Capa do Mês: Urtigão 50 anos

A capa do mês é uma capa que nem apareceu na banca ainda. Essa revista Urtigão 50 anos foi anunciada pelo Paulo Maffia lá no FB. O personagem, criado em 1964, já teve até revista própria e é com certeza uma das criações mais ranzinzas e engraçadas do universo Disney, muito graças a artistas e argumentistas nacionais. Além desse seu charme peculiar, a capa tá um capricho só ( o que vem sendo constante na coleção temática Disney atual) e merece ser destacada. Em tempo: ela está prevista para 25/03.

Paco de Lucia ( 1947-2014)

Não posso fechar o dia sem homenagear Paco de Lucia, o músico que espalhou o flamenco pelo mundo todo e o mesclou ( com muita qualidade e maestria, diga-se) com outros ritmos. Um dos maiores instrumentistas do mundo, conseguiu arregimentar fãs de várias vertentes e gêneros. Um gênio que nasceu em Andaluzia mas virou cidadão do mundo, músico global. Partiu cedo, aos 66, de um ataque do coração. Só nos resta agora, ouvir Paco de Lucia carnaval adentro.

Pra constar: gastei esse disco aí embaixo de tanto ouvi-lo nos anos 80. Classicaço! (segue o link com o álbum na íntegra)

https://www.youtube.com/watch?v=W3BzAKHCEvo 

Foto do mês: Ristorante Corto Maltese (1997)

Eu tirei essa foto quando passava minha lua de mel em Paraty, em maio de 1997. Não resisti quando me deparei com o grande personagem aventureiro de Hugo Pratt pintado em típico azulejo da região. E a pergunta que surge, quase 17 anos depois do click: Será que esse 'ristorante' ainda existe por lá? Se alguém souber, por favor, me avisa.

O Almanaque do São Paulo e a "Maior biblioteca sobre futebol do mundo"

José Renato Santiago e Raul Snell, autores do "Almanaque do São Paulo"

A primeira vez que ouvi falar do José Renato foi no início do ano passado, quando soube pela minha esposa Cris que um professor seu de curso de 'Gestão do Conhecimento' era um grande colecionador de itens futebolísticos, principalmente  bibliográficos. Quando ela citou seu nome, perguntei se ele não tinha aparecido recentemente no "Caos" do canal History, programa sobre uma loja de antiguidades na Rua Augusta e o dia a dia de suas compras/vendas e negociações. Ela confirmou - era o mesmo José Renato Santiago que eu vira na telinha, mostrando os itens antológicos de sua quase infindável biblioteca (e eu babando no sofá). Ele também se interessou quando ela lhe contou sobre minha coleção de quadrinhos, revistas e discos - mais pela admiração mútua de colecionador do que propriamente por esses itens específicos, e por minhas participações jornalísticas em livros históricos e biográficos. Dessa conversa inicial com a Cris e uma ligeira troca de e-mails, ficou combinado uma visita naquele mesmo mês a seu vasto acervo na Serra da Cantareira. No ato, convidei meu amigo-gêmeo Marcelo Tieppo, corinthiano como eu, jornalista da área esportiva e um grande admirador da "mística'e da História do futebol ( amigo gêmeo porque nascemos no mesmo dia, mês e ano, além de outras coincidências). Mas poucos dias antes da aguardada visita, acabei conhecendo-o ao vivo, no evento em que o jornalista Luiz Carlos Duarte lançava seu livro sobre o Friedenreich - com pesquisa minha - na livraria da Vila ( postado na época por aqui). A Cris já lhe soprara sobre essa minha participação. Naquele mesmo dia, conheci figuraças do meio - experts, fãs, colecionadores, todos apaixonados pelo futebol - e tive a honra de prosear com esse formidável Sr. Raul Snell, um ourives que vinha se debruçando há anos na história do São Paulo FC e hoje, exatamente hoje ( 25/02) lança ao lado do José Renato esse fundamental "Almanaque do São Paulo", com todos os jogos oficiais disputados pelo time ( foto acima). Um grande viva aos dois! E um viva duplo ao José Renato que além do lançamento, também foi agraciado finalmente pelo Guiness Book com o título de dono da maior biblioteca sobre futebol do mundo. Merecidíssimo. A Mônica Bérgamo marcou o feito em sua coluna hoje na Folha de S.Paulo ( nota abaixo). Quanto aquela visita que eu, o Tieppo e meu filho Gabriel fizemos ao maravilhoso acervo citado, bem, essa vale um post inteiro, numa próxima.

