31 de maio de 2014

Ocupação Jards Macalé


Hoje o Itaú Cultural abre a exposição "Ocupação Jards Macalé", mostrando em cinco partes - a Obra, o Amor, as Influências, a Política e a HQ -, a carreira e a vida particular de um dos mais geniais e contundentes compositores brasileiros. A mostra traz um acervo recheado de objetos pessoais, cartazes, cartas, filmes caseiros, revistas, gibis, documentos de produções para o cinema, manuscritos, além de uma trilha ambiente que seleciona as músicas favoritas de Macalé. As 20 hs de hoje, o músico, que foi aluno de Guerra Peixe, Peter Dauelsberg, Turíbio Santos, Jodacil Damaceno e Ester Scliar, fez a abertura com show ao vivo gratuito no auditório do Ibirapuera.

Ocupação Jards Macalé
31 de maio até 6 de julhoItaú Cultural - Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do MetrôEntrada franca
Informaçõeswww.itaucultural.org.br 


30 de maio de 2014

Retrospectiva de Claudius no Sesc Santo Amaro

A retrospectiva "Claudius: Quixote do Humor" traz a trajetória de mais de 50 anos do cartunista gaúcho Claudius Ceccon em cerca de 300 desenhos selecionados ( com curadoria do próprio artista) A mostra, gratuita, homenageia com propriedade esse que é um dos mais políticos cartunistas em atividade. Claudius passou por fases cruciais da arte gráfica brasileira, passando por veículos como Jornal do Brasil, Diário Carioca, Correio da Manhã, O Cruzeiro ( onde começou como auxiliar de paginador, em 1952), A Noite, Pif Paf, O Pasquim, Folha de S.Paulo, Estadão, O Globo, Bundas, Caros Amigos, entre outros. Paralelamente exerce grande atividade na área educacional, desde que conheceu o educador Paulo Freire em 1971 e desenvolveu com ele métodos relacionados ao desenho.
A exposição foi aberta no dia 08/05 e fica em cartaz até 27/07.
A Ilustríssima, caderno da Folhona em que Claudius também colabora, fez uma entrevista com ele no dia 04/05 :http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/05/1448095-colega-de-fortuna-no-pasquim-tem-mostra-em-sp.shtml 

29 de maio de 2014

Baú do Malu 45 - O Guri - Novembro de 1958

Esse é um belo gibi, a começar pela movimentada arte de capa. As revistas em quadrinhos dos Diários Associados de Chateubriand ( Editora Cruzeiro ou O Cruzeiro S/A) são geralmente rejeitadas por muitos colecionadores de quadrinhos porque deixaram a desejar no quesito "qualidade gráfica", principalmente dos anos 60 pra frente. Mas na época dessa edição aqui selecionada, a impressão ainda era boa, o papel idem e as cores bem distribuídas. E pelo lado dos personagens, algumas boas surpresas: além do Jim das Selvas na competente fase de Paul Norris, uma aparição que chama muito a atenção é a de Zabelinha, de Heitor Cardoso (página logo abaixo), um verdadeiro achado. A personagem é cultuada por muita gente na mesma medida em que seu autor se tornou um grande mistério - não há referências sobre sua pessoa em canto algum. Sabe-se apenas que publicou Zabelinha no O Tico-Tico pelo menos uns 20 anos antes deste O Guri, assim como outro personagem seu que se tem conhecimento, Caxumba ( referências citadas por Ivan Saindenberg em "A História dos Quadrinhos no Brasil"). Zabelinha tem nuances filosóficas e comportamentais  incomuns para os quadrinhos da sua época e merecia realmente uma pesquisa detalhada.


