Em A Moreninha, um de seus primeiros papéis na TV Globo (1975) ( Divulgação TV Globo) |
Em Uma Rosa Com Amor (1972) com Grande Otelo ( Divulgação TV Globo) |
Foi o caso da novela "Uma Rosa com Amor" de 1972/1973, contracenando com um elenco de primeira, destacando Paulo Goulart, Grande Otelo, Lélia Abramo, Felipe Carone, Yoná Magalhães e Tônia Carrero. O interessante é que eu, do alto dos meus 5 anos de idade, me lembro de quase tudo dessa trama: o cortiço, os bonecos de marionetes do Seu Pimpinoni (Grande Otelo), Yoná loira,etc. Nesse mesmo 1972 fez o especial Viva Marília, um termômetro da sua grande fase na emissora. A atriz, que também já mostrou inúmeras vezes seu dote de cantora e dançarina em musicais ( além de gravar um LP inteiro em 1975 pela Som Livre - "Feiticeira"), nunca deixou de ser contratada da Globo, mas com sua preferência natural para o teatro e suas atuações pontuais e perenes no cinema - a cena de Pixote com Marília Pêra amamentando o menor ficará para sempre entre as imagens mais marcantes da sétima arte - os papéis em novelas se tornaram bem espaçados e algumas vezes aquém de sua importância como intérprete. Houve sim bons e esparsos momentos - JK, Incidente em Antares, Elas por Ela ( outro especial à sua altura), O Primo Basílio, Quem Ama Não Mata - mas já a partir dos anos 70, o palco era definitivamente a casa sagrada de Marília. Não sei se talvez por conta desse distanciamento, a TV Globo pecou em não fazer um especial em homenagem a uma de suas mais genuínas e brilhantes atrizes. Pipocaram aqui e ali algumas retrospectivas na programação normal da emissora, mas nada relevante.
Seu último papel, em Pé na Cova ( divulgação TV Globo) |
https://www.youtube.com/watch?v=y8ToEddXzbI
Lemmy Kilmister (1945-2015)
O baixista, cantor , compositor e líder da banda Motorhead faleceu no dia 28/12, depois de ter diagnosticado um câncer raro e agressivo dois dias antes. Sua saúde já andava abalada há uns anos e alguns compromissos da banda foram cancelados por conta disso, mas sempre que possível, lá estava ele à frente, tocando e cantando seus hinos pesados para a platéia sempre ávida e deixando uma impressão enganosa de que continuava inabalável. Lemmy é daqueles ícones do rock que acabam extrapolando o próprio rock em si e viram lenda viva - pelo seu modo de vida, pelo seu visual, pelas suas letras, pelos seus casos pessoais incríveis e principalmente por não ter medo de dar as caras e bater de frente sempre que possível com qualquer assunto que seja. O Motorhead, claro, anunciou seu fim logo depois do anúncio do óbito - Lemmy era o único integrante a passar por toda a trajetória do grupo que fundou. A banda foi seminal na evolução do gênero mais pesado do rock, injetando adrenalina e velocidade ao hard e ao heavy metal misturada à atitude estradeira e punk. Pelo menos três discos merecem ser exibidos no panteão das grandes obras de rock de todos os tempos: Bomber ( 1979), Ace of Spades (1980 - com a faixa título que virou assinatura da banda) e No Sleep'Til Hammersmith (1981 - considerado um dos grandes discos ao vivo do rock pesado). Não que os outros lançamentos não mereçam uma ouvida - todos tem seus grandes momentos. Lemmy estava na estrada do rock há tempos: começou em bandas obscuras dos anos 60, passou pelo exótico Sam Gopal entre 1968 e 1969 até se firmar na louca banda Hawkwind, de space rock, onde permaneceu de 1972 a 1975.
