31 de março de 2015

1º Encontro Literário da Barcelona ( São Caetano do Sul, 21/03/2015)

Foto:Letícia Canos
Finalmente veio à luz a foto com todos que compareceram ao evento literário na Ibérica Cultural e Idiomas. Meu muito obrigado a todos e um abraço especial para o Alécio Miari e o Henrique Valsésia, pela oportunidade. A energia estava muito boa!

Capa do Mês: New Funnies - Agosto de 1947


Essa beleza acima eu consegui capturar no Festival Guia dos Quadrinhos, ex-Mercado de Pulgas, em meio à itens mais recentes como as revistas Animal e Chiclete com Banana, em uma pilha promocional. Uma capa incrível, feita em plena época de guerra mundial pela equipe da Dell Comics. Os personagens, muitos conhecidos posteriormente na TV e já famosos nos cinemas desde o final dos anos 20, são todos de Walter Lantz. O mundialmente famoso Pica Pau, de 1940, é um deles.

30 de março de 2015

Oswaldo Montenegro em São Caetano (28/03/2015)


Fotos Cris Massolini
 


No sabadão último, fui com Dona Cris assistir mais um show de Oswaldo Montenegro. Dessa vez, pertinho de casa, no Teatro Paulo Machado de Carvalho, São Caetano do Sul/SP. Uma apresentação totalmente intimista, só com violão e teclado, um terreno em que o compositor se sente totalmente em casa. Contou histórias, conversou muito com a plateia, desencavou pérolas de seu repertório ( e até algumas que tinha esquecido, seguindo pedidos do público), em quase duas horas de show. Oswaldo continua sem um pingo de afetação. Somado ao seu repertório acima da média, eis um artista que merece ser visto sempre.


Um poema

Poeminha feito agora, segundona plena, Angela Rô Rô de trilha.

A TRISTEZA NÃO EXISTE!
AH, MAS E A AGONIA QUE RESISTE?
E ESSA ANGÚSTIA QUE INSISTE?
AH, ESTOU TÃO TRISTE!
E VEM ALGUÉM COM O DEDO EM RISTE:
- DESPACHE, DESMANCHE, DESPISTE!
A TRISTEZA NÃO EXISTE!

O site dos "Colecionadores de HQs"!


A comunidade Colecionadores de HQs no Facebook, capitaneada pelo colecionador e entusiasta dos quadrinhos Renato Frigo, ultrapassou nesta semana a marca de 14.000 membros. Para comemorar esse feito, o administrador Frigo resolveu lançar em paralelo ao grupo um site homônimo, que além de servir como extensão aos posts e conversas da rede social, vem também com colunas fixas, novidades, entrevistas e arquivos de capas e raridades. O blog ainda está testando o formato mais adequado,mas já está no ar desde ontem, justamente para receber as sugestões e impressões dos leitores. Eu particularmente estou vibrando duplamente: primeiro porque sei da seriedade e comprometimento de quem está à frente do projeto - e empreitadas como essa só fazem bem para os quadrinhos - e segundo, porque fui convidado a participar do site com uma coluna fixa, "Alma de Almanaque", onde publicarei curiosidades e histórias relacionadas aos meus quase 40 anos como colecionador de quadrinhos. Fiquei muito honrado e agradecido pelo convite e onde eu puder ajudar, estarei à postos.
Abaixo, os links para o blog e a coluna Alma de Almanaque:
http://colecionadoresdehqs.com.br/
http://colecionadoresdehqs.com.br/colunas/marcos-massolini/

29 de março de 2015

O livro "escondido" de Gonçalo Jr para a Editora Globo

divulgação Editora Globo
Uma matéria surpreendente no Universo HQ, assinada pelo sempre eficiente Marcelo Naranjo, traz os bastidores e os detalhes de um projeto interno que veio à luz nos 60 anos da Editora Globo, em 2012: "Um Mundo de Impressões", livro de autoria do experiente pesquisador Gonçalo Jr, ricamente ilustrado, trazendo toda a trajetória editorial da empresa de Roberto Marinho e todos os lançamentos durante essas seis décadas. Essa história inclui logicamente todos as revistas em quadrinhos da editora, desde O Globo Juvenil nos anos 30, até as graphic novels e personagens da TV nos anos 90/2000. O detalhe é que a publicação não está à venda e só teve uma distribuição gratuita para os funcionários na época do aniversário. Ou seja: um verdadeiro tesouro guardado, sem nenhuma previsão de entrar no circuito comercial. A matéria vem também com uma entrevista com o autor Gonçalo Jr. Confiram:
http://www.universohq.com/materias/incrivel-trajetoria-da-editora-globo-esta-no-livro-um-mundo-de-impressoes/

