30 de janeiro de 2015

Dia do Quadrinho Nacional

Hoje comemora-se mais um Dia do Quadrinho Nacional, data instituída desde 1984 pela AQC. Em 30 de janeiro de 1869, o editor, cartunista e caricaturista Ângelo Agostini publicava "As Aventuras de Nhô Quim", considerada a primeira história em quadrinhos brasileira e uma das pioneiras no mundo. Para a efeméride, o desenhista e roteirista Juvêncio Veloso criou e produziu um lindo pôster com os personagens mais significativos dos quadrinhos nacionais. De Pererê e Amigo da Onça à Judoka e Sacarrolha, passando pelos clássicos e os mais recentes, ficou completo! Parabéns pela iniciativa, caríssimo Juvêncio!
(Clique na imagem para melhor visualização)

Tiras Memory: a História dos quadrinhos brasileiros em jornais

Morena Flor (1949)  de André Le Blanc
O quadrinista, ilustrador e cartunista Luigi Rocco é um dos profissionais mais atuantes em sua área, tendo começado a carreira em 1980 na mítica Grafipar. Conheci seu trabalho em projetos editados pelo Mario Mastrotti, como Tiras de Letras e Humor Brasil 500 Anos. e qual não foi minha surpresa ( agradável) quando conheci recentemente seu blog Tiras Memory, criado no ano passado, que traz a História de tiras obscuras e cruciais publicadas em jornais brasileiros, principalmente entre as décadas de 60 e 80. Vale muito a pena rever ícones e ser apresentado a quadrinhos que saíram em periódicos mais populares, como Diário Popular, Folha da Tarde e Notícias Populares. Embora a grande maioria se concentre nos anos 70 e 80 ( e começo de 90), há posts com verdadeiras relíquias como Morena Flor do haitiano radicado aqui, André Le Blanc (de 1949) e a tira carioca Marcelino Cangaceiro, de 1961, do falecido autor Aylton Thomaz, entre outras. Um essencial trabalho de resgate desse gênero pouco explorado por estudiosos de HQs.
http://tvmemory.blogspot.com.br/

25 de janeiro de 2015

31º Prêmio Ângelo Agostini


O tradicional Prêmio Ângelo Agostini, da AQC (Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas)  chega em sua trigésima primeira edição, como é de sua essência, homenageando mestres, trazendo à baila novatos e produções independentes e premiando iniciativas que inovam e revigoram o mercado dos Quadrinhos. Foram 7.302 votos computados via internet, e entre os agraciados, uma grata surpresa: o Prêmio Jayme Cortez para a Confraria do Gibi, do Rio. Prêmio merecidíssimo, pois o grupo, formado entre expositores e colecionadores que frequentam há anos a Praça XV e sua feira de antiguidades aos sábados, agita, celebra, divulga e compartilha a grande paixão comum pelas Histórias em Quadrinhos. Tive a honra de conhecer pessoalmente dois membros da confraria: o Prof. André Luiz Garcia Aurnheimer, grande colecionador, expositor da feira e dono da loja virtual Sebo da Bidi e o jornalista, colecionador e músico Heitor Pitombo, há anos escrevendo profissionalmente e debatendo sobre o assunto quadrinhos. Também tive o prazer de trocar figurinhas via internet com vários outros integrantes da confraria, como o fantástico colecionador Claudio de Souza Fragnan, especialista em edições dos anos 40/50, Helio Guerra, presidente fundador e um dos maiores colecionadores de Fantasma do mundo, e o grande Ranieri Andrade, mentor do Museu dos Gibis. Uma excelente turma, certamente! Estaremos lá para prestigiá-los.
A festa será no dia 31/01/2015 no Memorial da América Latina, a partir das 15 horas. Confiram os premiados:

Os premiados são esses:

Melhor Desenhista: Mario Cau
“Morphine”: Dramas pessoais e experiências narrativas « Papo de Quadrinho

