Entre maio e junho assisti a shows bem bacanas por um preço totalmente de acordo com a atual crise econômica. Todos eles, Renato Braz, Toninho Horta e Martinho da Vila foram no SESC Santo André e todos eles não passaram de R$20,00! Claro que tenho a vantagem de pagar como dependente da minha esposa, a titular da carteirinha do SESC, mas mesmo o preço para o público em geral vale muito a pena, se compararmos com os preços estratosféricos que andam cobrando por aí. O formato dos espetáculos geralmente é acústico e muitas vezes com uma formação bem enxuta no palco, caso dos shows do Renato Braz, que se acompanhou apenas de um pianista convidado e de Toninho Horta, também com um pianista para lhe ajudar. Ambos os shows foram intensos e emocionantes - Renato Braz pra mim é um dos grandes vocalistas do momento e os extremos onde leva sua voz são de arregalar os olhos. Já Toninho Horta, cada vez utiliza uma linguagem própria com as cordas; desta vez tocou mais violão que guitarra, mas extrapolou como sempre em sua intrincada e ligeira forma de tocar, com o vocal nem sempre usando palavras, mas apenas permeando suas reviravoltas harmônicas, como se fosse outro instrumento. Martinho da Vila já trouxe outro formato e por isso mesmo não tocou no anfiteatro da casa, mas no palco externo, bem maior e com espaço razoável para se colocar cadeiras avulsas. Com uma banda muito bem azeitada e acompanhado de dois filhos - Tunico Ferreira na percussão e Juliana Ferreira na voz, Martinho se mostrou muito á vontade como anfitrião da história do samba. O repertório bem pesquisado trouxe de pré-sambas, maxixes e sambas pioneiros, a vertentes posteriores que passaram pelo samba canção, a bossa nova e os festivais. E alguns sambas que lhe tiraram da zona do conforto - caso da própria bossa e dos paulistas Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini ( na trágica Cravo Branco). Não faltaram nessa "aula" de samba os primordiais Noel Rosa e Dorival Caymmi, além de várias criações do próprio Martinho, a começar pelo seu sucesso primeiro, "O Pequeno Burguês". Entre uma música e outra, Martinho ia narrando com muita clareza e compenetração a trajetória do gênero, seguindo fielmente o roteiro estabelecido do espetáculo (como pode ser visto no folder anexo). Uma noite surpreendente que só não foi perfeita por causa de alguns "sem noção" na plateia, que não só se recusaram a escutar a narração histórica feita com todo respeito por Martinho, preferindo ficar dançando ao lado das cadeiras, bebendo e falando muito alto. Martinho, um gentleman, ignorou solenemente essa ala e seguiu à risca seu roteiro. No fim, um showzaço para não se esquecer.
( segue o folder na íntegra, com roteiro, ficha técnica e repertório)
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