30 de novembro de 2009

O funk carioca que não é o funk carioca

Falei do Tim Maia em algum post atrás, e bateu uma baita saudade. Que vocais eram aqueles, guturais, que bem podiam criar trovões retumbantes como sussurros arrepiantes? Imaginem o passional Tim, se ainda estivesse por aqui, o que não estaria dizendo sobre esse auto-intitulado "funk carioca", que de funk não tem nada... certamente trovejando impropérios, como era de seu costume. O pancadão pode seguir em frente, sem problemas – ele lá e eu aqui postando coisas do meu gosto. Mas bem que podiam mudar o nome desse estilo (MC Beat carioca? Rio SambaBeat? Sei lá...)
Funk carioca, da gema, com pitadas de brasilidade, é esse que a “moçada” abaixo fazia. Aqui não tem instrumento imaginário, não. Ironia à parte, o “funk” original feito no Brasil era e é chamado de “soul”, sem distinguir o que é mais romântico e lento dos momentos mais pesados. Incluí o Leo Maia, pra mostrar que o som ainda está no ar.
Tim Maia: http://www.youtube.com/watch?v=Jucvl4kuYnM
http://www.youtube.com/watch?v=miJXlOXvpao
http://www.youtube.com/watch?v=VqJSW4Uituk&feature=fvw
Cláudio Zolli: (atenção: clipe quentíssimo) http://www.youtube.com/watch?v=PEsNpiDeKV0&feature=related
Leo Maia:
http://www.youtube.com/watch?v=ybqnZ_MC2D0&feature=channel
Di Melo: http://www.youtube.com/watch?v=FPxNT2JbtFo&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=-knpuRZAdNI&feature=related
Miguel de Deus: http://www.youtube.com/watch?v=9sDaxC89WFo&feature=related
Carlos Dafé e Banda Black Rio: http://www.youtube.com/watch?v=g1Znnoz0xkc&feature=related
Banda Black Rio e Gerson King Combo: http://www.youtube.com/watch?v=kg3gFp7BpVo&feature=fvw
Banda Black Rio: http://www.youtube.com/watch?v=2Y7GgaHfGGQ&NR=1
Tim Maia e Banda Black Rio: http://www.youtube.com/watch?v=hya88GalQ1Y&feature=related
Gerson King Combo: http://www.youtube.com/watch?v=TYee9cuY9Lw&feature=related
Gerson King Combo & SuperGroove: http://www.youtube.com/watch?v=RzQ88Lp5aZk&feature=related
SuperGroove: http://www.youtube.com/watch?v=3o6gXoYRl1I&feature=related
Toni Tornado: http://www.youtube.com/watch?v=gSE5llgjZC8&feature=related

