E não é que o rock apareceu no Rock in Rio 4? como eu havia prometido, não pesquei nenhum momento durante o show do Red Hot Chili Peppers. Tim tim por tim tim, vi o Kieds com pouco discurso e muito fôlego ( e um certo curativo no alto da testa - surf in Rio?), Flea elétrico e mirabolante ( como é que esse cérebro não se desloca dentro da caixa craniana? discípulo de Angus), Chad impávido e colossal atrás das baquetas e o novo guitarrista Josh Klinghoffer mostrando que tem cancha para substituir o idolatrado Frusciante. Showzaço que botou no bolso o irregular show de 2001 no Rock in Rio.
O domingão prometia ser o dia mais rock de todos e não decepcionou: no palco Sunset, a série em sequência com Matanza/ B Negão/ Korzus (30 anos de heavy no Brasil!)/ The Punk Metal Allstars (c/ ex-integrantes do Misfits e Destruction)/ Angra (c/ participação da cantora finlandesa Tarja Turunen) e Sepultura fez a festa dos metaleiros de plantão. Por conta dos problemas técnicos, o show da banda Gloria no palco Mundo começou enquanto o Sepultura e a surpreendente Tombours Du Bronx ( com percussionistas franceses realmente metaleiros!) ainda tocavam no palco alternativo. A Glória faz um mistura um tanto frankestein de emo+hardcore e a moçada de preto não quis saber: vaias, copos e xingos pra cima deles; mas os moleques foram firmes e até conseguiram uma trégua dos mais radicais quando mandaram, e bem, covers do Pantera; os americanos do Coheed and Cambria entraram sem guerra, mandaram um som eficiente e pesado, mas talvez inconsistente para um evento aberto deste naipe. Foi a deixa para as atrações seguintes, as mais esperadas, que não só detonaram, como resgataram o espírito cru, rebelde e mítico do gênero que dá nome ao festival. A começar pelo mitológico Motorhead, simplesmente a banda inventora do speed metal: com apenas três elementos, sem frescuras ou firulas, ascenderam a fagulha que logo encandesceria a noite, com clássicos e clássicos. Eles detém a personificação de um rock selvagem e libertário que só se vê hoje em livros de arqueologia - Lemmy, do alto de seus 64 anos, ex-rodie de Jimi Hendrix, é o próprio rock!
Já o Slipknot, esse é cheio de detalhes e idiossincrasias ( e máscaras medonhas). Obsessivamente aguardado por uma horda de fiéis fãs, fez um dos shows mais apocalípticos dos últimos tempos, com direito a moshs na platéia ( o DJ da banda pulou do teto da técnica para a galera duas vezes), bateria giratória, bate-estaca por todos os lados, chamas e uma energia que fez a Cidade do Rock tremer. O nu metal não é a minha praia, mas valeu pela atitude e sinergia.
Com esse ambiente já totalmente amaciado ( ou pisoteado, se preferir), o reverenciado Metallica chegou chegando por volta da 1:30 deste dia 26 para mostrar porque é uma verdadeira lenda na história do rock. Hits atrás de hits, o quarteto, que já completou 30 anos de estrada, uniu vibração, técnica precisa e entrega total ao rock no melhor show do Rock in Rio até agora. Se o RHCP é ação, o Motorhead tradição e o Slipknot detonação, o nobre Metallica é tudo isso junto e também fúria+elegância, emoção+precisão, improvisos+compassos milimetricamente ensaiados. O rock de verdade baixou no Rock in Rio, e esses caras foram os culpados.
http://multishow.globo.com/platb/rock-in-rio/
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