Saiu o volume 2 da Memo sobre Jayme Cortez!

A expectativa era grande, mas eis que desde ontem está disponível para baixar, a segunda parte da Memo sobre Jayme Cortez. A revista eletrônica da memória gráfica brasileira mantém a qualidade de sempre, com muitas imagens inéditas e pesquisa apurada, e nesse volume 2, que revela a carreira do mestre Cortez de 1954 a 1987, o leque fica ainda mais aberto, graças ao multitalento do incansável artista: capas de livros, cartazes de cinema, animação, storyboards, anúncios, e claro, a velha nona arte, uma das atividades em que Jayme sempre produziu muito, prestigiou, incentivou e nunca largou, mesmo exercendo outras funções dentro das artes gráficas. Pra incrementar ainda mais a edição de número 6 da revista, foram incluídos longos depoimentos de Mauricio de Sousa, Luiz Saidenberg e Osnei Furtado, artistas que conviveram de perto com Jayme Cortez, além de páginas de quadrinhos inéditas. Tudo isso em impressionantes 220 páginas! Para ter acesso à edição, é só baixar gratuitamente aqui: http://memomagazine.com.br/revistas/MeMo6.pdf

26 de fevereiro de 2015

New Yorker, nonagenária, comemora com 9 capas

A primeirona: 21-02-1925 ( arte de Rea Irvin)
A icônica revista The New Yorker completou 90 anos neste fevereiro de 2015 e pra comemorar essa marca histórica, resolveu produzir 9 capas diferentes, todas tendo como referência a primeira capa da revista, e cada uma com as particularidades artísticas do autor convidado que assina. Essa ação não é nenhuma novidade na história do veículo: todos os anos, a redação desafia ilustradores do mundo todo a redesenharem a capa nº1 de 21/02/1925, que cristalizou a imagem do dândi altivo, elegante e de monóculo, observando uma borboleta ( arte de Rea Irvin). Mas nesse ano a ideia foi extrapolada. No total são três edições de aniversário, cada uma com três capas especiais, patrocinadas pela Rolex. Simultaneamente, também saiu um encadernado com as três edições e as 9 capas. Um trabalho audacioso à altura do prestígio da publicação.
Vejam as capas:

Por Carter Goodrich
por Kadir Nelson
Por Christoph Neimann
Por Istvan Banyai
Por Roz Chast
Por Barry Blitt

Por Anita Kunz
Por Lorenzo Mattotti

Por Peter Mendelsund


25 de fevereiro de 2015

Charlie Hebdo voltou


Com essa capa acima, assinada por Luz, o jornal satírico francês voltou às bancas hoje, em edição normal, com 2,5 milhões de exemplares, depois do atentado terrorista que dizimou parte de sua redação no início de janeiro. A edição, de número 1179 vem na sequência do especial denominado "número dos sobreviventes" que saiu com 8 milhões de exemplares. logo após a chacina. Pelo clima da capa e a garra da reduzida equipe do jornal, agora trabalhando dentro do jornal Libération, o velho Charlie está de volta mesmo!

Renato Rocha ( 1961-2015)

Renato Rocha, o Negrete, baixista original da Legião Urbana, foi encontrado morto no dia 22/02 em um hotel do Guarujá. A causa provável foi um ataque do coração - o músico tomava remédios fortes para hipertensão e depressão. Depois de fazer parte do grupo por 5 anos ( 1984 a 1989), Negrete participou de alguns discos de amigos, mas as drogas, um dos motivos que o afastaram da Legião, o levaram ao ostracismo - em 2012, reportagem de um programa de televisão o encontrou morando nas ruas. O filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, ajudou-o nos últimos anos. Com esse novo estímulo, chegou a participar do concerto Renato Russo Sinfônico no Estádio Mané Garrincha em 2013 e entrou para o projeto Urbana Legion com outro ex-membro do Legião, Eduardo Paraná. Como baixista, Renato Rocha tinha o punch certo para as canções de Renato Russo & cia com influências do pós-punk inglês. Foi vigoroso na medida no primeiro disco da banda, mais cru e punk e não pesou a mão quando o segundo disco ( Dois, de 1986) pediu um clima mais denso e lírico. O terceiro, em sua maioria um revival dos tempos do Aborto Elétrico ( primeira banda punk braziliense que teve em sua formação Renato Russo e os irmãos Fê e Flávio Lemos, atuais Capital Inicial) foi perfeito para a pegada punk de Negrete ( que tinha começado em bandas punks), mas aí a sua cabeça já tava em outras e ele acabou saindo da banda. Descanse em paz, Negrete!

