27 de março de 2020

Daniel Azulay (1947 -2020)

O mestre da arte e do desenho na TV. Crianças que cresceram entre 1975 e o início dos 90 levaram vida afora essa imagem do grande Daniel Azulay, um pioneiro em ensinar desenho na telinha. Muitos de seus pequenos (e outros nem tão pequenos) telespectadores, inclusive, seguiram carreira na arte graças ao seu programa, que misturava aula de desenho, brincadeiras, esculturas de sucata e muita diversão com a sua Turma do Lambe Lambe. Ontem, infelizmente, Azulay faleceu depois de contrair o coronavírus, e por estar em tratamento para leucemia, não resistir.Tinha 72 anos. Há um ano e meio atrás conheci-o pessoalmente, na premiação do troféu HQMix 2018 no Sesc Pompeia, onde ganhou o prêmio pela sua carreira. A foto que publiquei aqui no blog (e replico abaixo), mostrava bem como ele estava com a mesma cara dos anos 80 , além do figurino pra lá de original! Sua simpatia naquela noite especial foi contagiante! Obrigado mestre por espalhar arte num tempo em que não havia internet e os métodos de desenho eram caros. Em tempo: Azulay, além de arte-educador e pai da Turma do Lambe-Lambe, foi um excelente artista plástico, designer e ilustrador. E nos quadrinhos, além da própria turma do Lambe Lambe, que virou gibi nos anos 80 pela Bloch e Editora Abril, também fez uma tira para os jornais entre 1968 e 1969 que acabou se tornando histórica: Capitão Cipó. Também publiquei aqui no blog um programa do filme/show dirigido pelo seu irmão, Jom Tob Azulay, "Os Doces Bárbaros" (1978) com ilustrações incríveis de Daniel. Republico aqui uma página ( as outras estão no link no final).
https://almanaquedomalu.blogspot.com/2018/11/bau-do-malu-76-programa-original.html

25 de março de 2020

Albert Uderzo (1927-2020) e Manu Dibango (1933-2020)

Nesses tempos difíceis e temerosos do Coronavírus, em casa (claro!), nos resta rezar, torcer, passar informações construtivas, trabalhar - na medida do possível, cuidar dos idosos e crianças que por ventura conheça, ler, escrever, ver filmes, curtir a família e fazer coisas juntos, ligar para os amigos, arrumar coisas e objetos espalhados, fazer faxina, compartilhar cultura e conhecimento via internet e ter fé, muita fé (por mais que alguns discursos, pronunciamentos e coletivas tentem nos puxar para o abismo da ignorância). E seguir aqui com esse velho blog. Nos últimos dias se despediram dois grandes caras da cultura mundial: o desenhista francês Albert Uderzo e o músico camaronês Manu Dibango. Uderzo foi cocriador de Asterix e todo o universo ao seu redor. Ao lado do genial argumentista René Goscinny (falecido em 1977 aos 51 anos) criou em 1959 o gaulês irredutível Asterix e toda uma gama irretocável de personagens. Agradeço ao Albert por todos os álbuns do Asterix que li até hoje ( e hoje comecei a reler) - dos 37 álbuns falta-me uns três - inclusive os últimos, já com outros dois criadores à frente ( com toda reverência e respeito à dupla Uderzo-Goscinny mas sem o mesmo carisma ). Uderzo cocriou e desenhou muitos clássicos - Hum-Pa-Pá, Lucky Luke, Iznogoud, entre outros - mas Asterix superou todos, alcançando um patamar bem alto entre as melhores HQs mundiais. Manu Dibango, lendário saxofonista do afro-jazz, faleceu por complicações da Covid-19 aos 86 anos. Camaronês, viveu desde a adolescência na França, mas também morou na Bélgica, voltou à África, e entre uma viagem e outra, foi acumulando influências que desembocaram no seu originalíssimo jazz, com misturas de r&b, funk, sons africanos, música eletrônica, etc. O sucesso veio com Soul Makossa, de 1972. Em 1987 comprei seu álbum Electric Africa, um discaço que me fisgou primeiro pela capa (abaixo) e depois pelas suas quatro faixas incríveis, com participação de Herbie Hancock (ouçam no link logo abaixo da capa).Tenho ele até hoje e estou escutando nesse exato instante!
https://www.youtube.com/watch?v=zK69LoCTYus

22 de março de 2020

Kenny Rogers (1938-2020)

