta de pôsters, aqui vão todos os antecessores do oficial (acima) e a sua versão nacional:

19 de outubro de 2010

O AcervoSorve 3 - Edições Fac-similares do Jornal "ex-" ( Coleção Completa) - Instituto Vladimir Herzog (2010)

Essa eu babei, abobalhei, embasbaquei, bambeei, quedei em êxtase. Compadre Paul Seven Lagoon me aparece com suas habituais sacolas culturais/literárias sortidas e entre tantas edições supimpas, eis que ele me joga na mão uma encadernação tamanho jornal, em capa bege e preta, que só pelo visual externo já me impressionou. Mas eu não esperava que ao abrir a "embalagem", toparia com a coleção completa de um dos mais importantes jornais da chamada "imprensa nanica" brasileira, o "ex-". Surgido no final de 1973, o jornal tablóide nasceu de uma morte. Explico: a revista underground Grilo, famosa por trazer ícones dos quadrinhos marginais/alternativos e sensuais como Robert Crumb, Volinski e Guido Crepax, há tempos estava na mira da linha dura, e ao chegar com muito custo na edição 48, mandou em seu rodapé (da pág 4 a 14) um aviso sem volta: "Stop-Press: a censura negou o registro do Grilo, por considerar o conteúdo desta revista atentatório à moral e aos bons costumes. O Grilo então recorreu à própria censura, retirando desta edição as histórias que o censor julgou inapropriadas para nossos leitores. Caso a resposta seja negativa, o Grilo passará a ser impresso em formato tablóide, ou seja, deixará de ser revista para ser jornal ( os jornais estão dispensados de registro de censura) e já a partir do próximo número -o 49 - circulará com o novo nome: "ex-". Adivinhem no que deu? o "ex-" nasceu, sem tempo para charutos e champanhes, sob a sombra tenebrosa do governo Médici. Para driblar e confundir os censores, tascou na sua primeira capa Hitler, nú, se bronzeando numa praia. E foi com essas armas, o humor, a metáfora, o escárnio,o olhar contundente por trás da imagem satírica, que as edições seguintes brindaram os leitores com capas antológicas e matérias emocionantes. Quadrinhos, suplementos literários, foto-reportagens, entrevistas. E como bem disse no encarte especial da coleção, o jornalista Dácio Nitrini, que participou de todas as edições do periódico: "O ex- é como se fosse neto da revista O Bondinho e filho do gibi underground Grilo. Sendo assim, é bisneto da mitológica Realidade, origem de um grupo formado por jornalistas brilhantes que provocaram saltos de qualidade editorial em vários veículos, inclusive rádio e tevê. Sérgio de Souza, Narciso Kalili, Hamilton Almeida Filho, Mylton Severiano da Silva, Amâncio Chiodi, Paulo Patarra, entre outros".
O "ex-" durou 16 números e o último, com a capa estampando uma das reportagens mais corajosas do nosso jornalismo, encerrou qualquer possibilidade de sobrevivência ao bravo tablóide. Foi o único que noticiou com todas as letras a morte de Vladimir Herzog ("Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós" -outubro de 1975), mostrando para quem quisesse ver, a cena de uma farsa engendrada nos porões assassinos da ditadura. O jornal, que tinha nascido de uma morte editorial, morria desta vez por escancarar uma morte brutal. Mas não pensem que o núcleo citado por Nitrini entregou-se de bandeja. A edição seguinte -17 - permaneceu inédita. O "ex-" virou "Mais Um", com marcas latentes do ex- em suas páginas, mas que só durou um número - devidamente incluído nesta coleção ( além de uma edição extra - "Ex-tra"-  com Paulo Evaristo Arns e outra com o melhor do jornal, também inédita até agora). E outros nomes vieram depois, sempre no drible e na raça. A ditadura um dia acabou, mas esses jornalistas, que criavam jornais, levavam porrada e continuavam mesmo assim abrindo jornais, prosseguiram brilhantemente - o último "filhote" dessa turma é "Caros Amigos", que já virou década e mantém leitores fiéis. O Instituto Vladimir Herzog (logicamente) lançou essa preciosa coleção ao completar um ano em junho, em parceria com a Imprensa Oficial do Estado de SP. Quem sabe não é a deixa para relançarem Grilo, Sol, O Bondinho, etc.
Seguem algumas capas- e que capas!- do 'ex-'. O 'ex-' brincava, mas não estava para brincadeiras...