24 de fevereiro de 2015

Vídeos: 1- Homenagem ao Led Zeppelin / 2- AC/DC versão rural / 3- Guitarrista "adaptóide"/ 4- Versão gringa de "Tudo o Que Você Podia Ser"

Nos últimos meses, fui guardando links interessantes de vídeos mandados por amigos na rede. Todos musicais e surpreendentes. A homenagem ao Led já é bem conhecida - foi aquela de 2012 no Kennedy Center Honors - mas essa versão aqui inclui o início hilário com o ator Jack Black, uma breve retrospectiva da banda e a emocionante performance de Ann e Nancy Wilson, do Hearth ( com o baterista Jason Bonham, filho do baterista original do Led, John Bonham, falecido em 1980); a versão rural de "Thunderstruck" do AC/DC foi feita magistralmente pela banda finlandesa (!) Steve'N'Seagulls ( em busca pela internet tem outras versões desse grupo incrível); o terceiro vídeo mostra um guitarrista versátil e ágil até dizer chega, que encarna 10 grandes guitarristas do rock mundial a partir da melodia de "Get Lucky". Descobri que o músico se chama André Antunes, português residente em Londres; e por fim, uma versão bem simpática da clássica "Tudo o que Você Podia Ser" (Lô Borges - Márcio Borges), do Clube da Esquina (1972), com a ótima banda Phenomenal Hand Clap Band, que já tinha gravado a música com Marcos Valle no disco Red Hot + Rio ( aqui em versão ao vivo em 2011 em NY). Desses vídeos, pelo menos dois foram "pescados" do grande Marcos Canos, primo nosso residente em Curitiba e que adora compartilhar vídeos surpreendentes, principalmente musicais. Esse post é pra você, Marcão!
1- Homenagem ao Led Zeppelin - https://www.youtube.com/watch?v=OBZNbu76flA
2- AC/DC versão rural - https://www.youtube.com/watch?v=e4Ao-iNPPUc
3- Guitarrista "adaptóide"- https://www.youtube.com/watch?v=T_5sUcMpFXk
4- Versão ao vivo de "Tudo o Que Você Podia Ser" - https://www.youtube.com/watch?v=Q3DuKaD8xRQ

21 de fevereiro de 2015

Oscar 2015 : Boyhood, interessante e pretensioso / Hotel Budapeste: corajoso e eletrizante



Dentre os filmes que podem levar o Oscar deste ano, consegui assistir dois : o interessante "Boyhood, da Infância à Juventude", e o movimentado O Grande Hotel Budapeste. O primeiro foi filmado em 12 anos (sem vazar na mídia, o que é um feito e tanto) e traz pretensiosamente para a telona uma nova perspectiva cinematográfica do envelhecimento natural dos personagens. É uma experiência sensorial inédita ver o ator principal começar o filme com 9 anos e terminar com 21, mas se há esse lado instigante que te leva pra dentro da história, o próprio enredo não ajuda muito nessa sinergia e o resultado final acaba um tanto monótono e arrastado. Acredito que futuramente outros diretores usarão essa nova fórmula - que deve levar à exaustão todos os envolvidos - acrescentando mais recheio e emoção à narrativa. Em tempo: o ator Ethan Hawke, que interpreta o pai do garoto do título, concorre à ator coadjuvante. Merecido, pois trabalhou com garra e leveza nessa película, embora tenha que superar atores magistrais como Edward Norton ( sempre ele), Mark Rufallo ( que dizem, está irreconhecível em "Foxcatcher") e o veterano Robert Duvall. Já O Grande Hotel Budapeste, inspirado na obra do escritor austríaco Stefan Zweig , escritor inglês que se suicidou em Petropólis ( veja o perfil dele aqui: http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/08/o-brasil-e-o-novo-filme-de-wes-anderson-tem-algo-em-comum-voce-sabe-o-que.htm ), é mais um instigante e ágil filme multicolorido do diretor Wes Anderson (numa produção alemã/inglesa), com sua narrativa peculiar, seus personagens cativantes e bizarros, seu toque fantástico em cenas corriqueiras ( com o uso de marionetes, miniaturas e pinturas) e seus enquadramentos de cair o queixo. Na verdade, o diretor se aprofundou na própria vida aventureira e sofisticada de Zweig para compor o protagonista, um refinado concièrge de hotel que se vê deslocado da brutalidade e crueza dos tempos de guerra. Há uma dúzia de ótimos atores no longa, a começar por Ralph Finnes, que merecia pelo menos estar entre os indicados (a categoria está disputadíssima este ano). Os outros que enfileiram-se no elenco, alguns em cenas relâmpagos, perfazem um time estrelado: Bill Murray, Willem Dafoe, Edward Norton, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Jude Law, Owen Wilson e Tilda Swinton ( irreconhecível também), entre outros. Tony Revolori, como o novato mensageiro consegue se destacar entre tantos cobras. Wes não titubeia com tantos talentos e mostra que sabe trabalhar muito bem com uma grande leva de personagens, sem perdê-los na narrativa. Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" e o próprio "Boyhood" são os favoritos ao grande prêmio do cinema. Pelo que dizem, Birdman é inovador e surpreendente, com sua tomada que parece única. Vou tentar assistir antes da cerimônia para poder comparar com o Hotel Budapeste. Este último, por enquanto, é o meu favorito.