Melhor Roteirista: Felipe Cagno
 
321 - Fast Comics reúne autores nacionais e já está à venda

Melhor Cartunista: DaCosta
Professor Osvaldo da Costa é homenageado no XVI PortoCartoon, em Portugal

Melhor Lançamento: YESHUAH, Onde Tudo Está - por Laudo Ferreira Jr e Omar Viñole
Quadrinhistas tentam resgatar Jesus do cânone religioso na HQ "Yeshuah"

Melhor Lançamento independente: "Nenhum Dia sem um Traço", de Ernani Counsandier
Nenhum dia sem um traço traz o trabalho do quadrinhista gaúcho Ernani Cousandier

Melhor Fanzine: 3ADFZPA - Terceiro anuário de Fanzines, Zines e Publicações alternativas
Lançamento triplo!

Melhor Web Quadrinho: Blue e os Gatos, de Paulo Kielwagen
BLUE

Prêmio Jayme Cortez: Confraria do Gibi
http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,confraria-de-colecionadores-quer-criar-museu-para-quadrinhos,1127954

MESTRES DO QUADRINHO NACIONAL: Gustavo Machado, Carlos Edgard Herrero e Murilo Marques Moutinho

20 de janeiro de 2015

Achado 2: Desenhos (1955)



No final de 2013, estava verificando diversos livros de uma biblioteca particular doada para o meu acervo ( graças a ponte do meu antenado cunhado José Gallo), quando, ao folhear uma publicação técnica ( Diário Oficial de São Paulo - 2005) me deparei em meio às páginas com um desenho à lápis de uma mulher, feito em um papel já bastante amarelado e com a inscrição "Hilde Rio 07-10-55; o traço é cartunesco e a assinatura "Hilde"não parece com uma assinatura de autor, mas uma simples descrição. Fiquei totalmente encafifado com esse primeiro desenho: seria uma caricatura da própria Hilde Weber, famosa desenhista que passou por diversas redações entre os anos 40 e 80, feita por algum colega de redação? ou seria um auto-retrato, riscado de forma despreocupada ( reparem que a mulher retratada ostenta um "bico de pena" em uma das mãos)? com essas dúvidas rodeando, resolvi folhear novamente o livro, como quem não quer nada... e não é que surgiu mais um esboço escondido dentro do volume!?! dessa vez o desenho era à caneta - um homem de óculos e bigode - e o estilo completamente moderno e surreal, certamente vindo de um artista das artes plásticas. Pesquisando um pouco mais, descobri que Hilde trabalhava nessa época no Rio de Janeiro, na redação da Tribuna da Imprensa e já era casada com o jornalista Cláudio Abramo, ou seja, cunhada do artista plástico e gravurista Lívio Abramo. Não tinha chegado a nenhuma conclusão quanto à assinatura do segundo desenho, quando o chapa Marcelo Alencar, via internet, ligou os fatos: o nome assinado, que eu não conseguia decifrar (  a data sim: 10/1955), era do Lívio Abramo. Bingo! Simultaneamente, outros colegas interessados por quadrinhos e artes gráficas - André Lopez, Toni Rodrigues - viram os desenhos e ajudaram na pesquisa e no quebra-cabeça: comparando a assinatura com as de outros desenhos publicados na rede, ficou comprovado que o 2º desenho é um original do Lívio Abramo. As dúvidas levantadas sobre a primeira arte permaneceram. Eu particularmente, acho que é uma caricatura da própria Hilde, desenhada ou não por ela. Independente das lacunas, são dois desenhos bem interessantes e descompromissados dos anos 50. Um pode ser de Hilde Weber, uma das mulheres que mais batalharam como chargista/cartunista profissional, permanecendo por anos a fio em redações importantes como a do Estadão, e o outro é comprovadamente um esboço à caneta de algum personagem ou mesmo um colega, assinado por um dos maiores gravuristas brasileiros - Lívio Abramo. Devidamente arquivados, à espera de futuras respostas.

