31 de dezembro de 2021

"Mãos Dadas", de Drummond ( Um ótimo 2022!)

 O Almanaque fecha o ano com esse belo poema de Drummond, "Mãos Dadas". Mais do que nunca, não devemos largar as mãos dos nossos aliados! Um ótimo 2022 para todos os leitores do blog. Em 2022, tem mais, muito mais.



Grande Capa - "Tiradentes", de Gutemberg Monteiro (CETPA)

 


A série "Capa do Mês" passa a partir deste post a ter outro nome:"Grande Capa". Inauguro a nova fase com essa magnífica capa do mestre Gutemberg Monteiro (1916-2012 - também conhecido como Gut ou Goot). "Tiradentes" é uma das publicações da CETPA (Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre -RS) que não constam nos perfis da editora sulista publicados por aí. A CETPA ousou lutar por um mercado de quadrinhos nacionais em um período complicado da História brasileira (entre a crise mundial do papel e o golpe militar de 1964), capitaneada pelo editor e desenhista José Geraldo, que conhecia o então governador do RS, Leonel Brizola., e arregimentou grandes desenhistas e autores para a empreitada:  Julio Shimamoto, Flavio Colin, Getúlio Delphin, João Mottini, Renato Canini, Bendatti, Flavio Teixeira, Luis Saidemberg (alguns não tiveram tempo de publicar nada e outros saíram com seus trabalhos em tiras nos jornais). A coisa começou a degringolar com a renúncia de Jânio Quadros e afundou com os militares assumindo o poder, mas mesmo assim a cooperativa conseguiu lançar pelo menos meia dúzia de títulos entre 1962 e 1963: Aba Larga (três edições); História do Cooperativismo; História do Rio Grande do Sul; Sepé; Zé Candango (só em tiras). Há algumas semanas consegui incluir esse "Tiradentes" no Guia dos Quadrinhos, importante site de indexação de títulos do quadrinho nacional. Até onde sei, é a primeira vez que a edição consta "oficialmente" entre as publicações da editora gaúcha. Nada mais justo que Gutemberg apareça como mais um membro atuante da CETPA (ele que fez não só a capa, mas a história em quadrinhos a cores e todo o texto histórico, ao lado da equipe da cooperativa), ele que é um dos mais importantes artistas nacionais, que fez história na Rio Gráfica (principalmente como capista, mas também como desenhista de Fantasma e outros personagens em uma segunda fase), trabalhou para a Ebal e Editora Outubro e brilhou nos EUA fazendo HQs de terror (para a Warren), HQs para a Charlton (linha romântica) e Harvey (Gasparzinho) e tiras para a dupla Tom & Jerry durante quase duas décadas. Gutemberg é um daqueles artistas geniais brasileiros que merecem uma biografia digna de sua vida/carreira. Demorou. (abaixo, o link do Guia dos Quadrinhos):

http://www.guiadosquadrinhos.com/capas/tiradentes/ti249100

A pedidos (Ranieri e outros amigos), posto uma página interna da publicação:



16 de dezembro de 2021

Vânia Bastos canta Taiguara (Tema de Eva)

Quando ouvi essa música na Rádio Brasil MPB, me emocionei pra valer. Eu sempre tive uma paixão incomensurável pela pungente interpretação de Vânia Bastos, e quando digo interpretação pungente estou me referindo a todas as suas interpretações, desde a época do Lira Paulistana na virada dos 1970 para os 1980. Tudo o que ela canta vira emoção, sentimento, profundidade. Tive a honra de vê-la uma vez (queria muito que fossem mais vezes) aqui perto de casa, nos anos 80, quando abriu uma casa de shows intimistas, Marina's, que trouxe muita gente boa pra tocar em São Caetano. Na mesma noite em que Vânia cantava com toda sua delicadeza e ternura, estava na plateia um fã seu de nome Belchior (que sentou em uma mesa com amigos, do lado da minha). Desde sempre comprei seus discos (que não foram tantos assim), muitos deles por selos ou gravadoras pequenas. Vânia Bastos é grande, tão grande, que nem sempre cabe nesse mundo urgente do sucesso a todo custo. Seu público fiel, que lota seus shows nos Sescs da vida, nas viradas culturais e festivais por aí comprovam que sucesso nas paradas é muito relativo. Viva Vânia Bastos, sempre Vânia Bastos.


Em tempo: esta gravação foi feita para o CD e DVD em homenagem à Taiguara, "A Voz da Mulher na Obra de Taiguara", de 2011. "Tema de Eva" foi gravada originalmente por Evinha, outra iluminada.


