26 de outubro de 2019

Walter Franco (1945-2019)

Lá foi um dos grandes compositores brasileiros. Walter Franco deixou nosso planeta nesta semana aos 74 anos e deixou um legado vanguardista insuperável. Músico com muita personalidade, acabou caindo naquele rol maldito dos tais malditos que a mídia impôe aos que não podem ser rotulados. Sua bela música acabou restrita, mas ficará para todo o sempre como única, profunda, em movimento, moderna. Aqui no meu acervo tenho o famoso LP branco da mosca, seu debut em disco, e que por muitos anos foi disputado a tapa ( o original da época ainda o é) e os três posteriores eu consegui em CD. Todos frequentam meu som a todo momento e o Revolver, de 1975, é o meu preferido - não desmerecendo os outros, cada qual com suas texturas e direções. Tive o privilégio de vê-lo ao vivo com a família há uns dois anos e meio atrás, no Centro Cultural São Paulo. O show foi bem de perto, bem aberto e vibrante, com participação de seu filho Diogo como integrante de uma banda bem afiada. Senti que ele estava um pouco cansado, mas nada que o impedisse de tirar foto com os fãs pós-show. Vá em paz, Walter Franco - e espero que como disse uma de suas mais duradouras músicas - vá com a "mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo". Lá embaixo, o link para o programa "Som do Vinil" sobre o clássico "Revolver".
https://www.youtube.com/watch?v=-CZKpozwuY4

20 de outubro de 2019

Foto do Mês: Lô Borges (Teatro Sesi - Prêmio Bunge - 07/10)

Um encontro especialíssimo no mês foi o pocket show de Lô Borges no Prêmio Bunge, realizado no Teatro Sesi no dia 07/10. Acompanhado de seu irmão Telo Borges, também compositor como ele, nos teclados e o excelente Henrique Matheus na guitarra, o mineiro desfilou sucessos duradouros do Clube da Esquina, movimento primordial da música brasileira, que teve Milton Nascimento e os irmãos Borges (Lô, Marilton, Telo, Nico, Márcio, Solange, Yé), entre outros, como peças-chave. Um show compacto mas bem emocionante, que ainda nos premiou com um encontro nos bastidores que carimbou de vez a noite. E nos provou que Lô continua um artista sem problemas com ego ou estrelismo - gente como a gente - o que é muito gratificante presenciar e comprovar ao vivo.

16 de outubro de 2019

Baú do Seu João 32 - Breda (folheto da Mercedes-Benz)

Eis mais um achado daqueles no meio da papelada guardada do meu saudoso pai. Desta vez apareceu um folheto ( ou parte dele) patrocinado pela Mercedes e pelo jeito com direcionamento para o turismo em São Paulo. Além da paisagem central da cidade na fronte, há no verso um belíssimo desenho de um modelo de ônibus da empresa Breda. Essa Breda presta serviços pelo Brasil e principalmente no Sudeste há décadas - aqui no ABC faz fretamento para várias empresas, entre elas a GM. Mostrei para meu primo Roberto, um expert em ônibus, e ele me disse que esse modelo ainda é o chamado "bicudinho", por conta de sua frente mais "avançada". O ano deste folheto eu não achei, mas estou pesquisando. Qualquer outra notícia, acrescento.

4 de outubro de 2019

Cartões QSL do acervo de Herbert Schlindwein

Uma matéria saborosa e rara de se ver, pelo seu assunto atípico: a Folha de S.Paulo publicou na semana passada uma reportagem assinada por Jasmin Endo Tran que encontrou em Brusque, Santa Catarina, o Gustavo, neto do seu Herbert Schlindwein e com ele uma coleção formidável de cartões QSL. Contando com cerca de 4000 unidades , o conjunto impressiona pelo design e estilos gráficos impressos, esbanjando cores, criatividade e variedade artística. O termo QSL, como a matéria informa, faz parte do código Q da radiocomunicação e quer dizer "entendido" ou "eu confirmo a recepção do seu contato. Era como seu Herbert e seus milhares de colegas radioamadores espalhados pelo mundo se comunicavam e a frase está marcada em todos os cartões do acervo, que eram mandados depois de usados para o receptor, numa logística toda própria que podia durar meses.Lendo tudo isso, me emocionei ao lembrar dos meus tempos de escoteiro, nos idos de 1979/1980,especificamente de uma atividade em que cada grupo ficou a noite e a madrugada inteira na casa de um radioamador experiente da região do ABC. O nome do senhor que nos acolheu com gosto em sua casa me fugiu com o passar dos anos, mas a sensação de estar presente naquele momento em que mensagens do Japão e da América Latina conseguiram conexão em seu receptor de radioamador foi realmente única - fora o fato de nós, do alto de nossos 12/13 anos, ter a oportunidade de passar a noite inteira fora de casa!! O que mais chama atenção nesse acervo no Sul, além da quantidade, é mesmo o design das peças. O uso das imagens não tinha restrições e eram feitas/montadas/gravadas pelos próprios radioamadores, que experimentavam pra valer e misturavam várias técnicas diferentes, como tipografia, colagem, carimbos, fotografia, ilustração, etc., quase todas com apuro e qualidade ímpar. O neto Gustavo, além de poder preservar o legado e a memória do avô saudoso, tem em mãos uma seleção riquíssima em termos gráficos e um recorte valoroso dentro da história pouco contada dos radioamadores, verdadeiros heróis e desbravadores em um tempo mais inocente pré-internet. Vejam a matéria completa no link abaixo e apreciem algumas imagens que colei lá em cima e aqui embaixo ( fotografei direto da tela...me desculpem a qualidade) - Crédito: Folhapress ********** https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/09/com-cartao-ate-da-antartida-acervo-de-radioamador-em-sc-revela-joias-do-design.shtml

1 de outubro de 2019

Seu Otacilho

Um dos grandes momentos do mês de setembro, daqueles que a gente leva para a vida, foi ter conhecido o formidável Seu Otacilho ( assim mesmo, com lh), em uma instituição de idosos na zona sul da capital. Fiz parte de uma ação com minha esposa e vários voluntários,onde, além de várias atividades como música e sarau de leitura, os moradores do asilo recebiam cartinhas e desenhos de crianças de outra instituição que escutaram as histórias dos próprios idosos e colocaram no papel o que sentiram da narrativa pessoal deles. Receber uma devolutiva de uma criança que escutou a sua história de vida fez com que cada idoso reagisse de uma maneira, mas sempre com emoção, agradecimento, felicidade. Seu Otacilho, ex-marinheiro, com voz de locutor a la Jamelão e conhecedor de sambas antigos, foi além e contou outras histórias ao vivo para nós - algumas de seu tempo como encarregado da caldeira no navio, navegando em várias partes do mundo, com destaque para a Argentina e os EUA. Chegou a morar em Los Angeles por alguns meses e lá também colheu algumas histórias hilárias, que ao saírem de sua boca agora, às portas dos 80 anos, vem carregada de sorriso e satisfação, como se viessem de uma das crianças das cartinhas. Na foto abaixo, com o voluntário Pablo que eu conheci no dia, essa alegria contagiante transparece! Viva Seu Otacilho! Obrigado pela ótima manhã e começo de tarde em sua companhia - foi uma honra conhecê-lo!