23 de fevereiro de 2019

Danilo Caymmi canta Dorival Caymmi ( Sesc-Santo André 22/02/2019)

Fui com meu filho assistir ao show em que o Danilo Caymmi canta as músicas do seu pai, o genial Dorival Caymmi (1914-2008). O projeto se chama "Viva Caymmi" e vem num formato bem simples mas extremamente agradável e eficiente: Danilo no vocal e flautas; a narração histórica feita pelo ator Nilson Raman, também produtor, ao seu lado; e violão a cargo do ótimo Flavio Mendes. Entremeando as canções, histórias divertidas e pitorescas de Dorival, lembradas por Danilo, como aquela em que o mestre tocava seu sucesso "Marina" em uma boate de Copacabana e um cliente "trêbado" encostou uma arma em sua barriga dizendo ser o marido da Marina. Outra que deu o que falar foi com "Maracangalha", canção inspirada no seu amigo Zezinho, que era casado, mas tinha esposa e até filho em outra cidade e quando acontecia algo, mandava telegrama para ele mesmo e dizia à mulher - "Eu vou pra Maracangalha". No repertório, o creme de la creme do cancioneiro caymmiano, das músicas praieiras iniciais ( onde criou um gênero genuinamente brasileiro) e os sucessos na voz de Carmen Miranda, ao período de sambas canções pós-proibição dos cassinos, sua aproximação com Tom Jobim e João Gilberto ( ou seja, com a bossa) e as últimas produções para a TV ( em novelas e séries como Gabriela, Teresa Batista Cansada de Guerra, etc). entre as curiosidades, a confirmação da composição em quatro mãos de "Samba do Avião" com Tom Jobim, mas sem a assinatura de Caymmi. Um show muito divertido e importante pelo seu valor de resgate cultural, que fechou no bis com a deliciosa música de Danilo ( com os parceiros Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), "Andança", cantada e decantada até hoje em acampamentos, fogueiras, rodinhas, saraus e karaokês. Deixo também registrado aqui a simpatia natural de Danilo, que esbanja vitalidade aos 70 anos e não se importou em momento algum em ficar aguardando uma fila considerável de fãs para autógrafos e fotos ao seu lado, com um largo sorriso no rosto.

22 de fevereiro de 2019

Baú do Seu João 28: tirinhas em quadrinhos no carnê do IPTU (SP-1984)

Essa foi uma grande surpresa: entre tantos carnês do IPTU que meu pai guardou em caixas de sapato, eis que encontro essas tiras em quadrinhos no verso de um deles, especificamente o do ano de 1984, anunciando o banco Nossa Caixa. A principio, achei que era desenho do Ziraldo, pelos traços, mas a assinatura não batia com a dele. Aí quando postei em um certo grupo de grandes pesquisadores da área, batata! Vários amigos cravaram que as tiras eram do Zélio, irmão mais novo do Ziraldo. A assinatura dele nem sempre parece seu nome e nesse caso, até lembra a palavra "Mineiro". Mais uma surpresa do eclético baú do Seu João!

19 de fevereiro de 2019

Baú do Seu João 27: série 3-D Sensacional ( Chocolates Nestlé/Disney/Rio Gráfica e Editora) - 1982

Reinicio aqui, quase 1 mês depois da morte de meu querido e saudoso pai, João Massolini, a série "Baú do Seu João", com preciosidades e curiosidades de seu vasto acervo cultural. Retomarei sua numeração, mas tentarei fazer as postagens com menos espaço de tempo como forma de homenagear meu pai. Posto nesta retomada esses curiosos livretinhos em 3-D que vinham nos chocolates Nestlé no início dos anos 80. Os Chocolates Surpresa, mais pro final dos 80, virou uma marca icônica e ainda hoje é muito lembrada nas redes sociais por ter trazido como brinde cartões temáticos (principalmente animais), figurinhas e até miniaturas. Mas desses livretinhos 3-D que acompanhavam as barras tradicionais eu não me lembrava. Na contracapa aparece o registro: "1982- Criação de Divisão de Projetos Especiais da Rio Gráfica e Editora", o que me faz constatar que foi mais um "jeitinho" da RGE de publicar personagens Disney nas "barbas" da Abril, hegemônica desse universo com seus gibis. O que me leva a lembrar também daquela série "Robinson" que a Rio Gráfica lançou lá no final dos 50/início dos 60, com personagens e séries "renegadas" ou "esquecidas" pela Abril. Do acervo do meu pai, não achei o nº 3 desse "Bambi". Se encontrar posteriormente, atualizo aqui. Ah, e o óculo, como vocês podem ver, foi substituído por um da Folha....rs. Meu pai era ligeiro!