17 de janeiro de 2015

Baú do Malu 53: caderno, livros de leitura e cartilhas dos anos 60/70

Nossa Cartilha - Helena Ribeiro São João - 38 ª edição - Livraria Francisco Alves - 1965

Vamos Sorrir/ I Livro de Leitura - Maria Braz e Cândido de Oliveira- 2ª edição - FTD - 1965

Vamos Sorrir/ Livro de Leitura III ano primário - 2ª edição - s/d

Cartilha "Lalau, Lili e o Lôbo" - Rafael Grisi - Editora do Brasil - 1967

Brasília - 4º livro primário - Daisy Bréscia - Livraria Francisco Alves - 17ª ed.- 1969

Caderno Melhoramentos 'Vila Sésamo' ( item pessoal datado de novembro de 1975 - 1ª série primária)

Contracapa do mesmo caderno ( nov/1975)

Folha de rosto do mesmo caderno. Entre os desenhos, personagens de quadrinhos, bichos, um fantasma, um chinês, uma bola, um chapéu, um carrinho e um super herói inventado ( Super K?)

Juntei aqui alguns itens escolares que ganhei faz um bom tempo, muitos do acervo do Sergio Garcia, ortodontista, historiador e amigo da família. Também incluí um curioso caderno que usei no final da minha 1ª série do 1º grau ( primário na época) com a presença na capa de Gugu e Grilo, personagens do famoso programa da época, Vila Sésamo. Detalhe interessante é que ainda estava engatinhando na arte de escrever, mas já enfeitava as páginas com desenhos de todos os tipos, com ênfase em personagens de quadrinhos, claro, já que aprendi a ler com cinco anos de idade, com os gibis da Disney, Marvel e Maurício de Sousa, entre outros.

16 de janeiro de 2015

Capa do Mês: Piauí 100


Excelente essa capa da Piauí nº100. Em clima de manifestação, com toque de Sgt Pepper, o artista Caio Borges, sócio do Estúdio Onze de São Paulo, colocou dezenas de personalidades (e personagens) atuais e históricos numa passeata contra a própria Piauí ( observem os cartazes). A revista, em seus 100 números sempre foi um veículo pra quem gosta de ensaios, análises, crônicas, textos longos, perfis extensos, arte, fotografia, quadrinhos & ilustração. Ou seja, a tal revista "cabeça". Outra característica marcante é sua ausência de lado: embora haja colaboradores de todas as matizes, não há um direcionamento de esquerda ou de direita, embora, dependendo do ângulo, ela seja acusada de pertencer aos dois lados. Independente da diretriz, o seu jornalismo é quase literário, como fazia a velha e boa Realidade. A diferença é que enquanto a Realidade era fotográfica até a alma, a Piauí usa e abusa da ilustração, embora não deixe a fotografia de lado. Adoro suas capas, seu papel amarelado, quase jornal, e os quadrinhos que sempre pintam em suas últimas páginas ( Robert Crumb está sempre presente). Nessa capa, ela mostra toda a sua verve irônica, rindo se si mesma. Que bom!
Algumas figuras na passeata da Piauí 100: Fidel e Obama juntos, fumando charuto, Robin, Dilma e Chapolim Colorado ( com o cartaz "Piauí é Coxinha"), Einstein, Pateta, um astronauta, Laerte, Marx, os Bee Gees, John Travolta ( com seu visual "Embalos de Sábado a Noite"), Pinguim (do Batman), Getúlio Vargas, Ricardo Teixeira, a rainha de Branca de Neve ( Bruxa Má), E,T de Spielberg, Evo Morales, Chacrinha, Irmãos Cara de Pau (Belushi & Aykroyd), presidente Lincoln, Fred Flintstone, Michael Jackson, Pantera Cor de Rosa, Delfim Netto, outra Dilma ( com o irmão Marx, Harpo), Nietzsche, Brigitte Bardot, uma foca, Fernando Henrique, Rainha Elizabeth, além de black blocs, mascarados e Julian Assange apontando na frente de todo mundo. Tem muito mais... quem identificar, por favor, fique à vontade nos comentários.

