13 de fevereiro de 2015

Os 12 discos (+1) preferidos de Leo Engelmann*

"Malu e demais, finalmente a lista completa. Eu não queria repetir os disco citados por vocês, mas ficou difícil, visto que muita coisa eu ouvi por osmose de vocês mesmos. Mas muita coisa mesmo."


1. "Calor", Guilherme Arantes. 1986. CBS.
Meu primeiro LP dele, ganho de amigo secreto. Pra mim, o melhor LP dele em termos de produção. Naquela época (1986), foi gravado parte nos EUA, ainda um luxo pra época. Tem participação de gente de fora do Brasil.

                                                                    

2. "Cabeça dinossauro", Titãs. 1986. WEA. 

Auge da carreira do grupo, quando ainda era completo. 8 integrantes num grupo de rock. Vale destacar a mensagem subliminar da sequencia musical, onde há, implícita, a história da humanidade. Só prestar atenção: o LP abre com os batuques indígenas de "Cabeça dinossauro", que passa a mensagem sem o uso de nenhum verbo na letra, "Família" e "Dívidas". Em 2012, o álbum foi relançado em CD trazendo a versão demo completa.




3. "Off the wall", Michael Jackson. 10/08/1979. Epic Records. 

Não poderia faltar o ex-integrante do Jacksons 5. Primeiro álbum solo de Michael Jackson, foi gravado em exatos 180 dias e lançado menos de dois meses depois do término das gravações. Mas o que me vale mesmo é o relançamento em 2001 do CD especial de 30 anos ( não seriam 32? ) de "Off the wall", trazendo a bonus track com a demo de "Don't stop 'til you get enough" tocada pela Jacksons 5.



4. "The division bell", Pink Floyd. 28/03/1994. EMI. 
Não ter nada de Pink Floyd numa lista básica de álbuns realmente é de uma falta de sensibilidade sem tamanho. Desse álbum, minha preferida é "Take it back". Mas o que me chama atenção, mesmo, é a capa: os 'cabeções' da Ilha de Páscoa estão na capa que eu considero uma das mais bonitas.


5. "Moto Perpétuo", Moto Perpétuo. 1974. Continental. 
Rock progressivo nacional, o LP pode ser considerado raro pois foi o único lançado pela banda, que durou entre 1974 e 1975. Guilherme Arantes ( sim, de novo ) era o tecladista, vocal e compositor de várias faixas do LP. 



6. "Concentração", gravadora _____?, 1985 (?). Ah, o Jazz and Blues. Tão falado por vocês. Assisti uma única vez com o Marqueta um show do Celso Pixinga no J&B. Acredito que a questão técnica da gravação e finalização de um LP fora dos selos das grandes teria sido o maior desafio. É pelo desafio que ele está na lista, além claro, das músicas. É item de colecionador. Certa vez encontrei no Mercado Livre o LP à venda de um rapaz nas Alagoas.



7. "Clube da Esquina", Odeon, 1972. Discoteca básica da MPB. Aliás, discoteca básica, independente de ser o que é. Primeiro trabalho de Milton Nascimento e Lô Borges, juntos. Até então, Milton esteve se apresentando no RJ ( ele é carioca ) e havia lançado 5 álbuns entre 1965 e 1970. Falando em Milton...



8. "Travessia", Milton Nascimento. 1967, Codil; 2002, Dubas. Me perdoem, caros. Perdão duas vezes. A primeira, por repetir Milton Nascimento. O segundo perdão, por ter nesse disco a música "Travessia". E é dessa música que eu me atrevo a falar do disco todo. O ano, 1967. Vários países da América Latina estavam vivendo Ditadura Militar. O mesmo vale para o Brasil. Quem falasse mal do governo, pau. Seja jornalista, pintor, metalúrgico, sindicalista. Seja motorista de ônibus, dona de casa, professor, aluno. Na música, surgia o Tropicalismo, músicas com letras que criticavam a ditadura militar. Até aí, nenhuma novidade. "Travessia", de 1967, composto também por Fernando Brant e Wagner Tiso, foi somente o primeiro disco solo de Milton, segundo lugar no segundo  Festival Internacional da Canção da Rede Globo. Se prestar atenção na letra, há traços fortes de tropicalismo em "Travessia". Pra mim, é o ponto de partida dessa minha tese. Para reforçar ainda mais esse traço tropicalista, ouça "Promessas do Sol", de Milton Nascimento também.