28 de novembro de 2009

Who´s Who: Band Aid e USA for Africa

Não existiu década igual a de 80. Que outra conseguiria reunir em uma mesma gravação Ray Charles e Cindy Lauper? Harry Belafonte e Bruce Springsteen? Boy George e Paul McCartney?
Esses e outros inusitados encontros aconteceram em dois projetos grandiosos que arrecadaram milhões em prol da fome e geraram na mesma proporção, críticas ferrenhas contra o processo de distribuição da dinheirama. Independente das intenções e resultados, vale a pena rever essas imagens originais da britânica Band Aid (1984), formação que inspirou a americana USA for Africa, surgida dois meses depois, já em 1985. Do lado do Reino Unido, o cabeça foi Bob Geldof, ex-punk que depois do sucesso dessa empreitada ( que teve seu auge em 1985, no show Live Aid) hasteou bandeira definitiva nas causas sociais. Do lado americano, os mentores foram Harry Belafonte ( que deu a idéia) e Michael Jackson e Lionel Ritchie (os compositores de We Are the World). A gravação original de Do They Know It's Christmas?, na Inglaterra, foi feita em um único dia, 25/11/1984, completando agora, portanto, 25 anos.
Antes dos links, destaco algumas curiosidades e observações dos dois projetos:
*Band Aid:
- pelas imagens, parece que muitos músicos gravaram separadamente.
- Bono e Sting, figuras fáceis já na época.
- de acordo com as fontes, estavam presentes David Bowie (!) e Kool and the Gang (!!!). O duro é achá-los nas imagens...
- Paul McCartney tocou baixo na terceira formação da Band Aid, em 2004. Já na primeira, deve ter se escondido ( talvez ao lado de David Bowie).
*USA for Africa
-Bob Geldof, o cabeça do projeto inglês, participou do coro ( e fez palestra nos bastidores)
- Harry Belafonte, o dono da idéia do projeto americano, teve participação discreta no coral, ao lado de ícones da música americana como Al Jarreau e Smokey Robinson ( que desperdício de vocal, ein?)
- A dupla Hall & Oates marcou presença. Só que separados: Darryl Hall participou como vocalista principal e John Oates fez número no coro.
- Tito, Jackie, LaToya e Marlon representaram os Jackson no coro. Já Michael Jackson, ao que parece, gravou sua participação vocal separadamente.
- O coro realmente teve formação eclética, incluindo Sheila E. ( lembram?), The Pointer Sisters e Bette Midler. Mas quem foi o infeliz que escalou o Dan Akroyd ali?
-O Brasil tava lá: entre os instrumentistas, Paulinho da Costa, percussionista brasileiro, que já tocou em zilhões de gravações pelo mundo.
Links:
-Clipe original Band Aid: http://www.youtube.com/watch?v=8jEnTSQStGE&feature=fvst
-Clipe original USA for Africa: http://www.youtube.com/watch?v=k2W4-0qUdHY
-Histórico Band Aid: http://pt.wikipedia.org/wiki/Band_Aid
-Histórico: USA for Africa: http://pt.wikipedia.org/wiki/USA_for_Africa
-Band Aid 20 anos depois: http://www.youtube.com/watch?v=HzlQD_aqgnc
-Bastidores de USA for Africa: (1) http://www.youtube.com/watch?v=8GA5NvqGg0s
(2) http://www.youtube.com/watch?v=uTnJp7UFcx8&feature=related

27 de novembro de 2009

Conversa de Jorge Ben Jor

Uma preciosa dica do nobre Rick Berlitz , que repasso à vocês: a entrevista de Jorge Ben Jor na Trip deste mês, feita pelo desenbaraçado jornalista Pedro Alexandre Sanches. O homem falou à beça, fato inédito em sua carreira. Falou de alquimia, Tim Maia, crianças, cachorro, Taj Mahal, Beco das Garrafas, Jovem Guarda, Tropicália, futebol (claro), livros, B.B. King, poesia e música, muita música. Acompanhem na íntegra, aqui:

24 de novembro de 2009

Freddie Mercury

Em 24 de novembro de 1991, exatos 18 anos atrás, falecia Freddie Mercury, um dos vocalistas mais versáteis do rock. Insubstituível como Mick Jagger nos Stones ou Bono no U2, Mercury não só tinha uma garganta abençoada, mas também era um frontman de primeira e ótimo compositor ( "Bohemian Rhapsody", "Somebody to Love", "Love of My Life", "Play the Game" e "We Are the Champions" são algumas de suas criações). O Queen voltou em 2005 com os fundadores Brian May e Roger Taylor em companhia do vocalista Paul Rodgers, ex-Free, Bad Company e The Firm e chegaram a gravar um disco de inéditas em 2008 e excursionar pelo mundo (Brasil, lógico, incluído). Rodgers é considerado um dos melhores vocalistas do rock e Mercury era seu fã declarado. Mas como os próprios remanescentes sabem, o estilo de um não tem nada a ver com o do outro, daí o cuidado em batizar o projeto de Queen + Paul Rodgers e produzir material inédito. Mesmo assim, teve um monte de puristas que meteu o pau. Na minha opinião, May e Taylor, com o legado e a bagagem que trouxeram do Queen original , podem fazer o que bem entenderem. Deixem os caras viverem...
Mas vamos ao que interessa: o vocal fantástico e a presença inesquecível de Mister Freddie Mercury, que eu tive o privilégio de assistir ao vivo no Rock in Rio, em 1985, e que deixou momentos mágicos, registrados em fonogramas, películas e nas mentes e corações dos que o ouviram.