20 de fevereiro de 2015

Discoteca Oneyda Alvarenga


Pouca gente sabe, mas dentro do Centro Cultural São Paulo ( também conhecido como Centro Cultural Vergueiro) está instalada a Discoteca Oneyda Alvarenga, criada e idealizada por Mário de Andrade em 1935! Em seu impressionante acervo de 45.000 discos de 78 rpm, 26.000 discos de 33 rpm e 1500 CDs - além de filmes, partituras (60.000), fotos, livros e documentos diversos - está todo o material histórico relacionado às famosas expedições impetradas pelo próprio Mário de Andrade e equipe em busca de registros musicais e folclóricos pelo interior do Brasil nos anos 30/40. A discoteca ficou fechada para o público de outubro até este mês para readequações do acervo, e desde o começo do mês reabriu com algumas novidades, como uma pick-up liberada para audições dos visitantes ( com 50 discos previamente escolhidos pelos funcionários) e espaços mais amplos para os arquivos. Essa reabertura coincide com as comemorações dos 80 anos do espaço. Os discos raros, principalmente os de 78 rpm, não são manuseados pelos visitantes, mas uma parte considerável foi digitalizada para os CDs. O acesso até pode ser agendado, mas só com comprovação de objeto de estudo e pesquisa.
Abaixo, links com o acervo completo, endereço, horários e um interessante estudo sobre a produção e objetivos da discoteca pública. Lembrando que a entrada é gratuita.

http://memoria.fundap.sp.gov.br/memoriapaulista/acervo/ccsp-discoteca-oneyda-alvarenga

http://www.centrocultural.sp.gov.br/Colecoes_Discoteca.html

http://www9.prefeitura.sp.gov.br/forms/discoteca/#

http://www.scielo.br/pdf/pci/v18n4/13.pdf


19 de fevereiro de 2015

Adobe comemora os 25 anos do Photoshop

A Adobe, através da agência  GS&P, produziu um vídeo bem colorido e dinâmico, lançado hoje, em comemoração aos 25 anos do Photoshop. Na trilha, Dream On, clássico do Aerosmith, com direito à animação do próprio Steven Tyler. Curtam:

https://www.youtube.com/watch?v=QmYc1MNJaQc

Revista Nossa América Hoy, do Memorial da América Latina

No último evento de quadrinhos no Memorial da América Latina ( SP), consegui alguns números dessa interessante revista interna Nossa America Hoy. Pelo que vi no expediente, a publicação, lançada em 2013, é bimestral e dirigida pelo cineasta João Batista de Andrade. A antiga "Nossa América", revista do Memorial desde sua fundação em 1989, passou a sair em edição única anual. As capas da "Hoy", sempre em preto e branco, chamam a atenção e as pautas, sempre focadas no Brasil e nos países latinoamericanos, se aprofundam nos temas sem elocubrações supérfluas. Em todas as edições há uma matéria especial de capa ( Ditadura Militar, Cinema, etc). Só senti falta de charges e ilustrações internas, e uma diagramação mais solta, o que suavizaria o tom um tanto vetusto. Tem um preço na capa (R$5,90), mas dentro das instalações do Memorial acredito que seja de graça. De qualquer maneira, no link abaixo, pode-se fazer downloads das edições.

