30 de outubro de 2014

Reportagem especial do Jornal RedeTV News mostra tesouros do colecionador Adriano Rainho

Folha de S.Paulo
Eu conheço o Adriano Rainho faz um certo tempo, não ao vivo, mas das várias negociações e conversas que já tivemos via internet. Se a sua paixão pelos quadrinhos já era óbvia pra mim, ficou ainda mais latente depois que assisti a essa reportagem especial da Rede TV, transmitida no dia 28/10. Quem me passou os links foi o próprio Rainho e com razão de sobra, estava esfuziante por finalmente poder mostrar sua participação no telejornal, depois de alguns adiamentos da produção. Vale a pena ver as preciosidades guardadas pelo colecionador, em um acervo recheado de raridades, desde a Gazeta Juvenil dos anos 30 com a primeira aparição do Superman no Brasil, passando por almanaques e itens Disney difíceis de aparecer por aí, álbuns de figurinhas com mais de 70 anos de idade e a mais completa coleção do Brasil sobre Tex Willer, seu personagem preferido. Uma grande coleção ( tanto em quantidade como em importância) não se faz só com dinheiro e espaço - a paixão e o cuidado são seus maiores protetores. Esbanjando todos esses quesitos, Adriano Rainho é sem dúvida, um dos grandes colecionadores brasileiros da nona arte. Seguem os dois links com a reportagem completa:
http://mais.uol.com.br/view/15253907
http://mais.uol.com.br/view/15253909
E para complementar, uma matéria bem recente que saiu na Folha de S.Paulo sobre o colecionador:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/10/1534426-apos-fechar-escola-de-informatica-empresario-vive-da-venda-de-gibis.shtml

29 de outubro de 2014

Tom Zé, Criolo e a banca de jornal

Divulgação
Divulgação

Ontem parei pra ver o ótimo Vitrine da TV Cultura e lá estava o essencial Tom Zé, elétrico como sempre, do alto de seus setenta e lá vai cassetada, cheio de ideias, opiniões e planos. Em seu número musical com a banda, ao vivo no estúdio, lançou uma pérola que eu desconhecia e depois descobri ser uma parceria sua com o Criolo. A música segue aquele impulso esquizofrênico, com pitadas de samba e atonais que distinguimos de longe ser do Tom Zé; a letra me chamou muito a atenção - e creio eu ter sido feita a quatro mãos - por enfiar em sua métrica, diversas revistas conhecidas que cansamos de ver penduradas ou encavaladas em prateleiras de bancas Brasil afora ( incluindo a Cigarra como uma antepassada de todas elas). Como um revistólatra e frequentador/fuçador de bancas de jornais, sebos e livrarias, fiz questão de colar a letra inteira abaixo e claro, o vídeo logo em seguida. Viva Tom Zé! Salve Criolo!

Banca de Jornal 

Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
A formiga carrega a folha
Do estado de são paulo ao piauí
Enquanto isso a cigarra quer ser vip
Pra sair contigo na capa da ti-ti-ti
Caras, quem pra matar
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
A formiga carrega a folha
Do estado de são paulo ao piauí
Enquanto isso a cigarra quer ser vip
Pra sair contigo na capa da ti-ti-ti
Caras, quem pra matar
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
Veja, isto é pouca
Lenha no grande bate-boca
E ainda escrevo uma carta capital
Para os caros amigos desta banca de jornal
Caras, quem pra matar
(de Tom Zé/ Criolo)
https://www.youtube.com/watch?v=q4qqkrLquQs