Kenny Rogers, o irrequieto compositor e cantor que modificou a cara do country tradicional ao incorporar elementos do pop, do rock e do soul, muitas vezes com pitadas românticas, se foi aos 81 anos na sexta-feira (20), deixando um legado gigantesco para a música mundial. Esteve ativo até 2017, em uma carreira de seis décadas. No início chegou a participar de banda folk e com sua banda First Edition, na segunda metade dos anos 60, entrou nas paradas com foco no "flower power" psicodélico, munido do microfone principal e baixo. A banda seguiu até meados dos anos 70, e seu fim fez Kenny partir para carreira solo. Foi aí que sua alquimia folk/pop fez a diferença e entrou nas paradas para nunca mais sair. Estourado nas rádios nos anos 80 e 90, em trilhas sonoras de filmes e em duetos inesquecíveis ( um dos grandes hits do karaokê aqui em casa é We've Got Tonight, de Bob Seger, com a cantora Sheena Easton) com Dolly Parton, com os Bee Gees, Kim Carnes, Gladys Night, Lionel Ritchie, Don Henley, Kris Kristofferson, entre outros - sem contar sua importante participação em We Are the World -, Kenny Rogers encantou gerações.
https://www.youtube.com/watch?v=C3BuITOx3Cs ***************** https://www.youtube.com/watch?v=l5F_5a_8Cwc

19 de março de 2020

Coleção Gibi 26 - Vida Apertada! (1948)

Uns dos itens mais legais da nossa era de ouro dos quadrinhos ( que começou com Aizen e seu Suplemento Juvenil em 1934 e foi até os anos 50) são esses chamados "tijolinhos", simpáticos livrinhos bem grossos e compactos que se baseavam em HQs de personagens famosos na época, transformando-os em "quadrões" de uma página com seus respectivos textos na página adjacente. As séries de tijolinhos se multiplicaram entre os anos 30 e 40: Coleção Mirim, Coleção Disney, Coleção Gibi, entre outras, quase todas publicadas pelas empresas de Adolfo Aizen ( Grande Consórcio de Suplementos Nacionais, até 1939; A Noite, com Aizen como editor; e Ebal, a partir de 1945) e de Roberto Marinho (O Globo). Essa Coleção Gibi, que trouxe o presente número entre seus lançamentos, foi lançada depois do sucesso dos tijolinhos de O Globo Juvenil. Saiu entre 1940 e 1951, com interrupções. Pafúncio e Marocas (Bringing Up Father), criação de George McManus datada de 1913, aparece aqui em 424 páginas (!) com o título genérico "Vida Apertada" (assim saía também nas tiras de jornais brasileiros no período). A capa, como se percebe n última imagem abaixo, é assinada por Gutemberg Monteiro ( Gut M), que seguiria carreira na Rio Gráfica de Marinho e outras editoras, até fazer sucesso nos EUA desenhando tiras como Tom & Jerry (assinando Goot).

14 de março de 2020

Jorge Salomão (1946-2020)

Jorge Salomão nos deixou no dia 07/03, depois de complicações de uma cirurgia do coração. Jorge, assim como seu irmão Waly, foi um furacão cultural, participando ativamente da cena teatral de Salvador no final dos 1960 e a partir de 1969 fazendo parte da turma poética do Rio de Janeiro, frequentadora do Pier e que iria produzir monolitos fundamentais para a geração 70 do mimeógrafo, do fanzine e dos saraus, principalmente com a revista Navilouca, criada por Torquato Neto e o mano Waly Salomão. Barulhento, apaixonado e inquieto, o poeta foi também um grande performer da poesia falada e publicou seis livros: Mosaical (1996), O olho do tempo (1997), Campo da Amerika (1998), Sonoro (1999), Alguns poemas e + alguns (2016) e 7 em 1 (2019 - obras completas). Como letrista, marcou presença em muitas composições: ´com Dulce Quental ( "Natureza Humana", ao lado de Waly, versão de Human Nature), com o Barão Vermelho (“Política voz” e "Fúria e Folia", parcerias com Frejat), Marina Lima (“Pseudoblues”), Zizi Possi (“Noite”, com Nico Rezende), Adriana Calcanhotto (“Sudoeste”), Cássia Eller (“Barraco”), entre outras. As letras de música, aliás, eram seu maior combustível atual, e alguns lançamentos com a sua assinatura virão ainda este ano: no segundo semestre, a cantora Laura Finocchiaro, grande amiga do poeta, lançará disco que incluirá "A Vagar", canção inédita com letra de Jorge. Outra grande novidade, ainda em fase de produção e com apoio do Sesc, é o disco que reunirá todas as parcerias musicais de Jorge Salomão, em gravações realizadas por nomes como Wanderlea, Zeca Baleiro, Mônica Salmaso, entre outros. Siga em paz, poeta Jorge!

