19 de fevereiro de 2022

HQ Memories 3

O caríssimo Luigi Rocco, quadrinhista, caricaturista, cartunista e pesquisador de HQs, acabou de lançar a edição 3 de seu fanzine "HQ Memories" e mais uma vez surpreende com a seleção de histórias clássicas. Neste número, veio com uma sequência praticamente inédita de "Vizunga", de Flavio Colin (1930-2002), tira editada por Mauricio de Sousa e publicada na Folha de S.Paulo em meados dos anos de 1960. Vizunga já tinha sido publicado na revista da Vecchi "Eureka", editada pelo saudoso Octacílio d'Assumpção (Ota) nos anos 1970, e essa parte selecionada por Luigi é a sequência imediata da publicada na época. Seguindo na revistinha, temos a nobre presença do "monstro" Wallace Wood ("Animan"), mais uma criação do pioneiro desenhista dos estúdios de Mauricio de Sousa, Joel Linck ("Bosque Encantado"), que já tinha aparecido em HQ Memories 2 e uma alucinante história da fase europeia de Alain Voss (outro que apareceu no fanzine anterior), "Maxime, o Motoqueiro", de 1974, que fecha essa edição com grande fôlego. HQ Memories é um lançamento que merece chegar ao maior número de apreciadores da velha e boa História em Quadrinhos. Luigi Rocco vem resgatando raridades absolutas, além de colocar tudo em uma embalagem muito bem feita, com capa cartão e papel do miolo de ótima qualidade, cores expressivas na capa e contracapa, além das traduções, letras e edição de arte sempre com muito esmero. Por tudo isso e pela importância do seu surgimento nesse momento tão delicado do mercado em meio a pandemia, desejo uma vida longa, muito longa a HQ Memories!

Quem quiser adquirir o fanzine, é só escrever para o Luigi Rocco no e-mail: luigirocco29@gmail.com e ele vai dar todas as coordenadas.

Doodle: Dina Di (1976-2010)

O Google fez uma bela homenagem hoje ao criar um "doodle" exclusivo nacional da pioneira do hip-hop no Brasil Dina Di (1976-2010), nascida Viviane Lopes Maties, que faria 46 anos hoje. Dina foi MC do coletivo feminino Visão de Rua, ao lado dos artistas Tum e DJ OG, e juntos lançaram o single "Confidência de uma Presidiária", que trazia na letra a dura realidade do sistema prisional feminino, vivido na pele pela própria Dina. Sua mensagem inspirou outras mulheres da periferia a tentarem a sorte no universo hip-hop e hoje é considerada uma desbravadora. Dina faleceu em 2010, depois de contrair uma infecção hospitalar logo depois de dar à luz a sua filha Aline.



18 de fevereiro de 2022

Mauricio Kus (1929-2022)

Registro minha homenagem ao iluminado Mauricio Kus, falecido recentemente aos 92 anos, que tive o privilégio de conhecer pessoalmente e ter trocado "figurinhas" por anos. Jornalista, produtor, assessor de imprensa e uma verdadeira "enciclopédia cultural", Kus esteve de corpo e alma em acontecimentos cruciais da vida cultural brasileira. Ele, em suas reportagens, assessorias, ou mesmo como anfitrião de visitantes internacionais em São Paulo, acompanhou estrelas de alto quilate e personalidades ilustres. Uma delas foi a lendária Katherine Dunhan, bailarina, coreógrafa, antropóloga e ativista americana, responsável direta pela Lei Afonso Arinos depois que o luxuoso Hotel Esplanada no centro de São Paulo recusou sua hospedagem quando soube se tratar de uma pessoa negra. O projeto de lei do deputado homônimo, que foi criado logo depois do incidente e virou lei um ano depois, em 1951, transformava em contravenção penal qualquer recusa de hospedagem de hotel, matrícula de escola, entrada em estabelecimento comercial ou contratação em empresa por preconceito de raça. Mauricio Kus, que entrevistara Katherine por conta do triste episódio para o "Correio Paulistano", foi um dos mais veementes na cobertura, classificando o ocorrido como "revoltante incidente". Logo depois da entrevista, a americana convidou-o para assistir a matinê dominical no Teatro Municipal, e ele, mesmo perdendo a final da Copa do Mundo entre Brasil e Uruguai ( o famoso "Maracanaço", desastroso momento do nosso futebol), topou na hora - e não se arrependeu. Assim foi na vida: não perdia a oportunidade de participar intensamente de momentos que podiam transformar o mundo a sua volta. Na pioneira "Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos", de 1951, que exibiu as HQs pela primeira vez no mundo como "obra de arte", lá estava Kus como peça-chave dos bastidores, ao abrir as portas (depois de várias reuniões exaustivas com a diretoria) do Centro Cultura e Progresso no bairro do Bom Retiro, para a realização do evento. Sem ele e sua insistência, os organizadores Álvaro de Moya (seu amigo desde sempre), Jayme Cortez, Reinaldo de Oliveira, Miguel Penteado, Syllas Roberg, e o mundo, não teriam a  chance de ver concretizada a primeira exposição de quadrinhos do mundo! Outro momento de pioneirismo foi quando participou como jurado da 1ª Edição do Troféu Imprensa, em 1960. Durante a vida toda, escreveu muito sobre TV, Teatro, Música e principalmente Cinema, em diversos veículos da grande imprensa e alguns mais direcionados, como "O Espetáculo". Quando finalmente se "oficializou" como assessor de imprensa, também revolucionou na profissão e praticamente criou a função de assessor de grandes estúdios cinematográficos no Brasil (e repetiu a dose para as áreas hoteleiras, de aviação e de varejo). Virou um grande divulgador do cinema nacional, incluindo todos os filmes de Walter Hugo Khoury, abriu uma importante empresa de assessoria (PR Comunicação, depois Chaits) e se tornou representante da Braniff International Airways no país. Eu conheci Kus em um evento de comunicação há muito tempo e nos últimos anos trocávamos mensagens ou telefonemas (não tão assíduas, mas pra mim sempre valiosas). Quase sempre me ajudava a achar a saída de algum beco que eu tinha me metido em minhas pesquisas culturais. Em 2015, fez questão de mandar um convite de uma peça de teatro que ele estava produzindo/assessorando em São Bernardo, e que ele sabia ser cidade vizinha minha. Mesmo com um buraco no coração pela partida em 2007 da companheira de vida Sara, colocou sempre seu humor e espontaneidade em patamares elevados e se manteve na ativa até o último momento. Vá em paz, mestre! Grandes astros o aguardam mais uma vez!