27 de março de 2015

Foto(s) do Mês: As Flores do Jardim da Nossa Casa

Neste mês de março, de muita chuva ( mas ainda não o suficiente para encher os reservatórios), resolvi clicar as plantas e flores que vem povoando o jardim de casa ultimamente. E viva a natureza!






26 de março de 2015

Rosa Marya Colin, uma grande voz brasileira

do site oficial
Conheci a Rosa Maria ( era assim que ela assinava) junto com o grande público: na sua serena e cool interpretação de "California Dreamin", uma participação despretensiosa em um comercial de 1988. Como tudo o que gosto, fui pesquisar quem era a dona dessa impressionante voz. Descobri que sua carreira naquele momento já era longa: começou cantando bossa e jazz ao lado de grandes instrumentistas no Beco das Garrafas, por volta de 1963. Um pouco antes, se apresentara na Rádio Tupi, no programa "Hoje é Dia de Brotos". Nunca mais largou o rádio e a TV. Na telinha, começou a chamar atenção em programas da TV Rio como Festa do Bolinha, Rio Hit Parade e Embalo, do maestro Erlon Chaves. No rádio passou a estrelar a programação da Mayrink Veiga. Sua primeira participação em estúdio foi numa faixa do LP "S'imbora" de Wilson Simonal, em 1965 ( que depois participaria do seu primeiro disco). Em seguida lançou um compacto com quatro músicas e um LP, "Uma Rosa com bossa", pela Odeon, que lhe rendeu o título de cantora revelação. Pela gravadora, lançou pelo menos meia dúzia de compactos até 1970. Foi morar em São Paulo em um pensionato, fase que considera uma das mais felizes de sua vida. Brilhou no programa Esta Noite Se Improvisa, da TV Record, e entrou para o elenco de Hair, espetáculo que marcou história no teatro Aquarius. Com o palco nas veias, voou para o México, onde alcançou grande prestígio em apresentações ao longo de 1971, catapultando um roteiro internacional pelos EUA e Europa que a fizeram ficar longe do Brasil por três anos. Na volta, abriu sua carreira de atriz com o filme "Compasso de Espera", filho único na filmografia do diretor de teatro Antunes Filho, que tratava da delicada questão do racismo. E continuou sua trilha de "jazz singer", agora ao lado da Traditional Jazz Band, inaugurando a casa Club de Jazz Opus 2004 em uma longa temporada de quatro anos. Paralelamente, manteve sua carreira de atriz na TV, em novelas e séries, e marcou presença em grandes eventos como Projeto Canto da Terra (SP), Projeto Seis e Meia, Projeto Pixinguinha ( com Luiz Melodia) e Projeto Acorde. Teve também destacada participação no disco de 1978 de O Terço ( Mudança de Tempo) e chegou ao seu aguardado segundo LP em 1980 ("Vagando") seguido do ao vivo independente muito elogiado "Céu Azul". Os anos 80 foram bem produtivos - intercalou shows internacionais e prêmios com uma boa sequência de discos, culminando naquela despretensiosa gravação de anúncio que abriu o post. Rosa Maria vendeu um absurdo de cópias do LP e do compacto com a gravação ( produzidos por Zé Rodrix) e a partir daí nunca mais se desvencilhou das regravações de hits internacionais, coisa que ela sempre fez muito bem. Rodrix virou um grande amigo e produziu sua turnê de 1990, "Rosa in Blues", e também o disco de 1992, "Fever", ao lado de seu sócio Tico Terpins. Virou figura constante no circuito de shows de Chicago e New York, com elogios até do New York Times, e conciliou sua agenda no Brasil com musicais e gravações de CDs (em um deles, beneficiente, mergulhou no gospel/spirituals). Em 1998 gravou o tema de abertura da novela Brida ( Manchete). Rosa Maria chega na segunda década do século XXI com grande vivacidade e voz intacta ( completou 70 anos em fevereiro de 2015). Nos últimos anos intensificou suas participações de atriz na TV, e um de seus últimos trabalhos, a minissérie nacional Suburbia, acabou sendo um start para seu depoimento pessoal ao Museu da Pessoa (em um dos links abaixo). E se o seu repertório abarca um grande número de hits estrangeiros, há sempre um respeito aos compositores brasileiros e à bossa nova, a fonte primeva de sua carreira. Rosa Marya Colin é internacionalmente conhecida, mas antes de tudo, uma grande voz genuinamente brasileira.
Em tempo: o grande Manoel Filho ( do canal TonicoManel no Youtube) me avisou que as gravações do programa da TV Cultura que aparecem nos links abaixo são de 1980 e não de 1978, como está grafado. Valeu Manoel!