18 de outubro de 2010

Capa do Mês: Phill Collins - Going Down ( Outubro/2010)

Essa capa acima é nostálgica não só pelo repertório do recém lançado álbum de Phill Collins com canções da gravadora Motown escolhidas a dedo (Going Down). As circunstâncias são mais avassaladoras que a bela foto do jovem Phill, retratado junto à sua bateria aos 12 anos, pode revelar. O atual Phill Collins já vinha de um grave distúrbio auditivo, aparentemente estabilizado, e para completar, um problema no nervo da mão esquerda fez com que o cantor/baterista tivesse que prender as baquetas com fita adesiva durante as gravações, pois sem esse recurso ele sequer conseguia segurá-las. Essa e outras revelações bambásticas, como o seu grande desejo de tocar no The Who e os motivos que levaram o Genesis ao fim estão na Billboard Brasil de outubro (nas bancas). E esta capa acima, que depois das revelações se torna mais tocante e emoldurada no tempo, é a minha 'capa do mês' de outubro, sem sombras.
# Trechos disponíveis da entrevista da Billboard:
http://billboard.br.com/noticias/na-batida

16 de outubro de 2010

The Simpsons e o Rock

O já veterano desenho animado The Simpsons ( existe desde 1989) faz sucesso por n motivos, entre eles, o de ser o desenho com mais referências ligadas ao mundo real, seja em política, artes, ecologia, globalização ou fama instantânea. Todos os políticos de destaque no planeta já fizeram ponta em seus episódios, e claro, a maioria com a pior das intenções. Ídolos do esporte, baluartes da literatura e da religião, astros da TV e do cinema, milionários - ninguém escapa do humor crítico e ácido da série. Entre essas pontas e aparições, certamente os maiores destaques nesses mais de vinte anos foram as estrelas da música, principalmente americana e inglesa. Muitos deles não deram só o ar da graça. Em muitos episódios, rolaram performances ao vivo ou rápidos apartes musicais. Selecionei no yutube algumas dessas participações (pena que poucas estão disponíveis):
#Slide various:
http://www.youtube.com/watch?v=l6VPc5FQxb0&feature=related
# Ramones:
http://www.youtube.com/watch?v=84aRTri8AAk&feature=related
# Beatles ( clipe c/ Here Comes the Sun)
http://www.youtube.com/watch?v=uzqm5LliCKw 
# Versão simpsoniana para "In-A-Gadda-Da-Vida" de Iron Buterfly
http://www.youtube.com/watch?v=0PyBWLALFLQ 
#Green Day
http://www.youtube.com/watch?v=X6pTiTXba-w&feature=related

15 de outubro de 2010

O AcervoSorve 2 - Mick Jagger e os Rolling Stones - Willi Winkler ( Larousse - 2010)

Eu já li de tudo sobre os Rolling Stones. Magazines especiais, livros biográficos, revistas-pôsters, encartes e livretos de discos. E olha só: esse livro aí em cima me surpreendeu, tanto para o bem quanto para o mal. O alemão Willi Winkler, um cara que tinha 5 anos quando os RS surgiram, pincela de exageros sua escrita surrealista, mas talvez seja o livro que mais se aprofunda no cotidiano do grupo. Intercalando capítulos com títulos nominais ( Mick Jagger, Marianne Faithfulll, Brian Jones...) e títulos musicais ( Paint it,Black, Play with Fire, Street Fighting Man...),Willi chafurda Londres, encara turnês intermináveis e penetra nas suítes privadas e nos bastidores, jogando ao vento mentiras sinceras e verdades questionáveis. Além de todos os integrantes oficiais, traz à luz seres circundantes e que ajudaram a forjar o espectro da banda, como Andrew Loog Oldham, Marianne Faithfull e Anita Pallemberg. Houve sim por parte do autor uma extensa pesquisa. Pelo que sei dos Stones, ele mistura 50% de veracidade com 50% de mito, mas ora, ora, quem sabe dos Rolling Stones senão eles mesmos? o que vale é que o autor é corajoso, escrevendo fervorosamente sobre sexo, drogas e rock and roll, e certamente dando mais ênfase aos dois primeiros itens. O intuito é chocar e ao mesmo tentar desmistificar um balaio de quase 50 anos. Um universo de quase meio século que engloba mortes, egos, prazeres, traições e mitos. O título brasileiro, Mick Jagger e os Rolling Stones, não faz jus ao conteúdo ( Jagger é um dos que estão na linha de tiro mas não é o único destaque). Ficaria bem melhor: As Vidas e as Mortes dos Rolling Stones, ou ainda, Nas Vísceras dos Rolling Stones. Um livro instigante e provocador. E por consequência, questionável e safo. Nada mais Stones.

