21 de julho de 2009

Michael


A princípio eu não pretendia postar nada sobre Michael Jackson. A fofoca, a calúnia e o jornalismo marrom ( marrom de merda) viscejaram na rede, na TV, no rádio e na imprensa escrita desde a estranha morte do estranho Michael Jackson. Quase todos querendo tirar uma casquinha e esquecendo completamente o seu legado artístico. Eu fiquei completamente enojado disto - e também daquelas 'centenas' de amigos íntimos do artista, que apareceram de repente, do além - e resolvi me abster. A traição mútua foi outro motivo que me deteve. Explico: depois do espetacular e bem arquitetado Thriller, eu esperava que Michael Jackson alavancasse o pop a partir dali e reinasse com sua voz lapidada, sua dança inventiva e sua música condensada na dose certa entre o soul, o funk e o pop. Mas uma sucessão de fatores pessoais ligados a uma provável imaturidade e à Síndrome de Peter Pan estancaram o astro. Os últimos suspiros deste Michael Jackson talvez estejam na participação e co-autoria do mega-blaster hit "We are the World" e em algumas parcerias com Paul McCartney, entre outros. Tudo o que se viu a partir daí, porém, nada mais tinha a ver com música, som, dança - os talentos do artista davam lugar à Neverland, cor da pele, mudança de nariz, acidente em comercial da Pepsi, compra dos direitos das músicas dos Beatles, máscaras, reclusão, tribunais, etc etc. O álbum Bad, de 1987, aguardadíssimo, foi uma ducha de água fria pra mim, e eu que já estava atolado até o pescoço na MPB da faculdade de jornalismo, no rock caseiro da turma da rua e nas pesquisas musicais alternativas, me afastei de Michael Jackson. Foi minha vez de traí-lo. Ele, que na minha opinião, e concordando com meu amigo Rogério, fez um dos melhores discos blacks de todos os tempos, "Off the Wall", de 1979. O Michael Jackson dos 90 e deste século não frequentou portanto meus ouvidos - de vez em quando meus olhos o avistavam no Jornal Nacional ou em alguma revista semanal. Mas aquela já não era a mesma pessoa... talvez nem para ele próprio. É por essas e outras que assim que soube de sua morte, botei pra tocar o CD "Off the Wall", edição especial de 30 anos, que comprei no inicio do ano - pra vocês verem como 'aquele Michael Jackson', original de fábrica, eu nunca traí. E da mesma forma que eu e alguns comparsas gastamos o LP na época, furei o disquinho de tanto ouvir. Acho que me redimi com MJ. Descanse, cara.

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