18 de fevereiro de 2015

Um autêntico Da Vinci?


No início do mês foi encontrado esse magnífico quadro acima, intitulado "O Retrato de Isabella D'Este", logo atribuído ao gênio renascentista Leonardo da Vinci. A obra estava em um banco em Lugano, na Suíça, e segundo a atual dona, uma senhora de 70 anos chamada Emidia Cecchini, pertence à sua família desde o início deste século. Duas investigações seguem paralelas: a polícia de Pesaro, responsável pela apreensão da peça, acredita que o quadro provavelmente foi transferido ilegalmente da Itália para a Suíça há alguns anos e que se o tráfico de arte for comprovado, outros tesouros desaparecidos poderão ser encontrados na mesma região. Já especialistas em arte questionam a suposta assinatura do mestre Da Vinci, pois análises preliminares apontam que a pintura foi feita pelo menos 50 anos depois do esboço dessa mesma obra, exposto no Museu do Louvre, na França. Por esse detalhe, os peritos aceitam a hipótese de que a verdadeira autoria seja de um dos discípulos de Da Vinci, inspirado no desenho original. Enquanto as análises continuam, Dona Cecchini declarou que a família não tinha noção do real valor da obra que tinha em mãos e comenta que seu advogado recomendou que se for vendê-la, que peça a bagatela de 95 milhões de euros! Esse caso, pelo visto, ainda vai dar muito pano pra manga.


17 de fevereiro de 2015

O Bloco dos "ex-Malditos" no álbum Itaú Cultural

O site Álbum Itaú sempre surpreende com sua seleção primorosa de vídeos, áudios, artigos e dicas de agenda. Uma grande sacada foi essa seleção na sua rádio interna Tabuleiro, com sambas compostos pelos chamados "malditos" ( não curto muito esse termo, pois pra mim, são todos ex-malditos, tamanha a procura por suas músicas hoje em dia): Jorge Mautner, Tom Zé, Walter Franco, Jards Macalé, Itamar Assumpção e Sérgio Sampaio. Todos eles compõe sambas com muita desenvoltura: Mautner e Franco sempre misturaram esse ritmo no caldeirão de composições, embora de todos os selecionados aqui, os dois sejam os que usaram com mais parcimônia e menos intensidade; Tom Zé sempre conviveu intimamente com o samba, chegando até a estudá-lo e desconstruí-lo no clássico LP "Estudando o Samba" (1976); Jards também trouxe para bem próximo o ritmo, fazendo grandes sambas em todos os seus discos e revisitando bambas clássicos em seu crucial LP "Quatro Batutas e Um Coringa" (1987), com obras de Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Lupicínio Rodrigues e Geraldo Pereira. E por último, Itamar Assumpção, talvez o mais inclassificável entre estes, que misturou e inventou tanto, que acabou criando um ritmo totalmente diferente. Nesse caldo, o samba aparece, mas sempre diluído em blues, toada, jazz, rap, breque, etc.
Com vocês, uma trilha de Carnaval bem atípica e nada amaldiçoada:
http://albumitaucultural.org.br/radios/os-malditos-tambem-sambam/ 

16 de fevereiro de 2015

International New York Times 16-01-2015 : luto, Rolling Stones e classics comic strip

Esse exemplar do Internacional New York Times, datado de 16/01/2015, eu ganhei do meu cunhado Zé, que estava mês passado na Alemanha à trabalho e sempre se lembra do velho cunhado quando vê algum impresso ou disco interessante. A edição destaca o enterro dos cartunistas do Charlie Hebdo, vítimas do atentado que abalou o mundo. Outro destaque é a grande matéria com os Rolling Stones, que esse ano completam inacreditáveis 53 anos de existência. Também fiz questão de mostrar a seção de quadrinhos do jornal: bem tradicional, mantém tiras clássicas, nenhuma com menos de 25 anos. Valeu, Zeca, esse já foi pro arquivo!



