Faleceu ontem (10/01) o mestre dos quadrinhos Walmir Amaral, aos 84 anos. Uma lenda da nona arte que - felizmente - teve grande reconhecimento do seu legado ainda em vida, principalmente nos últimos anos, quando voltou a aparecer em eventos e feiras de quadrinhos, graças ao empenho de colecionadores e fãs como o jornalista Heitor Pitombo - que o entrevistou em 2007 depois de redescobri-lo trabalhando no setor de artes do CCAA quando quase ninguém falava dele - ; a turma dos quadrinhos da Feira de antiguidades da Praça XV no Rio de Janeiro (André, Marcelo, Luciano e outros); os dois maiores colecionadores do personagem Fantasma no Brasil - Helio Guerra e Dedy Edson - e o empenho de Franco de Rosa em São Paulo , que manteve sua arte viva em editoras como Kalaco e Nova Sampa, e que junto com Marcio Baraldi (no seu selo Grrr!) e a Editora Criativo, resgatou obras importantes do desenhista, como "Walmir Amaral - Primórdios - Faroeste" (em dois volumes); "Walmir - Amaral - Primórdios - Heróis"; "Zhor, o Atlanta" e "O Vingador" (em dois volumes). Eu, indiretamente, prestei homenagem ao mestre quando fiz a biografia de Getulio Delphim no ano passado (Editora Criativo - selo Grrr!) quando o citei diversas vezes na obra - Getulio e Walmir foram grandes amigos na Rio Gráfica nos anos 50 - além de incluir fotos raras e um depoimento seu exclusivo. Soube que ele recebeu o livro e adorou! Walmir Amaral começou na Rio Gráfica em 1956 e nunca mais parou de desenhar: colaborou com a Editora Continental/ Outubro, Taíka, Abril (desenhando Zorro, além de colaborar com roteiro para a revista Crás e fazer capa para a revista Audax), Saber e Grafipar.
História de terror para a revista Histórias Macabras 11, de 1959 (ed.Continental)Mas foi mesmo na Rio Gráfica, entre os anos 50 e 90, que construiu sua lenda, criando centenas de capas e desenhando histórias exclusivas de personagens icônicos como Fantasma, Cavaleiro Negro e o brasileríssimo O Anjo. Conheci pessoalmente o Walmir num grande evento da Criativo em 2019 e depois reencontrei-o mais duas vezes. Em todas as oportunidades ele demonstrou sua humildade natural, sua paixão em desenhar e sua privilegiada memória para lembrar histórias. Na produção da biografia do Getulio Delphim, falei com ele por telefone e ele me passou um depoimento emocionante. Pensei que ia encontrá-lo no último evento da Criativo, em novembro, mas ele não estava em condições físicas para viajar de ônibus. Ontem, veio a notícia do seu falecimento, que comoveu todos os grupos e páginas relacionadas às HQs. Ainda bem que o grande mestre Walmir Amaral é e será futuramente reverenciado e homenageado por essa grande massa de fãs e entusiastas de sua arte magnífica - o jornal O Globo, o G1 e os jornais televisivos do grupo Globo, que deveriam fazer isso, não deram uma linha sequer ou matéria sobre seu falecimento, ele que foi funcionário da casa por quase quarenta anos e com seu esforço hercúleo, ajudou a empresa a se tornar esse rico conglomerado que se mantém até hoje. Prometo a você, mestre, que nós, aqui nos bastidores, manteremos seu nome no mais alto panteão dos grandes artistas da nona arte brasileira! Obrigado por tudo!
Aqui, uma entrevista de Walmir Amaral para a Live de Quadrinhos com Francisco Ucha, Toni Rodrigues e Ana Gisele em 2021: https://www.youtube.com/watch?v=xMYZMCPwCVY
Abaixo, alguns cliques com o mestre:
Walmir Amaral, eu e Francisco Ucha em janeiro de 2023 na Comix
Bela matéria!
ResponderExcluirObrigado, Luigi!
Excluir