26 de outubro de 2014

Tim Maia - O Filme

divulgação
Um dos filmes mais aguardados da temporada é "Tim Maia - O Filme", dirigido por Mauro Lima - de "Meu Nome Não é Johnny", com estreia marcada para o dia 30/10. O longa conta com dois atores interpretando Tim Maia - Robson Nunes em sua fase anterior ao sucesso ( até 1969) e Babu Santana daí em diante. No elenco também há a presença de atores globais bem conhecidos, como Cauã Raymond, num papel de destaque como o amigo Fabiano ( na verdade o cantor Fabio, chamado assim por Tim na intimidade) e Alinne Moraes, como Janaína/Janete, grande paixão do cantor. A cinebiografia aliás, foi baseada em dois livros - do próprio Fábio Stella, que escreveu " Até Parece que Foi Sonho: Meus Trinta Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia" e "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", de Nelson Motta, formando um roteiro que traz a narrativa a partir do ponto de vista do amigo Fábio. Roteiro esse que percorre cinquenta anos na vida do carioca Sebastião Maia, desde a sua infância até a morte aos 55 anos, incluindo seu início musical com a turma da Tijuca, sua passagem pelos EUA, quando descobriu o soul e foi preso por posse de drogas e roubo, sua insistência em mostrar suas músicas na volta ao Brasil, o sucesso a partir de 1970, a carreira errática, com furos, drogas, idas e vindas pelas gravadoras, sua passagem meteórica pela seita Universo em Desencanto/Racional, seus desencontros amorosos ( e uma grande paixão permeando tudo), a fundação de sua gravadora própria, entre tantos momentos polêmicos e rebeldes.
Um filme que tem tudo pra dar certo.
Acompanhem o trailler oficial e pequenos trechos selecionados, abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=h5ZsRsfSep8
https://www.youtube.com/watch?v=vDc3wr_WIS0
https://www.youtube.com/watch?v=6-HdBiYlvEI
https://www.youtube.com/watch?v=NlbYVVIplGI

23 de outubro de 2014

Capa do Mês: Serafina outubro de 2014

Patti Smith, madrinha punk, musa do CBGB, poeta pós-beat de Nova York, amiga de quase todos os beats, chegada de Dylan, de Hendrix , chapa dos Velvet Undeground e de Andy Warhol, compôs com Bruce Springsteen e com Fred Sonic Smith do MC5 (com quem casou), participou de filme do Godard, é sogra de Meg White ( ex-White Stripes), namorou Sam Shepard e também o fotógrafo Robert Mappethorpe, figura central do seu livro "estouro" "Só Garotos", compôs também com o músico irlandês Kevin Shields do My Bloody Valentine, participou de disco do Flea, é truta de Johnny Depp e já trocou muita idéia com Michael Stipe (ex-R.E.M.) - com Janis Joplin, foi uma noite inteira no Chelsea Hotel. Patti Smith está com 67 anos e assim como quando tinha 17, 27, 37, 47 e 57, não para de agitar a vida e produzir coisas úteis. Patti Smith está para lançar mais um livro de memórias - se ficar no nível do primeiro, promete arrebentar de novo! Essa bela e sóbria capa da Serafina da Folha de outubro fica por aqui como capa do mês. A foto que a ilustra é de Maud Bernos.

20 de outubro de 2014

Os clipes do Fantástico nos anos 70

O Fantástico já passou por diversas fases em seus mais de 40 anos no ar - algumas inovando com quadros surpreendentes, outras constrangendo com fiascos e equívocos. Uma das ideias mais interessantes que rolaram no programa de domingo foi a produção de clipes de artistas da MPB. Os vídeos eram realizados inteiramente pela Rede Globo e o foco eram lançamentos (mas também podia rolar um "ao vivo"). Separei só os da primeira década do programa, pois pega uma época em que os clipes eram feitos "na unha", sem muita ajuda tecnológica e a criatividade precisava se sobressair de qualquer jeito. Confesso também que separei essa década, porque sempre adorei essas músicas todas e assobiava cada uma entre minhas brincadeiras e traquinagens de infância.