Raízes 64



Depois de um hiato na edição passada - não consegui mandar o artigo a tempo - eis que volto a colaborar com a querida revista Raízes, publicação semestral memorialista da minha cidade, editada e produzida pela Fundação Pró-Memória. Voltei ao formato crônica para contar algumas passagens tragicômicas e emocionantes como escoteiro do Grupo de Escoteiros João Ramalho (entre 1979 e 1981). É sempre um grande prazer colaborar com um veículo tão raro - são poucas, pouquíssimas cidades ou municípios no Brasil que mantém uma publicação periódica, de cunho histórico, e ainda por cima com tanta qualidade e tantos anos ininterruptos em atividade. Parabéns mais uma vez à editora Paula Fiorotti e sua ótima equipe de pesquisadores, articuladores, profissionais gráficos, historiadores e colaboradores. A edição vem forrada de boas matérias, a começar pela da capa, escrita e pesquisada com muito afinco pelo ótimo Caio Bruno, jornalista e supervisor do Museu Histórico Municipal, que trouxe à baila um perfil completo da Avenida Goiás, a mais famosa avenida de São Caetano do Sul. Outros artigos que eu devorei e gostei muito: o ensaio do escritor/poeta Carlos H.Chirotto ("Uma Tarde em São Caetano"), as curiosidades e surpresas por detrás dos nomes de ruas da cidade ("Um passeio pelas ruas de São Caetano do Sul" da pedagoga e membro da Comisão Editorial Cristina Ortega); o emocionante perfil da saudosa atleta Delenice Aparecida da Fonseca de Oliveira ("Uma Quadra Poliesportiva leva o nome de uma Vencedora: Delenice" do escritor e ex-atleta e professor Paulo Moriassu Hijo), a parte 2 da série sobre o clube de futebol Saad (pelo professor de educação física, fanzineiro e amigo Renato Donisete) e a surpreendente história da EMEF Dom Benedito - eu não sabia que essa tradicional escola tinha nascido no meu bairro! (do historiador Rodrigo Marzano Muraro). As fotos históricas espalhadas pela edição também surpreendem  sempre. Com mais de 30 anos de existência, a revista Raízes continua firme e forte em seu propósito de divulgar e manter viva a História do nosso município! Viva!

(A publicação é gratuita e pode ser retirada na própria Fundação Pró-Memória, na Avenida Dr. Augusto de Toledo, 255, Bairro Santa Paula - São Caetano do Sul).

30 de novembro de 2021

Foto em Destaque: Daniel Azulay em seu programa Turma do Lambe-Lambe


Essa foto incrível eu consegui em um leilão virtual. Na imagem, o querido e saudoso Daniel Azulay, de violão em punho, senta com sua equipe do programa Turma do Lambe-Lambe (seu grande trunfo na carreira) em cima de um mar de cartas (um termômetro da receptividade do programa junto ao público). No verso da foto PB 12x24, há o crédito do fotógrafo - Luiz Silva - mas o veículo referente está apagado no carimbo (pode ser Tribuna da Imprensa). Não tem data, mas pelo jeitão da cena e certa mocidade do apresentador, deve ser entre o final dos anos 70 e início dos 80. Daniel, que faleceu no ano passado aos 72 anos (tratava um câncer quando sucumbiu ao Covid) foi devidamente homenageado aqui no blog naquele triste momento e também quando foi premiado no HQMix de 2018, por sua  carreira em prol dos quadrinhos e do ensino artístico (links abaixo). No mesmo ano, publiquei com muito sucesso aqui, a íntegra do programa original do documentário "Os Doces Bárbaros" de 1976, dirigido por Tom Job Azulay, irmão de Daniel - com desenhos personalíssimos desse último (também entre os links abaixo). 

Saudade, Daniel Azulay!

http://almanaquedomalu.blogspot.com/2020/03/daniel-azulay-1947-2020.html

http://almanaquedomalu.blogspot.com/2018/09/foto-do-mes-com-daniel-azulay-no-30.html 

http://almanaquedomalu.blogspot.com/2018/11/bau-do-malu-76-programa-original.html 



GET BACK!

(Pôster - The Beatles - Get Back/ Divulgação Disney)

