Smack ganha página no SoundCloud

Smack detonando ao vivo no Centro Cultural Vergueiro - 1986

Thomas Pappon, ex-Smack, ex-Fellini , ex-Voluntários da Pátria, ex-3 Hombres ( sim, ele foi um grande workaholic no rock dos 80/90), resolveu abrir uma página do Smack no SoundCloud, resgatando com isso uma lacuna sem precedente na história do rock nacional oitentista. Eu me considero um privilegiado por ter curtido os anos 80 de cabo a rabo ( iniciei a década com 12/13 anos e fechei-a com 21/22 anos) e pelo privilégio de ter adquirido discos incríveis no ano de seus lançamentos. A maioria dos discos do catálogo da Baratos Afins, do Luiz Calanca, eu comprei na época: Fellini, Mercenárias, Smack, Golpe de Estado, Voluntários da Pátria, Bocato, Itamar Assumpção, Coke Luxe, etc. Também fui em muitos shows alternativos com a velha turma da rua ( Rogério, Fabinho, Zé, etc). Os dois discos do Smack que saíram pelo selo ( Ao Vivo no Mosh de 1985 e Noite e Dia de 1986) eu ouvi até furar. Agora, acompanhando as postagens do Pappon no Facebook - hoje ele segue com seu projeto The Gilbertos e transita entre o Brasil e a Inglaterra - me deparo com essa maravilhosa iniciativa de abrir essa página especial de uma lenda do rock oitentista. O Smack teve vida curta, é verdade, mas deixou como legado dois petardos inesquecíveis em vinil com o melhor que o pós-punk paulistano produziu. Formado por Pappon ( bateria), Edgard Scandurra ( guitarra), Sandra Coutinho ( baixo) e Pamps ( vocal, guitarra, letras), acabou como um trio ( sem o Scandurra, que acabou particpando de duas faixas apenas no Noite e Dia). Pamps, que já tinha sido baixista do Isca de Polícia, faleceu neste mês e esse fato foi um grande impulso para Pappon homenagear o baixista/guitarrista criando a página. Nestes poucos dias que o espaço foi criado, ele já lançou dois áudios raríssimos: um com uma sobra de estúdio do Ao Vivo no Mosh e outro com três faixas de um cassete do ensaio da banda antes da mixagem final. Promete!

https://soundcloud.com/smack-534797711/ultima-chamada?utm_source=soundcloud&utm_campaign=share&utm_medium=facebook

https://soundcloud.com/smack-534797711/fora-daquifora-daqui-iionde-li

A fantástica e antiga técnica do Fore-Edge Paiting

Eu já tinha lido sobre Fore-Edge Paiting em algum lugar mas nessa semana eu finalmente botei o olho nessa fantástica técnica artística de pintura nas laterais das páginas de obras literárias. Essa arte é muito antiga - vídeos mostram obras do século XV e XIV - embora em alguns casos a arte foi inserida muito tempo depois. Alguns artistas modernos que utilizam essa técnica são extremamente rápidos nas pinceladas, como se vê em alguns vídeos que dão o passo a passo do processo. O mais impressionante de tudo é que a arte em si só aparece quando as páginas são manuseadas e dispostas em um ângulo exato, dando um efeito surpreendente. Do contrário, nada se percebe de anormal. O "segredo" é que a arte  é feita com as páginas dispostas na diagonal para que fique oculta assim que a obra volta ao seu formato original. O vídeo que eu vi tinha como fonte a Cornell University Library, mas se jogamos a palavra chave "fore edge paiting" no Youtube surgem dezenas de exemplos, todos de fora ( não sei se essa técnica tem tradução para o português. Se alguém souber, avise por favor). Selecionei alguns deles que podem ser vistos nos links abaixo, além de sites voltados para essa arte:

https://www.youtube.com/watch?v=_mbcT-7tMlc

https://www.youtube.com/watch?v=DNjFlGKIYVg

https://www.youtube.com/watch?v=mmBlZgk3LgA

https://www.youtube.com/watch?v=eTD1E6ZHwvE

https://www.youtube.com/watch?v=Kt2RWsprQ6k

https://www.youtube.com/watch?v=tzOT7kd5t0s

https://www.youtube.com/watch?v=GK4LnItNE4g

https://www.youtube.com/watch?v=Honiuge1zcM

http://foreedge.bpl.org/node/923

http://www.foredgefrost.co.uk/gallery_foredge.htm

http://www.abebooks.com/books/RareBooks/fore-edge-paintings-antiquarian-book-arts.shtml

