24 de fevereiro de 2016

A volta/adeus do Fellini!

Já mencionei aqui grandes momentos da agitada década de 80, onde curti pra valer minha juventude ( dos 13 aos 23 anos) e uma dessas grandes cenas foi com certeza o pequeno mas antológico show que o Fellini deu no palco do espaço Off em São Paulo. O local era uma espécie de picadeiro de circo, com as cadeiras dispostas em sequência circular, e a atração ficava bem no miolo do círculo, abaixo da plateia. O Fellini tava no início de suas atividades ( acredito que era 1985) e fui com os amigos undergrounds de sempre - Rogério, Fabinho e talvez o Zequinha. Já na apresentação, o vocalista Cadão soltou essa: "Eu sou o Dinho Ouro Preto e esse é o Capital Inicial". O show em si foi um grande celebração à música experimental e de garagem, com muitos efeitos sonoros, distorções, sacadas gestuais e total teatralização das letras bem sacadas e desencanadas à beira do nonsense. Depois desse show, compramos todos os outros discos subsequentes ( o primeiro, "O Adeus de Fellini" foi o que fez a gente conhecer a banda) e cada um deles sempre foi motivo de audições especiais e discussões inflamadas em seguida, tudo com muita paixão. Curtimos a vanguarda com total convicção e prazer na época, geralmente em porões, bares mínimos e becos escondidos. Essa era a São Paulo que valia a pena. Anteontem, na página do mesmo Cadão Volpato, voltei aos ares enfumaçados e subterrâneos de Sampa 80, ao me deparar com as datas da "nova turnê mundial" do Fellini, mundão esse que passa pelo Z Carniceria ( na Augusta), Sesc Belenzinho e o mítico Centro Cultural Vergueiro ( datas na imagem). Já chamei os velhos comparsas para esse remergulho... quem sabe. De qualquer modo, o velho Fellini está nas ruas, com Cadão Volpato, Thomas Pappon na batera (os de todas as formações anteriores) e Jair Marcos e Ricardo Salvagni, ou seja a formação original de 84/85, tocando na íntegra o cultuado disco "Amor Louco" de 1990, mas disponíveis para relembrar os classics das outras obras. Fellini quando volta, sempre diz adeus, pois como Cadão já disse em entrevistas, nunca são voltas definitivas, mas apenas reentradas relâmpagos.
E para entrar mais no clima, segue a íntegra do texto assinado por Volpato para a Piauí em 2007 sobre o primeiro show da banda e um encontro pra lá de especial.

http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/a-passagem-do-professor-aloprado/

Nenhum comentário:

Postar um comentário