15 de janeiro de 2015

Livro desvenda mistérios e enigmas de Assis Valente

Assis Valente foi genial como compositor. Basta ouvir qualquer música sua gravada nos anos 30 e 40. Canções como "Brasil Pandeiro", "Cai, Cai, Balão", "Boas Festas", "Camisa Listrada" e "Fez Bobagem" são clássicos indiscutíveis. Antes de fazer samba e marcha com maestria, foi farmacêutico, fez curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios (chegando a publicar alguns desenhos nas revistas Fon Fon e Shimmy) e se formou como especialista em prótese dentária. Amigo e confidente de Carmen Miranda, acentuou sua depressão crônica quando a intérprete partiu para os EUA e a partir de 1941 - ano em que se jogou do Corcovado e milagrosamente escapou da morte ao ficar preso em uma copa de árvore - tentou várias vezes o suicídio, tendo como culpa as dívidas e seu vício em cocaína. É aí que entra o inabalável trabalho do pesquisador Gonçalo Jr. no livro lançado em dezembro último, "Quem Samba tem Alegria" ( Civilização Brasileira). Matérias e biografia anterior apontam o homossexualismo do compositor como seu grande fantasma, e foi com esse mote em vista, que Gonçalo iniciou suas pesquisas para o livro. Mas logo as pistas para a questão sexual foram caindo por terra, enquanto indícios de um vício devastador que o arruinou socialmente foram surgindo a cada busca. No fim, o biógrafo crava que a cocaína foi a grande vilã, deixando-o nos últimos tempos totalmente largado e arrasado. No livro também há passagens que comprovam o lado marqueteiro e vaidoso do músico - seu vasto arquivo com artigos e matérias da carreira não tinha lugar para material depreciativo ou crítica ruim - e um painel bem detalhado do mecanismo do mundo da música no período. Como em seus ótimos trabalhos anteriores voltados para as histórias em quadrinhos e a ilustração, Gonçalo Jr. mostra que é um farejador nato e um pesquisador que não desiste nunca de uma boa pista.

14 de janeiro de 2015

Lincoln Olivetti (1954-2015)

divulgação
Lincoln Olivetti, maestro, produtor, tecladista (um dos pioneiros no uso do sintetizador), arranjador, compositor, foi um dos profissionais da música mais influentes da década de 80, graças a centenas de arranjos e produções para artistas como Tim Maia, Gilberto Gil, Jorge Ben, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Zizi Possi, Angela Rô Rô, Rita Lee, Sandra de Sá, Roberto Carlos, entre tantos. Na época, foi considerado o grande criador da sonoridade do pop brasileiro, sendo chamado de "Mago do Pop". Mas na década anterior, já ralava muito, aprimorando sua forma de compor e arranjar em discos de Carlos Dafé, Claudia Telles, Painel de Controle e interpretando e compondo em trilhas sonoras de novelas como Dancin Days, Feijão Maravilha e Plumas e Paetês. Em 82, enquanto trabalhava que nem louco para outros artistas em estúdio, fez um disco instrumental bem incensado com seu eterno parceiro Robson Jorge (falecido em 1993).


Por muitos anos foi acusado de "pasteurizar" a música brasileira com arranjos padronizados, mas nos últimos anos essa visão foi reavaliada ao se constatar que o seu trabalho na verdade modernizara a MPB, nivelando-a em termos de gravação e arranjos à produções internacionais. Há de constar também sua assinatura em discos obscuros da black music brasileira, cultuados por DJs do mundo todo por sua sonoridade única. Embora cada vez mais recluso desde os anos 90, continuava como arranjador em programas da Rede Globo e era produtor e arranjador ativo - manteve parceria com Lulu Santos por anos a fio e antes de falecer, estava trabalhando em faixas do último disco de Gal Costa. Faleceu ontem, de infarto fulminante, aos 60 anos, deixando DJs, fãs e artistas inconformados com sua partida precoce.
Para escutar, o cultuado disco de 82 com Robson Jorge: https://www.youtube.com/watch?v=Hqih1P5sJEY   
E para ler, a emocionante despedida de um de seus maiores fãs, Ed Motta, escrita ontem no Facebook:  https://www.facebook.com/EdMotta/photos/a.465395241557.252712.62823631557/10152924825276558/?type=1&fref=nf&pnref=story