"A Noiva da Cidade", último projeto de Humberto Mauro, é finalmente restaurado

Humberto Mauro e Elke Maravilha ( divulgação)

Mais uma matéria da ótima Mariana Filgueiras no O Globo, mostra como o cineasta Alex Vianny ( 1918-1992), amigo do mítico Humberto Mauro, conseguiu homenageá-lo em seus últimos anos de vida, codirigindo com ele "A Noiva da Cidade", um antigo projeto do mestre que ficara na gaveta. Mostra também que o filme passou em apenas meia dúzia de salas - ficou inédito até na própria cidade que serviu de filmagem - e permaneceu no limbo até pouco tempo atrás quando o historiador e pesquisador mineiro André Martins Borges conseguiu verba em edital estadual para restaurar a única cópia que restara da película, depois de ver a cobrança quase em uníssono da população local que chegou a trabalhar na produção e na figuração, mas nunca viu sequer a cor do filme. No fim, mesmo com a grana no limite, conseguiu restaurá-lo e o processo de digitalização está quase encerrado. Aliás, André conseguiu realizar um pequeno milagre, pois no início de 2016, 3 mil cópias em DVD e 300 em Blu-Ray do filme serão distribuídos gratuitamente em universidades e centros de memória ligados ao cinema, paralelamente ao circuito de cinemas interessados. Mais: o filme trará como bônus extra um pequeno documentário em que alguns envolvidos na filmagem ( como Elke Maravilha) e moradores de Volta Grande, a cidade da zona da mata mineira que virou cenário para a história , dão depoimento sobre a época das filmagens. Chico Buarque, que compôs músicas para "A Noiva da Cidade" era o escolhido por Viany para ser o noivo protagonista, mas acabou declinando no último instante.
segue a matéria: http://oglobo.globo.com/cultura/filmes/ultimo-filme-de-humberto-mauro-noiva-da-cidade-chega-ao-publico-18109707

Baú do Malu 60: ingressos e folders de shows dos anos 80/90

Dois dos maiores shows da minha vida. O dos Rolling Stones foi em 1995.

Outro dia encontrei uma caixa de sapatos com muita papelada antiga aqui no meu armário e de dentro desse bauzinho eu consegui resgatar dezenas de convites, ingressos, folhetos e programas de shows e baladas dos anos 80 e 90. Um verdadeiro dossiê musical que me ajudou a clarear a memória para alguns shows inusitados e espaços alternativos. Eu sei que fui muito em shows com a turma do bairro ( Rogério Engelmann e Fabinho - Fabio Segatto, entre outros) e do jornalismo da Metô ( Nilson Simonelli, Marcelo Tieppo, Flavio Micali, Ricardo Berlitz, etc), e depois, adentrando os anos 90, na fase em que a Cris ganhava muito ingresso quando trabalhava na Lintas. Ótimos tempos!  ( obs: alguns eu até já tinha postado aqui no blog, mas como já faz tempo e todos juntos formam um painel bem interessante, selecionei alguns repetidos).

Esse folder é do Clube São Caetano e o ano tenho quase certeza que é 1985.

Capa do programa do Free Jazz Festival ( 1988)

E as atrações da edição de 88 do Free Jazz ( que atrações!)

Esse ingresso é da Cris ( antes dE me conhecer). Eu fui assistir o Golpe em 1990 no Projeto SP.

Outro ingresso da Cris: showzaço do Maiden de 1992.

Esse folheto foi a única coisa que restou de lembrança do showzaço de Bowie em 1990 em SP

Clássico: frente e verso do ingresso do show do Kiss de 1983 ( SP). Só está intacto assim porque na entrada esqueceram de rasgá-lo.

Esse aqui, além de ser um dos grandes shows dos anos 80, se destaca pelos erros na descrição: todos os nomes estão com a grafia errada!

Nesse confuso convite da Zoster de São Caetano/SP, uma raridade: o carimbo dos Mentecaptos Eróticos

O ingresso e o programa do show de Wynton Marsalis e seu septeto no Teatro Muncipal-SP

Outro showzaço que vi com a Cris

Frente e verso do ingresso do saudoso Hollywood Rock. Eu fui no dia 20/01.