Walter Hugo Khoury, Sandra Bréa e Mauricio Kus em 1979 (divulgação/grupo Sandra Bréa/FB)


6 de fevereiro de 2022

Grande Capa: Piauí 185 - Fevereiro de 2022



Essa capa maravilhosa da última Piauí tem essa ilustra incrível da fabulosa Elza Soares, falecida recentemente. O nome deste trabalho, ilustrado por Vito Quintans, não por menos, tem o adequado nome de "A Voz do Milênio". Ela foi por zilhões de motivos a verdadeira "Voz do Milênio" e ninguém tira isso dela (e se alguém for contestar, vai ter que trazer provas em contrário...rs). O desenho de Elza foi encomendado pela revista e as 50 personalidades que aparecem na cabeleira da cantora foram escolhidos pelo pesquisador e compositor Nei Lopes e pela pesquisadora Cléa Maria Ferreira (as identificações de cada um estão no site revistapiaui.com.br). Uma das grandes capas do ano, certamente. O único deslize da redação da Piauí, ao meu ver, foi não ter aproveitado essa fronte tão frondosa e não ter feito uma matéria sobre Elza Soares - não tem uma mísera notinha sobre a cantora na edição inteira. Fica aqui o meu protesto.

4 de fevereiro de 2022

Doodle: Jogos de Inverno de Pequim (Beijing 2022)

 Hoje o Google lançou um Doodle animado bacanudo com o tema dos Jogos de Inverno de Pequim. Vejam abaixo. (ainda acho que essas animações tinham que vir com o crédito dos criadores, que geralmente são muito bons. Inclusive tem a equipe brasileira, que lança ilustrações e animações inéditas em efemérides nacionais)



2 de fevereiro de 2022

Isaac Bardavid (1931-2022)


Uma das vozes mais marcantes da dublagem brasileira silenciou ontem: Isaac Bardavid, grande ator e dublador, faleceu aos 90 anos (faria 91 em 13/02) em sua cidade natal, Niterói/RJ. Dono de uma voz única - grave, potente, poderosa - dublou personagens marcantes do cinema e da TV: Esqueleto (vilão de He-Man), K.I.T.T (o computador do seriado Super Máquina), Tigrão (o amigão do ursinho Pooh), o treinador de Hércules, Filoctetes, no desenho homônimo da Disney; Capitão Haddock ("As Aventuras de Tintim") e principalmente Wolverine (dublou o personagem por 23 anos), seu papel preferido. Esses são os mais lembrados, mas tem centenas de outras participações que merecem citação. Vou citar mais 22: Rei Harold (pai de Fiona em Shrek); Rei Tritão ("A Pequena Sereia"); Robert Baratheon ("Game of Thrones"); tio Fester Addams (em "A Família Addams" 1 e 2); Jor-El (em "Superman - O Filme"); Chefe Powhatan (dos dois "Pocahontas"); Obi-Wan Kenobi ("Guerra nas Estrelas"); o narrador de "Horton e o Mundo dos Quem"; Richard Nixxon ( interpretado por Anthony Hopkins no filme "Nixxon'); Odin (em "Thor" e "Thor - O Mundo Sombrio"); Presidente Snow (da franquia "Jogos Vorazes"); Abutre ("Era do Gelo 2"); Horácio Slughorn (nos filmes de Harry Potter); Tio Patinhas (como Ebenezer Scrooge em "O Conto de Natal do Mickey"); o promotor de "Os Intocáveis"; Capítão Gancho (de "Jake e os Piratas da Terra do Nunca"); Robotnik (da franquia "Sonic"); Yao ("Mulan"); Billy Bones ("Planeta do Tesouro"); Joshamee Gibbs (dos filmes "Piratas do Caribe"); Agamenon (do filme "Troia"); Pandam (em "Pokémon: Sun & Moon"). E mais, muito mais. Alguns atores como Ian Holm, Albert Finney e Martin Landau, vira e mexe tinham dublagem dele. Não bastasse essa imensa carreira como dublador, foi ator dos bons em peças, programas de humor, séries e novelas, e um poeta esporádico ( lançou o primeiro livro em 2016 e o segundo já estava quase pronto). Fica aqui a minha sincera homenagem a esse artista gigante.
(abaixo, o momento em que Isaac conheceu o ator Hugh Jackman/Wolverine em 2017, no programa The Noite no SBT).