California Dreaming - https://www.youtube.com/watch?v=Nf5XEEe6Jcs
Giz - https://www.youtube.com/watch?v=D1dcudID1cU
Summertime - https://www.youtube.com/watch?v=LHvFmMnCLoo
Let it Be - https://www.youtube.com/watch?v=DsaL_Ll4Iew
Não Chore Mais - https://www.youtube.com/watch?v=pzGf7N6vbew
Viagem (ao vivo) - https://www.youtube.com/watch?v=7na50C80SVc
Depoimento ao Museu da Pessoa - https://www.youtube.com/watch?v=Srgmzkeekqk
Site Oficial: http://www.rosamaryacolin.com.br/

20 de março de 2015

"1º Encontro Literário da Barcelona"


Amanhã ( sábado,21) acontece mais um evento cultural capitaneado pela Ibérica Idiomas, aqui pertinho de casa. Desta vez, com ideia original e produção do escritor e economista Alécio Miari, realiza-se o 1º Encontro Literário do Bairro Barcelona- São Caetano do Sul-SP, com o lançamento de 4 livros, incluindo o meu, "Aura de Herois", e do próprio Alécio, "Arkhaika". No local haverá cocktail, leituras e caricaturas ao vivo, via Mario Mastrotti. Será a partir das 17 horas, no seguinte endereço: Rua Taipas, 645 - São Caetano do Sul-SP ( Ibérica Idiomas).


19 de março de 2015

Os 50 anos do Cine-Clube Universitário de Campinas


O grande João Antonio Buhrer, sempre envolvido em projetos substanciosos e pertinentes, mandou-me o convite e o livreto comemorativo dos 50 anos do Cine-Clube Universitário de Campinas com texto de sua autoria. Infelizmente, estarei à tarde à todo vapor em algumas pesquisas jornalísticas, mas fica aqui registrado o convite com todas as coordenadas para quem puder comparecer (acima). Pela história e programação, esse é um daqueles encontros emocionantes onde se comemora não só a efeméride em si, mas a consolidação na História de um projeto independente feito por cinéfilos apaixonados pela sétima arte, que somado a outras realizações semelhantes, catapultou o cinema transgressor e original que se faria nos anos 60. Uma iniciativa ímpar e genuína para se comemorar mesmo! A exposição com documentos originais do cineclube e o resgate de suas produções só foram possíveis graças à historiadora Dayz Peixoto Fonseca, última presidente do cineclube, que acabou guardando com muito cuidado todo o arquivo existente e ainda norteou a equipe responsável pela pesquisa e montagem da exposição sob à curadoria de João Buhrer. Todo esse trabalho pode ser conferido hoje à tarde, no CCLA.
Abaixo, a íntegra do livreto, com apresentação do cineasta Luiz Carlos Ribeiro Borges e texto histórico de João Antonio Buhrer de Almeida ( clique nas imagens para melhor leitura):




18 de março de 2015

O Ron Mueck do ABC

UOL
Quem me deu a dica dessa matéria foi a Cris. Um artista de Santo André, Giovani Caramello, de apenas 24 anos, resolveu seguir os passos hiper-realistas do escultor australiano Ron Mueck - ele mesmo, o artista que lotou a Pinacoteca do Estado por meses a fio - e criou um trabalho impressionante e inédito no país. A matéria-prima é cara, e Giovani economiza onde pode. Seus rostos esculpidos conseguem chegar bem perto dos de Mueck e por estar ainda em início de carreira, o futuro de sua arte é bem promissor. Acompanhem a matéria completa do UOL sobre esse fenômeno: http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2015/03/17/autodidata-artista-brasileiro-de-24-anos-e-comparado-a-ron-mueck.htm#fotoNav=9

17 de março de 2015

Gilmar é premiado em festival na Noruega

O cartunista Gilmar, também da região do ABC paulista como eu, e quem sempre encontro e troco figurinhas em eventos relacionados aos quadrinhos , recebeu a terceira colocação em festival de cartuns da Noruega, no começo do mês. O concurso tinha como foco o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo e como pode ser apreciado acima, o artista mandou muito bem seu recado, o que é de praxe em seus cartuns, sempre diretos e retos. Parabéns, grande Gilmar!