23 de novembro de 2009

O Piano e a Estrada

Finalmente à venda o aguardado "O Piano e a Estrada" do intrépido jornalista Marcelo Mazuras, que eu conheço desde que os rios eram limpos e pelada na rua não significava prostituição. O livro conta a vida e a obra do mais premiado pianista brasileiro, Arthur Moreira Lima e a trajetória heróica de seu caminhão-teatro, projeto que há anos leva música da melhor qualidade para todos os cantos do nosso Brasilzão, dos grandes centros aos vilarejos escondidos, embrenhando-se por estradas que cortam selvas, rios e sertões deste país-continente.
A primeira parte, biográfica, mostra as origens familiares e a ascensão fulminante do pianista carioca, que aos 10 anos já ganhava prêmio como solista e aos 18 anos dava início a uma vitoriosa carreira internacional que só durou pouco mais de uma década porque sua paixão pelo Brasil falou mais alto. Essa volta à terra natal também é esmiuçada pela narrativa vibrante da obra, assim como a paixão pelo futebol, suas inclinações políticas, os projetos musicais e os amigos, parentes e heróis que nortearam sua vida. A segunda parte traz à tona o maior projeto profissional de Arthur, iniciado em 2002 e ainda vivíssimo: os grandes roteiros Brasil adentro à bordo de seu caminhão-teatro, levando a música mundial para a população brasileira de Norte a Sul. Até o início de 2009, foram 23 estados percorridos e 246 cidades incluídas - uma empreitada inédita pela sua proposta, logística e duração. Mazuras acompanhou essa saga estradeira desde o começo, como assessor de imprensa, vindo daí os melhores ângulos capturados e as grandes sacadas nas entrelinhas.
Fiquei muito honrado por integrar a equipe de pesquisa desta importante obra, indispensável para quem gosta de música. E não é só música clássica não. Nas suas 320 páginas repletas de fotos e perfis, surgem grandes músicos brasileiros e internacionais, alguns de seu círculo mais próximo: Mozart, Bach, Astor Piazzolla, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos, João Carlos Martins, Tchaikovsky, Arnaldo Estrella, Marguerite Long, Nélson Freire, Chopin, Van Cliburn, Martha Argerich, Radamés Gnatalli, Elomar, Heraldo do Monte, Paulo Moura, Luiz Gonzaga, Nélson Gonçalves, Ney Matogrosso, Rafael Rabello, Laércio de Freitas, entre outros. E também amigos e heróis de outras esferas: Didi ( meia da seleção), Cláudio ( amigo de infância e ex-goleiro do Santos), João Saldanha, Luis Carlos Prestes, Brizola, Rolim Amaro, Omar Fontana, Millôr, Adolpho Bloch, entre tantos.
Um livro de fôlego, híbrido de trajetória de vida e trajetos na estrada. Com um fundo musical intenso e emocionante, alcançando a alma do Brasil.
O livro "O Piano e a Estrada" está à venda nos sites ( na Folha tem desconto):

19 de novembro de 2009

Songs and Comics - Quando os quadrinhos encontram os discos


O LP, para afixionados como eu, não é só um LP e ponto. Ele representa muito mais do que uma embalagem e um disco. A capa, por exemplo, pode chamar a atenção de cara, por causa de um close fotográfico bem tirado, uma montagem ou um desenho especial. Ao contrário do CD, que minimizou o espaço e relevou a capa à irrisória figuração, o LP elevou seu relevo frontal ao status de arte. Agora imaginem grandes cartunistas e desenhistas dos comics arriscando neste front! o resultado geralmente é fabuloso. A maioria das parcerias une a arte dos quadrinhos à capas de rock ou punk, mas no caso do lendário Robert Crumb, pai do quadrinho underground, a coisa adentra o terreno místico do blues americano e o portrait é fantasticamente etéreo.
Lá em cima, alguns capas exemplares desta sinergia: a famosa capa de Robert Crumb para o LP da banda de Janis Joplin, a Big Brother & Holding Company (1967) e uma amostra da arte de Ken Kelly, famoso capista americano de HQs de terror e fantasia, que fez clássicas capas para o Kiss.
Por enquanto fico com os dois. Mas postarei mais sobre o assunto em breve, pois o tema dá pano pra manga.
Para saberem mais:
Uma ótima matéria do blog da MTV sobre Crumb e sua relação com a música: http://mtv.uol.com.br/ideafixa/blog/um-passeio-pelo-universo-musical-de-robert-crumb
Uma completa lista das capas de Crumb, aqui: http://rateyourmusic.com/list/darb321/album_covers_by_r__crumb
Matéria de 2005 do Universo HQ sobre Ken Kelly: http://www.universohq.com/quadrinhos/2005/n15072005_03.cfm

