Voltando ao "Acervo Sorve", com itens que eu ganho, compro ou garimpo para o acervo pessoal, mostro esse livro sui generis, escrito pelo sempre superlativo historiador e jornalista Eduardo Bueno ( autor do imprescindível "A Coroa, a Cruz e a Espada"), sobre a higiene desde os primórdios no Brasil: "Passando a Limpo - História da Higiene Pessoal no Brasil" (Editora Gabarito - 2007). O autor levanta dados desde o descobrimento e traz à luz hábitos de higiene dos navegantes portugueses - imundos, adoentados, sem o banho em seu cotidiano - e dos índios - com seus banhos diários. Segue adiante com as condições sanitárias insalubres da antiga capital, Rio de Janeiro, culminando com modismos, exageros e consumo de massa atual. Um livro recheado de informações e totalmente ilustrado, incluindo charges, anúncios, ilustrações e fotos que dão um panorama bem completo sobre o tema. Segue trecho que demostra bem a diferença "higiênica" entre os "barbudos" e os "pelados", ou seja, portugueses e índios do recém descoberto Brasil:
"Os peludos tinham barbas e vastas cabeleiras sebosas. Os pelados não estavam apenas desnudos, mas depilados. Os barbudos, quase todos, eram gordos ou magros demais e seus dentes, quando os tinham, estavam cariados. Os depilados exibiam dentes alvos, "bons rostos e bons narizes", "cabelos corredios e bem lavados", troncos, pernas e braços musculosos. Os barbudos raramente tomavam banho, mas a óbvia ausência de chuveiros em suas embarcações nada tinha a ver com aquilo: mesmo quando se achavam em sua terra natal, costumavam lavar-se "de corpo inteiro" apenas duas vezes por ano. Já os depilados pareciam anfíbios: banhavam-se nos rios, nas cachoeiras ou no mar de dez a doze vezes por dia."
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