13 de fevereiro de 2015

Os 12 discos (+1) preferidos de Leo Engelmann*

"Malu e demais, finalmente a lista completa. Eu não queria repetir os disco citados por vocês, mas ficou difícil, visto que muita coisa eu ouvi por osmose de vocês mesmos. Mas muita coisa mesmo."


1. "Calor", Guilherme Arantes. 1986. CBS.
Meu primeiro LP dele, ganho de amigo secreto. Pra mim, o melhor LP dele em termos de produção. Naquela época (1986), foi gravado parte nos EUA, ainda um luxo pra época. Tem participação de gente de fora do Brasil.

                                                                    

2. "Cabeça dinossauro", Titãs. 1986. WEA. 

Auge da carreira do grupo, quando ainda era completo. 8 integrantes num grupo de rock. Vale destacar a mensagem subliminar da sequencia musical, onde há, implícita, a história da humanidade. Só prestar atenção: o LP abre com os batuques indígenas de "Cabeça dinossauro", que passa a mensagem sem o uso de nenhum verbo na letra, "Família" e "Dívidas". Em 2012, o álbum foi relançado em CD trazendo a versão demo completa.




3. "Off the wall", Michael Jackson. 10/08/1979. Epic Records. 

Não poderia faltar o ex-integrante do Jacksons 5. Primeiro álbum solo de Michael Jackson, foi gravado em exatos 180 dias e lançado menos de dois meses depois do término das gravações. Mas o que me vale mesmo é o relançamento em 2001 do CD especial de 30 anos ( não seriam 32? ) de "Off the wall", trazendo a bonus track com a demo de "Don't stop 'til you get enough" tocada pela Jacksons 5.



4. "The division bell", Pink Floyd. 28/03/1994. EMI. 
Não ter nada de Pink Floyd numa lista básica de álbuns realmente é de uma falta de sensibilidade sem tamanho. Desse álbum, minha preferida é "Take it back". Mas o que me chama atenção, mesmo, é a capa: os 'cabeções' da Ilha de Páscoa estão na capa que eu considero uma das mais bonitas.


5. "Moto Perpétuo", Moto Perpétuo. 1974. Continental. 
Rock progressivo nacional, o LP pode ser considerado raro pois foi o único lançado pela banda, que durou entre 1974 e 1975. Guilherme Arantes ( sim, de novo ) era o tecladista, vocal e compositor de várias faixas do LP. 



6. "Concentração", gravadora _____?, 1985 (?). Ah, o Jazz and Blues. Tão falado por vocês. Assisti uma única vez com o Marqueta um show do Celso Pixinga no J&B. Acredito que a questão técnica da gravação e finalização de um LP fora dos selos das grandes teria sido o maior desafio. É pelo desafio que ele está na lista, além claro, das músicas. É item de colecionador. Certa vez encontrei no Mercado Livre o LP à venda de um rapaz nas Alagoas.



7. "Clube da Esquina", Odeon, 1972. Discoteca básica da MPB. Aliás, discoteca básica, independente de ser o que é. Primeiro trabalho de Milton Nascimento e Lô Borges, juntos. Até então, Milton esteve se apresentando no RJ ( ele é carioca ) e havia lançado 5 álbuns entre 1965 e 1970. Falando em Milton...



8. "Travessia", Milton Nascimento. 1967, Codil; 2002, Dubas. Me perdoem, caros. Perdão duas vezes. A primeira, por repetir Milton Nascimento. O segundo perdão, por ter nesse disco a música "Travessia". E é dessa música que eu me atrevo a falar do disco todo. O ano, 1967. Vários países da América Latina estavam vivendo Ditadura Militar. O mesmo vale para o Brasil. Quem falasse mal do governo, pau. Seja jornalista, pintor, metalúrgico, sindicalista. Seja motorista de ônibus, dona de casa, professor, aluno. Na música, surgia o Tropicalismo, músicas com letras que criticavam a ditadura militar. Até aí, nenhuma novidade. "Travessia", de 1967, composto também por Fernando Brant e Wagner Tiso, foi somente o primeiro disco solo de Milton, segundo lugar no segundo  Festival Internacional da Canção da Rede Globo. Se prestar atenção na letra, há traços fortes de tropicalismo em "Travessia". Pra mim, é o ponto de partida dessa minha tese. Para reforçar ainda mais esse traço tropicalista, ouça "Promessas do Sol", de Milton Nascimento também.







