Finalmente tenho em mãos o lançamento mais esperado do ano no mercado dos quadrinhos: "Em Busca do Tintin Perdido", de Ricardo Leite, que saiu aqui no Brasil pela corajosa e audaciosa Editora Noir de Gonçalo Junior. Esse projeto, que como a própria capa já deixa clara, é uma "Fantasia Autobiográfica", ou seja, inclui pitadas de ficção com cenas e lembranças da vida do autor. O intenso projeto vem sendo burilado há alguns anos e todo o seu processo de criação foi acompanhado na internet por centenas de entusiastas dos quadrinhos e admiradores do traço encantador do artista. Leite é um destacado designer gráfico, com uma carreira premiada que inclui capas icônicas do rock Brasil nos anos 80 e de parte da nata da Música Brasileira em centenas de LPs, CDs e DVDs e passagens em revistas como Spektro, InterQuadrinhos e Bundas. A epopeia pessoal do álbum de capa dura começa quando o autor, recém separado, se vê aos 55 anos (minha idade hoje) em uma crise existencial que o faz buscar a sua essência, desde a infância, quando se emocionava com as mais diversas revistas em quadrinhos que adquiria em bancas de jornais até o adolescente que se tornou fã inveterado do quadrinho europeu e prometeu pra si mesmo que um dia ia se tornar um quadrinista conhecido. As idas e vindas dessa jornada interior ao próprio eu do passado em confronto com o Ricardo Leite do presente vem mesclada por aparições de lendas das HQs mundiais e colegas profissionais e amigos do inebriante e inconstante mercado de quadrinhos nacional, tudo isso primorosamente desenhado em cenários alucinantes e diagramação e enquadramentos surpreendentes. Essa obra já está correndo rapidamente entre especialistas e colecionadores do Brasil e no circuito Bélgica-França-Portugal e merece ser reconhecida como uma das melhores obras do gênero no mundo. Afinal, "Em Busca do Tintin Perdido", depois de tantos anos de expectativa, é um clássico instantâneo. Os Ricardos Leites de outros tempos já podem comemorar com o Ricardo Leite atual.
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