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O Beco das Garrafas antes e depois |
O Beco das Garrafas foi simplesmente o berço e o maior point da bossa nova nos anos 60, verdadeiro celeiro dos melhores instrumentistas do gênero. Olhando aquela rua sem saída, com quatro bares colados um no outro, todos eles sem nenhuma estrutura que chamasse a atenção, não dava pra dizer que a Bossa se consolidaria ali e a furacão Elis Regina, recém chegada do Sul, iria explodir a partir dos pockets shows que realizaria em dois desses bares, o Bottles, e depois o vizinho Little Club. Os outros dois bares que completavam o "engarrafamento bossanovístico" era o Bacará e o Ma Griffe, e como seus vizinhos, não tinham palco, camarim, nem qualquer coisa que lembrasse um show de verdade. Da improvisação e da canja se criou um berço de músicos vidrados em jazz, que começaram a fazer o verdadeiro jazz brasileiro, ou seja, a Bossa anos 60. Dessa turma frequente no Beco, batiam cartão: Johnny Alf, Leni Andrade, Dom Salvador, Tamba Trio, Airto Moreira, Dom Um Romão, Alaíde Costa, Edu Lobo, Baden Powell, Jorge Ben, Wilson Simonal, os produtores Miele e Ronaldo Bôscoli, Milton Banana, e claro, Elis Regina. Depois de pouco mais de um ano, Elis foi virar estrela em Sampa e se consagrar nos emergentes festivais e o Beco das Garrafas foi definhando, ainda com uma música vibrante e genuína, mas cada vez mais longe do público. Os anos acabaram corroendo aquele pequeno beco de Copacabana e nas décadas seguintes os vizinhos nos prédios não precisaram mais jogar garrafas por causa da altura da música - eis o motivo do seu apelido - mesmo porque só restou o Bacará, transformado em night club sem grandes pretensões. Mas eis que um sopro de vitalidade adentrou as frestas do local em 2013 quando a produtora Amanda Bravo, mexida ao avistar o abandono em que se encontrava um dos lugares preferidos do seu pai, o violonista e compositor Durval Ferreira, falecido em 2007, resolveu agir e ao lado do empresário Sérgio de Martino, reabriu na unha um dos bares. A iniciativa logo chamou a atenção da cervejaria Heineken, disposta a revitalizar a área e a parceria vingou: o Bottles e o Bacará se tornaram um espaço só, o Little Club foi totalmente reformado e o novo Beco das Garrafas foi reinaugurado, 50 anos depois, com pompa e circunstância no último dia 03. A ideia da produtora é unir artistas que tocaram no local em seu auge e a nova geração que bebeu dessa fonte, para quem sabe, com essa mistura, fazer do outrora famoso beco um novo point da melhor música brasileira da cidade e por que não, do Brasil.
Para saber mais sobre o projeto de revitalização e a programação do novo Beco das Garrafas, leia aqui: http://bottlesbar.com.br/