Na sequência da revista temos a página do índice/expediente, onde se lê que o diretor-secretário da Empresa Gráfica O Cruzeiro S/A é Austregésilo de Athayde, que seria muitos anos depois eleito presidente da Academia Brasileira de Letras; Jim das Selvas, o personagem destacado na capa; Pinduca, o simpático carequinha mudo, onipresente nas revistinhas das décadas de 50 e 60; Nyoka, mais uma daquelas personagens femininas das selvas como Sheena, e como esta, também criada pelo "pai" de Tarzan, Edgar Rice Burroughs; dois personagens humorísticos, Seu Joaquim e Barney Camelô, completam o miolo com histórias coloridas; o próximo é O Reizinho, outro personagem mudo e onipresente da época, criado por O.Soglow; Os Sobrinhos do Capitão, criação de Rudolph Dirks de 1918 ( Katzenjammer Kids) aparece aqui com desenhos de Joe Musial; na página seguinte, O Filho da Rosinha ( desconheço o nome original e o autor) e Pafúncio e Marocas, mais uma comic strip do início do século passado ( de 1913, criada por George McManus como Bringing up Father); Tom Mix foi um dos grandes mitos do cinema de faroeste, atuando entre 1909-1935. Nos quadrinhos apareceu ainda em 1913 nos jornais ingleses e foi o primeiro mocinho do cinema com título próprio em revista, como brinde de caixas de cereais em 1940; fechando a edição, mais uma tirinha cômica, "O Fantasma se Diverte". O Guri se mostra ao todo como uma revista bem interessante, destacando-se as cores em boa definição e personagens com histórias fechadas. Na primeira série, a publicação durou quinzenalmente de 1940 ( ainda como O Gury, Filhote de A Noite) até 1953; Já nesta segunda fase, saindo por O Cruzeiro, iniciou como semanal em janeiro de 1954 e findou, já mensal, em dezembro de 1962. Um título longevo que deixou sua marca na história dos quadrinhos brasileiros.












HQ de João Pinheiro e Rafael Andery na Serafina conta a saga do "nosso" Hulk

Reprodução Serafina/Folha de S.Paulo
Tive uma grata surpresa ao folhear a última edição da revista Serafina, da Folha de S.Paulo ( gentilmente cedida pela minha querida tia Cida):da página 19 a 24, a série "Folha na Copa" traz uma bela biografia em quadrinhos sobre o atacante paraibano Hulk, escrita por Rafael Andery e ilustrada pelo irrequieto João Pinheiro. A coincidência é que ao mesmo tempo em que batia o olho na história, abria um post de João Antonio Buhrer ( o homem dos "Arquivos Incríveis") no Facebook, com itens justamente de João Pinheiro, que vem realizando trabalhos bem significativos nos quadrinhos e que segundo Buhrer, já chegou ao nível de Flavio Colin, Petchó e Trimano. Confesso que não o estava seguindo com essa visão tão aguçada, mas a partir de agora ficarei ligado. Do que já vi, fiquei bem impressionado.
A Folha disponibilizou essa história em sua página online. Confiram:

26 de maio de 2014

Foto do Mês (II): Encontro Musical (por Marcelo Fróes)

Foto: Marcelo Fróes ( arquivo pessoal)
Marcelo Fróes, sempre surpreendendo com suas fotos de arquivo, postou essa imagem inédita ontem com quatro representantes do rock nacional dos anos 60 aos anos 90: Erasmo Carlos, ícone desde os anos 60, mas que começou a carreira no final dos 50, em conjuntos rock and roll da Tijuca; Lobão, figura de proa do rock 80, mas também baterista de muita gente da MPB nos anos 70 e integrante da banda Vímana nessa mesma década, ao lado de Lulu Santos e Ritchie ; Paulo Miklos, grande garganta dos Titãs desde 81 e um pouco antes, integrante da trupe vanguardista do artista múltiplo José Roberto Aguilar; e Chorão, falecido há quase um ano, destaque nos anos 90, e o único da foto que começou na mesma década que estourou. Essa inusitada reunião foi clicada por Fróes em 03/05/2005 no camarim do Canecão, dia da gravação do DVD da banda The Originals, que reunia ex-integrantes de Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis e The Fevers em comemoração aos 40 anos da Jovem Guarda. Um daqueles registros exclusivos e únicos que não se repetem mais.

22 de maio de 2014

São Paulo por Dálcio Machado




O perspicaz e sutil Dálcio Machado vem se superando a cada dia em sua arte diária para o Diário Popular de Campinas. Essas duas recentes charges acima escancaram com muita propriedade a situação delicada vivida atualmente tanto pela cidade como pelo estado de São Paulo: a seca, que castiga a região dos reservatórios da Cantareira, vista pelo ângulo de um pobre peixinho à beira da morte e a greve de ônibus que paralisou a Grande São Paulo por dois dias, transportada para um dos grandes símbolos da cidade. Genial!
Sua arte, que também passeia pela caricatura, pode ser vista em seu blog ou pelo Facebook, que tem atualizações diárias:
http://dalciomachado.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/dalcio.machado

21 de maio de 2014

Viola Baguá

Chegou esse convite do amigo Gonçalo Pavanello, design gráfico e artista do ABC que sempre esteve envolvido com música também, principalmente a "de raiz". Seu grupo Viola Baguá, que ele compartilha com mais cinco integrantes, existe desde os anos 80. Em tempos de batidão, porradão e ostentação, é muito salutar saber que ainda existem bandas que querem preservar a música de raiz - música simples, pura e emocionante. Predicados esses que infelizmente estão se perdendo em boa parte das composições que a grande mídia insiste em divulgar atualmente. Boralá pro Elis!

