No final de 2010, um ser zoomórfico, com cara de peixe, pés humanos, pelos por todo o corpo e boemia underground inerente, virou personagem principal de um caprichado álbum de HQ idealizado pela dupla Rafael Moralez (textos) e Rodrigo Bueno (desenhos), sucesso de crítica e indicado a três prêmios HQMix (post: (http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2010/12/um-peixe-trompetista-peludo-e-ranzinza.html ). Eis que dois anos depois, o Peixe Peludo dá as caras again, via Catarse (detalhes aqui: http://catarse.me/pt/peixepeludo2 ). Pra quem não sabe, Catarse é a maior plataforma de financiamento coletivo (crowdfunding) do Brasil, viabilizando em quase três anos de existência cerca de 700 projetos criativos. Eu contribuí sem pestanejar (viva o quadrinho independente!) e o processo é bem rápido e indolor – as opções vão desde o livro autografado até recompensas adicionais como adesivos, camisetas e páginas originais.Conversei no FB com Rafael Moralez para saber mais detalhes dessa volta “catártica” do Peixe Peludo:
AM: Rafael, você e o Rodrigo já tinham uma trilogia em mente
quando lançaram o primeiro álbum do Peixe Peludo?
RM: Sabíamos que ia ser mais
de um número, mas não era certo quantos. A trilogia surgiu quando começamos a
escrever o segundo. Três é um número bom.
AM: O Rodrigo comenta no vídeo de divulgação do projeto que essa nova
história está ainda melhor que a primeira. Você também acha isso?
RM: Ela tá bem mais pesada, dias atrás reli e achei boa, se não tivesse
gostado diria numa boa. Acredito que amadurecemos mais o personagem e temos
mais claro para nós quem ele é. A ideia da trilogia ajudou nisso, agora sabemos
pra onde ele vai e o que temos que fazer com a história. Parece que não tem
sentido, mas o terceiro número vai fechar tudo isso, vai ser bem legal!
AM: O Peixe Peludo de 2010, ranzinza, musical, boêmio, urbano, é o mesmo
Peixe Peludo de 2013?
RM: Um pouco sim, mantivemos
suas características. Não vejo ele como ranzinza, mas sim como um sujeito
crítico, que observa a sociedade e o mundo a sua volta com personalidade de
pensamento. Ele não é mais um cordeiro que abaixa a cabeça na cidade de São
Paulo, ele é um ser que pensa muito sobre as coisas. Acho o peixe um personagem
bastante lúcido e um tanto revoltado com o mundo.
AM: A opção para esse
novo álbum é a via independente. Como você vê essa tendência de lançamentos
“sem editora” nos quadrinhos? Esse caminho foi natural para vocês ou
brotou diante das adversidades do mercado?
RM: O caminho surgiu quando a
editora que acenou dizendo que ia lançar o número dois deu pra trás e disse que
não ia mais lançar. Estávamos com ele quase pronto. Tanto eu como Rodrigo
sempre fizemos Fanzine no melhor esquema “faça você mesmo”; não tivemos a
mínima dúvida e encaramos isso numa boa. Acho que é o caminho sair das editoras,
gravadoras e até livrarias - só assim podemos ter uma verdadeira cena
independente de quadrinhos no Brasil; e tem muita gente fazendo trabalhos
excelentes. Quanto menos gente entre você e o leitor, melhor.
AM: No caso do Peixe
Peludo, conseguindo a arrecadação necessária no Catarse, quais são os próximos
passos até o volume chegar às mãos do leitor? Esse nº 2 da trilogia será
posteriormente vendido em livrarias ou eventos?
RM:Assim que terminar o tempo de
arrecadação do Catarse vamos correndo pra gráfica, pois queremos entregar os
exemplares aos colaboradores em dezembro. Vamos vender o número dois de mão em
mão e deixaremos alguns em livrarias de quadrinhos em São Paulo. O projeto tem
uma página no facebook (https://www.facebook.com/PeixePeludo?ref=hl) Vamos usar ela com contato para quem quiser
comprar um exemplar.
AM: Obrigado pelas
informações, Rafael! E muita boa sorte para vocês, incluindo o Peixe Peludo,
claro. Abraço.
RM: Nós todos que agradecemos. Muitíssimo obrigado!! Abração!
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