9. "Milagre dos Peixes", Milton Nascimento. 1973, EMI Odeon. "Milton de novo, Léo?" Milton de novo. Disco com a minha idade, lembrado aqui não pelas músicas em si. Em tempos de mp3, youtube e podcasts, quem dá valor à capa? Há trabalhos magníficos em capas de LPs e CDs, como Born in the USA, de Bruce Springsteen; Pulse, de Pink Floyd ( o importado tinha um led piscando ); o LP de Fátima Guedes, gravado em 1980; Cristalina, de Lulina; Songs, do Yes, e por aí vai. Quando vi numa Feira de LPs em Santo André o disco "Milagre do Peixes" à venda, não pensei duas vezes para comprá-lo. A capa do LP se desdobra em seis e vira uma fotografia do Milton Nascimento criança. 



10. "Serious Hits Live", Phill Colins. 1990, Atlantic / Warner / Virgin. Esse pegou a virada da era LP e CD. Tanto que há pra vender as duas versões: LP duplo e CD. Três, se contar o DVD. Gosto de shows ao vivo, de verdade. Para minha decepção, esse é um show que jamais vou ver, ao vivo, no Brasil. O outro que eu queria ver era "Pulse". Pra quem viu o DVD ( será que tem dvd áudio 5.1? Blu-ray? ), se encanta com o palco, montado no centro. A plateia fica em volta, 360 graus. Participação do naipe de metais "The Phoenix Horns", diretamente do "Earth, Wind and Fire". Não acabou: Chester Thompson na bateria ( ele faz uma batalha com Phill Colins durante o show ) e Daryl Stuermer na guitarra acompanhavam Colins no Genesis. Disco para ver e ouvir em alto e bom som.




11. "Nirvana unplugged", Nirvana. 1994, Original Records Group. Até então eu não curtia muito rock pesado. "Nevermind", LP lançando o grupo Nirvana, me chamou muito a atenção. Disco de cabeceira também, mas falemos do Acústico deles. A marca "Unplugged" e "Acústico" pertenceram ao grupo Abril e à MTV antes dessa nova fase que temos aí. Como dito antes, eu curto sons ao vivo. Os acústicos são um prato cheio para isso. "Nirvana unplugged" surgiu também quase no mesmo contexto de "Serious Hits Live": a transição LP para CD. Além das inúmeras histórias que envolvem a gravação desse show ( o líder da banda Kurt Cobain pediu uma decoração de velório, além de estar drogado na gravação e ter errado muitas músicas por esquecimento ), existe uma tiragem especial do vinil na cor branca. Sim, o disco é branco. Encontrei um exemplar usado num site gringo a 197 reais, câmbio de hoje.



12 ( ufa ). Eu morava no Bairro Campestre, em Santo André. Essa, aliás, é a época em que eu tenho minhas lembranças mais antigas: a de quando eu tinha quatro ou cinco anos de idade. Eu ia numa escolinha que eu não gostava de jeito nenhum. Papai enfeitava a árvore da frente de casa com luzes brancas de Natal ( encontrei numa loja há umas três semanas as luzes, farei pro próximo Natal ), meu irmão com uma bandeira enorme do Corinthians, sinto até hoje o gosto do ovo de páscoa que ganhei nessa casa, o Fusca verde de um dos primeiros amigos do meu irmão e da família, as idas com meu vô na padaria da esquina. O ano? 1978 ou 1979. Nesse turbilhão de lembranças estavam uma vitrolinha portátil mais pesada que eu e um compacto laranja-translúcido com a história da Cinderela, narrada pelo Senor Abravanel. O disco foi lançado em 1975 e numa pesquisa rápida, dá pra encontrá-lo à venda por 45 reais. Esse, aliás, é o primeiro disco realmente meu ( salvo engano ) que deu origem ao que sou hoje: radialista, coralista e apaixonado por músicas.


