A Mônica, no início, e a capa da Mônica nº1 (Ed.Abril - maio de 1970) |
Manoel: Parece que, quando você lançou a Mônica, pela Abril, ocorreu um salto na sua carreira e as coisas realmente começaram a acontecer...
Maurício: Em partes. Antes da Abril, eu já estava trabalhando com merchandising, estava entrando na área de desenho animado...a Abril foi parte do processo. Se eu não tivesse ganho prêmios no exterior, não tivesse com o merchandising estourando e publicando tiras em 300 jornais, não teria revista ainda. Um ano antes da Abril, eu já planejava lançar uma revista com outra editora. Mas os jornalistas que montaram essa editora tiveram problemas com a ditadura militar e acabaram presos.
Manoel: Que editora era?
Maurício: Não me lembro. Eles estavam começando, eram jornalistas ex-colegas meus. Só sei que foram presos e minha célula editorial foi desmontada. Eles sumiram e eu não sabia onde eles estavam. Foi um golpe duro.
Quando bati o olho nesse ponto da conversa, percebi que o assunto voltara pra me cutucar, mas não ficou só nisso não. No sábado, comprei em um sebo da minha cidade o livro "Panorama da Música Popular Brasileira na Belle Époque" (1977- Livraria Sant'anna) do magistral pesquisador Ary Vasconcelos (1926-2003) .Uma importante obra que resgata do limbo os músicos brasileiros do século XIX. E não é que ao ler o curriculum vitae do autor, o danado do assunto, mesmo em um livro sobre música, reapareceu? entre centenas de funções exercidas por Ary no meio jornalístico-editorial, está lá: Diretor de Redação da União Brasileira de Editores - UBE (1968-1969). O mesmo nome citado por Franco ( a única diferença é que no livro está Editores e no blog do Guedes, Editoras. A sigla é a mesma) e o mesmo período citado por Voss e Maurício. Bom, o assunto venceu pelo cansaço. Esses indícios me atiçaram e aqui estou eu. Dei uma sapeada na web, mas pelo visto esse tema precisará de uma boa pesquisada externa. Quem sabe o próprio Franco não tenha mais pistas. Juntando o que temos, dá pra se tirar uma conclusão: o que estava no terreno da "lenda", depois dessa declaração do Maurício, passou para o campo das possibilidades. A revista Mônica ( ou da turma da Mônica com outro título) quase saiu em 1969, por uma editora desconhecida- isso é fato, mas é só a ponta do iceberg. Quem eram os jornalistas da UBE? quais eram seus planos no campo editorial? além do Careca e Mônica, havia intenção de lançar outras revistas? como foi esse "desmanche"´da editora via ditadura? Vou atrás de mais pistas. Quem souber de algo, por favor, me ajude nesse resgate.
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