17 de novembro de 2009

50 anos sem Villa-Lobos


Há exatamente 50 anos atrás, em 17 de novembro de 1959, falecia Heitor Villa-Lobos, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, se não o maior. Um dos fortes motivos para tamanha amplitude certamente reside em seu caráter conciliatório e desbravador, que fez com que o erudito, o folclore, o choro e as raízes brasileiras se entranhassem em sua obra única.
Villa-Lobos conheceu o Brasil à fundo e também escancarou-se para o mundo, o que lhe fez para sempre um compositor universal. Ao lado de Tom Jobim, mestre Villa é patrimônio nosso, e deve ser item obrigatório em todo currículo escolar que se preze.
Segue abaixo uma seleção especial do compositor, para fechar em grande estilo esse dia de comemoração à sua obra:

Villa por Villa: http://www.youtube.com/watch?v=KLbZLmIhggA
Arthur Rubinstein: http://www.youtube.com/watch?v=DvwZ7EblCdY
Turíbio Santos: http://www.youtube.com/watch?v=lqnVCIzyVEU&feature=PlayList&p=890BA70BB13A729C&playnext=1&playnext_from=PL&index=7 Andrés Segovia
http://www.youtube.com/watch?v=J0SvC3NG6tI&feature=PlayList&p=890BA70BB13A729C&playnext=1&playnext_from=PL&index=6 Villa por Villa II
http://www.youtube.com/watch?v=UZkEYK4WKKg&feature=related
Depoimento de Villa-Lobos parte I ( 1951)
http://www.youtube.com/watch?v=z3uzM_q4h5k&feature=related
Depoimento de Villa Lobos parte II (1951)
http://www.youtube.com/watch?v=NEk95jHc1Ng&feature=related
Bachiana Brasileira Nº 2
http://www.youtube.com/watch?v=pjDZUetrDCM&feature=related
Edu Lobo
http://www.youtube.com/watch?v=coJjqZCDrw0
Quinteto Villa Lobos
http://www.youtube.com/watch?v=1r_YWu58EjE
Museu Villa Lobos
http://www.museuvillalobos.org.br/villalob/biografi/villaeua/index.htm

13 de novembro de 2009

Rock Postal



Eu tenho alma de colecionador, daí meu gosto por revistas, livros, figurinhas, gibis, discos, selos, miniaturas, e tudo o mais que possa ser colecionável. Vez em quando, os assuntos se misturam: capas de discos assinadas por grandes quadrinistas ( em breve postarei uma seleção sobre), graphic novels sobre a vida de grandes artistas, entre outras misturas. Em outubro li notícia sobre uma homenagem do correio inglês à grandes capas de discos do rock/pop britânico, incluindo Stones ( Led it Bleed), The Clash (London Calling), Led Zepellin ( IV), David Bowie (The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars), ColdPlay (A Rush of Blood to the Head) entre outros. Enquanto essas mini-preciosidades não aparecem, procurei alguns selos que homenagearam os baluartes do rock mundial. Só achei Elvis e Raul! alguém sabe de outros?