Bonus album ( como não bastasse a bonus track )


13. "Renato Teixeira & Pena Branca e Xavantinho ao vivo em Tatuí", gravado em 21, 22 e 23 de setembro de 1992, gravadora Kuarup.
Um verdadeiro Ode à Música Caipira. Esqueçam Chitãozinho & Xororó, Trio Parada Dura, Donizetti e Perla. Para quem conhece Almir Sáter, Passoca, Helena Meireles, esse álbum está no mesmo nível. Diria até acima. Só clássicos intimistas da música caipira, passando por "Romaria", "Cio da Terra", "Amanheceu peguei a viola" e as surpreendentes "Gente que vem de Lisboa / Peixinhos do mar" ( mistura de música caipira e ladainha ) e "Rapaz caipira" ( Renato Teixeira faz uma brincadeira com a plateia sobra o sotaque caipira ). Vale cada música, cada acorde. 

* Leo Engelmann é radialista e um turbilhão criativo ambulante

Tomie Ohtake (1913-2015): o descanso da incansável

Tomie Ohtake chegou ao Brasil a passeio em 1936, mas gostou tanto daqui que acabou ficando. Casou no ano seguinte e embora já pintasse por hobby em seu Japão natal desde nova, decidiu focar na família por uma década e meia. Em 1952 retornou à arte, dessa vez de forma mais segura, após visitar uma mostra no MAM do pintor japonês Keya Sugano. Vários críticos e merchands na época incentivaram-na a continuar experimentando, entre eles Mario Schenberg e Geraldo Ferraz. Com esse incentivo na alma, Tomie se aproximou a partir de 1954 do abstracionismo, mas sem se envolver com os cânones acadêmicos. Estava aberto o caminho de experimentalismo e dualidade que perdurou por toda sua carreira artística. Força e suavidade, leveza e aspereza. E sempre com muita poesia. Naturalizou-se brasileira na década de 60, época crucial para a afirmação de sua pintura abstrata única - foi esse o período de suas famosas pinturas às cegas. Já nos anos 80, a linha curva vira o eixo de suas esculturas e a partir dos anos 90, transparência, profundidade e um ar etéreo fazem com que sua arte extrapole horizontes terrestres, como se acolhesse paisagens siderais diversas. Tomie, embora reservada e instrospectiva, mas sempre muito querida. foi grande amiga de Haroldo de Campos e  Yoko Ono, entre outros artistas. Virou a "dama das artes plásticas brasileiras" e suas obras estão espalhadas por todo o Brasil,  principalmente em São Paulo, terra que a acolheu. Aqui pertinho de mim, no paço de Santo André, tem uma obra recente sua ( veja link abaixo), assim como no Memorial da América Latina, estações de metrô e ruas ( o outro link abaixo, com as principais obras em São Paulo) . Trabalhou até o fim, até o último minuto de seus 101 anos, dois meses e 22 dias. Ontem, inevitavelmente, a morte levou a incansável guerreira.

http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=53992

http://vejasp.abril.com.br/materia/guia-obras-publicas-tomie-ohtake-sao-paulo/

12 de fevereiro de 2015

Os 12 discos preferidos do Rogério Engelmann*

Agora é pra valer! Um pouco antes do pontapé inicial dado pelo meu último post de 2014, ( http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2014/12/meus-12-discos-preferidos.html ), convidei grandes amigos, conhecedores e apreciadores da boa música, para publicar aqui no blog seus "12 discos preferidos". Como citei anteriormente, sei da tremenda encrenca que é listar só 12 discos entre tantos que ouvimos, curtimos e muitas vezes, veneramos durante a vida. Mas também sei que entre pré-listagens, rascunhos, reavaliadas e triagens, acrescidas de palpitações, apertos no coração e espasmos, essa brincadeira acaba ficando muito divertida.
Dois dos meus grandes amigos, os irmãos Rogério e Leo Engelmann, entregaram quase simultaneamente suas respectivas listas. Na verdade, confesso, eu acabei atrapalhando um pouco essa entrega, pois citara no início da ideia 10 discos, como no livro original, mas no fim prevaleceram mesmo os 12, só para diferenciar um pouco ( e - parece pouco mas não é - acrescentar pelo menos dois discos essenciais que estavam na reserva por falta de espaço).
Abaixo, a lista do Rogério, com seus devidos comentários.


