Antes que acabe o mês quero deixar registrado aqui um dos shows mais intensos que vi na minha vida: o maravilhoso "Dobrando a Carioca", projeto que já rola desde o ano passado e que conta com Jards Macalé, Zé Renato, Moacyr Luz e Guinga, quatro excepcionais músicos juntos no palco, se divertindo e emocionando. Na real, a ideia do espetáculo - que gerou CD e DVD - nasceu nas mesas do centenário Bar do Luiz, no Centro do Rio há dezessete anos e finalmente deu jogo no final de 2016. Fui com a family no show da turnê que rolou no Teatro do Sesc Vila Mariana no dia 25/06 e logo de cara encontrei amigos que não via há anos: Vanderlei Sanches e Mario Viana, dois grandes caras que conheci nos tempos da Abril ainda na marginal Tietê, amigos em comum de Ana Vidotti, minha "eterna e querida chefe". A noite prometia! O show foi um arraso: o lado hilário e percussivo de Jards ( o grito do Tarzan e os recados à Brasília são os pontos altos), a delicadeza e emotividade do vocal de Zé Renato, a profundidade e reverência carioca de Moacyr Luz e a engenhosidade e destreza de Guinga nas cordas deram ao espetáculo uma luminosidade única. O repertório repassa grandes clássicos e algumas peças bem pesquisadas do cancioneiro carioca entremeadas por canções autorais: "Um a Zero" ( Pixinguinha/ Benedito Lacerda/ Nelson Angelo), "A Saudade Mata a Gente" (Antonio Almeida/João de Barro), "Acertei no Milhar" (Wilson Batista/Geraldo Pereira), "Nega Dina" ( Zé Keti), "Favela" ( Padeirinho/Jorge Pessanha), "Vapor Barato" ( Jards Macalé/ Wally Salomão), "Chá de Panela" ( Guinga/ Aldir Blanc), "Anjo da Velha Guarda" ( Moacyr Luz/ Aldir Blanc), "Catavento e Girassol" ( Guinga/ Aldir Blanc), "Toada" (Zé Renato/ Claudio Nucci/Juca Filho), entre outras. Em todo o momento, percebia-se na plateia que os quatro curtem pacas e há uma flagrante admiração mútua. A percussão muito bem planejada ( destaque para o grande penico branco em meio às traquitanas de Jards), os vocais sempre bem colocados ( destaque para o fora de série Zé Renato) e os violões muito bem conduzidos ( sem dúvida nenhuma em se tratando de quatro ases das cordas. Neste quesito, Guinga é fora-de série). Histórico!
As faixas do CD, aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=yfDWW7QR0GQ&list=PLjMk_448Pd1OAX9zr_AFHQ3yLHhYGhefZ