Gilberto Gil - Não Chore Mais - https://www.youtube.com/watch?v=-RLfzc2O0ks
Joyce - Clareana - https://www.youtube.com/watch?v=UD_zA3R_Y8c
Zé Ramalho - Admirável Gado Novo - https://www.youtube.com/watch?v=8cTTnPPj418
Simone - Cigarra - https://www.youtube.com/watch?v=qUX-aYPZQv0
Paulinho Tapajós - Caminho de Santiago (1974) - https://www.youtube.com/watch?v=fNLCF4QjSpQ 
Beth Carvalho - Olho por Olho - https://www.youtube.com/watch?v=gLZlsfEB6Ko
Raul Seixas - Há Dez Mil Anos Atrás -https://www.youtube.com/watch?v=6xJsQgnZltI
Ednardo - Pavão Mysteriozo - https://www.youtube.com/watch?v=g8fTcdTyJXs
Jorge Ben -Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas - https://www.youtube.com/watch?v=5oO0ZxrMmjU
Elis Regina - O Bêbado e a Equilibrista (1979) - https://www.youtube.com/watch?v=mcYCP1nEdUA
Ivan Lins - Cartomante - https://www.youtube.com/watch?v=oKJ5WW3Kpy0



16 de outubro de 2014

Voltolino na revista O Pirralho

O Pirralho nº 4 - 02/09/1911
O Pirralho nº1 - 12/08/1911

Uma das minhas diversões favoritas nos últimos tempos é pesquisar as publicações do séc XIX e início do século XX disponibilizadas na vasta busca da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Não que só tenha esse período na coleção - dá pra pesquisar também jornais e revistas publicados até os anos 1970 - mas já que as raridades estão lá disponíveis, prefiro mergulhar no mais raro. A revista Pirralho, fundada pelo modernista Oswald de Andrade em 1911, foi uma das que me encheram os olhos, tanto por sua qualidade como pelo conteúdo inteligente e perspicaz. Oswald, embora muito novo, estava em seu auge criatrivo como editor e todo o germe do modernismo que se institucionalizou em 1922 na famosa semana de arte, já estava embutido nessa fantástica revista O Pirralho, que de infantil, como o nome poderia supor, não tinha nada - sua verve era mesma política, literária, artística e principalmente de humor, e o objetivo editorial, repensar a arte e os costumes sociais vigentes até então. Além da sombra fértil de Oswald como editor e redator ( assinando como Oswald Jr, já que seu pai, José Oswald, era o real proprietário da revista), e intelectuais de calibre entre os colaboradores, como Olavo Bilac e Guilherme de Almeida, quem deixou marcas indeléveis no sagaz periódico foi o ilustrador e cartunista Voltolino ( cujo nome de batismo era Lemmo Lemmi), com sua pena que ia no ponto certo da crítica e cutucava feridas como ninguém, sempre com um pouco de mercúrio cromo na outra mão para não haver sangramento inútil. A sua mordacidade convivia muito bem com outra característica de sua crônica ilustrada: a visão aguçada dos costumes e comportamentos mundanos. Ficou até 1918 na revista, um pouco antes do fim da publicação, mas nesse período de seis, sete anos como ilustrador voraz e constante, pôde exercitar e experimentar técnicas e formatos até então pouco usuais na imprensa brasileira. Essa sua colaboração no O Pirralho merecia/merece um estudo mais aprofundado dos especialistas. Selecionei lá em cima duas páginas de Voltolino no periódico, propositadamente na linguagem HQ. E no link abaixo tem todo o perfil da revista elaborado pela equipe da Hemeroteca:
http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/o-pirralho