Essa edição foi a de 1994. Fui no dia do Aerosmith.

Frente e verso da programação do inesquecível Vou Vivendo em algum ano dos 90. Só feras!

Incrível programação do Window Bar, do meu amigo Riordan, que trouxe para São Bernardo no início dos anos 90 o melhor do jazz, blues, rock e MPB

Um dos bons shows do Sanja. A casa de jazz, que antes era San Germain, foi uma das que mais frequentamos.

Achado 5: Realidade - Novembro de 1966

Desta vez o "achado" não vem de dentro de um livro, mas de uma caixa de descartes jogada numa rua próxima a minha casa. Essa Realidade clássica, com futuros grandes nomes da nossa música brasileira que despontavam do nascente movimento dos festivais televisivos sempre foi um dos meus sonhos de consumo! E na semana passada, ao me deparar e remexer em algumas revistas jogadas no meio fio ( entre Exames, revistas de culinária, etc) eis que surge justamente essa edição de novembro de 1966 em muito bom estado! Um achado e tanto, que depois esmiuçarei com mais detalhes aqui no blog. No momento estou "desinfetando" a revista para poder arquivá-la...rs.

Documentários do Canal Brasil disponibilizados na íntegra!

Não sei exatamente até quando esses filmes ficarão nesse link, disponibilizados na íntegra, mas

divulgação

aproveitem enquanto está no ar. Ao todo são quatro filmes coproduzidos pelo Canal Brasil: Olho Nu, de Joel Pizzini, com a vida e carreira de Ney Matogrosso; Rock de Brasília - A Era de Ouro, de Vladimir Carvalho, com a trajetória do cenário rock de Brasília dos anos 80; Dzi Croquettes, de Raphael Alvarez e Tatiana Issa, sobre o grupo teatral mais incendiário e contracultural surgido no Brasil; e Loki, de Paulo Henrique Fontenelle, cinebiografia do genial fundador e líder dos Mutantes, Arnaldo Baptista. Todos eles, pela relevância e por tratar de peças chaves da nossa cultura entre os anos 60 e 80, valem muito a pena. Aproveitem:
http://canalbrasil.globo.com/programas/coproducoes/materias/mostra-especial-documentarios-musicais.html

Foto (s) do mês(s): Jardineira Ford/Caio anos 60

Essas fotos que eu destaco no mês eu cliquei pertinho de casa. Eu já tinha passado em frente, e também já tinham me avisado sobre o veículo, até que no último fim de semana não me contive e fui checar mais de perto. A jardineira Ford/Caio está no estacionamento externo da mecânica que fica na divisa Av.Goiás/Av.Dom Pedro II, entre São Caetano e Santo André. Na empolgação, me esqueci de pegar mais detalhes do modelo ( nome exato, ano de fabricação, etc), mas eu acredito ser do início dos anos 60. Segundo o responsável da mecânica, esse ônibus foi comprado por um cliente deles que pretende reformá-lo em breve. Oxalá que sim.

Lira Itabirana, de Drummond, atualíssima

Rio Doce, antes e depois da tragédia

Com essas trágicas notícias recentes que nos chegam todo dia - guerras pelo mundo, chacinas, arrastões por todo o Brasil, os atentados em vários pontos de Paris com mais de uma centena de mortos, a tragédia ecológica e social em Mariana/Minas Gerais via Vale, com extensão para todo o Rio Doce, a perplexidade e a tristeza acabam chegando com força e invadindo inevitavelmente o cotidiano. Entre atos de solidariedade, mensagens de todo o tipo e até uma discussão sem cabimento sobre a hegemônica corrente solidária pró Paris em contraponto ao incidente em Mariana - como se isso fosse relevante diante dos dois ocorridos - muitos se lembraram da visionária poesia clássica de Drummond intitulada "Lita Itabirana". A poesia feita em 1984, já expunha a exploração predatória da mineradora Vale ( que já foi Vale do Rio Doce) na região ( no caso, a sua cidade natal Itabira, banhada por afluentes do rio), mostrando como a situação ainda é atual e não mudou nada nesses anos todos. A mineradora Samarco, responsável pela tragédia ambiental incalculável ( já foi decretado que o Rio Doce é um rio morto) tem entre as donas justamente a Vale. E aí, uma frase que eu ouvi muito ultimamente, abarca todos esses casos citados: "A vida não vale nada". Em todos os sentidos.