12 de março de 2015

Coleção Soul & Blues



Mais uma coleção interessante da Folhona aporta nas bancas de jornais: Coleção Soul & Blues, com grandes nomes da música negra americana intercalados nesses dois gêneros em 30 livros-CDs. Mais uma vez com textos do jornalista Carlos Calado, a série sai todo domingo e pode ser adquirida sem o jornal. Stevie Wonder (vol.1) e Marvin Gaye (vol.2) já saíram pelo preço de um - R$17,90 - em uma seleção pelo visto bem honesta e preocupada realmente com faixas pertinentes das carreiras. Claro que alguns fonogramas não são liberados, etc, etc, mas à primeira vista, a maioria das músicas são relevantes. Em tempos de escassez de lançamentos que mexam com nossos ouvidos e almas, ouvir grandes mestres da black music em embalagem adequada pode ser uma boa alternativa. Colei abaixo todos os lançamentos da coleção com suas respectivas faixas e datas de lançamento.
http://souleblues.folha.com.br/colecao.html

11 de março de 2015

Cadão batendo um bolão


Vi Cadão Volpato ao vivo em meados dos 80. Estava eu, Rogério Engelmann e Fabio Segatto no pequeno Espaço Off aguardando a entrada da hermética banda Fellini, quando adentrou ao palco de supetão aquela figura esguia, de nariz proeminente, dizendo que era o Dinho Ouro Preto e aquela era a banda Capital Inicial. Uma bela apresentação. Assim como o homenageado que deu nome a sua ex-banda ( que tinha também em suas fileiras o jornalista e produtor Thomas Pappon), Cadão é escritor, jornalista e desenhista. Não sei dizer se o Fellini original também cantou em uma banda. Tudo é possível quando se fala no multi-italiano. O fato é que Cadão Volpato bate escanteio e corre para cabecear, até hoje. Foi apresentador na TV Cultura e não sei se ainda está no programa Metrópolis ( do jeito que estão as demissões e desistências na nossa TV, sabe-se lá. O último demitido que soube foi o músico Tomati da banda do programa do Jô na Globo). Ministra cursos livres bem bacanas, voltados para a literatura ( veja no link do seu site abaixo) e já escreveu vários livros desde os anos 90, incluindo contos, romance e infantil. A mais recente empreitada dele me caiu a mão ontem: uma exposição de desenhos sui generis, que ilustrarão por quase o primeiro semestre todo, as entradas e interiores de elevador do Sesc Ipiranga. A mostra se chama "Altos e Baixos" e traz personagens cartunescos, em situações aparentemente cotidianas, com um toque que nos remete à storyboards de desenho animado antigo. Mais uma do Volpato.
Datas e endereço estão nas imagens do folder original acima.
https://cadaovolpato.wordpress.com/

10 de março de 2015

Inezita Barroso (1925-2015)