13 de outubro de 2014

Foto do Mês: Gabriel Canos e Fernando Caruso

Canos e Caruso
Esta foto eu tirei quando estava saindo do festival Guia dos Quadrinhos no sábado. Eu e meu filho estávamos bem satisfeitos com o evento, pois encontramos boas promoções, trocamos figurinhas com grandes figuras e assistimos palestras bem substanciosas. Mas qual foi nossa surpresa quando na despedida, nos deparamos com Fernando Caruso, esse grande humorista e - eu já sabia dessa - colecionador de quadrinhos desde  muito novo, que surgiu no evento ao lado do Jal ( quadrinista das antigas, atualmente na Mauricio de Sousa Produções e que dispensa maiores apresentações), amigo do seu pai, o cartunista/redator Chico Caruso. O click foi inevitável e pela alegria no rosto do meu filho Gabriel, uma foto para se lembrar ad infinitum. Além da simpatia inerente, Fernando Caruso é um dos mais representativos humoristas do momento - quem não conhece seu trabalho, recomendo que assista os vários programas que participa no canal Multishow, principalmente o "Vai Que Cola", na linha do antigo Sai de Baixo e com grandes humoristas da nova geração - o seu personagem "Seu Wilson" é impagável.

12 de outubro de 2014

Festival Guia dos Quadrinhos 2014

Pra mim o Festival Guia de Quadrinhos ( ex-Mercado de Pulgas) é um dos eventos de quadrinhos mais bacanas entre tantos, pois junta informalidade, palestras descontraídas, boas opções para comprar tanto raridades como lançamentos, e o melhor, a oportunidade de encontrar ao vivo vários confrades da internet e desencavar histórias hilárias e únicas. Nesse sabadão calorento, com meu filho Gabriel, consegui assistir duas boas palestras, uma sobre a evolução do mercado brasileiro de mangás com a participação de Cassius Medauar, Marcelo del Greco e a mediação de Maurício Muniz e outra sobre os 80 Anos do Pato Donald com a dupla Marcelo Alencar e Paulo Maffia. Nessa última rolou muita história de bastidores da Abril, curiosidades do grande Carl Barks e lances da trajetória do mestre brasileiro Carlos Edgard Herrero ( que estava programado para a palestra mas não apareceu), além das homenagens do Pato que acontecerão até 2015 ( ano em que sua revista completa 65 anos!). Enquanto zanzava pelo evento e ia enchendo a mochila ( ai meu bolso, Celsão!), pude conversar com muitos amigos do Face, alguns que eu nunca tinha encontrado ao vivo, caso do Paulo Cecconi, Lauro de Luna Larsen, José Braga ( a quem eu agradeço imensamente pela paciência e "aluguel"), Claudio Juris e Flávio Luiz Nogueira, que me fez um desenho muito especial na contracapa de sua magnífica obra "O Cabra". Reeencontrei depois de "milanos" o grande Marcatti, lenda dos quadrinhos, que tanto me ajudou com sua dica de gráfica para meu livro de poesia. Tive também o grande prazer de conversar com Guilherme Kroll da Balão Editorial e Marcelo Naranjo, do Universo HQ, com histórias incríveis de bastidores envolvendo Neil Gaiman, Jerry Robinson, Will Eisner, Mauricio de Sousa, Mort Walker, entre outros. Conversei rapidamente com o Jal, que apareceu com o humorista Fernando Caruso, filho do Chico Caruso, com Roberto Guedes e com Kendi Sakamoto, um dos maiores colecionadores do Brasil, se recuperando bem da saúde, depois de uma cirurgia. E revi figuras carimbadas como o Artur Tavares da HQM e o grande Wilson Simonetto, figuras obrigatórias em qualquer desses eventos. Cumprimentei rapidamente o Daniel Esteves e cometi uma gafe ao achar que o Alexandre Morgado era o Daniel ( Sorry por isso). Não vi dessa vez o Will Sideralman, nem o Peter Mihajlovic.O Renato Frigo, grande chapa e capitão do "Colecionadores de HQ", se enrolou na agenda e não pode vir. E também não encontrei o Toni Rodrigues nem o professor André Luiz Aurnheimer. No fim, fiquei bem mais pobre na conta mas ganhei uma tarde inesquecível pro resto da vida. Valeu, Edson Diogo, Mauricio Muniz, Erico Molero e demais membros da produção do festival. Que ele continue por muito tempo, mantendo essa originalidade e leveza. 
Seguem as fotos:
Palestra sobre mangás com Marcelo Del Greco, Cassius Medauar e mediação de Mauricio Muniz



