6 de junho de 2015

Baú do Malu 55 : folheto original com programa do musical Rosa de Ouro ( 1965)

O antológico show "Rosa de Ouro" foi um musical pioneiro tendo o samba como protagonista. Foi nas mesas impregnadas de samba do não menos antológico Zicartola (casa que unia o samba de mestre Cartola com a culinária de sua mulher Zica), um ano antes, que aventou-se a possibilidade de se fazer um espetáculo unindo a velha e a jovem guarda do samba.Foi um lance arriscado - um show de samba em tempos de ieieié e bossa nova - mas que já se mostrara possível pelas mãos de Augusto Boal e seu sucesso Opinião ( que estreiou em dezembro de 1964). O espetáculo entrou em cena em 18 de março de 1965 com artistas até então desconhecidos do grande público - Elton Medeiros, Nelson Sargento, Paulinho da Viola, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho do Salgueiro - e duas damas da canção, cada uma no seu riscado: Clementina de Jesus e Aracy Cortes. Clementina fora descoberta por Hermínio Belo de Carvalho - pai e idealizador do musical - havia pouco, mais precisamente em 1963, depois de testemunhar a fundação da Portela e trabalhar como doméstica por 20 anos; Aracy Cortes ressurgiu com tudo nesse espetáculo, ela que foi vizinha de Pixinguinha e "lançadora" de grandes compositores desde os anos 20, como Assis Valente e Ary Barroso. Com essas duas damas do samba, a produção de Kleber Santos, o texto incisivo e a direção de Hermínio e a feliz reunião do conjunto Rosa de Ouro ( formado pelos cinco compositores/instrumentistas/intérpretes já citados), em torno de composições cruciais do gênero assinadas por Paulo da Portela, Cartola, Nelson Cavaquinho, Lamartine Babo, Sinhô e Ismael Silva ( gerações anteriores retiradas do limbo, como em "Opinião"), o musical durou um ano com grande sucesso.
Selecionei abaixo duas páginas do livreto original com o programa do espetáculo.
O livreto traz alguns detalhes interessantes, como chamar o show de "espetáculo de música popular carioca" e comprovar a gravação de vozes (especialmente para o espetáculo), de um time de responsa: Almirante, Sérgio Porto, Mario Cabral, Cartola, Sérgio Cabral, Lúcio Rangel, Carlos Cachaça, Ismael Silva, Pixinguinha, Donga e Jotaefegê. O único porém do programa impresso pe que fica-se sem saber quem executa/imterpreta cada número. A linda capa é creditada à Wilson Georges ( imagem que abre o post). Um musical que marcou época em um documento que merece ser guardado!




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