13 de maio de 2014

Capa do Mês - Rita Lee (1979)

E pra fechar o assunto Rita Lee, escolho essa icônica capa do seu disco homônimo de 1979, a mesma capa que inspirou o cartaz e a fronte do programa da peça Rita Lee Mora ao Lado (ver post anterior). Esse foi o LP que trouxe o maior sucesso de Rita até aquele momento ( Mania de Você), um bom rock pra manter a tradição ( Papai Me Empresta o Carro), uma encomendada para novela ( Chega Mais), outra romântica/sensual ( Doce Vampiro), um pop pegajoso ( Corre Corre), a engraçadinha Maria Mole e duas com letras mais contundentes e críticas: Elvira Pagã, uma de suas primeiras exaltando a mulher e Arrombou a Festa II ( em parceria com Paulo Coelho - II porque saiu outra versão em compacto), um escracho/desabafo que bota toda a MPB na mira. Um bom disco, que se tivesse mais faixas, poderia ter se tornado ótimo. Quanto à capa, além do logo feito tatuagem, escancara de propósito o vermelho da boca, das unhas, do blush e do cabelo de Rita, em contraste com os olhos claros e a pele alva. Rita Lee sempre foi céu e fogo e essa capa, uma das melhores em sua discografia, realça bem essa dualidade.