Eu e o lendário Marcatti

A Band presente no evento
Trocando livros com Flavio Luiz

Com Guilherme Kroll e Marcelo Naranjo
Palestra animada com Marcelo Alencar e Paulo Maffia 
Maffia, eu e Alencar

10 de outubro de 2014

O vital Vital Farias

Estava zapeando pela TV outro dia e aí uma apresentadora dessas que povoam os atuais auditórios chamou um calouro e anunciou a música que ele ia defender: "Veja (Margarida), de Elba Ramalho!". "Veja" (Margarida) é aquela canção cuja letra diz "Veja, meu bem/ gasolina vai subir de preço/ e  eu não quero nunca mais seu endereço/ ou é o começo do fim/ ou é o fim..." e embora essa singela e ao mesmo tempo telegráfica composição tenha estourado na voz de Elba Ramalho na década de 80, foi criada na verdade alguns anos antes (1978, pra ser exato) pelo inventivo e caleidoscópico Vital Farias. Nem culpo tanto a apresentadora, que provavelmente não conheça o Vital, pois esse genial, embora discreto compositor paraibano de Taperoá ( que chegou a tocar muitos rocks ao lado de Zé Ramalho nos anos 60) sempre ficou muito "na sua", inventando maravilhas para tantos cantarem. Foi assim em 1976, ano em que se envolvia com o pessoal do teatro no Rio e participava musicalmente da famosa peça Gota D'água, de Chico Buarque: nesse ano entregou de bandeja "Caso Você Case" uma pequena pérola para a delicada cantora Marília Barbosa ( já falecida) que acabou virando sucesso na trilha da novela Saramandaia, e também uma parceria sua com Livardo Alves, "Ê Mãe", primeira gravação de sua lavra, cantada pelo humorista Ari Toledo. Lançou três discos próprios entre 1978 e 1982, todos eles com músicas que nasceram clássicas: "Canção em Dois Tempos ( Era Casa Era Jardim)", incluída na trilha da novela da TV Tupi "Roda de Fogo", "Bate com o Pé, Xaxado", "Pra Você Gostar de Mim". as já citadas "Caso Você Case" e "Veja ( Margarida)", "Cantigas para Voar" ( A Elba Ramalho) - eis aí a prova da ligação dos dois conterrâneos -, "Do Meu Jeito Natural", "Ai que Saudade de Ocê" (gravada por uma penca de artistas, Zeca Baleiro mais recentemente) e o épico "Saga da Amazônia", ecológica antes de ecologia virar assunto nas rodas. Algumas delas foram tocadas na cultuada série ao vivo "Cantoria" do selo Kuarup, que reuniu Vital Farias, Geraldo Azevedo, Elomar e Xangai em 1984 e 1985. Foi nesse período que à discrição do criador juntou-se a sede do saber, e Vital Farias resolveu se aprofundar nos estudos e vivenciar outras experiências na vida, deixando em off sua produção musical. Só reapareceu em disco em 2002 com várias músicas no CD de sua filha Giovanna, mas desde a época dos "Cantoria" tinha prometido uma série de quatro discos simultâneos para esse novo milênio. Enquanto aguardamos esse "evento" que promete, e enquanto o mestre se embrenha em outros searas - tentou o senado pela Paraíba duas vezes, com expressiva votação e saiu para deputado federal nessa última eleição - podemos dizer a plenos pulmões, para que não se cometa injustiça a um de nossos mais originais compositores, toda vez que tocar uma de suas maravilhosas canções: "- Essa música foi feita pelo vital Vital Farias!".
Algumas delas:
*https://www.youtube.com/watch?v=wTyPbTi_N_w
https://www.youtube.com/watch?v=KmoHLBWpOaI
https://www.youtube.com/watch?v=pH_O7B-36xQ
https://www.youtube.com/watch?v=4hdm26TdNLU

