30 de maio de 2012

Tributo à Legião Urbana

A MTV vinha divulgando com destaque o mês inteiro esse tributo e o primeiro estranhamento surgiu quando se anunciou o vocalista que faria parte do projeto junto ao baterista Marcelo Bonfá e o guitarrista Dado Villa-Lobos: Wagner Moura, o conhecido ator baiano, protagonista de Tropa de Elite. Conforme os ensaios apareceram na programação, percebeu-se que além da característica "cara de pau" que todo ator tem que ter, Wagner conhecia muito bem o repertório da banda e até que cantava direitinho, se deixássemos as comparações com Renato Russo de lado ( difícil não comparar, ein?). Quando soube uma semana antes que o lendário Andy Gill, guitarrista da banda pós-punk Gang of Four iria fazer uma participação especial nas duas noites do tributo, fiquei mais propenso ainda a acompanhar o show "ao vivo" pela MTV, ontem. Não me arrependi. Além de extenso repertório (foram 2 horas de show e 25 músicas da Legião!), há muito tempo longe dos palcos, Dado e Bonfá estavam esfuziantes como crianças, os convidados Fernando Catatau e Bi Ribeiro deram um show a parte em seus respectivos instrumentos e o emocionado Wagner Moura, que antes deste "pra valer", só tinha cantando Legião para uma platéia de mentirinha (a música "Será" no filme Homem do Futuro, que acabou chamando a atenção dos produtores da MTV), brigou no começo com o ponto de retorno na orelha, se emocionou, encharcou-se de adrenalina, cantou sem cola nenhuma, se emocionou de novo, fez um "quase mosh" na platéia, se emocionou mais uma vez, e do meio pro final "foi pra galera" de vez. Resumo da sua atuação: emoção 100%. Os apuros técnicos, uma constante nos projetos da MTV ( será que não dá pra emissora comprar microfones sem fio???? o vocalista teve a sua área reduzida por conta disso) não foram poucos -o  microfone mudo em "Fábrica' foi um dos grandes. A platéia de 7 mil pessoas, que pagou muito bem pra assistir o especial, não tava nem aí para percalços e eletrizou ainda mais o show.
Andy Gill
Quando Andy Gill adentrou o palco e iniciou uma versão venenosa de "Damaged Goods", com Bi e Catatau no suporte e Dado, fã de carteirinha do Gang of Four, no vocal, a platéia, mesmo não conhecendo a música, foi ao delírio. A satisfação latente emanada desse encontro histórico transmitia a aura necessária ao público. É essa sensação que faz do rock uma das coisas menos explicáveis do mundo. Explicar pra quê? Gill retribuiu o carinho e continuou no palco acompanhando "Ainda é Cedo".
Comparações? inevitáveis, mas nesse caso, perda de tempo.Essa formação foi só uma celebração, e a idéia de chamar um profissional fora do meio musical ( embora Wagner tenha uma banda amadora) foi perfeita - imaginem se fosse um cantor mesmo? aí sim as comparações jorrariam mais ainda em cima.
Estou ficando velho mas sem ranzinzices. Consegui assistir um show na íntegra com o ótimo repertório da Legião Urbana, Dado e Bonfá estavam afiados, a banda correspondeu, Andy Gill apareceu e gostou de tocar e Wagner Moura deixou rolar a emoção e conduziu bem a platéia, cantando sem arroubos e sem querer imitar ninguém. Renato Russo foi gênio - o cara fazia letras geniais, tinha uma das melhores vozes do rock e ainda mandava muito bem em suas performances. Para estar no lugar desse gênio é preciso ter muita coragem - e repito, cara de pau. Os fãs da Legião Urbana no fim, deram o tom, energizaram o ambiente e foram os grandes responsáveis para que tudo tenha dado certo.

2 comentários:

  1. eh, malu, legião na cabeça!
    pessoalmente, não gostei muito da escolha do ator como cantor... mas realmente ele foi pra galera, super corajoso e entusiasmado.
    o show trouxe muitas saudades da nossa época gloriosa! adorei ver dado e bonfa nos palcos tocando nossas prediletas: infelizmente pela TV....;)

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  2. Pois é, Loi, Legião é sempre Legião, mesmo em um projeto "meio estranho" como esse da MTV. Mas também dá mais saudade ainda do Renato Russo, né? bj

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