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Ganhei o livro "Casagrande e Seus Demônios" (Globo Livros) no começo da semana e ontem já o havia devorado. Baita biografia. Em parceria com o jornalista Gilvan Ribeiro, que trabalhou com o biografado na ESPN e Diário de S.Paulo, Casagrande, comentarista de futebol da TV Globo, literalmente expõe e expurga seus demônios. E a narrativa, que não segue ordem cronológica, já começa com uma das piores experiências do ex-jogador ídolo do Corínthians: a terrível experiência de delírio em seu apartamento enquanto se drogava com três substâncias diferentes (heroína inclusive), adicionadas à remédio e tequila. Em suas visões, demônios passeavam tranquilamente pelos cômodos de sua residência e ao entrar em paranóia por conta da aparição de uma moça que ele julgava ter morrido ali anteriormente, deixou o ap de pernas pro ar. O desespero chegou a tal ponto que Casão chamou seus pais, que diante de seu relato via telefone, acabaram levando um padre. No fim, Casagrande , ainda confuso e em choque, foi para um hotel com sua noiva. As aparições continuaram e ele resolveu sair dali também. Por ter ficado em surto, sem comer e sem dormir por dias, acabou apagando quando dirigia sua Cherokee no bairro da Lapa, batendo em seis carros e capotando. Por sorte não houve vítimas e tanto ele como a noiva não tiveram sequelas graves. Mas esse acidente, além de repercutir em mídia nacional, virou um divisor de águas para o ex-artilheiro, que desde a adolescência era usuário de drogas: durante os três dias em que ficou em coma no Hospital Albert Eistein, a família, ciente da gravidade da situação, resolveu interná-lo à sua revelia em uma clínica especializada em dependência química. Casão ficou um ano ali e isso mudou toda a sua vida. Uma vida cheia de aventuras, ímpetos, rebeldias, política, indisciplinas, gols e jogadas maravilhosas, shows e muito rock, inconsequências, sinceridade, humor, desespero, amor, filhos, amigos, mentiras, limites, voltas por cima, coragem. Uma vida repleta de vida e luta pela vida. Lendo o livro, que alterna fundos do poço com situações hilárias, lê-se a alma de um sobrevivente: Walter Casagrande Jr.
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