9 de outubro de 2014

O tempo do Beco das Garrafas é agora


O Beco das Garrafas antes e depois
O Beco das Garrafas foi simplesmente o berço e o maior point da bossa nova nos anos 60, verdadeiro celeiro dos melhores instrumentistas do gênero. Olhando aquela rua sem saída, com quatro bares colados um no outro, todos eles sem nenhuma estrutura que chamasse a atenção, não dava pra dizer que a Bossa se consolidaria ali e a furacão Elis Regina, recém chegada do Sul, iria explodir a partir dos pockets shows que realizaria em dois desses bares, o Bottles, e depois o vizinho Little Club. Os outros dois bares que completavam o "engarrafamento bossanovístico" era o Bacará e o Ma Griffe, e como seus vizinhos, não tinham palco, camarim, nem qualquer coisa que lembrasse um show de verdade. Da improvisação e da canja se criou um berço de músicos vidrados em jazz, que começaram a fazer o verdadeiro jazz brasileiro, ou seja, a Bossa anos 60. Dessa turma frequente no Beco, batiam cartão: Johnny Alf, Leni Andrade, Dom Salvador, Tamba Trio, Airto Moreira, Dom Um Romão, Alaíde Costa, Edu Lobo, Baden Powell, Jorge Ben, Wilson Simonal, os produtores Miele e Ronaldo Bôscoli, Milton Banana, e claro, Elis Regina. Depois de pouco mais de um ano, Elis foi virar estrela em Sampa e se consagrar nos emergentes festivais e o Beco das Garrafas foi definhando, ainda com uma música vibrante e genuína, mas cada vez mais longe do público. Os anos acabaram corroendo aquele pequeno beco de Copacabana e nas décadas seguintes os vizinhos nos prédios não precisaram mais jogar garrafas por causa da altura da música - eis o motivo do seu apelido  - mesmo porque só restou o Bacará, transformado em night club sem grandes pretensões. Mas eis que um sopro de vitalidade adentrou as frestas do local em 2013 quando a produtora Amanda Bravo, mexida ao avistar o abandono em que se encontrava um dos lugares preferidos do seu pai, o violonista e compositor Durval Ferreira, falecido em 2007, resolveu agir e ao lado do empresário Sérgio de Martino, reabriu na unha um dos bares. A iniciativa logo chamou a atenção da cervejaria Heineken, disposta a revitalizar a área e a parceria vingou: o Bottles e o Bacará se tornaram um espaço só, o Little Club foi totalmente reformado e o novo Beco das Garrafas foi reinaugurado, 50 anos depois, com pompa e circunstância no último dia 03. A ideia da produtora é unir artistas que tocaram no local em seu auge e a nova geração que bebeu dessa fonte, para quem sabe, com essa mistura, fazer do outrora famoso beco um novo point da melhor música brasileira da cidade e por que não, do Brasil.
Para saber mais sobre o projeto de revitalização e a programação do novo Beco das Garrafas, leia aqui: http://bottlesbar.com.br/ 



8 de outubro de 2014

Documentário "Mil Sons Geniais" (2004)

A delicada e harmoniosa Marina Machado em cena do documentário ( foto: Youtube)
Direto das Minas Gerais ( Alô, Isra, um grande abraço pra você!), descobri na rede um documentário bem interessante sobre músicos e instrumentistas mineiros chamado "Mil Sons Geniais". O filme mostra a diversidade musical e poética da capital Belo Horizonte, trazendo entrevistas com os artistas em seus locais de criação. Realizado em 2004 através do programa de incentivo DOCTV, com apoio da TV Cultura e Ministério da Cultura, foi reeditado em 2013 e dividido em 9 partes para facilitar sua propagação na internet. Esse que eu selecionei é o doc original, com 55 minutos, incluindo uma linda introdução com locução de Jota D'Angelo, texto de Fernando Brant, e fundo musical especial de Milton Nascimento para esse projeto, tocando sanfoninha e violão. A sequência de aparições dos artistas e suas respectivas entrevistas é esta: I -grupo Tambolelê, II - Affonsinho, III - Lô Borges, IV - O Grivo, V - Flávio Henrique, VI- Tavinho Moura, VII- Uakti, VIII - Toninho Horta e XIX - Marina Machado. Uma turma que merece respeito: afinada, afiada e enfiada nas entranhas e raízes da incrível música  popular mineira.
Segue o trem bom: http://www.youtube.com/watch?v=WDgCT7l7m8U