11 de novembro de 2009

Doce e ácida Via Láctea: a longa estrada entre a mineirada, MJ e o acid jazz

Por Rogério Engelmann*
Logo após ler mensagem do Malú pedindo um texto sobre musica negra e Michael Jackson, visitei o blog para me situar, embalado que estava pela black music & grooveria ltda., e...
putz! deparei com um verdadeiro compêndio sobre os Borges. Veio na hora em minha cabeça o céu, o som, o sol, o Sul de Minas e a lembrança de uma viagem que fizemos em 1990 (este que vos escreve, Malú, Zequinha, Wirts e Fabinho) no feriado de Páscoa, em que percorremos alguns caminhos e cidades (bem na divisa: Paraisópolis, Brasópolis, Piranguinho e alguns vilarejos). Combinamos no susto, na sexta-feira santa e saímos com o sábado de Aleluia nascendo, bem cedo, junto com o friozinho daquela manhã enevoada de outono. Sem rumo certo, meio 'easy riders'. Lembro da trilha sonora que rodava no velho toca-fitas: Pink Floyd, Triumvirat (atenção roqueiros: quem se habilita a escrever sobre...), uma coletânea com The Firm, Crosby, Stills and Nash, Genesis, também Beto Guedes, e ele:
Lô Borges. Via Láctea.
Assim como “Off the Wall” de Michael Jackson, este Via Láctea” é um dos fundamentos da minha história musical (como pode, Michael Jackson com Lô Borges?). Geléia geral.
Explico: em 1979, começo do FM, nas tardes passadas na casa da minha madrinha tia Olga, o então namorado da minha prima trazia discos (só vinil): Jean-Luc Ponty, Krafwerk, Milton Nascimento, Lô Borges..., e quando o som estava no FM, na rádio JP2, tocava MJ, EW&F, Kool & the Gang, Chaka Kan, Jimmy Bo Horn, e também boa MPB, de vez em quando a Mineirada, e entre eles Lô Borges – Tudo que você podia ser, Chuva na montanha, Vento de Maio (também inesquecível na voz de Elis Regina). Aprendi a ouvir música. Embora o som dançante tenha predominado e culminado com as histórias narradas nos “Passagens” (capítulos do ainda inédito livro sobre a nossa antiga Turma do Ponto, de São Caetano), nas horas mais introspectivas rolava a Mineirada, Tom Jobim e toda a bossa nova, o jazz norte-americano e o nacional. Várias influências nada a ver, mas tudo a ver, e que, hoje, após trinta (1979-2009!!) anos envelhecidos em barris de carvalho, resultaram num blend que, por enquanto, celebro no gênero intitulado Acid Jazz (mais dançante). Também Nu Jazz, mais introspectivo (meio mineiro?) e demais vertentes correlatas. Mistura de som dançante com influências da disco music, do jazz, da bossa nova, com arranjos R&B, samplers, sintetizadores Moog. Bandas: Incógnito (primeiro álbum: Jazzfunk), Ed Motta Dwittza (imperdível), Jamiroquai, US3 e por aí vai (vou melhorar a discografia). Raízes: Quincy Jones no final dos anos 1960, Henry Mancini, idem. Por fim, MJ ficou pra depois, tocado que fui pela lembrança da Mineirada que, confesso, andava meio empoeirada por aqui. E este texto que se pretendeu jornalístico virou, de certa forma, um “Passagens”, com trechos que só os iniciados na Confraria do Ponto de Táxi entenderão.
Meio piegas, digamos açucarado. Ou melhor: doce de leite. Com queijo branco fresco...
Dica Triumvirat: os álbuns sempre tinham um ratinho branco na foto da capa...
*Rogério Engelmann é arquiteto e grande apreciador da geléia musical , principalmente com calda black e um queijinho acompanhando.