Motorhead original. O baterista Phil "Animal" Taylor, à direita, faleceu em novembro. |
Depois veio a avalanche chamada Motorhead, de onde nunca mais saiu ( paralelamente chegou a fazer um projeto de rockabilly chamado The Head Cat, desde 2000) e que mudou o rock pra sempre. Valeu, Lemmy, por devolver ao rock sua honestidade e rebeldia ainda dos tempos do rock and roll negro.
https://www.youtube.com/watch?v=H42FmyDBmWA
William Guest (1941-2015)
Cantor do grupo Gladys Knight & The Pips, uma legenda da música negra mundial, faleceu em 26/12. Por 36 anos ( 1953 a 1989) Guest integrou a banda, continuando na música depois através de sua produtora e trabalhando como CEO da Crew Records. Em 2013, coescreveu com seu irmão a autobiografia "Midnight Train for Georgia: A Pips Journey".
https://www.youtube.com/watch?v=HwbmufPphP0
Bradbury foi baterista dos Specials, um dos grupos ingleses que revitalizaram o Ska nos anos 80 e se engajaram na luta contra o racismo. Ele entrou dois anos depois da fundação da banda, em 1979, e se tornou um dos grandes instrumentistas do período, logo respeitado pelo meio, com um estilo todo próprio e inovador. Fez a passagem no dia 28/12.
https://www.youtube.com/watch?v=nxHcx7FO8nI
Tutuca (1932-2015)
Um dos últimos remanescentes da velha guarda do humor ainda ativos na TV de anos mais recentes, Tutuca começou a carreira nos anos 50. No programa Balança Mas Não Cai, simultâneo na rádio e TV criou o faxineiro que vivia de olho na mulherada, com o famoso bordão "Ah, se ela me desse bola...". Mais tarde outro bordão seu - "Xiiii" - caiu na boca do povo. Desde então, Tutuca frequentou dezenas de programas humorísticos na telinha, de Apertura á Praça é Nossa, de Sob Nova Direção à Zorra Total ( uma de suas últimas participações). No cinema, estreou junto com Jô Soares no "O Homem do Sputnik", de 1959 e se destacou no "O Homem que Roubou a Copa do Mundo" de 1962, ao lado de Ronald Golias. Nos últimos tempos esteve no elenco de "Os Normais" e "A Guerra dos Rocha", considerado por ele um dos mais importantes de que participou. Faleceu em 03/12.
https://www.youtube.com/watch?v=kgOy_-TKfYU
Paulo Hamasaki ( 1941-2015)
Da esquerda para a direita: Fausto Takaoka, Gilberto Firmino e Paulo Hamasaki, nos tempos da Noblet ( arquivo: Gilberto Firmino) |
Desenhista, editor de HQs e diretor de arte, teve participação crucial na produção de quadrinhos na década de 60 e 70. Começou como estagiário na CEPTA ( Cooperativa Editora e Trabalho de Porto Alegre), iniciativa interessante de abertura da distribuição de autores nacionais que acabou abortada com o início da Ditadura Militar. Em seguida, passou a ser um dos primeiros colaboradores de Maurício de Sousa, tornando-se o primeiro diretor de arte em seu estúdio. Nessa época, Maurício ainda não tinha revistas em banca com seus personagens e o forte era a distribuição de tiras para jornais de todo país e a edição da Folhinha, suplemento da Folha de São Paulo com passatempos e quadrinhos. Uma de suas ideias originais, "Os Dez Ajustados", sobre uma família e seus problemas cotidianos, acabou sendo distribuída via Mauricio em 1967.
Um de seus personagens em revista própria, pela Grafipar |
Entre os anos 70 e 80, colaborou para a Editora Abril - onde chegou a publicar na revista Contigo, "Cris, a Repórter" - para a Noblet, a M&C (Mimani &Cunha) e para a Grafipar. A partir daí, virou editor independente, lançando revistas com seus antigos personagens, como Ágata, Torn, Caruncho&Caroço, Sanjuro, entre outros, e também novos talentos.
Aqui, uma daquelas minuciosas e saborosas entrevistas feitas por Tony Fernandes. Ele conversou com Hamasaki em 2011
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