QUATRO LINHAS

Folha de S.Paulo 25/02/2014 - Coluna Mônica Bérgamo

O "Guinness Book" deu a um paulistano o título de dono da biblioteca com o maior acervo sobre futebol do mundo. O consultor de empresas José Renato Santiago, 43, guarda 23.150 itens, entre livros, revistas e documentos, em seu escritório. "Mantenho com meu próprio dinheiro", diz ele, que foi avaliado por dois anos até conseguir o registro, neste mês.

Cebolinha 500

Edição Especial 500

Nas bancas, Cebolinha comemora a 500ª edição de sua revista, iniciada no já longínquo ano de 1973 pela Editora Abril, passando pela Editora Globo e chegando firme e forte no número atual da Editora Panini (#86 para ser mais exato). E a aventura principal é uma grata surpresa: traz não só o velho Capitão Feio, mas vários vilões que participaram da revista em épocas diversas; traz também vários personagens sumidos da ampla galeria de criações de Maurício de Sousa; e vem com um enredo muito bem amarrado, que acaba envolvendo todas as histórias da edição. A Panini surpreende também ao lançar além da revista normal de banca, uma outra edição, luxuosa e com capa metalizada. Capa aliás que presta loas ao Cebolinha nº1 da Abril, com o mesmo balão, mas com o Capitão Feio desta vez como "aliado". Uma justa homenagem a esse carismático personagem que "atlavessa" décadas mantendo o charme.

A edição luxuosa ( fonte: Facebook/Sidney Gusman)

Baú do Seu João 7: Romance em Quadrinhos (Rio Gráfica Editora) e Álbum Gigante (2ª Fase) (Ebal) - edições de 1955/1956/1957

 

Faz tempo que eu não publico nada do baú do meu pai. A última vez que mostrei algum item da coleção do Seu João Massolini foi em 2012! Outro dia fui cuidar dos cachorros e da gatinha cega dele ( a Teca, cega de nascença) enquanto ele viajava e pra variar, acabei "parando" um pouquinho nas relíquias guardadas pela casa. Sabia que ele tem muitos exemplares da Edição Maravilhosa da Ebal, com grandes clássicos da literatura quadrinizados, mas foi só quando fui rever a pilha dessa coleção é que me deparei com esses exemplares de "Romance em Quadrinhos" da Rio Gráfica Editora e Álbum Gigante (Nova Fase), também da Ebal (abaixo e acima), com belas capas de mestres como Antonio Euzebio, Gil Coimbra e Gutemberg Monteiro e nos mesmos moldes da outra pioneira revista. Não me lembrava delas, mas diante de tais "pinturas", só me resta reavivar o "Baú do Seu João" em grande estilo.

Chamando Superamigos entrevista Toni Rodrigues

O caríssimo colega Wilson Simonetto, do sempre bom 'Chamando Superamigos', fez uma entrevista bem interessante com o diretor de arte, professor e colecionador de quadrinhos Toni Rodrigues. Além de detalhes da carreira, a conversa destacou a Memo, revista criada por Toni com o intuito de resgatar a história da arte gráfica e seus grandes profissionais, muitos injustamente esquecidos. Vale muito a pena acompanhar esse papo:
http://www.chamandosuperamigos.com.br/2014/02/entrevista-exclusiva-toni-rodrigues.html?m=1#comment-form

Página dominical de Gasoline Alley, por Frank King (1930)

Esta magnífica imagem acima é uma página inteira da prancha dominical de Gasoline Alley, clássica tira americana assinada por Frank King que ao lado de Little Nemo de Winsor McCay e outros poucos, é considerada obra-prima dos comics da primeira metade do século XX. Essa página específica é de 1930 e foi pescada na internet pelo antenadíssimo Renato Frigo, timoneiro do grupo Colecionadores de HQs no Facebook. Narrativa única, cortes inusitados, desenhos primorosos, introdução da temática adulta e comportamental nas HQs...tudo isso e mais um pouco vinha embalado em Gasoline Alley. Mais uma obra fundamental inédita no Brasil e que merecia pelo menos um álbum caprichado publicado por aqui. Alô, Nemo?

