Dedicatória exclusiva do mestre
Tenho por este exemplar acima um grande apreço. Não bastasse ser uma edição especialíssima - tri-lingüe, direcionada para o tradicional Festival de Lucca, na Itália, com editoral de Álvaro de Moya, matéria biográfica e big entrevista engendradas pelo maior especialista da obra de Zalla, Wagner Augusto (incluindo também a história dos dez anos da Editora D-Arte, fundada pelo artista), ainda me deu o privilégio de uma dedicatória exclusiva e um dedo de prosa com o mestre em 1994. Rodolfo Zalla, argentino de nascença, adotou o Brasil em meados dos anos 60 e sedimentou aqui sua carreira como quadrinista, ilustrador e editor. O quadrinho de terror nacional não teria uma história tão substanciosa se Zalla não tivesse criado o Estúdio D-Arte, ainda nos anos 60 e a Editora D-Arte na década de 80. O estúdio contava com uma sagaz equipe de argumentistas e artistas e produziu um imenso material de terror de qualidade. Já a editora, entre trancos, barrancos e planos econômicos, conseguiu por mais de dez anos, segurar no mercado duas publicações de terror, Calafrio e Mestres do Terror e revelar novos talentos ao mesmo tempo em que mantinha na ativa grandes artistas veteranos. A caprichada edição em destaque traz ainda pequenos perfis de artistas fundamentais do terror nativo, momentos da vida do artista em fotografias de arquivo,cronologia, artes originais e histórias inéditas. E comprova que sua arte não se limitou ao terror, mas também passou pelo faroeste, guerra, aventura e até uma importante incursão ao universo Disney, onde desenhou por anos a fio o personagem Zorro para a revista Almanaque Disney da Editora Abril, com histórias produzidas no Brasil. Ativíssimo aos 78 anos de idade, Rodolfo Zalla participou recentemente do projeto ‘Sábados da Memória das Artes Gráficas’, no auditório da Biblioteca de São Paulo, em que gravou depoimento para um futuro caderno bibliográfico e deixou a marca de sua mão que será inserida em um totem da fama. Merecido.
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