17 de fevereiro de 2019

LP "Urbana" - Leo Karan - Marcus Pereira ( 1976)

Depois de longo inverno, voltei na tradicional Feira do Vinil de Santo André para papear com velhos camaradas e caçar relíquias por bons preços. Bati longo papo com o boss Cesar Guisser, que mesmo com uma dor nas costas lascada, se entusiasmou ao me soprar sobre a feira especial que rolará em junho desse ano por conta dos 15 anos do evento! Essa longevidade só foi possível pelo empenho e paixão do próprio Guisser desde o início. A parada seguinte, e obrigatória, foi na banca do Carlinhos, amigo de longa data, proprietário de um sebo na Zona Sul (V.Liviero). Ele sempre tem discos "não óbvios" e lados Bs fora dos valores estratosféricos. Dessa vez ele já tinha guardado pra mim mais um disco do selo Marcus Pereira ( minha fixação!) e um 10 polegadas com capa fantástica! (que postarei aqui em breve). Pra agora, fiquemos com o tal LP da MP: Leo Karan, nascido em Novo Horizonte (SP) e músico de bares do centro de São Paulo entre os anos 60 e 70, foi da turma do Jogral, fez música com Adauto Santos, parceria com Paulo Cesar Pinheiro e acompanhava sempre que podia Luis Carlos Paraná em seus projetos. Chegou a se inscrever em festivais universitários e lançou seu único disco pelo selo Marcus Pereira ( aqui embaixo,na íntegra), "Urbana", de 1976, com várias músicas em parceria com o irmão, Gilberto Karan (além dos citados Adauto e Paulo Cesar Pinheiro) e a presença de Theo de Barros ( também como maestro e arranjador), Theo da Cuíca, Hector Costita, Carlos Poyares, os maestros Elcio Alvares, Erlon Chaves e Damiano Cozzela, entre outros. Mais um daqueles tempos que sumiu sem deixar vestígios. A música é samba paulista, mas com pitadas de circo, toada, evocações noturnas e com eflúvios, claro, do Jogral, João Sabastião Bar, Redondo, etc etc. https://www.youtube.com/watch?v=7fLozIMTl2s&t=206s&fbclid=IwAR1jdTxjLP-vS6YNrTzdpvBPbxoQyfByqW-XLuABlMSc9a1CN0OvrfoWVz8