A grande rainha da música de raiz, Inezita Barroso, faleceu no domingo, aos 90 anos. Bem no dia da mulher, descansou uma das mulheres mais importantes da música brasileira. Desde muito cedo, a música adentrou sua vida pela porta da frente: sua infância era cercada por ritmos diversos e nas idas e vindas entre o bairro da Barra Funda e a fazenda da família no interior, foi flechada no coração pelas tradições populares, lendas e todo o cancioneiro relacionado ao mundo caipira. A partir dessa sua paixão precoce pelas raízes populares brasileiras erigiu toda a trajetória profissional: cantora e instrumentista, folclorista e professora, pesquisadora e bibliotecária, atriz e apresentadora. Deixou seu coração em todas as atividades que encarou. E se rebelou desde muito nova contra convenções radicais e o machismo reinante. Bateu o pé quando quis ser cantora ( depois de ouvir Carmen Miranda) e ousou tocar viola em um tempo em que mulher passava ao largo desse instrumento. Convenceu seu pai a entrar numa escola de piano, pois era o único instrumento que ele permitia, mas logo já estava com a viola na mão e nunca mais a largou. Com ela a tiracolo ou mesmo um violão, começou a se infiltrar em rodas musicais e recolher canções do imaginário popular, como "Moda de Pinga", um dos seus maiores sucessos. Na época da Vera Cruz, participou de nove filmes. No final de uma dessas filmagens, pegou um jeep usado e partiu para o Nordeste com o objetivo único de pesquisar música. Imaginem a cena: atriz, dirigindo um jeep e pesquisando música no meio do sertão - tudo o que uma mulher típica dos anos 50 jamais imaginaria fazer. Inezita sempre foi ousada e sempre brigou pelo que acreditava. Em disco, gravou muita moda de viola mas nunca se esqueceu do seu lado urbano: foi a primeira a gravar Ronda, de Paulo Vanzolini, e também gravou Noel Rosa e Billy Blanco, entre outros. Foi a primeira cantora contratada da TV Record e só teve uma pausa mais longa na discografia entre 1961 e 1968, período em que os holofotes estavam voltados para a Jovem Guarda e os festivais. Mas não acomodava jamais: estudou muito, fez biblioteconomia na USP, deu aulas de violão e nunca parou de pesquisar as raízes musicais. E mesmo acumulando atividades, computou na carreira impressionantes 80 discos gravados. Como apresentadora, começou na TV Record, seguiu na Tupi e outras emissoras, até estabelecer de vez seu programa "Viola, Minha Viola" na TV Cultura, uma grande referência para a música caipira e de raiz, que a fez ficar no ar por mais de 30 anos ininterruptos e segundo sua filha, o verdadeiro responsável por tê-la mantido em plena atividade e vivacidade às portas dos 90 anos. Inezita nunca se rendeu à modismos e sempre manteve um pé atrás com relação à nova música sertaneja, principalmente a que mistura estilos e abusa na eletrônica. Abriu exceções para Daniel e Chitãozinho e Xororó em seu programa, mas precisou brigar muito para não abrir a porteira para outras atrações das paradas e em alguns momentos mais críticos, quase saiu. No fim prevaleceu sua força e convicção. Em entrevistas e depoimentos soprou-se que havia um dicionário musical sendo preparado há anos pela apresentadora, algo natural para uma colaboradora habitual da historiografia interiorana. O seu imenso trabalho de devoção a esse rico universo regional brasileiro certamente se perpetuará. Obrigado, Inezita.


8 de março de 2015

Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Há 5 anos ( e alguns dias) morria o maior bibliófilo do país, José Mindlin, com mais de noventa anos de idade. Todo o seu acervo - formado por livros de alguma forma voltados para a História do Brasil e adquiridos desde sua adolescência - já tinha começado seu processo de doação à USP entre 2005 e 2006. Até sua morte, Mindlin foi combinando com a direção da USP suas exigências quanto à acomodação adequada para os volumes, a disponibilidade ao público em geral e a divisão temática da coleção e formato de pesquisa. Quando houve seu passamento, em 2010, a parceria já estava bem avançada e os 60 mil volumes de sua coleção particular em processo de digitalização e devidamente catalogados para serem acomodados em imóvel construído na USP para este fim. A inauguração do novo prédio ocorreu em 2013. A seguir, uma ótima matéria do UOL sobre os cincos anos sem Mindlin, que se aprofunda nos detalhes sobre a biblioteca. Também nos links abaixo, uma sequência de imagens que captura com precisão o interior do acervo e o site oficial da BBM, com história da instituição, consulta ao acervo, eventos e agendamento de visita.

http://entretenimento.uol.com.br/album/2015/02/27/jose-mindlin-e-a-biblioteca-brasiliana.htm#fotoNav=6

http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2015/02/28/cinco-anos-apos-morte-de-mindlin-colecao-brasiliana-permanece-imponente.htm

http://www.bbm.usp.br/node/1

5 de março de 2015

05/03: Dia Nacional da Música Clássica

Hoje, 05 de março, é oficialmente o Dia Nacional da Música Clássica. A data, vigente desde 2009, foi escolhida a dedo por ser o dia de nascimento do nosso mais clássico músico nacional: Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Ou melhor: o nosso mais popular músico clássico. Heitor conseguiu unir essas pontas aparentemente tão díspares. Por isso foi gênio.
https://www.youtube.com/watch?v=b7jmWGeA8iE