13 de janeiro de 2015

Wolinski e o Brasil


Desenho feito por Wolinski em sua passagem pelo Rio em 1993: favela, tráfico, jogo do bicho, praia e mulheres.
Duas matérias da Folha na semana dão uma boa dimensão da relação de Georges Wolinski com o nosso país. A primeira, assinada por Raquel Cozer, lembra a sua passagem pelo Rio em 1993, por ocasião da Bienal Internacional de Quadrinhos. O cartunista francês, então com 59 anos, se encontrou com colegas brasileiros - Ziraldo, Chico Caruso e Laílson - e em seus cinco dias pela cidade, tomou chope, foi à boate, à favela, e fez 40 desenhos em seu caderninho à tiracolo. Já a matéria assinada pelo Gonçalo Jr com data de hoje, traz detalhes do seu engajamento contra a ditadura militar no Brasil, enviando desenhos gratuitos para veículos como Bondinho, Grilo e Status Humor. Um dos intermediadores era o editor Roberto Freire (1927-2008). Vale a pena ler para entender mais a fundo a postura política e social desse artista que tinha a liberdade como um mantra de vida.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/01/1572780-wolinski-debateu-limites-do-humor-e-foi-a-favela-no-rio.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/01/1574152-contra-ditadura-no-brasil-cartunista-wolinski-cedeu-desenhos.shtml

12 de janeiro de 2015

Foto do Mês (2): Casamento de Cartola (1964)

Da esquerda: pai de Cartola, Nelson Cavaquinho, o noivo Cartola, Zé Ketti e Elton Medeiros.
Tive que duplicar a "Foto do Mês" neste janeiro de 2015, diante de duas imagens tão marcantes. Além da foto dos rockers do ABC ( post anterior), encontrei quase simultaneamente em meus arquivos, essa antológica imagem acima, tirada pelo clássico fotógrafo Nelson Di Rago (talvez para a revista Intervalo) no dia do casamento de Cartola com a Zica ( mesmo ano em que o casal criou o famoso restaurante carioca Zicartola). Uma cena de gala, etérea, quase mística, com grandes ícones do nosso samba!

Foto do Mês: Rockers e Punks do ABC (1986/1987)

Encontrei nos meus arquivos essa foto com punks e rockers do ABC de meados dos anos 80. Não sei quem foi o autor da imagem e reconheci apenas três figuras na foto: o baixista Duó em primeiro plano, o grande guitarrista Marco Polo Pan na rabeira da Kombi (de barba), e logo atrás dele o baterista Ricardão ( do Hino Mortal, chegou a tocar comigo e o Átila no Chaplin Bar). Duó e Pan faziam parte na época da banda 64 e os Efeitos Colaterais. Bem escondido lá atrás, mostrando só a cabeça de perfil, do lado esquerdo do poste, eu tenho quase certeza que é o Índio, vocalista do Hino Mortal e um dos primeiros punks de São Paulo. Publiquei a imagem no Facebook esses dias com o intuito de identificar os outros elementos da cena, e entre mais de 70 comentários vindos de figuras que viveram a época, tive bons resultados. Primeiro apareceu nos comentários o baterista Chinês, da banda Neocínicos, se auto-identificando ( ele está logo atrás do Duó) e apontando outros. O interessante é que antes de se achar, ele viu primeiro sua moto ( logo em primeiro plano na foto). Clemente, fundador dos Inocentes e também um dos pioneiros do movimento, viu a foto e reconheceu um dos que estão em pé em cima da Kombi. Mas quem realmente matou a pau foi o Wilsão ( Wilson Alviano), um dos primeiros punks legítimos que conheci no ABC ( com moicano e tudo mais), reconhecendo uma boa parte da ala direita da imagem: Laércio Gonçalves, o Rato ( guitarrista do Hino Mortal), em pé, no teto da perua; Renê, guitarrista do Corte Marcial, agachado com o instrumento na mão, também no teto da Kombi; Magrão, baixista do Corte Marcial, de camisa aberta, outro no teto; Fernando, baterista do Corte Marcial, está bem na direita da foto, de blusa preta, com a mão no bolso; também do Corte Marcial, o Buba,mais atrás, de braços cruzados e topete ( alguns no FB acharam que era o lendário Betinho Moraes, mas isso logo foi descartado). A foto, pelo que pesquisei, foi tirada por um fotógrafo da Abril ( provavelmente da Veja São Paulo) por ocasião do lançamento e repercussão do disco Rock do ABC, gravado em 1986 e lançado em 1987 ( capa e encarte logo abaixo com as bandas participantes). Essa big ajuda dos confrades na rede foi de grande valia, mas ainda restou a ala da esquerda na foto. Quem souber de qualquer informação, incluindo o nome do fotógrafo, fiquem à vontade nos comentários do post. Uma foto icônica dessas, retratando com perfeição o clima e a sensação de liberdade desses rockers urbanos, merece ter todos seus integrantes revelados e seu crédito identificado.