“Lira Itabirana”,

 Carlos Drummond de Andrade

I

O Rio? É doce.

A Vale? Amarga.

Ai, antes fosse

Mais leve a carga.

II

Entre estatais

E multinacionais,

Quantos ais!

III

A dívida interna.

A dívida externa

A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos

De ferro?

Quantas lágrimas disfarçamos

Sem berro?

Novos livros infantis pelo Itaú

Eu sou correntista do Itaú há séculos (já era cliente na época do Nacional do Magalhães Pinto) e nunca estive tão de saco cheio dos seus juros altos e de seu atendimento demasiado elitista e metido a besta. Mas como mudar de banco no Brasil é como sair da frigideira e cair no caldeirão, o negócio é deixar rolar. Já a área cultural do Itaú, essa eu bato palmas e tiro o chapéu: do Itaú Cultural, com suas exposições e ocupações de artistas até essa distribuição bem tramada de livros infantis, o banco consegue levar a cultura a públicos diversos. Esses livros acima são os dois últimos da série. "Tatu-Balão" de Sônia Barros e ilustrações de Simone Matias, pelo que se vê no expediente, foi produzido em 2014 em Belo Horizonte pela Editora Aletria. Já "Dorme, Menino, Dorme", de Laura Herrera, com ilustrações de July Macuada e tradução de Cecília Guida ( título original "Duerme, niño, duerme"), é uma edição original chilena lançada aqui pela Livros da Matriz. Dois bons exemplos de literatura infantil moderna, ambos com ilustrações personalíssimas e textos comoventes.
Para pedir os dois livros da coleção Itaú Criança 2015, preencha o formulário aqui:
https://www.itau.com.br/crianca/pratique/

Subúrbio impresso!

Eu sempre fui um leitor assíduo da série "Subúrbio" do Floreal, por vários motivos: ela junta lembranças infantis e juvenis do autor com referências culturais incríveis ( e que tem tudo a ver com meu gosto particular), ela cita centenas de gibis, filmes e desenhos clássicos, e ainda tem o desenho personalíssimo do Floreal, que traz um traço que tanto pode nos remeter a uma página do velho Tico-Tico como as espirais e quebras de página do contracultural udi-grudi. Genial! Agora, Floreal resolveu imprimir em edição limitada uma compilação da série. Segundo ele, serão apenas 250 exemplares, 40 páginas cada, e o custo para a impressão e demais custos de produção sairá da venda dos seus originais (cada, R$60,00). é uma chance única de ter um belo original e ainda receber em casa - ou em mãos - o Subúrbio impresso! mais detalhes na imagem do projeto acima.

Hedy Lamarr é homenageada pelo Google em animação

A genial atriz e inventora austríaca Hedy Lamarr é a homenageada da vez do Google , que transformou sua incrível carreira dupla em uma animação ágil e direta ao ponto. Hoje é seu ano 101. Não bastasse sua presença altiva nas telonas ao lado de Clark Gable e outros galãs da era de ouro, ela ainda teve tempo e dom para criar um sofisticado esquema de comunicação na 2ª guerra que virou a base para os atuais celulares. A incrível Lammar ( batizada como Hedwig Eva Maria Kiesler), além de ter uma cabeça privilegiada, era bonita que só.

https://www.youtube.com/watch?v=Z0gu2QhV1dc

Mortadelo & Salaminho por Adriano Rainho no Colecionadores de HQs

Esse é um dos álbuns da cultuada coleção da Cedibra ( foto:acervo Adriano Rainho)

Mais uma matéria emocionante e com gosto de infância do amigo Adriano Rainho lá no blog do Colecionadores de HQs. O sortudo deve ter levado aqueles Mortadelo & Salaminho da loja Nipon em Santo André um pouco antes de eu entrar lá com minha mãe! eu vivia por ali na mesma época e perdi essa! rs.  Leiam e entendam o que eu estou falando....

http://colecionadoresdehqs.com.br/com-gibi-a-vida-e-mais-feliz/

Baú do Seu João 14 : porta crachá do Banco São Caetano ( anos 50)

Mais um guardado do acervo do meu pai : porta crachá do extinto Banco São Caetano. Ele entrou lá em 1954 ( como continuo) e ficou até 1961. Detalhe para o slogan moderno: "O Provinciano que avança a passos de computadores".