8 de outubro de 2010

Google homenageia John Lennon em seus 70 anos

Essa é a cara do logo do Google hoje, 08 de outubro de 2010, para homenagear os 70 anos de John Lennon. Pela primeira vez o site transformou o seu logo de entrada em um vídeo, utilizando no caso uma animação baseada nos desenhos do próprio compositor. O doodle ( como é chamado o logo do Google) animado vem com desenho estilizado do rosto de John e no lugar do "e" aparece um play que abre o mini-vídeo de 32 segundos. O Google sempre teve muita criatividade para compor seu logo, principalmente em efemérides ou homenagens. Desta vez, se superou.

Atualização - para quem não viu o doodle animado comemorativo dos 70 anos de John Lennon:


6 de outubro de 2010

22ºHQ MIX

Daqui há pouco, a partir das 20 horas, começa mais uma tradicional HQ Mix, que premia os melhores do ano anterior em várias categorias da história em quadrinho nacional e internacional.
O prêmio foi criado há mais de 20 anos por iniciativa do programa TV Mix da TV Gazeta, que contava com Sérginho Groismann e Jal em seus quadros. O apresentador, atualmente na Globo, é mestre de cerimônias do evento desde o início e o quadrinista Jal, um dos organizadores. Além das premiações habituais, o HQ Mix contará também com duas grande novidades para a área: o anúncio de fundação da Feco Brasil (versão nacional da Federação Internacional de Cartunistas, com base na Europa), organização que pretende defender os interesses dos cartunistas e será representada por Sonia Luyten, doutora na área e autora de livro sobre quadrinhos. E também entre as novidades, o acordo entre o HQMix e o Festival de Quadrinhos de Amadora, de Portugal, com o intuito de, nas próximas edições da premiação, intercambiar o desenhista brasileiro mais votado para lá, enquanto Amadora, enviará, por sua vez, um autor português para o Brasil.
O charme da edição deste ano fica por conta do troféu, que a cada ano traz um personagem diferente. Desta vez, Maurício de Sousa, que completou 50 anos de profissão, empresta um de seus personagens mais "adultos" para a estatueta: O Astronauta ( abaixo), que por muitos anos, entre os anos 60 e 70, foi desenhado pelo próprio Maurício e não por uma equipe.
 O evento, gratuito, será realizado, como nos outros anos, no teatro do Sesc Pompéia ( Rua Clélia,93 - tel. 3871-7700). A organização apenas pede para que se retire o ingresso 1 hora antes no local.
Também dá pra acompanhar a cerimônia à distância: o Blog dos Quadrinhos, do incansável Paulo Ramos, cobrirá o evento ao vivo.
http://www.hqmix.com.br/
http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/

