24 de abril de 2015
Show do Tavito em São Caetano (23/04/2015)
Ontem, fui com a family ao show do Tavito no Teatro Santos Dumont, pertinho de casa. E que showzaço! A apresentação foi num formato econômico: Tavito e o músico Nando Lee, que participa de seu último disco, "Mineiro", intercalando guitarra/violão e desfiando clássicos de sua lavra. E olha que não são poucos: "Casa no Campo" ( parceria com Zé Rodrix) , "Rua Ramalhete" ( com Ney Azambuja), "Começo, Meio e Fim", "Aquele Beijo", "Cowboy", "Naquele Tempo". Cantou até "Sábado" ( de Fredera), e "Feira Moderna" ( de Lô Borges, Beto Guedes e Fernando Brant), músicas do repertório de seu primeiro grupo, o Som Imaginário, antológica banda de rock progressivo/rural formada só por "feras" ( além de Tavito, Zé Rodrix, Fredera, Robertinho Silva, Luiz Alves, Wagner Tiso). Entre uma e outra canção, muitas piadas, causos mineiros, paródias ( Beat it de Michael Jackson virou o jingle "Bidê") e alguns exemplos de sua época de compositor de jingles - além da muito conhecida "Coração Verde e Amarelo" ( do refrão " com o coração batendo a mil/ é taça na raça, Brasil"), surpreendeu a platéia com a inclusão de "Marcas do que se Foi", que quase todo mundo conhece mas poucos sabiam ser de sua autoria. Esse desconhecimento tem explicação: Tavito, embora tenha sido preso na época da ditadura e perdido pessoas próximas, acabou fazendo essa música - que virou febre - para o governo federal, em um momento de pretensa distensão política. Na época, ele tinha a agência de jingles Zuruna ( também responsável pela "Vem pra Caixa você também") em sociedade com Paulo Sergio Valle, que recebia muita encomenda, incluindo essa, que acabou tendo sua autoria revelada há pouco tempo. Revelou outras composições preciosas de sua carreira, como as parcerias com seu "amigo de escolha" Renato Teixeira e o tango composto com Aldir Blanc para uma novela global, que embora cantado por Zé Ramalho, jamais foi tocado durante o folhetim televisivo. Um show intimista, lírico, de coração aberto, a cara do Tavito, um compositor que merecia mais reconhecimento nesse Brasilzão que só anda celebrando coisas descerebradas. Além de clássicos perenes, Tavito foi um dos grandes músicos do movimento Clube da Esquina, participando do seminal Som Imaginário, que participou da fase solo mais criativa de Milton Nascimento ( 1970 a 1974), incluindo os arranjos e execuções instrumentais do internacionalmente conhecido disco "Clube da Esquina". Fechando a noite com chave de ouro, na saída ganhei dedicatória do compositor na coletânea que ele faz e vende exclusivamente em shows. Valeu, Tavito!
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