9. "Milagre dos Peixes", Milton Nascimento. 1973, EMI Odeon. "Milton de novo, Léo?" Milton de novo. Disco com a minha idade, lembrado aqui não pelas músicas em si. Em tempos de mp3, youtube e podcasts, quem dá valor à capa? Há trabalhos magníficos em capas de LPs e CDs, como Born in the USA, de Bruce Springsteen; Pulse, de Pink Floyd ( o importado tinha um led piscando ); o LP de Fátima Guedes, gravado em 1980; Cristalina, de Lulina; Songs, do Yes, e por aí vai. Quando vi numa Feira de LPs em Santo André o disco "Milagre do Peixes" à venda, não pensei duas vezes para comprá-lo. A capa do LP se desdobra em seis e vira uma fotografia do Milton Nascimento criança. 



10. "Serious Hits Live", Phill Colins. 1990, Atlantic / Warner / Virgin. Esse pegou a virada da era LP e CD. Tanto que há pra vender as duas versões: LP duplo e CD. Três, se contar o DVD. Gosto de shows ao vivo, de verdade. Para minha decepção, esse é um show que jamais vou ver, ao vivo, no Brasil. O outro que eu queria ver era "Pulse". Pra quem viu o DVD ( será que tem dvd áudio 5.1? Blu-ray? ), se encanta com o palco, montado no centro. A plateia fica em volta, 360 graus. Participação do naipe de metais "The Phoenix Horns", diretamente do "Earth, Wind and Fire". Não acabou: Chester Thompson na bateria ( ele faz uma batalha com Phill Colins durante o show ) e Daryl Stuermer na guitarra acompanhavam Colins no Genesis. Disco para ver e ouvir em alto e bom som.




11. "Nirvana unplugged", Nirvana. 1994, Original Records Group. Até então eu não curtia muito rock pesado. "Nevermind", LP lançando o grupo Nirvana, me chamou muito a atenção. Disco de cabeceira também, mas falemos do Acústico deles. A marca "Unplugged" e "Acústico" pertenceram ao grupo Abril e à MTV antes dessa nova fase que temos aí. Como dito antes, eu curto sons ao vivo. Os acústicos são um prato cheio para isso. "Nirvana unplugged" surgiu também quase no mesmo contexto de "Serious Hits Live": a transição LP para CD. Além das inúmeras histórias que envolvem a gravação desse show ( o líder da banda Kurt Cobain pediu uma decoração de velório, além de estar drogado na gravação e ter errado muitas músicas por esquecimento ), existe uma tiragem especial do vinil na cor branca. Sim, o disco é branco. Encontrei um exemplar usado num site gringo a 197 reais, câmbio de hoje.



12 ( ufa ). Eu morava no Bairro Campestre, em Santo André. Essa, aliás, é a época em que eu tenho minhas lembranças mais antigas: a de quando eu tinha quatro ou cinco anos de idade. Eu ia numa escolinha que eu não gostava de jeito nenhum. Papai enfeitava a árvore da frente de casa com luzes brancas de Natal ( encontrei numa loja há umas três semanas as luzes, farei pro próximo Natal ), meu irmão com uma bandeira enorme do Corinthians, sinto até hoje o gosto do ovo de páscoa que ganhei nessa casa, o Fusca verde de um dos primeiros amigos do meu irmão e da família, as idas com meu vô na padaria da esquina. O ano? 1978 ou 1979. Nesse turbilhão de lembranças estavam uma vitrolinha portátil mais pesada que eu e um compacto laranja-translúcido com a história da Cinderela, narrada pelo Senor Abravanel. O disco foi lançado em 1975 e numa pesquisa rápida, dá pra encontrá-lo à venda por 45 reais. Esse, aliás, é o primeiro disco realmente meu ( salvo engano ) que deu origem ao que sou hoje: radialista, coralista e apaixonado por músicas.


Bonus album ( como não bastasse a bonus track )


13. "Renato Teixeira & Pena Branca e Xavantinho ao vivo em Tatuí", gravado em 21, 22 e 23 de setembro de 1992, gravadora Kuarup.
Um verdadeiro Ode à Música Caipira. Esqueçam Chitãozinho & Xororó, Trio Parada Dura, Donizetti e Perla. Para quem conhece Almir Sáter, Passoca, Helena Meireles, esse álbum está no mesmo nível. Diria até acima. Só clássicos intimistas da música caipira, passando por "Romaria", "Cio da Terra", "Amanheceu peguei a viola" e as surpreendentes "Gente que vem de Lisboa / Peixinhos do mar" ( mistura de música caipira e ladainha ) e "Rapaz caipira" ( Renato Teixeira faz uma brincadeira com a plateia sobra o sotaque caipira ). Vale cada música, cada acorde. 

* Leo Engelmann é radialista e um turbilhão criativo ambulante

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