Rita Lee Mora Ao Lado

Ontem, eu e a tropa ( Cris, Biel, Letícia e Dona Ivete) comemoramos o Dia das Mães em grande estilo e fomos ver a falada peça "Rita Lee Mora ao Lado" no Teatro das Artes, encravado no Shopping Eldorado. Muito tem se comentado sobre a interpretação de Mel Lisboa para a nossa roqueira mor, e fomos conferir se a moça se possuiu de Rita Lee mesmo. O teatro estava lotado, o que é um bom sinal, e a peça já começou com tudo, mostrando o início de carreira de Rita Lee, citando suas bandas iniciais, e dando um grande destaque para os seminais Mutantes, a banda que conseguiu encaixar o rock nos tradicionais festivais de MPB dos anos 60 e início dos 70 e é até hoje cultuada por centenas de fãs espalhados pelo mundo. Mel Lisboa se mostrou realmente talhada para esse papel e mesmo não sendo uma cantora profissional e contracenando com vários atores/cantores, soltou a voz muito bem durante toda a peça e não deixou a peteca cair em nenhum momento. A performance do elenco também empolga e a história, baseada no livro de mesmo nome do autor Henrique Bartsch, já falecido, situa os principais fatos com muita fluidez e leveza, desde os festivais, destacando as presenças tropicalistas de Gilberto Gil e Caetano Veloso, até os pesados anos 70, com as prisões de Gil e da própria Rita, a sua saída dos Mutantes, a carreira solo com Lucinha Turnbull ( As Cilibrinas do Éden) e o auge roqueiro com o Tutti Frutti, finalizando nos anos 80, com a união com Roberto de Carvalho e o sucesso popular. Inclusive achei o roteiro mais limpo e descomplicado do que o do Tim Maia - O Musical, mesmo sendo baseado em uma ficção que mistura fatos biográficos. Todos os atores fazem mais de um personagem e famosos que participaram da vida de Rita desfilam pelo palco com muita comicidade e emoção: Ronnie Von ( em atuação hilária de César Figueiredo), Gilberto Gil (totalmente incorporado por Samuel de Assis), Caetano Veloso ( em figurino muito exagerado, mas bem conduzido por Antonio Vanfill), Hebe Camargo ( impagável com Débora Reis), Gal Costa ( a cara da atriz Yael Pecarovich) e Ney Matogrosso ( em aparição surpreendente conduzida pelo ator Fabiano Augusto - conhecido garoto propaganda das Casas Bahia). Outras personalidades retratadas - Elis Regina ( por Flávia Strongolli), em momento crucial da prisão de Rita Lee, Tim Maia, Jorge Ben, ouvindo sua música em apresentação única dos Mutantes, e João Gilberto, em cena totalmente joaogilbertiana ao telefone, fecham a aparição de artistas que em algum momento da vida sintonizaram-se com Rita. Cita-se no programa o Midani ( produtor de discos)  mas confesso que não percebi a presença deste entre os números musicais. Talvez um Erasmo Carlos pudesse completar esse time, mas tudo bem. Gostei bastante da presença de palco da Lucinha Turnbull (feita por Thalita Pereira) e os números dos Mutantes com os irmãos Baptista ( Serginho por Nellson Oliveira e Arnaldo por Antonio Vanfill) renderam boas apresentações ( embora ambos não lembrassem fisicamente quase nada dos irmãos). O cara que conquistou o coração da compositora, Roberto de Carvalho, vem em uma atuação bem tranquila do ator Rafael Maia, que lembra muito o guitarrista. Lembrando que estou falando aqui das interpretações dramáticas - musicalmente eu achei todo o elenco que canta, impecável, além da banda de apoio, claro. Permeando tudo isso, dois personagens que só existiram no livro: Dona Diva Farniente ( Nanni Souza, destaque e uma excelente voz também) e sua filha Bárbara ( a comediante Carol Portes, em atuação quase perfeita). Essa última é quem narra toda a saga, desde a fixação de sua mãe pelo pai de Rita, até a sombra que se assentou no quintal e na vida da vizinha Rita a partir daí. Quanto à surpreendente Mel Lisboa, a própria Rita Lee a aplaudiu efusivamente, depois de ver sua "incorporação" ao vivo. Além de ter "adquirido" o timbre certo, a atriz se movimenta, gesticula, anda e se impõe como Rita Lee. E para fechar, que eu já escrevi demais, preciso citar as músicas que entraram na peça, ou pelo menos a maioria que eu lembro:
Ovelha Negra, Panis et Circensis ( fase Mutantes), Ando Meio Desligado ( fase Mutantes), Minha Menina ( fase Mutantes), Não Vá Se Perder por Aí ( fase Mutantes), Top Top ( fase Mutantes), Mamãe Natureza ( fase Cilibrinas do Éden), Agora Só Falta Você, Esse Tal de Roque Enrow, Jardins da Babilônia, Menino Bonito, Doce Vampiro, Banho de Espuma, Flagra, Baila Comigo, Saúde, Caso Sério, e uma grata surpresa para mim e minha mulher, a inclusão de Coisas da Vida, de 1976, uma de nossas preferidas que pouco toca nas rádios e que na peça teve uma grande produção de cena. Essas citadas são as que Rita Lee/Mel Lisboa participa - ainda teve música. de Milton Nascimento ( O que Foi Feito de Vera), Gilberto Gil ( Domingo no Parque), Caetano Veloso (Tropicália), Rolling Stones ( Fool to Cry), Jimi Hendrix ( Hey Joe), Beatles, entre outras. No fim, nem sentimos as duas horas e vinte minutos da peça. Palmas para Mel Lisboa e todo o elenco.

12 de maio de 2014

1º Bazar Cultural em São Caetano do Sul

Mais uma daquelas boas "agitações" promovidas pela Ibérica Cultural em parceria com este blog, o Cultura I blog (endereço no folder acima) e o Beatles Draw and Arts do chapa Mario Mastrotti (http://beatlesdrawandarts.blogspot.com.br/ ,  acontecerá a partir de domingo próximo ( dia 18/05) nas dependências da própria escola de idiomas ( endereço e datas acima).
Depois de produzir e apresentar comentadas exposições nos últimos anos, como as duas edições da Expo Beatles, a Ibérica surpreende neste primeiro semestre de 2014 com o I Bazar Cultural, evento que acontece entre maio e início de junho e que promoverá a venda de diversos itens culturais e de memorabilia como livros, LPs, CDs, VHS, k-7, revistas, gibis e brinquedos. Os livros, item de maior destaque na feira, estarão à venda por ofertas imperdíveis em todos os gêneros, que vão de romances e infantis à culinária, ficção científica e clássicos, entre tantas outras opções literárias. Lançamentos e algumas raridades há muito tempo fora de catálogo também estarão disponíveis a preços acessíveis. O bazar é uma ótima opção para quem quer encontrar de novo aquele livro lido na infância, um filme guardado na memória ou uma música inesquecível perdida no passado. E também para encontrar uma edição nova ou semi nova por um valor bem abaixo do mercado. O I Bazar Cultural terá sua abertura no dia 18/05, domingo, das 11h às 18h e se estenderá de 19/05 a 07/06, de segunda a sábado. Nos dias de semana o horário será das 9h às 21h e nos sábados das 10h às 18h.
A lista completa dos itens do bazar estão publicados no blog da Ibérica, aqui: http://ibericaculturaleidiomas.blogspot.com.br/2014/05/vejam-lista-do-bazar-todos-os-assuntos.html 