Them Crooked Vultures


Um cara do rock:Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana, líder do Foo Fighters, envolvido em dezenas de projetos paralelos e participações especiais em discos de amigos. Outro cara do rock: Josh Homme, vocalista-guitarrista, ex-Kyuss, fundador e cabeça pensante do Queen of the Stone Age. Dois caras que se conhecem há tempos, tentando fazer um projeto juntos, e que por circunstâncias aglutinadoras, acabam sintonizando a mesma frequência de um terceiro cara, na verdade, uma legenda do rock: John Paul Jones, ele mesmo, ex-baixista do Led Zeppelin. De dois, três anos pra cá, esse power trio começou a ensaiar na surdina e o entrosamento foi imediato. O que parecia de início fátuo, do tipo ensaiou-gravou-adeus, acabou criando velcro, profundidade e uma identidade própria. Batizou-se o trio de Them Crooked Vultures. A coisa só se tornou pública algumas semanas antes do primeiro show, e logo surgiram os primeiros vídeos promocionais no Youtube. No momento, o trio segue em sua turnê inaugural e o primeiro disco, com lançamento previsto para semana que vem nos EUA e Inglaterra, tem o áudio completo disponibilizado no site oficial da banda: http://www.themcrookedvultures.com/
O som é rock + rock x rock. Tem os tentáculos do Nirvana, do Foo Fighters, do QotSA e do velho Led sim. Mas também tem timbres estranhos, vocais etéreos, experimentações em busca de som próprio. O peso do grunge impera, mas há momentos peculiares como em Scumbag Blues, que transpira novidade, ao mesmo tempo que nos remete ao clássico Cream.
Não basta juntar músicos consagrados, e colocar para secá-los, como se superbanda fosse superbonder. Os caras precisam primeiramente agir com as próprias pernas e braços, sem interferências externas, caso contrário, vira armação pura. Depois vem o entrosamento natural, e isso não tem genérico pré-fabricado. Junta-se o telento nato, as influências de cada um, e têm-se um projeto honesto, útil, emocionante. No caso desse mais novo "supergrupo" da praça, parece que a coisa vai por aí.
Mais:
show em Brixton, 26-08-2009: http://www.youtube.com/watch?v=x1ISnz7LQDk

9 de novembro de 2009

O apoteótico Genesis nos tempos de Peter Gabriel

Durante minha já longa viagem rumo ao interior da música atemporal, eu fiquei paralisado, boquiaberto e com o coração acelerado em parcos momentos: talvez quando ouvi os Stones pela primeira vez, ainda guri, e que me abriu os ouvidos para o rock and roll, o rithm' and blues e o rock que veio a seguir; talvez quando descobri a coleção de discos do meu pai, "História da MPB" da Abril Cultural, com biografias e músicas essenciais, que propiciaram a minha descoberta simultânea da MPB Clássica ( Pixinguinha, Noel Rosa, Sinhô, Cartola, Nélson Cavaquinho, Adoniran, entre outros), Bossa Nova, Jovem Guarda e MPB Moderna ( Chico, Caetano, Elis, Jorge Ben, Secos & Molhados, entre outros) ; talvez ao colocar o LP original Clube da Esquina, de Milton Nascimento, Lô Borges e grande elenco na vitrola e escutar todos os seus pormenores, respirações e silêncios – e a partir daí prestar mais atenção no jazz e nos instrumentistas brasileiros; talvez ao reavaliar os Beatles já na década de 80 e perceber a sua quintessência; talvez quando o punk rock explodiu em meus ouvidos; talvez quando comprei os LPs de 1971 a 1975 do Genesis – uma das sequências mais criativas de uma banda progressiva ( que inclui o belo "Selling England By the Pound", capa acima) - e ouvi-os em um verão inteiro, incluindo também Pink Floyd ( do primeiro até o "Prisma"), Jethro Tull ( Aqualung) King Crimson e Emerson, Lake & Palmer (os três primeiros). Por gostar dos dois lados da moeda ( Punk e Progressivo), fiquei desconsolado quando o punk decretou a morte do "rock de concerto", e resolvi intercalar Ramones, Gentle Giant, Yes, The Clash na vitrola, só pra contrariar. Esse negócio de rock contra rock é coisa de “desroqueiros”.
O Genesis da fase citada, com Peter Gabriel, Mike Rutherford, Tony Banks, Steve Hackett e Phil Collins, nunca mais deixou de freqüentar meus ouvidos. Além do instrumental impecável, das longas suítes viajantes e do vocal incomparável de Peter ( que eu considero um dos mais marcantes da década), ainda havia as narrações, as fábulas nas letras, o teatro e a encenação no palco. Quem conheceu o Genesis pós-Peter Gabriel, fase que eu respeito muito, pela coragem de Phil Collins em assumir o navio, mas que se voltou com o tempo para um correto pop-rock sem grandes experimentações, não conheceu a alma original da banda, com toda a sua verve e inquietação. O Brasil ainda conseguiu capturar essa mágica no ar, quando o Genesis se apresentou por aqui em 1977, sem o crazy Peter Gabriel, mas ainda com o genial Steve Hackett, que também fez muita falta, ao largar a banda pouco tempo depois. Peter Gabriel seguiu solo, ainda louco, mas direcionando seus surtos para o tecnopop e o emergente videoclipe, que ele ajudou a revolucionar nos anos 80 via MTV.
Eu já era fã incondicional da banda e sabia da desenvoltura performática do vocalista, mas quando finalmente botei os olhos nos vídeos dos anos 70 – ato impensável na época pré-You Tube – pude comprovar: Peter Gabriel, por detrás de máscaras e maquiagens, incorporava Peter Gabriel melhor do que ninguém!
Comprovem a grande viagem do Genesis, numa overdose de filmes pescados no YouTube:
“Twilight Alehouse” – Especial na Bélgica - 1972
http://www.youtube.com/watch?v=0NetKCTVFEA&feature=related
“The Fountain of Salmacis” – Bélgica 1972
http://www.youtube.com/watch?v=KUiSZdA3w9Y&feature=related
“The Return of the Giant Hogweed”– Bélgica 1972
http://www.youtube.com/watch?v=2HDDCJ9lKKI&feature=related
Genesis no Piper Club Rome – 18 de Abril 1972 ( video raro da TV)
http://www.youtube.com/watch?v=XcnkjvHXwaU&feature=related
“The Musical Box” – Bélgica 1972
http://www.youtube.com/watch?v=uc5U5K_Vmy0&feature=related
“The Musical Box” (live 73)
http://www.youtube.com/watch?v=AFBY4dvoISc&feature=related
Programa Seven Ages of Rock – Especial Genesis (com depoimentos)
http://www.youtube.com/watch?v=M_IA-HlbRHg&feature=related
“Supper's Ready”, Club Bataclan (1973 – França ) extraído do DVD
http://www.youtube.com/watch?v=wzWdDCtC1IM&feature=related
“Watcher Of The Skies” na University Sports Arena, Montreal – 20 de Abril de 74 – a qualidade não é boa, mas vale pela “presença” do vocalista
http://www.youtube.com/watch?v=g8EkU3Ta5Ys&feature=related
“Knife” - "Le Club Bataclan", Paris – 10 de Janeiro de 1973
http://www.youtube.com/watch?v=5XhDHJNuyXw&feature=related
Genesis em Shepperton - 1973
http://www.youtube.com/watch?v=gArAdvoqY3A&feature=related
Clipe especial em homenagem à banda com "Carpet Crawlers" de trilha
http://www.youtube.com/watch?v=ToK_CCzW6jw