Ed Wilson, pioneiro do nosso rock


Faleceu na madrugada de domingo (3), o compositor, cantor e instrumentista Ed Wilson ( Edson Vieira de Barros), irmão de outros dois pioneiros do rock brasileiro, Paulo César e Renato Barros. Os três irmãos formaram a primeira dentição de uma das mais importantes bandas de rock nacional, Renato e Seus Blues Caps no finalzinho dos anos 50. Edson ficou como crooner do grupo por pouco tempo, até 1961, quando se lançou em carreira solo, deixando o nome verdadeiro de lado para virar Ed Wilson, sob os auspícios de Carlos Imperial. Atravessou a Jovem Guarda com certo sucesso, principalmente na voz de outros ídolos do movimento, e continuou compondo para os irmãos. Foi um dos que não foram esquecidos na vasta letra de "Arrombou a Festa" (Roberto Carlos - Erasmo Carlos): "...lá fora um corre-corre dos brotos do lugar/ era o Ed Wilson que acabava de chegar...". Por ironia do destino e por sobrevivência, Ed foi sentir mesmo o gosto do sucesso bem longe do rock, já nos anos 80, uma década ingrata para a maioria dos artistas jovemguardistas, quando teve sua composição Chuva de Prata ( em parceria com Ronaldo Bastos) cantada e espalhada por Gal Costa nas rádios de todo o país. Outras canções de sua lavra "popular-romântica" no período também tiveram boa acolhida: Pede a Ela ( com Tim Maia) e Aguenta Coração ( c/ José Augusto). Com os revivais cada vez mais fortalecidos a partir dos anos 90, Ed Wilson voltou às origens e pôde reviver suas antigas canções ao lado dos irmãos. Cantando baladas açucaradas, rocks singelos e clássicos de Elvis, o pioneiro rocker vinha ultimamente trazendo no semblante o mesmo brilho no olhar do menino do bairro de Piedade (RJ), que nos longínquos anos 50, ao lado dos irmãos (Os Bacaninhas do Rock da Piedade), resolveu virar do avesso a tradicional música brasileira.

30 de setembro de 2010

Os Sousa voltaram!

A coleção L&PM Pocket, que já vem lançando material do Maurício de Sousa há um tempo, surpreendentemente lançou em seu número 872 as clássicas tirinhas da família criada por Maurício de Sousa em 1968. Surpreende porque desde 1989 não se publicava mais as "desventuras" dos Os Sousa, que levou esse nome por ser inspirada inicialmente na família do próprio Maurício. O grande destaque da série é o personagem Mano, o camarada folgazão e espaçoso, que atazanou sem trégua seu irmão e a cunhada, em situações impagáveis. Quem leu o Diário do Grande ABC nos bons tempos, entre os 70 e os 80, além do lendário Díarinho, também topava com as inesquecíveis tirinhas dos Os Sousa. Vale a pena revê-los, nas melhores livrarias e bancas do ramo. Eu tive um imenso prazer, comparável ao lançamento do álbum do Nico Demo anos atrás. Que apareçam mais personagens "sumidos" do baú do Maurício de Sousa.

Capa do Mês ( Serafina/FSP Setembro 2010)

Capa da revista Serafina, da Folha de São Paulo, com o poeta Ferreira Gullar, 80 anos. A foto é de Murillo Meirelles, que foi muito feliz na concepção deste close incrível.

29 de setembro de 2010

Jerry "The Killer" Lewis ataca novamente!