11 de maio de 2014

A arte de Ricardo Pareja Marigo (1)






Seu Ricardo - Ricardo Pareja Marigo - nascido em 1907 em São Manoel/SP e desencarnado em 1986 em São Caetano do Sul/SP, além de um avô maravilhoso e presente, foi um daqueles seres humanos nascidos para o trabalho braçal e as artes de um modo geral. Nas folgas da Telefônica (onde se aposentou), propositalmente não queria folga - fazia de tudo pra ficar ocupado, principalmente com as mãos. Capinava quintais, pintava paredes ( sempre com o chapéu feito de jornal), fazia clubinhos de madeira para os netos, esculpia bichinhos de galhos e fazia maquetes com cisnes e lago de espelho. No final da vida, arriscou em alguns instrumentos musicais, principalmente com um simpático bandolim. E desde que eu me conhecia por gente, via alguns quadros seus nas paredes de casa e nas casas de minhas tias. Eu me maravilhava com suas pinturas e podia passar alguns bons minutos deslumbrado, olhando cada pedacinho de suas paisagens à óleo. Neste começo de mês, pude rever alguns desses quadros da minha infância, quando fui visitar finalmente minha tia madrinha Odete, que depois de morar em Ubatuba/SP e lugares bem distantes como Fortaleza/CE e Imperatriz/MA, veio residir em Guararema/SP, há duas horas e pouco de minha casa. Lá estavam aquelas pinturas que eu tanto botara os olhos na meninice e há muito tempo não via - alguns eu realmente não me lembrava mais e só quando os revi, brotaram de novo da minha memória. Essas belezas estão lá em cima e cá embaixo. Apreciem à vontade ( e me desculpem pelas fotos razoáveis tiradas do meu celular). Num próximo post, mostrarei mais quadros do Seu Ricardo, que já estão morando comigo, depois de uma longa caça pela família.



10 de maio de 2014

8Tracks: "DM School of Funk" by Dagomir Marquezi

Querem ouvir o verdadeiro funk, aquele lapidado entre os anos 60 e 70 e sedimentado nos anos 80? Infelizmente batizaram esse batidão recente da favela com o sagrado nome fundado por ícones da música negra, profissionais que tocavam seus instrumentos, cantavam com a alma, expunham suas vísceras, reclamavam de seus direitos nas letras e faziam um gênero legítimo. Legendas desse funk original podem ser ouvidos no site 8Tracks ( link abaixo), em áudio denominado "DM School of Funk" com gravações disponibilizadas pelo jornalista Dagomir Marquezi de seu acervo pessoal. São 5 horas ( "por enquanto", como diz Dagomir) de gravações  com mestres como James Brown, George Clinton, Kurtis Blow, Prince, Gerson King Combo, entre outros.
DM School of Funk: http://8tracks.com/dagomirmarquezi/dm-school-of-funk
e o post sobre o assunto no blog do DM: http://dagomir.blogspot.com.br/2014/04/8tracks-em-nome-do-verdadeiro-funk.html

9 de maio de 2014

Mylton Severiano (1940-2014)