Hermínio Bello de Carvalho 80 ( matéria da Folha de S.Paulo de 15/04/2015)

Como disse no post anterior, passei batido pelo mês de aniversário do mestre Hermínio, mas antes tarde do que nunca. Segue essa ótima matéria da Folhona, assinada por Claudio Leal, que saiu em cima dos 80, em abril.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/04/1616666-referencia-na-mpb-herminio-bello-de-carvalho-faz-80-com-livro-e-shows.shtml

Lendo: "Taberna da Glória e Outras Glórias - Mil Vidas entre os Heróis da Música Brasileira" - de Hermínio Bello de Carvalho

Estou em êxtase lendo esse livro organizado pelo Ruy Castro ( e editado pela Edições de Janeiro), com finalmente quase todos as crônicas pessoais de Hermínio Bello de Carvalho. Digo quase todas porque tenho certeza que há muitos textos espalhados por aí de sua autoria, como aqueles de contracapa de LP e de programas dos inúmeros musicais e shows que produziu. Mas aqui na obra nova Castro reuniu a essência de Bello, com seu texto amarradíssimo e ao mesmo tempo tão desamarrado de regras, com todos os seus heróis na Terra. A primeira crônica, de 50 páginas!, é o texto definitivo sobre a Dama do Encantado, Dona Aracy de Almeida, a intérprete que manteve Noel Rosa com a sobrevida necessária nos anos seguintes a sua morte; só esse monumento textual sobre sua amiga e "cúmplice" já vale o livro todo, mas ainda tem São Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Clementina de Jesus, Dolores Duran, Jorge Veiga, Radamés Gnatalli, Isaurinha Garcia e tantos outros ( eis seus heróis), todos artistas do seu convívio, todos de alguma maneira, em algum momento, parceiros em algum projeto vindo da mente do grande Hermínio - fora os descobertos por ele. Esse ano ele fez 80 anos ( em abril)e eu passei batido aqui no blog. Fica como homenagem atrasada este post e o próximo ( que fala dos vários projetos que saíram ou sairão neste 2015). Valeu por tudo Hermínio... sem você a história da nossa música seria mais desmemoriada ainda.

Quem se despediu em outubro de 2015

Eu sempre fiz questão de homenagear aqui no blog, figuras das artes e do entretenimento que fizeram sua passagem recentemente, mas como os posts eram publicados logo em seguida ao ocorrido, acabava muitas vezes, dependendo do mês, tendo um engarrafamento de obituários na página. A partir deste mês, vou lançar um post só, para todos os que faleceram no mês anterior. Seguem os que se despediram nesse outubro de 2015:

Jim Diamond ( 1951-2015)

Cantor e compositor escocês, é imediatamente reconhecido por seus sucessos dos anos 80, "I Won't Let You Down" ( com o trio P.H.D) e "I Should have Know Better". Mas sua carreira já tinha história antes disso: integrou o conjunto Bandit e trabalhou com o lendário Alexis Korner, um dos fundadores do blues britânico e o produtor de Jimi Hendrix, Eddie Kramer. Faleceu em 08/10, de morte súbita.

https://www.youtube.com/watch?v=EIY7xPtZWn0
https://www.youtube.com/watch?v=OBGuQVwzYbU


Claudia Barroso (1932-2015)

Claudia Barroso, uma das principais intérpretes de Waldick Soriano, começou cantando na noite no final dos anos 50 e na década seguinte se especializou em cantar serestas. Como cantora de casas noturnas, ficou anos na boate do Copacabana Palace ainda nos anos 50 e depois já em São Paulo, em boa parte dos anos 60, cantou ao lado de muita gente boa: com o Zimbo Trio no Baiúca, na boate Golden Ball, intercalando com Johnny Alf; na boate Champanhota, com Marta Mendonça, na boate Moleque, ao lado de Noite Ilustrada, na boate Drink, onde cantava com Jair Rodrigues; e por aí vai. O sucesso chegou a partir de 1971, quando começou a gravar discos pela Continental, incluindo composições suas como "A Vida é Mesmo Assim", "Quem Mandou Você Errar" e "Por Deus eu Juro", registrando para sempre seu estilo direto e popular, romântico e dramático, que muitos rotulam genericamente como "brega". Claudia estava além desses rótulos. Faleceu no dia 09/10.