6 de novembro de 2009

Seguindo o Zé!

Zé Geraldo não frequenta o Faustão e nem o Gugu, pouco aparece no rádio, não tá em bate-papo na internet. Quem quiser ver o artista Zé Geraldo, tem de botar o pé na estrada e vê-lo ao vivo, coisa que ele faz há pelo menos 30 anos. Como diz uma música de seu vasto repertório, "Tô Zerado", de 2002: "...sou feliz por não ter mais a ilusão de aparecer nos programas do Gugu e do Faustão". Eu tive o privilégio de vê-lo, em plena São Thomé das Letras, ano 1992. Um clube pequeno, palco pequeno, e como é do seu feitio, ao planar em terreno simples, Zé se agigantou. Tocou tudo o que tinha direito: Cidadão, Maria Bonita, Como diria Dylan, Senhorita, Mistérios, Semente de Tudo, Lua Curiosa, Milho aos Pombos e tantas outras pérolas do seu cancioneiro, ora puro, ora desafiador. Pra completar a noite perfeita, reencontrei-o depois do show, em um bar rústico, onde para felicidade geral, ele sentou e tocou despretenciosamente uma penca de canções tocantes, incluindo Raul Seixas, Renato Teixeira e músicas suas. Inesquecível!

Quem o conhece pouco, preste atenção nas letras, feitas de vivência. Quem já o tem como trilha, sigamos, pois Zé Geraldo como sempre, tá na longa estrada da vida, tocando como nunca.
Para conhecer sua história ( e ouvir uma vitrola especial de fundo, com todas as músicas da sua carreira):
Para segui-lo na estrada virtual:
Entrevista para o programa Pé na Porta de Clemente (maio 2009): http://www.youtube.com/watch?v=_Ruook0JFwY
Outra entrevista, interativa, de 2008: