A MTV vinha divulgando com destaque o mês inteiro esse tributo e o primeiro estranhamento surgiu quando se anunciou o vocalista que faria parte do projeto junto ao baterista Marcelo Bonfá e o guitarrista Dado Villa-Lobos: Wagner Moura, o conhecido ator baiano, protagonista de Tropa de Elite. Conforme os ensaios apareceram na programação, percebeu-se que além da característica "cara de pau" que todo ator tem que ter, Wagner conhecia muito bem o repertório da banda e até que cantava direitinho, se deixássemos as comparações com Renato Russo de lado ( difícil não comparar, ein?). Quando soube uma semana antes que o lendário Andy Gill, guitarrista da banda pós-punk Gang of Four iria fazer uma participação especial nas duas noites do tributo, fiquei mais propenso ainda a acompanhar o show "ao vivo" pela MTV, ontem. Não me arrependi. Além de extenso repertório (foram 2 horas de show e 25 músicas da Legião!), há muito tempo longe dos palcos, Dado e Bonfá estavam esfuziantes como crianças, os convidados Fernando Catatau e Bi Ribeiro deram um show a parte em seus respectivos instrumentos e o emocionado Wagner Moura, que antes deste "pra valer", só tinha cantando Legião para uma platéia de mentirinha (a música "Será" no filme Homem do Futuro, que acabou chamando a atenção dos produtores da MTV), brigou no começo com o ponto de retorno na orelha, se emocionou, encharcou-se de adrenalina, cantou sem cola nenhuma, se emocionou de novo, fez um "quase mosh" na platéia, se emocionou mais uma vez, e do meio pro final "foi pra galera" de vez. Resumo da sua atuação: emoção 100%. Os apuros técnicos, uma constante nos projetos da MTV ( será que não dá pra emissora comprar microfones sem fio???? o vocalista teve a sua área reduzida por conta disso) não foram poucos -o microfone mudo em "Fábrica' foi um dos grandes. A platéia de 7 mil pessoas, que pagou muito bem pra assistir o especial, não tava nem aí para percalços e eletrizou ainda mais o show.
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Andy Gill |
Quando Andy Gill adentrou o palco e iniciou uma versão venenosa de "Damaged Goods", com Bi e Catatau no suporte e Dado, fã de carteirinha do Gang of Four, no vocal, a platéia, mesmo não conhecendo a música, foi ao delírio. A satisfação latente emanada desse encontro histórico transmitia a aura necessária ao público. É essa sensação que faz do rock uma das coisas menos explicáveis do mundo. Explicar pra quê? Gill retribuiu o carinho e continuou no palco acompanhando "Ainda é Cedo".
Comparações? inevitáveis, mas nesse caso, perda de tempo.Essa formação foi só uma celebração, e a idéia de chamar um profissional fora do meio musical ( embora Wagner tenha uma banda amadora) foi perfeita - imaginem se fosse um cantor mesmo? aí sim as comparações jorrariam mais ainda em cima.
Estou ficando velho mas sem ranzinzices. Consegui assistir um show na íntegra com o ótimo repertório da Legião Urbana, Dado e Bonfá estavam afiados, a banda correspondeu, Andy Gill apareceu e gostou de tocar e Wagner Moura deixou rolar a emoção e conduziu bem a platéia, cantando sem arroubos e sem querer imitar ninguém. Renato Russo foi gênio - o cara fazia letras geniais, tinha uma das melhores vozes do rock e ainda mandava muito bem em suas performances. Para estar no lugar desse gênio é preciso ter muita coragem - e repito, cara de pau. Os fãs da Legião Urbana no fim, deram o tom, energizaram o ambiente e foram os grandes responsáveis para que tudo tenha dado certo.
eh, malu, legião na cabeça!
ResponderExcluirpessoalmente, não gostei muito da escolha do ator como cantor... mas realmente ele foi pra galera, super corajoso e entusiasmado.
o show trouxe muitas saudades da nossa época gloriosa! adorei ver dado e bonfa nos palcos tocando nossas prediletas: infelizmente pela TV....;)
Pois é, Loi, Legião é sempre Legião, mesmo em um projeto "meio estranho" como esse da MTV. Mas também dá mais saudade ainda do Renato Russo, né? bj
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