foto arquivo pessoal
Mais uma pessoa essencial se vai e eu não posso deixar de prestar minha homenagem. Mylton Severiano, o Miltaynho, era um dos últimos moicanos daquela brava turma que fundou a Realidade e mudou todo o jornalismo que se faria a partir dali. Turma que continuou aprontando pelas décadas adiante, sempre pendendo pra esquerda e pro jornalismo independente (ou quase): Bondinho, Grilo, Ex-, A Nação, Brasil Extra, Extra Realidade Brasileira, Caros Amigos. Miltaynho tava sempre com um pé nessas redações mais libertárias e com o outro na dita imprensa tradicional. Passou pela Folha de S.Paulo, Estadão, Jornal da Tarde, Quatro Rodas, TV Globo, TV Tupi, TV Cultura, Aqui São Paulo, TV Abril, A Nação, TV Bandeirantes, Panorama de Londrina, O Jornal, entre tantos outros veículos. Fundador, colunista e colaborador por anos na Caros Amigos, sob a batuta de seu grande amigo e um dos cabeças da velha turma, Sergio de Sousa, o Sergião, morto em 2008, acabou editor-executivo da publicação após a morte deste, até ser despedido pouco menos de uma ano depois, segundo a direção, por discordâncias editoriais. Em sua gestão, muitos funcionários pediram demissão por não entrarem em sintonia com seu jeito expansivo e direto de dirigir e até muitas vezes explosivo. Não vou entrar nos méritos ou deméritos aqui, mas imagino a bomba que ficou em seu colo, após perder o amigo de longa data e ainda substituí-lo numa função já emoldurada e sacramentada por ele. Severiano sempre mostrou a cara e nunca fugiu de polêmica, características que estão rareando e muito nas novas gerações redacionais de hoje. Durante e depois de Caros Amigos, Mylton permaneceu como editor de texto do excelente Almanaque Brasil de Cultura Popular, distribuído em voos da TAM. No final dos anos 90, foi indicado para o Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria reportagem pelo seu elucidativo livro "Se Liga - O Livro das Drogas!". Em sua incursão pela literatura, lançou outros livros bem interessantes: a biografia do Papa João XXIII, "Um Século de Boa Vida", em parceria com Jorginho Guinle; 'Paixão de João Antônio'; duas obras que vão fundo em marcos da imprensa brasileira: "Nascidos para Perder - História do Jornal da Família que Tentou Tomar o Poder pelo Poder das Palavras", sobre o Estadão, e "Realidade - História da Revista que Virou Lenda". E outro, de 2011, que mergulha criticamente na postura atual da imprensa: "Crime de Imprensa - Um Retrato da Mídia Brasileira", ao lado de seu chapa Palmério Dória, tão chapa quanto o fotógrafo e editor de fotografia Amâncio Chiodi, velho parceiro de redações que saiu ( ou foi saído) no mesmo dia da Caros Amigos. Miltaynho tinha um texto primoroso - leve, solto, elegante, mas ao mesmo tempo enérgico e cheio de tensão. E acho que ele era como seu texto em sua rotina eclética, sempre cheia de projetos, paixões, comentários, críticas, debates, denúncias, interações com o mundo. Outra faceta sua era a música: formou-se acordeonista pelo Conservatório de Musical Santa Cecília, de Marília. E entre suas grandes façanhas no jornalismo, a matéria escrita com outros colegas do Ex- sobre a morte de Vladimir Herzog nos porões da ditadura - o jornal foi o único a escancarar o caso na época. O título, "Liberdade, Liberdade, Abra as Asas sobre Nós" foi idéia sua. No Facebook, tive a honra de constar em sua lista de amigos, e sempre acompanhava suas tiradas rápidas, suas polêmicas salutares e sua visão panorâmica sobre tudo o que era relevante a sua volta. Nos últimos dias de abril, postou foto comendo banana, mostrou uma reportagem recente da revista Época sobre Roberto Carlos na ditadura ( com direito e condecoração e outras aproximações), linkando comentários sobre a polêmica das biografias, postou sobre fotografia, uma de suas paixões, e falou sobre o pastor Feliciano, ministro Barbosa e o PSDB (assuntos que não faltavam em suas entradas). Estava mais Miltaynho do que nunca, até que após um breve intervalo em maio, vem essa notícia de seu falecimento, que veio como um furacão para seus admiradores e colegas. A velha turma certamente o está esperando, com uma cadeira especial em alguma redaçãozinha teimosa incrustada em um desses planos próximos.

Foto do mês: Panda no Rio Celofane

Foto: Marcos Massolini
Bolei essa foto depois que vi esse bonito papel brilhante para presente em cima da mesa e no mesmo instante o panda miniatura embaixo da mesma mesa, depois de uma alegre visita do meu sobrinho afilhado em casa. Fiz a cena acima do meu celular e pensei: por que não postá-la como foto do mês? ei-la então.