11 de janeiro de 2015

Rock in Rio 30 Anos

O Leo me lembrou a data e eu não podia perder essa efeméride. Afinal, estava lá, no alto dos meus 17 anos, curtindo o primeiro grande festival de Rock internacional no Brasil. Fui no 8º dia, quando se apresentaram ( pela ordem), Kid Abelha, Eduardo Dusek, Lulu Santos, The B-52's, The Go-Go's e Queen. Quando fui atrás de ingresso, não consegui para o primeiro dia, 11/01/1985, o mais disputado do festival, que tinha Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Baby & Pepeu, Whitesnake e Iron Maiden, e nem para o dia 19, o mais pesado de todos, com Baby & Pepeu, Erasmo Carlos, Whitesnake, Ozzy Osbourne, Scorpions e AC/DC ( nesse, meu primo Rica acabou indo). O primeiro dia teve um público de 470 mil pessoas (!) e o heavy dia 19, 380 mil. Acabei indo no dia 18 e não me arrependi nem um pouco: do Kid Abelha até a Go-Go's foi uma festa só, com direito à quedas na lama, acrobacias, danças tribais e saltos quase ornamentais. Aí apareceu o Queen e veio o êxtase final, com uma energia surreal e inexplicável pairando sobre cada acorde, cada performance vocal, cada solo, cada virada de bateria. Uma das maiores bandas de rock do mundo estava ali na nossa frente, e eles sabiam muito bem entreter e hipnotizar uma multidão ( que nesse dia chegou a 250 mil pessoas). Levitei o resto daquele ano e nunca mais me esqueci desse incrível Rock in Rio, que muita gente achava improvável, mas que acabou abrindo as porteiras de vez para as atrações internacionais.

Algumas boas matérias sobre os 30 anos:
http://g1.globo.com/musica/rock-in-rio/2015/noticia/2015/01/rock-rio-completa-30-anos-veja-videos-que-contam-historia-do-festival.html

http://musica.terra.com.br/rock-in-rio-veja-o-melhor-e-pior-dos-30-anos-de-festival,242811062dfca410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html

http://infograficos.estadao.com.br/public/especiais/rock-in-rio-30-anos/

http://virgula.uol.com.br/diversao/ha-30-anos-rock-in-rio-inaugurou-os-megafestivais-no-brasil/#img=1&galleryId=902916

e uma boa parte das apresentações do Queen no Rock in Rio I:
 https://www.youtube.com/watch?v=LJBDvtxO-mo

9 de janeiro de 2015

O Acervo Sorve 11: Pacote Seven Lagoon

Meu compadre Paul Seven Lagoon trouxe uma pacoteira considerável hoje para o nosso acervo cultural, que merece ser compartilhada. Dentre vários itens bacanas, selecionei estes abaixo, com pequenos comentários para referência. Abração, infalível Paulick. Um ótimo 2015 pra tu.