https://www.youtube.com/watch?v=hoMhuANiLwU 

https://www.youtube.com/watch?v=1BQdL1zsgvE 

Miele (1938-2015)

Miele ( Luis Carlos Miele) iniciou sua carreira como locutor das rádios Excelsior, Tupi e Nacional. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1959, onde conheceu o compositor Ronaldo Bôscoli, formando uma dupla que iria dirigir e produzir diversos espetáculos, além de programas musicais na TV. Os sucesso foram muitos: na TV, Noite de Gala, Cara & Coroa ( com Caymmi e Sylvia Telles), Dois no Balanço, O Fino da Bossa, Show em Simonal, Elis Especial, além da direção musical do Fantástico por anos. Nos shows, Roberto Carlos, Elis Regina, Wilson Simonal, Sergio Mendes, Lennie Dale, Sarah Vaughan, Leny Andrade/Pery Ribeiro/ Bossa 3 ( show "Gemini V"), Taiguara/Claudette Soares ( "Primeiro Tempo: 5x0"). Milton Nascimento/Marcos Valle/Joyce/Wanda Sá ( no Sucata,RJ), Dzi Croquettes, entre tantos outros. Atuou também como cantor, ator, compositor, locutor, dublador, humorista - um dos primeiros a fazer espetáculos como show-man - e chegou a gravar discos e fazer show musical ao lado de grandes amigos que fez em sua longa carreira. Em 1980, meio sem querer, acabou entrando para a história do rap nacional, ao gravar o compacto "Melô do Tagarela", considerado um dos precursores do gênero por aqui. Estava bem ativo ainda - produzindo, participando de séries na TV, gravando locuções e apresentando eventos. Faleceu em 14/10.

https://www.youtube.com/watch?v=Pc576IYZ9hc 

https://www.youtube.com/watch?v=HPMNVTaWL8k 

https://www.youtube.com/watch?v=PgPlxyQ4eEY 

https://www.youtube.com/watch?v=z2WqDxENjtw 

Yoná Magalhães ( 1935-2015)

Uma das atrizes mais belas da TV brasileira, Yoná brilhou também em atuações no cinema. Começou profissionalmente na rádio Tupi, em meados dos anos 50. Foi uma das primeiras contratadas da TV Globo, ainda como TV Rio, em 1965, e se tornou mocinha das telenovelas do período. Mas seu grande trunfo foi antes, ao participar com destaque em "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Gláuber Rocha, que viria a ser um dos mais importantes filmes brasileiros. Ao longo de mais de 60 anos, trabalhou em dezenas de novelas como Saramandaia, Roque Santeiro, Tieta, A Próxima Vítima - a última foi Sangue Bom, de 2013 - além de outras dezenas de minisséries e seriados. Ainda contratada da Globo, apareceu na mensagem de fim de ano da emissora em 2014, ao lado de outros veteranos.

https://www.youtube.com/watch?v=EWGu1bLwXL4 

https://www.youtube.com/watch?v=CREpRte3bvE 

https://www.youtube.com/watch?v=8LZAyJHBWGE 

Ada Chaseliov ( 1952-2015)

A atriz começou na TV contracenando com Rosa Maria Murtinho no seriado "Do Outro Lado do Túnel" em 1983, e partir daí, fez papéis marcantes na telinha, como Leonor, uma vilã deformada, apaixonada pelo personagem de Tarcisio Meira, em A Muralha. No teatro, fez dezenas de musicais de sucesso. Faleceu em 27/10.

https://www.youtube.com/watch?v=k6R3SOV1qko 

Outras mortes de outubro/2015:

Catherine E. Coulson (1943-2015) - conhecida pelo marcante papel de "Log Lady" (mulher do tronco) na série Twin Peaks, foi muito amiga do diretor David Lynch e participou de outras produções dele, como o curta "The Amputee", de 1974, como atriz e em "Eraserhead", de 1977, como assistente de direção. Em 28/10.

Steve Mackay (1949-2015) - saxofonista do Stooges, banda seminal de Iggy Pop, teve participação curta (duas faixas) mas marcante no disco "Funhouse" da banda, de 1970. Na época, Iggy pediu a Mackay que incorporasse o saxofonista Maceo Parker, da trupe de James Brown, mas como se ele estivesse em uma viagem de ácido. Foi tão boa sua contribuição, que virou imediatamente membro fixo da banda. Participou dos últimos álbuns dos Stooges, além de acompanhar a banda ao vivo - ele estava na última passagem dela pelo Brasil, no Festival Planeta Terra, em 2009. Gravou também discos solos e colaborou com Violent Femmes e Sonny Vincent. Em 11/10.