8 de maio de 2014

Jair Rodrigues (1939-2014)




Fiz questão de escolher essas foto acimas, com Jair Rodrigues de sorriso aberto, em homenagem a simpatia perene que permeou toda sua carreira. Jair Rodrigues sempre foi alegria pura, desde os tempos de juventude, em Nova Europa (SP) e São Carlos (SP), quando se virava como engraxate, pedreiro e mecânico, e arriscava suas primeiras participações em programas de calouros. Ou quando mais confiante, a partir dos 18 anos, rodou o interior do estado como crooner de casas noturnas. E já em São Paulo, um pouco depois, quando virou assistente de alfaiate e bem mais maduro, obteve a primeira colocação no Programa de Cláudio de Luna, na Rádio Cultura. O sorriso ia junto. Depois de alguns compactos e LPs mais contidos, Jair apareceu para o grande público em 1964, com a falada "Deixa isso pra Lá" (Alberto Paz e Edson Meneses), marcada pela sua "performance" com as mãos, cheia de ginga e gesticulação única. Essa música, anos depois, foi considerada precursora do rap brasileiro e virou uma das marcas registradas do cantor. Outra interpretação sua que atravessou o tempo incólume foi "Disparada" ( Geraldo Vandré e Teo de Barrros), que arrebatou a plateia do II Festival de Música Popular Brasileira (1966) e acabou dividindo o primeiro lugar com "A Banda", do jovem Chico Buarque de Holanda cantada por Nara Leão ( decisão que partiu do próprio Chico). Não foi pra menos: sua carga de emoção e ao mesmo tempo concentração nessa grande toada sertanista, só fez frente na época às inesquecíveis participações de Elis Regina. Não por coincidência, os dois já estavam estourados desde 1965 quando gravaram discos juntos ( Dois na Bossa) e protagonizaram um grande sucesso televisivo, "O Fino da Bossa". A partir daí, virou artista do mundo, gravando em Paris, Cannes, Portugal e se apresentando pela Europa toda + EUA, Japão, Argentina, Angola, entre tantos outros países, espalhando seu sorriso e carisma pelos quatro cantos do globo. Continuou ativo até o fim da vida - sua agenda estava coberta de shows para maio e junho - ágil, cantando muito, sem se preocupar com o gênero, embora fizesse questão de divulgar a música popular, principalmente o samba, a bossa e a música de raiz. Vieram os filhos artistas, Jairzinho ( depois Jair Oliveira) e Luciana Mello, e os shows, que nos últimos tempos contavam com inúmeras participações especiais de amigos como Dominguinhos, Jongo Trio, Cesar Camargo Mariano, começaram a ficar "em família". Avistei-o na televisão recentemente, se não me engano no "Altas Horas", ao lado do grande Paulo Dáfilin, exímio violonista/guitarrista da minha região, e adivinhem: lá estava o cantor sapateando, saracoteando, andando de um lado pro outro, gesticulando, curvando-se quase ao chão, e sorrindo muito, claro.
O velho sorriso até poderia estar no seu rosto ou mesmo em sonho quando partiu em silêncio nessa madrugada, mas para quem fica, a partida abrupta, sem despedida, é bem triste. Que a música alegre e emocionante de Jair Rodrigues possa nos confortar nessa hora.
Disparada ( Festival da Record 1966 - final): https://www.youtube.com/watch?v=C4AzxTlzyHw
Deixa Isso pra Lá (original - 1964): https://www.youtube.com/watch?v=LRkyLtoITNc 

O Livro de Ouro do Recruta Zero

Divulgação
A Pixel da Ediouro continua apostando no nicho dos clássicos e lança nas bancas e livrarias esse "petardo" do Recruta Zero: um livro em papel couchê com 130 páginas, incluindo tiras do personagem escolhidas a dedo entre 1982 e 1986 e texto histórico de Otacílio d'Assunção, o Ota, responsável pela Otamix Produções Artísticas, que vem editando ultimamente esses clássicos para a editora ( Fantasma, Mandrake, Bolinha & Luluzinha). Como curiosidade para os fanáticos, o texto biográfico traz entre as ilustrações, uma foto da primeira edição da rara e efêmera "A Mão Negra", lançada pela Editora Novo Mundo em 1952 e primeira revista no Brasil a publicar o soldado atrapalhado de Mort Walker ( nascido dois anos antes, apareceu com o curioso nome de Recruta 23) - a imagem da capa foi cedida pelo grande colecionador carioca e confrade de vários grupos especializados no Facebook, Claudio Fragnan.
Essa é mais uma edição imperdível da Pixel e vale cada centavo dos R$16,90 estampados na contracapa. A editora logo logo solta o livro 2 do Mandrake, e a depender das vendas, Recruta Zero 2, Fantasma 3, etc etc. Torçamos para isso.