DVD WANDA DE SÁ (Biscoito Fino - 2014) - A paulista deliberadamente carioca Wanda, bossanovista de carteirinha, primeira musa de Edu Lobo, com quem foi casada durante 12 anos, mostra nesse DVD que além do bom gosto musical e da boa companhia ( Jane Monheit, Carlos Lyra, Dori Caymmi, João Donato, Marcos Valle...) é uma estupenda violonista.
O SEQUESTRO (1981 - Mossy Filmes) Esse filme policial brasileiro é uma produção de 1981, dirigida por Victor di Mello, e faz parte da Coleção Canal Brasil. Quem com mais de 40 anos não se lembra do caso Carlinhos, que tanto passou no Fantástico nos anos 70 e nunca teve um desfecho ? O filme se baseia em fatos reais ( trocando o nome do menino por Zezinho) e conta com um elenco de primeira: Jorge Doria, Milton Moraes, Carlos Mossy, Helena Ramos, Mirian Persia, Adriano Reys e Otavio Augusto, entre outros.
VOLTA AO LAR ( de Peter Hall, 1973) Esse DVD faz parte da Coleção Lume ( esse é o nº 79). O filme, produzido nos EUA em 1973, conta as agruras e embates de quatro homens difíceis que moram juntos em um apartamento. Nove anos depois, o filho mais velho de um deles vem para uma visita com a esposa e a guerra entre todos se torna mais intensa e por que não? mais criativa também.
SERAFINA (Janeiro/2015) - A revista mensal da Folha de S.Paulo traz em seu último número uma ótima matéria sobre o incansável e perfeccionista Ridley Scott, que conta sobre as gravações da sua última produção, Exodus, e lances de sua longa carreira.
A mensal concorrente, Revista The Wall Street Journal, em seu número de dezembro também botou Exodus na capa, com foto do protagonista Christian Bale que escancarou sua vida e seu dia a dia para a magazine em entrevista gig. Também vale a pena ler a coluna "Acervo Pessoal", com os objetos preferidos do cineasta John Waters.

A edição Brasil da revista portuguesa Ipsilon de novembro trouxe ao foco o Fado e sua nova visibilidade no Brasil, com festival e Carminho,  Camané e Gisela João, que chamaram a atenção de músicos brasilis.

A revista catálogo da TASCHEN ( winter 2014) é deslumbrante visualmente, assim como todos os lançamentos da luxuosa editora. Não é pra menos; os lançamentos de 2014/2015 fazem os olhos saltarem da órbita: livro oficial de fotos dos Rolling Stones, álbum luxuoso dos 75 anos da Marvel por Roy Thomas, livro dos 125 anos da National Geographic e um estonteante Little Nemo Complete, com tudo o que saiu do icônico personagem de Winsor McCay de 1905.
A Enterteinment Weekly de janeiro/2015 veio com essa populosa capa anunciando os lançamentos de 2015 na música e principalmente no cinema.

A Serrote, revista cultural e literária do Instituto Moreira Salles é um dos veículos atuais dos mais interessantes  e chega no número 18 com grandes participações: Andy Warhol, Cássio Loredano, Guto Lacaz, John Updike, Maquiavel, Tunga, Lukács, Matisse, entre tantos.


"MEU CAMINHO É CHÃO E CÉU (Record - 2014) são as memórias do baixista Dadi, que entrou muito garoto nos clássicos Novos Baianos e foi um dos fundadores do A Cor do Som, além de tocar com muita gente da MPB, como Marisa Monte ( também foi um dos Tribalistas), Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e Jorge Ben Jor.

