Ontem à tarde, 12/09, soube da morte do querido Fabian Chacur, jornalista que mantinha na rede há mais de 17 anos o excelente blog musical Mondo Pop. O baque não foi só porque seu falecimento foi abrupto - um infarto, algumas horas depois do seu último texto no blog - mas porque além de sua verve para escrever textos concisos e ao mesmo tempo apaixonantes sobre música, havia também o seu modo operandi de tratar os colegas e amigos com ternura e gentileza, fosse o assunto que fosse, o que hoje em dia, são dádivas preservadas por poucos. Vez em quando, quando a correria permitia, eu mantinha um papo descontraído com ele no messenger e suas mensagens vibrantes e acalentadoras sempre faziam o dia ficar são e salvo. O seu nome assinado em revistas eu já conhecia desde a segunda metade dos anos 1980, em resenhas e matérias da Som Três e da Bizz. Depois de passar pela redação do já extinto Diário Popular e fazer cobertura musical para o R7 e editoras diversas, resolveu pousar todo o seu conhecimento musical acumulado em um site próprio e desde então, o Mondo Pop reina na rede como um dos mais completos e instigantes blogs especializados sobre o imenso e eclético universo pop mundial. Entre um post e outro que nos nutria semanalmente, sem falhar, conseguiu escrever um livro, "Os Ídolos do Pop Rock" (Editora Imago - 2001), com mais de 300 páginas e 300 nomes que fizeram a história da música, incluindo biografia e discografia de cada um. Em minhas pesquisas e textos, eu sempre "fuço" as páginas desse livrão, uma grande referência para quem trabalha ou gosta de música. Outra paixão sua era o Palmeiras e para seu time de coração chegou a criar em 2006, junto com seus amigos alviverdes Flavio Canuto e Raul Bianchi o blog Mondo Verde. Na música, também foi nas horas vagas, compositor e guitarrista. Com outro amigo, Ayrton Mugnaini Jr. - dos tempos de jornalismo na Cásper Líbero - participou de gravações musicais e integrou uma mesma banda, a Reflexo, que durou alguns anos na década de 1980. No Mondo Pop, uma das características mais marcantes em suas resenhas, entrevistas e ensaios era a abolição de críticas maldosas, ferinas, aquelas que tanto vemos por aí e que ao invés de construir algo, só serve para denegrir os artistas ou chocar os incautos. Essa preocupação de Chacur em informar sem deformar e passar a sua análise com sensibilidade e respeito, longe de qualquer jabá, sempre foi uma bússola em sua carreira. Outra das suas era trazer à luz artistas de qualidade, que por um motivo ou outro (preconceito é um deles), se encontravam em "animação suspensa" ou completamente esquecidos pela mídia. No ano passado participou do livro "1979 - O Ano que Ressignificou a MPB" (Garota FM Books, organizado por Célio Albuquerque) e o disco do seu capítulo foi "Por Quem os Sinos Dobram", de Raul Seixas. A consternação generalizada pelo seu passamento, entre pessoas de todas as tribos e os grupos musicais mais díspares na rede comprovam que Fabian Chacur era acima de tudo, um lorde, um gentleman, que transpirava generosidade por onde passava. Um cara com essa estatura e dignidade merece estar em paz agora, onde estiver.
( pra reverenciar o legado de Fabian Chacur, curtam, pesquisem e compartilhem suas matérias que estão por aí, nas redes, em livros e principalmente, no blog Mondo Pop:
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