Serginho Dias sempre foi o mais Mutante dos Mutantes. Assim foi nos 70, quando não havia mais Rita Lee nem Arnaldo Baptista e ele manteve de cabeça erguida o legado da banda até o final da década - mesmo que os trabalhos já não lembrassem mais a transgressão verborrágica e a mistura instrumental dos primeiros trabalhos e pendesse exageradamante para a suíte progressiva. Mas nas entrelinhas, a "guitarra de ouro" ainda soava impávida. Ele seguiu solo, com muito sucesso, requisitadíssimo no exterior, mas nunca deixou de lado sua "mutação" genética. Quando os Mutantes voltaram neste novo milênio, a repercussão foi global - e os poucos shows que aconteceram não deixaram dúvida: a chama ainda brotava, e com luz intensa e vibrante. Rita Lee continuava ausente, Liminha não se envolveu, mas lá estavam os brothers Baptista, com o mesmo brilho nos olhos dos idos dos anos 60. Ronaldo Leme firme e forte na batera e os Mutantes quase completos. O vocal da Zélia Duncan não comprometeu e até deu outra coloração para a nova roupagem da banda. A nova formação , ovacionada pelo mundo, foi fulminante como um raio gama ( já que estamos falando dos Mutantes). Mas como da primeira vez, Sergio Dias segurou o leme ( e o Leme ajudou-o a segurar) e parece que agora o foco está mais nítido, mais a ver com as raízes psicodélicas da banda. Torço pelo Sérgio, porque embora muitos vejam só o lado capitalista da coisa ( e tem, logicamente - são profissionais), eu enxergo uma energia além, vindo da cabeça e da alma de um super músico que não vê os Mutantes como um 'negócio' apenas, mas a continuação de uma saga impressionante de vida e arte, em mutação constante. Quem puder ler o livro do Carlos Callado ( Editora 34) sobre os Mutantes, vai entender bem o que eu estou tentando mostrar.
Enquanto isso, ouçam a primeira e inédita faixa do novo disco dos Mutantes, 'Teclar', que sairá oficialmente em setembro. Tem sabor dos 60 e dos 70, com nuances de Secos e Molhados e caberia sem problemas em um disco dos próprios Mutantes em seus primeiros anos:
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