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Navalha na Carne: Tonia Carrero, Emiliano Queiroz e Nelson Xavier |
Um mês de grandes despedidas nas artes. Nelson Xavier era daqueles atores que comoviam, inclusive em suas cenas de silêncio profundo. As pausas do Nelson Xavier ( vejam em suas composições de Lampião e Chico Xavier, por exemplo) são momentos para serem perpetuados. Viveu sua vida para a dramaturgia, fazendo aproximadamente 50 filmes, além de dezenas de novelas, minisséries e peças em uma carreira com quase 60 anos.O começo dela foi no teatro, quando se juntou á Boal e o grupo Arena. Depois de se formar na USP (Escola Dramática), mostrou textos seus para o diretor mas acabou mesmo fazendo parte do elenco no palco, de onde nunca mais saiu. Enquanto estudava, trabalhou como revisor e depois crítico na revista Visão. Fez história em vários momentos, mas principalmente como Mario no filme "A Queda" de Ruy Guerra ( 1976 - por ele ganhou o Urso de Prata em Berlim) Lampião em "Lampião e Maria Bonita" ( 1982 na Rede Globo) e Chico Xavier, cinebiografia do médium mineiro de 2010 que segundo o ator, socialista e ateu até então, "mudou suas concepções e o fez acreditar e buscar a evolução espiritual" depois de encenar o mestre espírita. Outros bons momentos: como diretor teatral no Recife ainda nos anos 60, nas parcerias com Fauzi Arap/Plinio Marcos ( como ator em Dois Perdidos numa Noite Suja e Navalha na Carne), no filme Os Fuzis, de Ruy Guerra (1964) e estrelando o filme de Antonio Carlos de Fontoura, "Mulher Diaba" ( 1975). Ganhou um último prêmio em 2016, como melhor ator no Festival do Rio - já tinha ganho um Kikito em 2014 por sua atuação em "A Despedida". Lutava contra um câncer há 14 anos, e mesmo que a doença o deixasse com o andar mais lento e o corpo mais frágil, se mantinha altivo, discreto, sempre trabalhando. Nelson Xavier era assim.
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Com o amigo Milton Gonçalves em "Rainha Diaba" |
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