12 de fevereiro de 2019

Despedidas de janeiro/2019

Como eu estava as voltas com a doença do meu pai no início do ano, deixei de postar sobre as personalidades culturais que deixaram o nosso planetinha ( para um lugar melhor, sem dúvida, visto os terríveis últimos acontecimentos que despencam em nosso colo todo dia). Fica aqui o registro e um pequeno perfil deles;
Pedro Bento (1934-2019) -(03/01) Um ícone da música sertaneja, Joel Antunes Leme, conhecido como Pedro Bento, faleceu aos 84 anos, e já estava sem seu parceiro de décadas, Zé da Estrada, falecido em 2017. A dupla tinha como característica marcante o uso de "sombreros" e roupa típica, inclusive incorporando ao som elementos mexicanos.
Edyr de Castro (1946-2019) - (15/01) Atriz, integrante do grupo As Frenéticas, já havia diagnosticado Alzheimer desde 2004 e morava há alguns anos no Retiro dos Artistas. Foi casada com Zé Rodrix, com quem teve uma filha.
Marcelo Yuka (1965-2019) - (18/01) Cofundador, Baterista, letrista e um dos principais compositores de O Rappa, Yuka ficou paraplégico em 2000 após levar nove tiros ao tentar proteger uma mulher em um assalto na Tijuca. Ainda permaneceu no Rappa por mais de um ano, quando a banda lançou disco ao vivo gravado antes do seu incidente. Declarou divergências com os outros integrantes quando saiu. Criou pouco depois a banda F.U.R.T.O (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), parte de um projeto social já existente, e só lançou seu disco solo em 2017. No ano passado já tinha tido um AVC. Nesse último acidente vascular, acabou não resistindo. Deixa um vasto acervo de músicas, letras e pinturas, muitas delas inéditas.
Marciano (1951-2019) - (18/01) Reconhecidamente no meio como um dos grandes cantores sertanejos, Marciano faleceu aos 67 anos, depois de um infarto agudo ( em São Caetano do Sul, assim como Pedro Bento). Mas não era só cantor - mandava muito bem nas letras e compôs sucessos populares duráveis ( muitos ao lado de Darci Rossi) como "Fio de Cabelo" e "Crises de Amor". Além de ser gravado por dezenas de duplas desde os anos 70, também manteve uma carreira solo desde 1993 e chegou a fazer dupla também com Milionário.
Roberto Livi (1942-2019) - (25/01) Cantor, compositor e produtor argentino, começou dançando rock and roll em seu país natal. No início da Jovem Guarda (1964) aproveitou oportunidade dada por um empresário brasileiro e acabou fazendo sucesso aqui com dois LPs e váriuos singles. Nos anos 70, voltou para a Argentina, gravando seus sucessos em espanhol, ma slogo voltou a gravar no Brasil. Produziu muita gente a partir da mesma década, de The Fevers a José Augusto, além de ter lançado Sidney Magal. A partir dos anos 80, foi trabalhar nos EUA. Suas músicas foram gravadas por artistas do mundo todo, de Roberto Carlos a Julio Iglesias, de Sting a Zé Rodrix, de Pimpinela a Armando Manzanero. Em fevereiro de 2018 voltou como cantor, apresentando o single "La Puntita".
Michel Legrand (1932-2019) - (26/01) Michel Legrand é um dos maiores músicos da França. Compôs para inúmeros filmes de sucesso, como Les Misérables, e marcou o jazz mundial liderando bandas que contaram com anata do gênero - Miles Davis, Bill Evans e John Coltrane foram alguns deles - além de compor para Stan Getz, Sarah Vaughan e muitos outros. Canções suas viraram standards, regravadas por músicos de jazz por décadas a fio.
Sérgio de Carvalho ( 1949-2019) - (26/01) Produtor responsável por discos primordiais na história da nossa música, Sergio era irmão dos músicos Dadi e Mú. Entre os destaques de sua carreira, a produção dos principais discos de Chico Buarque entre 1972 e 1994; e também discos de Fafá de Belém , Emílio Santiago , Edu Lobo , Gal Costa, Elba Ramalho, Luiz Melodia (o fundamental "Pérola Negra"), Quinteto Violado, Nara Leão, Simone, Francis Hime, Altamiro Carrilho, MPB-4,Quarteto em Cy, Guilherme Lamounier , A Cor do Som, Zizi Possi e Raul Seixas, entre outros, muitos outros. Na Globo, foi responsável por 10 especiais de Roberto Carlos.
James Ingram (1952-2019) - (29/01) Cantor, compositor e produtor musical americano, ficou conhecido pelas músicas em trilhas no cinema e duetos premiados. Iniciou carreira na banda Revelation Funk e cantor de estúdio, chamando a atenção de Lamont Dozier, um compositor de reputação ( Motown) que o chamou para participar de seu disco - a música Love's Calling fez parte do álbum Zíngara (1980) e foi um sucesso. A partir daí, duetos marcantes com Patty Austin ( incluindo a número 1 "Baby Come to Me"), Kenny Rogers, Kim Carnes, Michael McDonald, Linda Ronstadt; produções ao lado de Quincy Jones, Ray Charles, Anita Baker, Natalie Cole, Nancy Wilson; e partipação junto a outros 45 artistas no memorável "We Are the World". A partir dos 90, focou a carreira no cinema.

11 de fevereiro de 2019

LP "Isto é Lamartine Babo" com Os Rouxinóis (1963 - Continental - Selo Som)

Carnaval chegando e não poderia ter sido em outra hora o meu encontro com esse maravilhoso LP "Isto é Lamartine Babo", com os Rouxinóis (1963). O grupo vocal, com Dinorah Lemos, Maria Terezinha Gonçalves Dias, Zenilda Barroso, Inácio Gomes Dias Filho, Jair Pinto de Avelar, Mario Machado e Raul Moreno, durou perto de um ano ( 1963-1964), mas deixou projetos importantes como este disco tributo lançado em comemoração à "Noite de Lamartine Babo", realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 01 de agosto de 1963. Antes, participou do espetáculo "O Teu Cabelo Não Nega", show de Carlos Machado no Golden Room de Copacabana Palace que contava a biografia do mestre compositor, falecido em junho do mesmo ano, de infarto. Seu parceiro de músicas, Braguinha, costumava dizer que o Carnaval é dividido em duas fases: antes e depois de Lamartine. No disco tributo, Os Rouxinóis cantam as marchinhas clássicas de seu repertório, e também canções que se imortalizaram no cancioneiro popular, como " Terra da Boa Esperança" , "No Rancho Fundo" (com Ary Barroso), "Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda" (com Francisco Matoso), fechando com os hinos dos clubes cariocas - América, Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo. Os arranjos são do maestro Guaraná e o texto de capa de Sérgio Cabral. E tudo isso embalado com essa capa maravilhosa ilustrada pelo desenhista que melhor soube interpretar o Rio de Janeiro, suas paisagens, cotidiano e mulheres: Lan! Lanfranco Aldo Ricardo Vaselli Cortellini Rossi Rossini, nascido na Toscana italiana, completará 94 anos em 18/02! Pois então que esta espetaculosa capa seja uma homenagem de aniversário a ele.Viva Lan! Viva o Carnaval!