A RODA DO VENTO ( RECORD - 2012) - Livro infantojuvenil da imortal da ABL Nélida Piñon, com desenhos de Maurício Veneza

CARNE DO UMBIGO - Maria Rezende - Terceiro livro da escritora, sua poesia flui com naturalidade, unindo prazeres, sabores e pensamentos em versos bem livres.
GABO (Memorial - 2014) - "Borbo Letras", a ótima exposição organizada por Jal no Memorial da América Latina em meados do ano foi um grande sucesso e virou esse livro. com mais de 70 caricaturistas/cartunistas homenageando o centenário de Gabriel Garcia Márquez.

O número 5 da Memo, revista da memória gráfica, já está disponível!

No final do ano foi lançado digitalmente mais um número da espetacular Memo, revista sobre a memória gráfica nacional idealizada e produzida pelo diretor de arte Toni Rodrigues. Neste número o artista em foco é o genial Jayme Cortez, que graças a seu perfil rico em detalhes, terá sua carreira contada neste e no próximo número da revista eletrônica. Este número 5 captura a vida de Jaime ( seu nome original de batismo não tinha o "y") desde seu nascimento em Portugal e fecha em sua fértil e dinâmica produção do começo dos anos 50. Somando as duas histórias publicadas na íntegra - Dick Peter, de Jerônimo Monteiro, com roteiro de Syllas Roberg, e a mítica Sérgio Amazonas - a edição chega a 190 páginas! E ainda tem muita coisa a ser contada e mostrada no número 6. Particularmente, além de acompanhar a Memo com muita avidez desde o seu primeiro número (novembro de 2012), fiquei lisonjeado e honrado em participar do projeto como revisor a partir desse nº5. Espero que minha ajuda fique à altura desse trabalho tão importante para a História das artes gráficas, feito por quem conhece à fundo as histórias em quadrinhos e toda a arte gráfica/editorial brasileira produzidas por grandes mestres do traço. Esse legado não pode ser esquecido e a Memo, nesse sentido, cumpre um papel memorialista primordial. Que venham os próximos números!
Para baixar, aqui: http://www.memomagazine.com.br/

8 de janeiro de 2015

Je Suis, Charlie!

Somos todos Charlie! No mundo inteiro, repercutiram charges sobre o terrível atentado terrorista de ontem em Paris que vitimou 12 pessoas, entre elas quatro veteranos artistas gráficos do jornal satírico Charlie Hebdo ( o genial Wolinski um deles). Um dia de tristeza e luto mas também de união e corrente pela paz.
Entre as centenas de charges, compartilho essas 10 abaixo:
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/10-charges-comoventes-de-apoio-ao-charlie-hebdo

Em tempo: Charlie Brown foi publicado por muitos anos nas páginas da publicação, desde sua primeira fase, daí o nome e a charge acima.

7 de janeiro de 2015

Georges Wolinski (1934-2015)

Voltando às atividades do blog, depois de um breve intervalo, desejo a todos os leitores um ótimo 2015, cheio de esperanças e paz! E paz é o que o mundo está mais precisando no momento, visto o atentado terrorista de hoje na França à redação do jornal humorístico de esquerda Charlie Hebdo que fez 12 vítimas fatais, entre eles o famoso cartunista/quadrinhista Wolinski e os cartunistas Cabu e Tignous, além do editor-chefe Charbonier. O veículo já tinha sido ameaçado várias vezes anteriormente, inclusive tendo sido alvo de um incêndio em 2011.Wolinski eu acompanho a muito tempo e tenho vários edições portuguesas com sua heroína Paulette (com Picard), que inclusive saiu também em álbum pela LP&M, além de algumas coletâneas com suas charges/cartuns em minha coleção. Georges Wolinski tinha 80 anos e estava integralmente na ativa, tanto, que foi morto em um dia de reunião de pauta no jornal. Deixa aqui no Brasil gerações de artistas influenciados pela sua arte crítica e humanista.
No site de O Globo saiu matéria com a repercussão de sua morte entre os artistas brasileiros: http://oglobo.globo.com/mundo/cartunistas-lamentam-morte-do-frances-georges-wolinski-14986323

Um dia muito triste não só para os quadrinhos, as artes gráficas e o jornalismo livre, mas para todos que ainda acreditam na paz.