Latas

Foto: divulgação

Algumas latas me chamaram a atenção na semana. A primeira foi essas aí do lado, que tinha visto em algum site publicitário da internet. O mestre Lan, em plena atividade às portas dos 90 anos, deixa suas marcas registradas - Rio de Janeiro, mulatas, carnaval - nas latinhas da Antarctica para a próxima festa do Rei Momo. Pena que essa ação temática só vai rolar no Carnaval da cidade maravilhosa. Vou recorrer aos meus amigos cariocas para salvar uma dessas pra mim. A outra lata em destaque, a do Guaraná Jesus, eu vi aqui perto de casa, em uma loja de posto de gasolina. Eu já tinha ouvido falar do sucesso desse guaraná rosa maranhense, que inclusive foi comprado pela Coca por estar incomodando o mercado por lá. O gosto, é bem sui generis, do tipo "ame ou odeie". A molecada gosta mais - é doce, doce. E o líquido é rosa mesmo! Mas o que vale no final das contas é a bela latinha azul e rosa.

foto: Cris Massolini

Baú do Malu 42: "GibisTrocados/Truncados", de Sérgio Régis Martins (1981 - edição do autor)

Um dos itens mais loucos e divertidos que eu já encontrei em sebo. Esse livrinho chamado "Gibis trocados/truncados" é independente e de autoria de um respeitado professor da USP, Sérgio Régis Martins ( pesquisei depois, pois na obra não aparece nada sobre o autor. Lá embaixo tem o perfil dele no CNPQ que cita esse livro). O que ele fez? selecionou 31 casais clássicos dos quadrinhos (alguns dialogando) e fez dois cortes horizontais nas 31 páginas ( formando três tiras). O resultado disso é a possibilidade de se visualizar 29.791 casais diferentes ou "virtuais" como são chamados na obra ( essa conta é do autor), intercalando as partes. Separei a capa, última capa, apresentação e três cenas para vocês terem uma noção. Algumas combinações são ótimas.
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4794582H4 

Nonato Buzar (1932-2014) e Adail (1930-2014): dois originalíssimos artistas!

Nonato Buzar ( reprodução)

Neste mês, faleceram dois artistas de áreas diferentes, mas muito parecidos na originalidade e na discrição: Nonato Buzar, compositor,grande parceiro musical de Tibério Gaspar. E Adail, cartunista, ilustrador, chargista e profundo conhecedor das raízes do samba. Ambos viveram quase toda a vida no Rio. Nonato Buzar, que passou a infância no Maranhão, chegou na cidade maravilhosa em 1953 para se formar engenheiro, mas logo se enfronhou na música, tocando com bambas da bossa e da música instrumental no Little Club e no Bootle's no Beco das Garrafas em Copacabana. Sua primeira gravação, "Guerra à Bossa" foi feita por Paulo Silvino e seu nome já prenunciava uma vontade de mexer com "as estruturas" da música tradicional. E foi o que aconteceu na virada dos anos 60, quando idealizou , produziu e participou da "Turma da Pilantragem", um grupo enorme com foco no swing e na descontração, remexendo a bossa e criando um estilo novo (veja aqui os participantes: http://www.dicionariompb.com.br/a-turma-da-pilantragem/dados-artisticos ) Nessa altura era um compositor com carimbo próprio e tarimba , compondo tanto músicas singelas como bossas com ginga. Um pouco antes, já participava ativamente dos famosos festivais ao lado do seu parceiro mais constante Tibério Gaspar. Nos anos seguintes, focou nas composições de telenovelas ( destaque para Irmãos Coragem e Assim na Terra como no Céu) e na produção de jingles, além de produzir para as majors. Elis Regina, Nana Caymmi, Maysa, Cauby, Milton Nascimento, Wilson Simonal e Jimmy Cliff foram alguns dos que gravaram suas músicas - Maria Rita, em seu primeiro disco, lançou uma ótima versão para "Menininha do Portão" (sua e de Paulinho Tapajós, falecido recentemente).