Jerry Lewis é um dos poucos pioneiros do rock que ainda está por aí. Elvis Presley, embora muitos não admitam isso, morreu em 1977. Bill Haley também se foi novo ( no início dos 80). Carl Perkins, o homem que moldou o rockabilly ( "Blue Suede Shoes") partiu em 1998. O sutil Roy Orbison, teve uma sobrevida digna nos anos 80, mas não teve tempo de saborear a fase, pois faleceu em 1988. O gigante Fats Domino( em todos os sentidos) sobreviveu ao Katrina e já passou dos 80 anos, mas não se apresenta em público há tempos. Fora os que morreram no auge da mocidade, como Buddy Holly ( em acidente de avião em 1959, que vitimou também Ritchie Valens e Big Bopper). Sobraram três, coincidentemente, os mais elétricos e mais "desencapados" de todos eles: Little Richards, Chuck Berry e ele, o endiabrado pianista do rock and roll, Jerry Lee Lewis, que completou 75 anos hoje e fará uma apresentação especial logo mais, cantando seus sucessos de sempre ( "Whole Lotta Shakin' Goin' On" e "Great Balls of Fire") e algumas de seu disco recentemente lançado, "Mean Old Man" ( Homem Malvado), disco que aliás, conta com parceiros musicais pra lá de especiais - Keith Richards, Mick Jagger, Ron Wood, Ringo Starr, Kid Rock e Willie Nelson. Matéria da Reuters sobre a entrevista coletiva dada pelo veterano ontem no Museu Grammy reclama de suas respostas evasivas e lacônicas. Mas cá pra nós, como responder com entusiasmo perguntas como: "-Como está Carl Perkins, seu colega de gravadora Sun Records?". Jerry até que respondeu educadamente: "-Um grande sujeito, um amigo muito querido." Como eu já mencionei, o colega Carl Perkins não está mais entre nós há 12 anos.
Se o velho rocker não está muito aí para conversa, o mesmo não se pode dizer de suas peripécias ao piano. Quem viu as gravações do disco garante que The Killer tocou tudo em um take só, sem delongas nem xurumelas. Estremecendo chão e pessoas à volta. Jerry continua, sem dúvida, um sujeito sacudido.
Seguem duas apresentações típicas de Lewis, a primeira no longínquo 1957 e a última ao lado de friends ( Ron Wood, Keith Richards, Solomon Burke,Tom Jones, entre outros) já com 71 anos. Os movimentos não são os mesmos, claro, mas e a aura que se forma à sua volta?
http://www.youtube.com/watch?v=8yRdDnrB5kM
http://www.youtube.com/watch?v=4j1OU9aqq08&feature=fvw

24 de setembro de 2010

Discos que nos Tocam (5): Ângela Ro-Ro (1979)

Quando Ângela Ro-Ro, lenda da noite carioca, finalmente lançou seu disco em 1979, até os que acompanhavam sua longa jornada blueseira madrugada adentro, tiveram que parar tudo e beber uma água com açúcar. Aquele lançamento era realmente um soco no fígado da vaporosa MPB vigente. Tava tudo lá naquele vinil: a voz rouca impregnada de whisky, a fossa debochada, o deboche enfossado, o piano blueseiro, o desabafo nas letras confessionais. Ângela Ro-Ro inteira ali, de carne e fosso. E ela sempre foi assim. Ganhou o apelido por conta da risada escandalosa e a voz rouca, mas em se tratando de composição, sempre arrancou-as de algum lugar entre o coração e a alma. No final dos 60, bem novinha, foi tocar em Londres e acabou ficando por lá um bom tempo, fazendo inclusive, uma participação gaiteira no disco de Caetano feito na terra do Fog, Transa (1972). Na volta, participou do Festival de Rock de Saquarema (1974) e topou com Rita Lee & Tutti Frutti. Entre idas londrinas e noites clandestinas, criou-se ao seu redor uma verdadeira legião underground de fãs notívagos, até que veio este disco inaugural, com Ângela já aos 29 anos. A compositora já lotara no início de 1979 o Teatro Ipanema, em sessões à meia-noite ( tudo a ver com Ângela) e participara do badalado disco Mel de Maria Bethânia ( tocando piano na faixa Gota de Sangue, de sua autoria) e o disco homônimo de estréia foi o desfecho perfeito para um ano em que os holofotes se voltaram com justiça para ela. O vinil em questão, lançado pela Polygram, não traz uma música ruim sequer - blues encorpados, baladas arrasadoras, cozinha forte de bar, piano avassalador. Um long play entre os melhores dos anos 70,  que rodou muito na vitrola de Cazuza e fez a cabeça de muita gente boa como Cássia Eller,entre tantos.
Quando eu boto ele aqui em casa, a noite entra em animação suspensa. É tiro e queda.

Faixas:
Cheirando a Amor
Gota de Sangue
Tola foi você
Não há Cabeça
Amor, meu Grande Amor
Me Acalmo Danando
Agito e Uso
Mares de Espanha
Minha Mãezinha
Balada da Arrasada
A mim e Mais Ninguém
Abre o Coração

https://www.youtube.com/watch?v=kwXbssnJsFU