7 de outubro de 2014

Hugo Carvana (1937-2014)

O ator e diretor Hugo Carvana, um dos profissionais que mais personalizaram a imagem do malandro carioca em seus filmes, faleceu no último sábado (4), aos 77 anos. Ator de mais de 50 filmes em sua longa carreira, dirigiu comédias que marcaram os anos 70, como "Vai Trabalhar, Vagabundo" e "Se Segura, Malandro". Essa queda pela malandragem aconteceu em 1970, quando incorporou um personagem nesse naipe no filme "O Capitão Bandeira contra Dr. Moura Brasil". Iniciou os anos 80 com seu trabalho de direção mais lírico até então,"Bar Esperança - o último que fecha" e voltou a mergulhar no movimentado cotidiano carioca em "O Homem Nu" (1996) e "Casa da Mãe Joana" (1 e 2) e "Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo", os mais recentes. Na TV nunca teve um papel à sua altura nas novelas, como se o veículo tentasse amenizar a aura malandra de sua encarnação cinematográfica. Perda de tempo: na vida real, foi amigo de boêmios históricos, como Roniquito, Tom Jobim, Vinicius, José Lewgoy, Ary Barroso, entre tantos. A exceção na telinha foi "Plantão de Polícia", onde encarnou o repórter policial Valdomiro Pena entre 1979 e 1981. Do alto dos meus doze, treze anos, não perdia um capítulo dessa série que fez muito sucesso na época, incluindo a musica tema de Jorge Ben ( antes do Jor), "Esta é a história/ de Valdomiro Pena/ o cândido/ o último repórter policial romântico/..." Um de seus últimos papéis foi em outra série, "Giovanni Improtta", de José Wilker, amigo que também se despediu em 2014. Já a última homenagem, aconteceu no dia 27/09, quando a produção do Festival do Rio ( e não poderia ser evento mais propício) recuperou o negativo do seu primeiro filme, de 1954, e realizou uma sessão especial com cópia restaurada de sua obra-prima, "Vai Trabalhar, Vagabundo". Carvana, debilitado em casa, certamente sentiu o clamor e os aplausos calorosos da platéia.

6 de outubro de 2014

APL forma júri para o projeto "Escreva Seu Amor Por São Caetano"

Em primeiro plano, eu, Aroldo Miguel, Edna Kalil e Vilma Joana Leão.Na mesa, os demais escritores da APL
Começando outubro a mil, fui convidado pela Ana Maria Guimarães Rocha a participar do corpo de jurados do projeto "Escreva Seu Amor Por São Caetano" com alunos da rede municipal, uma parceria da APL (Academia Popular de Letras) , Secretaria Municipal de Cultura e Biblioteca Paul Harris, entidade dirigida por ela. Um trabalho prazeroso e enriquecedor que dividi com meus colegas da APL e que me mostrou o alto grau de criatividade que os jovens podem atingir quando se há incentivo prático. Um belo projeto que pode descobrir, quem sabe, um promissor escritor para o futuro. A matéria completa saiu no blog da APL:
http://academiapopulardeletras.wordpress.com/2014/10/06/apl-participa-da-analise-de-cronicas-poemas-frases-e-versos-do-escreva-seu-amor-por-sao-caetano/