3 de março de 2015

Vila del Capo e literatura pulp dos anos 30

Entrada da "Vila del Capo" em São Pedro/SP
No fim de semana passado, fui com a família - filhos, mulher, sogra - conhecer a região de Águas de São Pedro/SP e São Pedro/SP, e fiquei encantado com a paisagem, a preservação e o bucolismo das localidades. Estava comemorando 22 anos de relacionamento com a esposa e, estrategicamente, reservei um almoço num lugar que não poderia ser mais apropriado: um misto de restaurante/orquidário/antiquário chamado Vila del Capo. Que marravilha! (como bem diria o chef francês na televisão). Pelo que pude pesquisar antes, o local foi inaugurado em 2003 em São Pedro com influências do famoso O Velhão de São Paulo e Mercado Surpresa de Campinas. A comida, em pratos individuais estava divina e o orquidário, infelizmente, não dispunha de muitas espécies. Mas o prato principal realmente é o antiquário: um espaço amplo, com todo tipo de antiguidade e sem nenhum resquício de poeira! a limpeza do lugar deve ser diária, tal o aspecto impecável que se percebe em todo o tipo de objeto. E são muitos itens: pinguins de geladeira, rádios, uma lambreta vermelha, juckbox, pratarias, quadros, castiçais, mobílias, geladeiras, porcelanato, brinquedos de lata, máquinas diversas, despertadores, cucos, etc, etc. Um paraíso, sem dúvida. Não levei money para esse fim ( porque não tinha), mas claro que não poderia sair de mãos abanando. Bati o olho em uma mesa e lá estavam eles: três livrinhos em frangalhos, no melhor estilo da literatura popular/pulp dos anos 30 e 40 no Brasil. E quem liga para o estado? Nesse caso, o que vale é a aura cult, os desenhos chamativos da capa, o papel barato amarelado, o corte gráfico irregular. É tudo isso que faz desses livretos artigos únicos, colecionáveis e cultuados. Os três exemplares que comprei por um preço ínfimo foram editados nos anos 30. O "Feiticeiros do Deserto" , de um tal E.M.Hull, saiu pela Companhia Editora Nacional e é de 1933. Nessa época a editora não mais pertencia a Monteiro Lobato, mas a seu sócio Octalles e seu irmão Themistocles Marcondes Ferreira. O livro mostra uma beleza intacta, mesmo com a capa despencando. Já os outros dois livros, ambos de bolso, saíram por editoras concorrentes especializadas em livros populares e coleções de reembolso postal ( prática iniciada por Monteiro Lobato no Brasil). "Os Homens do Mar" de Victor Hugo (segundo volume) foi publicado pela Sociedade Impressora Paulista em 1933 ( a mil réis, como informa a contracapa com a lista completa da coleção) e traz um corte abrupto de impressão na capa que chegou a ceifar parte do título. Como peculiaridade, vale ressaltar a presença de dois anúncios de remédios nas capas internas. Essa edição específica é citada pela especialista em traduções Denise Bottman em post do seu blog com data de 30/11/2012 ( veja aqui http://naogostodeplagio.blogspot.com.br/2012/11/traducoes-de-les-travailleurs-de-la-mer.html ). O outro, chamado Ave de Rapina , escrito por Jorge Ohnet, tem data de 1939 e saiu pela Empresa Editora Brasileira, também paulistana como as outras. Seu corte é o mais correto de todos, embora o bolor de aspecto ferruginoso tenha poluído deveras sua capa. Com esses belos e avariados exemplares à mão, e mesmo com o estômago bem forrado, consegui sair bem leve e satisfeito do local. Além dos livros, levei também um 78 rotações da Stelinha Egg, com dois baiões em cada lado. Antes da despedida e da chuva que se avizinhava, troquei um lero com o refinado e jovem garçom Jeferson Oliveira, morador das redondezas e grande apreciador de literatura em geral e mangás. O seu acervo, mencionado na conversa, tem no total 8 mil volumes e só de mangá, 2 mil exemplares. Diante de tal descoberta, na próxima oportunidade, esticarei uma visita à sua biblioteca. A chuva nos pegou saindo. E viva São Pedro!





Até no bar da Vila del Capo surpresas aparecem