O Pato Donald foi a primeira revista da Editora Abril, e isso é alardeado desde os tempos de Victor Civita, o homem que fundou a editora nos idos de 1950, em São Paulo. Na verdade, o Pato Donald virou uma espécie de "moedinha nº1" do velho editor e sua revista, lançada em julho de 1950, sempre foi considerada a primeira da editora porque trouxe sorte e sucesso ao empreendimento ( a revista existe até hoje e segundo seu filho, Roberto Civita, jamais deixará de existir, tanto por razões históricas como emotivas). Mas antes, existiu um "patinho feio" na ´história da Abril: a revista "Raio Vermelho", lançada em maio de 1950 e editada nos mesmos moldes do irmão Cesar Civita, da Editorial Abril da Argentina ( lá a mesma revista chamava-se "Misterix").As historietas eram feitas na Itália, montadas na Argentina e despachadas para o Brasil, mas seja por seu formato estranho ( horizontal), que acabava empastelando os quadrinhos e diminuindo os balões, seja pelo ritmo mais "lerdo" das aventuras, em comparação com os ágeis heróis americanos, a revista nunca foi um sucesso e parou em fevereiro de 1953 ( no mesmo ano houve uma nova tentativa, utilizando-se o mesmo título argentino, "Misterix"). Esta edição (capa acima), de 20 de dezembro de 1952 ( muitos especialistas cravam que a revista parou em 1951) já saía em formato americano, mas mesmo assim a revista estava à beira de seu desaparecimento. As histórias, muito bem desenhadas pelos italianos e argentinos, trazem os personagens Kayo Kirby, Homem de Ferro ( muito antes do famoso da Marvel, mas sem armadura - só força descomunal), Bull Rocket e Dito Mangalô ( tira cômica).Destaque para a primeira tira que abre a edição, "Trabuco e Trinquete" (destaque abaixo),desenhada por Luis Destuet ( e assinada, raridade nas revistas da Abril da época), artista argentino,o mesmo que já desenhava para a Disney em seu país e nessa época era contratado da Abril para ensinar o "estilo Disney" aos jovens desenhistas da editora ( entre eles, Álvaro de Moya).O diretor de quadrinhos na época era Jerônimo Monteiro, um pioneiro dos quadrinhos brasileiros e também da literatura sci-fi por aqui. Outro detalhe curioso é o logo da editora na capa, um quadrado branco com a letra A em preto, que eu nunca tinha visto em outra publicação da casa.
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