Tuco Freire (1954-2015) - baixista, produtor, compositor e arranjador, Pedro de Oliveira Freire, o Tuco Freire, foi integrante do grupo Pé ante Pé e parceiro de Bocato e Benjamim Taubkin, entre outros da cena paulista. Era carioca, mas veio bebê para Sampa, cidade onde aprendeu violão clássico com Antero Martins e baixo com Luiz Chaves. Também estudou nos Estados Unidos, até voltar para o Brasil justamente noa no de 1979, um dos mais fervilhantes em São Paulo, onde pode colaborar com muita gente, inclusive Guilherme Vergueiro. Nos anos 80 formou um quinteto e um dos integrantes era sua esposa Jo de Souza, com quem formou um duo nos anos seguintes, que chegou a gravar dois discos. Nos últimos tempos intensificou seu trabalho de arranjador e produtor, ao lado do seu irmão Paulo Freire, o pai Roberto Freire e o guitarrista Cláudio Celso. Dia 19/10.

Nenê Peres ( 1956-2015) - guitarrista da Musikroma, banda da baixada santista, atuava como integrante desde seu início, há mais de 30 anos. Dia 30/10

Tony Van Frater (1964-2015) - guitarrista integrante de bandas punks inglesas como Red Alert, Angelic Upstarts e Cockney Rejects, surgiu na cena em 1979. Nos últimos anos estava fora do circuito. Em 29/10.

Carey Lander (1982-2015) - tecladista do grupo escocês Camera Obscura desde 2002, vinha lutando contra um câncer raro, desde 2011. Criou a campanha Sarcoma UK, arrecadando mais de 50 mil libras para apoiar as vítimas da doença que a vitimou. O Camera Obscura surgiu em 1996 como uma banda indie pop, lançou cinco discos e chegou às paradas no Reino Unido. Em 11/10.

Roberto Nogueira (1947-2015)- Ultimamente Nogueira era um conceituado locutor e apresentador de rádio e TV em Pernambuco, mas começou sua carreira como cantor por volta de 1965, em Recife, e no ano seguinte participou como ator da novela regional "Um amor de colegial". Gravou seu primeiro compacto nessa época pelo selo Mocambo da Rozenblit. Nogueira chegou a cantar em casas noturnas de São Paulo e do Rio e foi contratado por Silvio Santos, gravando em seguida compactos pela RCA Victor, Emi Odeon, Continental e Polydisc. Dia 17/10.

DJ Celsão ( 1963-2015) - Ícone das pistas e referência na cena black de Brasília, DJ Celsão era carioca mas chegou ao distrito federal nos anos 80. Na cidade, trouxe o baile charme e apadrinhou muitos artistas da cena hip hop. Manteve até o fim a chama da black music old school. Em 04/10.

Smokin' Joe Kubek (1956-2015)- guitarrista de blues texano, seu estilo é considerado a ponte entre Texas Cannonball e Al "TNT" Braggs ( com quem tocou por anos). Mas sua influência maior foi mesmo Freddie King, com quem chegou a tocar por minutos em 1976, alguns dias antes da morte do mestre. Morreu no dia 11/10, pouco antes de subir no palco de um festival de blues na Carolina do Norte.

Frank Watkins (1968-2015) - ex-baixista do Obituary, onde ficou de 1980 a 2010, estava atualmente no Gorgoroth. Dia 18.

Cory Wells ( 1941-2015) - Um dos três vocalistas da banda Three Dog Night desde seu início em 1968, estava ausente das apresentações da banda desde setembro devido a "fortes dores nas costas". Dia 20.

Henning Mankell (1948-2015)- Escritor best-seller sueco e principal nome do romance policial nórdico, é o criador do inspetor Kurt Wallander, um grande sucesso na Europa. Dia 05/10.

Ana Diosdado (1938-2015) - atriz, escritora e uma das mais destacadas dramaturgas da atualidade na Espanha, nasceu em Buenos Aires. Faleceu no dia 05/10 após sofrer uma parada cardíaca enquanto participava de reunião na Sociedade Geral dos Autores, em Madri.