11 de março de 2020

Sebos em Brasília

Brasília tem sebo sim senhor/senhora, e a matéria do Correio Braziliense de hoje mostra muito bem isto. Vale a pena saber, principalmente porque alguns desses sebos tem exclusivamente venda online (como a Dom Caixote na foto abaixo) como muitos deles ficam meio "escondidos" dentro da capital. Sigam o link abaixo https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2020/03/10/interna_diversao_arte,833144/sebos-resistem-e-agitam-parte-da-vida-cultural-da-cidade.shtml?fbclid=IwAR2jBFETuzCjNgwM74gDIx_CgKqgnECiPYyS0jqfFmbh0WPEGZXqFDciuf4
(Guilherme Cobelo/divulgação)

Boletim Poesia.Net 439 - Ana Santos

No novíssimo boletim 439 do Poesia.Net capitaneado pelo grande Machadinho, a envolvente poesia da gaúcha Ana Santos comparece com muito louvor! Que grata surpresa! Aproveito para avisar os amantes da poesia que o nobre Carlos Machado, jornalista e também poeta, mantém o Poesia.Net com boletins mensais há mais de década no ar, seja como mailing ou na rede - eu, abençoado, recebo via e-mail desde o início. Entrem no link abaixo e curtam as centenas de boletins já produzidos, todos com comentários, resenhas e notícias avulsas focadas, claro, na poesia. Viva! http://www.algumapoesia.com.br/poesia4/poesianet439.htm
(Ana Santos)

10 de março de 2020

Livro YéYé - Martins Fontes na Intimidade (1963)

Esse simpático livro de 118 páginas, lançado em 1963 em São Paulo, enreda a trajetória de Martins Fontes, que a moçada atual conhece como nome de livraria, mas pouco ou nada sabe sobre esse Martins Fontes anterior, o poeta, médico e tradutor José Martins Fontes (1884-1937). A livraria foi lançada em 1970 por outros Martins Fontes, enquanto o grande poeta santista da virada do século passado, amigo íntimo de Olavo Bilac e patrono da cadeira nº26 da Academia Paulista de Letras, foi um escritor de mão cheia e produção caudalosa, além de médico influente e conferencista que correu o Brasil e o Mundo. A curiosidade deste volume que trago aqui é que ele contém em suas páginas uma dedicatória do autor Nelson Libero (amicíssimo de Bilac e Fontes e parente do Líbero Badaró) ao grandioso ator Procópio Ferreira. Consegui o exemplar em um leilão online com os espólios da família, após a morte de sua filha Bibi Ferreira em fevereiro do ano passado. Guardarei com carinho dobrado em minha biblioteca.

Fábrica da Simca do Brasil em São Bernardo do Campo nos anos 60

Foto esplendorosa que eu capturei do ótimo grupo do FB, "Fotos Antigas de São Bernardo do Campo", postada por Finardi. Não sei se é de arquivo pessoal, mas não vi os créditos da imagem. De qualquer maneira, é uma das fotos mais lindas que já vi das antigas montadoras do ABC. A Simca do Brasil, como descreve a legenda no corpo da própria foto, ficava no KM 23 da Via Anchieta em São Bernardo/SP e tinha em sua linha de montagem alguns dos automóveis mais queridos e disputados pelos amantes de carros. Como acontece muito neste mercado até hoje, a Simca estava no seu auge de produção em 1965/1966 com 2300 funcionários quando chamou a atenção da Chrysler americana, que já era dona da Simca francesa, que assumiu o comando da filial no segundo semestre de 1966. O modelo Simca durou só mais alguns meses, até que a Chrysler do Brasil encorporou o nome Simca e estancou sua fabricação no país em 1967. Como já dizia Marcelo Nova no seu clássico "Simca Chambord", gravado com o Camisa de Vênus em 1986, "Acabaram com o Simca Chambord". Na música, é uma metáfora aos dias de chumbo da Ditadura. Aqui, acabaram literalmente com o luxuoso veículo.

5 de março de 2020

Aviso Final 37

Encontrei meu amigo Renato Donisete , que mora no meu bairro, e viva! Lá estava ele com o último Aviso Final na mão. O fanzine, especializado em som punk e afins, já atravessou décadas e segue firme no mesmo formato e sempre com uma cor chamativa servindo de fundo para as entrevistas e perfis produzidos pelo ativíssimo Donisete. Mais um viva para essa publicação que já é um patrimônio da contracultura aqui do ABC. Segue a capa desse número 37 ,com data de dezembro de 2019, que traz uma longa e completa entrevista com a banda Armagedom, que completou 35 anos recentemente. Quem quiser entrar em contato com o Renato, manda e-mail para avisofinal@gmail.com