"Tenho enorme dificuldade em elaborar uma lista dessas. Ao longo dos anos, esses "12+" foram mudando muito, em função da quantidade e qualidade do que fui ouvindo. Como vocês já apontaram, "10" pode virar "20", ou "10" nacionais e "10" internacionais, sei lá. Aí vai a lista dos "Doze"...Os comentários são curtos, mas já passou muito tempo!"


1 - Concentração - 1986 - Vários - Vinil gravado ao vivo no Jazz & Blues. Esse, como todos abaixo, causaram grande impacto na primeira audição, e viram bem até hoje.


2 - Off the Wall - 1979 - Michael Jackson - O melhor álbum pop de todos os tempos.


3 - Give me the Night - 1980 - George Benson - O segundo melhor álbum pop de todos os tempos.


4 - The Dude - 1981 - Quincy Jones - "O" álbum pop do produtor do primeiro e do segundo. É inclassificável, não há escala para esse. Suprasumo.


5 - Cosmic Messenger - 1977 - Jean-Luc Ponty - Minha iniciação no fusion.    Esse, por ser o primeiro marcou, por isso está aí. Mas tenho outros, não sei dizer de qual gosto mais.


6 - Radioactivity - 1978 - Kraftwerk - Minha iniciação no eletrônico.   Na verdade foi o "The Man Machine", que ouvi em 1975, mas foi o Radioactivity que impactou mesmo. Ou consolidou o do primeiro. Sei lá. Isso dá uma boa história...


7 - Corredor Polonês - 1987 - Patife Band - Uma pedrada. Que veio de estilingue pelo rádio (o Transglobe do Nê), numa noite morna da primavera de 1988, no sítio do Egon. 


8 - Variations for Winds, Strings and Keyboards - 1986 - Steve Reich - É o maior esforço feito para transformar música em arquitetura. Tenho uma sensação de "espaço" quando ouço, a mesma que sinto ao apreciar um prédio.


9 - Find Out - 1985 - Stanley Clarke - Misturou black music, jazz fusion e música clássica no contra baixo. Falo do Stanley Clarke, esse álbum é bom mas é meio popzinho. E sem falar do "Return to Forever".


10 - Zapp - 1980 - Zapp - O Funk em estado essencial, no nível "zero", ou seja, no nível do piso das pistas de dança (o melhor nível possível, em certos aspectos). Uma espécie de "buraco negro" do Funk. O Zapp faz o tempo parar.


11 - Via Láctea - 1979 - Lô Borges - Podia ser o Clube da Esquina, podia ser algum do Beto Guedes ou podia ser do Milton, mas vai o do Lô, e "Tudo o Que Você Podia Ser"...


12 - Pedrinho - 1980 - Vitor Assis Brasil - Saxofonista virtuose, fez carreira nos EUA, faleceu jovem, doença rara. Infelizmente pouco divulgado. Vinil, que rodou muito, mas muito mesmo, junto com o "Banda Metalurgia", o "Concentração", "Pindorama" do Pau Brasil, e outros, que já faziam um Jazz Brasil já meio "ácido"... Uma homenagem.


"Baixei" essa lista em cerca de dois minutos. Não está em ordem de importância. Mas tem mais, tem muito mais.Se eu mandar outra lista amanhã, ou semana que vem, talvez não sejam os mesmos; falta muita coisa aí. Chic Corea, Miles Davis, Paco de Lucia, Ron Carter, Sting e The Police, Double, Premiatta F. Marconi, Triumvirat, Crosby, Stills, Nash & Young, O Terço, Os Mutantes, George Duke, George Clinton, Chaka Kan, Earth, Wind and Fire, Heatwave, Tim Maia, Banda Black Rio, Azymuth, Jorge Ben, Metalurgia, Joss Stone, US3, Incognito, Jamiroquai, Kruder & Dorfmeister, Tom Jobim, João Gilberto e toda a turma da Bossa Nova, e tem mais...Vou parar por aqui. Difícil mesmo."

* Rogério Engelmann é arquiteto e sempre que tem oportunidade, projeta paredes de sons inquebrantáveis.