Adail (reprodução)

Adail, da mesma geração, nasceu em Registro (SP) mas passou sua juventude na região do Jaçanã, na capital São Paulo. Já em 1948, colaborando em O Governador e A Marmita, iniciou sua longa trajetória de cartunista/chargista na imprensa. No decorrer dos anos, revistas e periódicos importantes do Século XX tiveram em suas páginas seu traço inconfundível: O Cruzeiro, Jornal dos Sports, Correio da Manhã, Pasquim, O Dia, Última Hora, entre tantos. Frequentador assíduo da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), foi homenageado em sua sede entre dezembro e janeiro últimos com a exposição "Adail - Uma Grande Homenagem". Grande conhecedor da história do samba, deixou várias composições inéditas. Nonato Buzar, falecido no dia 02/02 e Adail, falecido no dia 05/02, foram artistas originais, discretos, simples, generosos com seus pares. Ambos com mais de oitenta anos vividos, obras indeléveis na bagagem e uma dignidade cada vez mais difícil de se ver por aí.

A volta da Klaxon

Klaxon foi o periódico dos Modernistas.Teve nove números, entre 1922 e 1923, período em que essa turma atingia seu auge criativo e ativo. O "Mensário de Arte Moderna" chama a atenção já a partir da capa, com seu famoso "A" maiúsculo alcançando o topo da página, em uma solução gráfica assinada pelo poeta e artista Guilherme de Almeida que imaginou-a como a própria buzina (klaxon em inglês e francês - era uma antiga marca de buzinas externas em forma de trompa) e ponta de lança da vanguarda paulista. Estrondo, alarido, corte, rasgo - todo o visual utilizado dava indícios e ares de ruptura. A "equipe" de redação também enche os olhos: Mário e Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Menotti del Picchia, Antonio Carlos de Ribeiro Couto, Luiz Aranha, Rubens Borba de Moraes, Sérgio Buarque de Holanda - ou seja...a nata dos intelectuais modernistas, não citando aqui os colaboradores eventuais. Pois no final de 2013 está clássica ("kláxica?") revista teve todos os seus nove números reimpressos em versão fac-similar, numa bela caixa intitulada "Klaxon em Revista", com organização de Daniel Rangel e edição/impressão da Cosac Naify e o Instituto de Cultura Contemporânea. Além dos oito volumes ( os números 8 e 9 estão juntos numa edição, do jeito que saíram originalmente), a caixa traz ainda alguns extras, como os chamados "Extra-Textos", reproduções de obras de artistas envolvidos com o movimento, caso de Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Zita Aita, entre outros, um encarte de apresentação e uma edição especial que envolve todos os números da publicação. Esse grande documento histórico, envolto em invólucro tão caprichado, custa R$90,00 e saiu com 2000 edições. Quem quiser adquirir deve correr nas grandes livrarias. Na Cultura ( pelo menos no site) a caixa já estava esgotada.

CCA 2014

Saiu o resultado da votação do 1º CCA (Collectors Choice Awards), premiação arquitetada pelo Colecionadores de HQ, comunidade no Facebook com mais de 8000 integrantes (!), tendo a frente o antenado Renato Frigo. Muito legal a iniciativa! fui um dos eleitores e fiquei mais feliz ainda quando vi a Memo do Toni Rodrigues como o "melhor Fanzine". Valeu! Acompanhem no quadro acima todos os vencedores.

Dois grandes do cinema se despedem

Num mesmo dia o cinema perdeu dois grandes. O documetarista Eduardo Coutinho, aos 80 anos e em plena atividade, acabou falecendo por conta de uma fatalidade envolvendo seu filho ( veja aqui: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/filho-de-coutinho-bateu-no-vizinho-e-disse-coisas-desconexas-diz-policia.html ). O outro é o ator americano Philip Seymour Hoffman, morto possivelmente por uma overdose, com apenas 46 anos de idade (http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2014/02/philip-seymour-hoffman-morre-diz-jornal.html ). Que suas almas sejam amparadas e que seus legados continuem influenciando novos profissionais que optam pela paixão à arte acima de tudo.