6 de maio de 2014

Dick Ayers (1924-2014)

Dick Ayers ( divulgação)
Faleceu anteontem mais um artista americano que viveu o auge das histórias em quadrinhos. Dick Ayers tinha 90 anos e teve o privilégio de iniciar a carreira no final da chamada Era de Ouro dos Quadrinhos, consolidando seu trabalho posteriormente na Era da Prata, como colaborador da Marvel, primeiramente como arte-finalista ( principalmente de Jack Kirby, mas também de Steve Ditko e outros) e depois como desenhista de vários personagens, entre eles Quarteto Fantástico e Nick Fury (permanecendo no título Nick Fury and his Howling Commandos por 10 anos), pra citar dois que o fizeram realmente conhecido entre os fãs de heróis. Antes da Marvel, desde 1949, Ayers já havia conquistado certa fama como artista principal e co-autor do Cavaleiro Fantasma ( Ghost Rider no original, depois Phantom Rider. A Marvel também o publicou posteriormente) e embrenhou-se também no ascendente gênero Terror nos anos 50. Segue em frente o homem para outras fases de sua existência, fica a arte, em clássicas histórias da HQ e capas, como essas abaixo:

The Gost Rider nº9 ( 1952)

Journey into Mistery  (1962)




4 de maio de 2014

Audrey Hepburn homenageada pelo Google

A eterna "Bonequinha de Luxo" Audrey Hepburn comemoraria hoje 85 anos de vida caso não tivesse falecido em 1993 aos 63 anos. O Google não deixou passar a data e estampou em sua página de abertura esse lindo e simbólico Doodle da atriz, que além do seu famoso rosto de perfil em destaque, também traz cenas dela dançando - uma grande paixão sua na vida - e em companhia de crianças, uma referência ao trabalho humanitário que tomou boa parte de seus últimos anos. Quem conhece as histórias em quadrinhos não pode deixar de notar a semelhança desse seu desenho comemorativo com Julia Kendall, criminóloga da editora italiana Bonelli baseada nos traços e no jeito da atriz, com revista própria publicada no Brasil há um bom tempo ( ver mais sobre J.Kendall aqui: http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2013/04/julia-kendall-criminologa-alcanca-100.html ).
Audrey foi um mito: além da elegância desfilada pela vida toda e o carisma único nas telas, ainda surpreendeu o mundo com seu lado solidário, num tempo em que isso ainda não era moda.
O perfil da atriz pode ser visto aqui: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/05/audrey-hepburn-e-homenageada-no-doodle-deste-domingo.html

3 de maio de 2014

Paisagens para morar

divulgação
Embora não esteja assistindo quase nenhum jornal na TV, por achar que o sangue mostrado na tela pode inundar a sala de uma hora pra outra, ontem parei em uma reportagem bem interessante do Jornal Nacional, sobre um projeto artístico/fotográfico que vem modificando as fachadas dos casebres humildes de um vilarejo na zona rural de Feira de Santana na Bahia. A responsável por essa ação, que tem como objetivo principal dar visibilidade a esses indivíduos que moram neste pequeno povoado chamado Morrinhos, é a artista visual e fotógrafa Maristela Ribeiro, que passou um ano pesquisando a rotina dos moradores e estilizou até o momento 10 casas em um universo total de 90 moradias. Vale a pena ver essa ousada intervenção na reportagem completa abaixo:
A página da artista pode ser conferida aqui, com outros projetos produzidos por ela:
e o projeto "Casas do Sertão", aqui: http://casasdosertao.blogspot.com.br/p/principal.html 

1 de maio de 2014

Senna!

Vinte anos sem Ayrton Senna hoje! Uau! Os anos às vezes parecem bastante velozes e quando se fala no inesquecível Senna, tudo fica mais rápido mesmo. Do meu acervo, separei essa capa acima, de uma edição especial produzida pelo Instituto Ayrton Senna há alguns anos atrás, para ser distribuída em eventos específico. A HQM, que publicou a revista Senninha em 2008, também mandou para as bancas esse especial, repetindo a capa e o título "Um Herói Brasileiro". A Abril, com 99 edições entre 1994 e 1998 e a Brainstore com seis edições em 1999, completam as editoras que publicaram o personagem Senninha. Um detalhe triste é que Ayrton Senna faleceu apenas dois meses depois de Senninha surgir em bancas.
Nos dias de hoje, o mundo tá bem menos emocionante sem nosso piloto mor, principalmente aos domingos.