O assunto do momento e que certamente vai render pano pra manga no decorrer de dezembro é a estreia do documentário em três episódios “Beatles: Get Back”, de Peter Jackson (o aclamado diretor da trilogia Senhor dos Anéis), lançado pelo canal de streaming Disney+ nesse último final de semana de novembro e que deixou beatlemaníacos, curiosos e detratores da banda em polvorosa. Em um trabalho extenuante e hercúleo (com os nomes de Ringo, Paul, e as viúvas Yoko Ono e Olivia Harrison presentes na produção) que levou cerca de quatro anos para ser finalizado, Jackson filtrou com acuidade um material colossal a que teve acesso – 60 horas de imagens e mais de 150 horas de áudio até então inéditas, que sobraram do doc “Let it Be” (1970), de Michael Lindsey-Hogg – para chegar a quase oito horas de puro entretenimento/deleite/emoção/animosidades/conversas confessionais/desabafos/ gêneses de grandes composições/gracejos, com uma qualidade técnica incrível. É como se o telespectador puxasse uma cadeira e se sentasse ao lado do quarteto de Liverpool e sua equipe em torno, no centro de um gigantesco galpão (a acústica do local é duramente criticada pelo grupo), e não só se percebesse uma testemunha ocular desse último suspiro criador da banda, como começasse a duvidar de muita coisa que foi falada e gritada por aí sobre o fim de um dos maiores grupos musicais de todos os tempos. Yoko Ono, que era um dos principais focos negativos do documentário anterior, lançado em meio à fogueira das vaidades alimentada pelo fim definitivo do quarteto, não parece tão vilã assim no filme atual – o que se vê é mais um John aéreo e etéreo, sem muita bronca externada, levitando sem grandes aflições sobre as conversas mais pesadas dos outros e mais tocando do que externando suas opiniões. Paul aparece como aglutinador, mas ao mesmo desgastado e em certos momentos criticado por colocar suas ideias com muita incisão e ênfase ( George, o mais irritado com esse comportamento de chefe de Paul, lança frases irônicas ou reclamações sobre sua posição dentro da banda a todo tempo); Ringo, que sempre foi o mais divertido,  e estava às voltas com filmagens ao lado de Peter Sellers, aparece na sua, sem muitos apartes, enquanto George (talvez o maior destaque do documentário) surge a toda hora (assim como Paul), ora sarrista, ora espirituoso, ora com o saco cheio e ora deixando claro que suas ideias novas não se encaixavam com o momento da banda (sob os olhares de dois de seus novos amigos hare-krishnas, sentados no chão do estúdio improvisado). Entre conversas, insinuações, improvisos e closes inusitados, o que mais emociona (principalmente para fãs como eu) é a execução das músicas ainda cruas, sem as letras definitivas e com algumas notas ainda desencaixadas – ou seja, a essência da criação de verdadeiras obras primas, ali, brutas, na nossa cara.

Eu falei tudo isso, e só assisti a primeira parte (com pouco mais de duas horas). Ainda há muito o que se ver nesse impressionante documento – o último capítulo, por exemplo, é todo dedicado ao antológico e famoso show ao vivo “no telhado” em Londres (a última aparição ao vivo da banda, que não tocava fora dos estúdios desde 1966). Um colosso de filme que merece ser visto mesmo por quem não conhece direito o legado ou a história da banda (talvez ver esse documentário seja um bom começo para começar a conhecer – há inclusive uma pequena introdução sobre a trajetória da banda até ali). Afinal, em pleno 2021, a Beatlemania está definitivamente reinstalada!

Para quem não tem assinatura da Disney, não se aflija. Com a repercussão do filme, logo, logo serão disponibilizadas outras mídias – como DVD -, tenha a certeza disso.

28 de novembro de 2021

33º HQMix - A premiação na íntegra

Ontem rolou a entrega dos troféus HQMIX em cerimônia online que durou pouco mais de 1 hora e meia. Com a onipresente apresentação de Serginho Groisman e produção dos criadores Jal e Gual (+ equipe fiel), a 33ª edição do prêmio teve como destaque incontestável a presença maciça das mulheres em premiações importantes - Ana Luiza Koehler levou 4 troféus -, além dos concorrentes que somaram mais prêmios à sua coleção, como a editora Pipoca & Nanquim (pelo 4ºano), MSP/Panini (com três premiações) e o artista Shiko (3 também). Meus destaques adicionais: a justa premiação à dupla Marcelo Alencar e Fábio Figueiredo do Stúdio 313, para o álbum de luxo Disney "Mob Dick" , de Francesco Artibani e Paolo Mottura, publicado pela Panini ("Adaptação para os Quadrinhos") - a dupla vem fazendo um trabalho fantástico em lançamentos colossais da Disney para a Panini; a vitória de "Império dos Gibis" de Manoel de Souza e Mauricio Muniz - Editora Heróica, um livraço que concorreu com outras ótimas publicações (Memo, de Toni Rodrigues, também era uma de minhas favoritas,não só porque eu participo como revisor do projeto, mas porque sei de sua importância histórica); e "Menage"#1, de Laudo Ferreira, Marcatti e Germana Viana (com 2 premiações) - um trio de ouro que faz das tripas coração e deve/precisa/necessita seguir com outros projetos. Outra homenagem/premiação que me deixou emocionado foi a da Maria Aparecida Godoy, como Mestre do Quadrinho Nacional. Ela foi responsável por dezenas de histórias de terror nos anos 60,70 e 80, em parceria com quadrinistas ilustres do gênero - Colonnese, Zalla, Rosso, entre outros - tornando-se uma das pioneiras nessa atividade. Maria Aparecida e Eva Furnari - a querida autora de inúmeros livros infantis e ilustrações (inclusive para Recreio e Folhinha) e criadora da personagem Bruxinha, que deu forma ao troféu deste ano (Serginho, que também levou prêmio especial para casa, fez uma ótima entrevista com ela, abrindo os trabalhos da premiação) - são a mais perfeita tradução de um ano em que ELAS reinaram! Viva!

O momento triste da noite - e que pareceu durar uma eternidade - foi a galeria de ilustres profissionais e personalidades ligadas aos quadrinhos que nos deixaram entre 2020 e 2021. Por conta da pandemia ( e das consequências dela, para além do vírus), esse número duplicou ou triplicou e ver queridos como Ota, Antero Leivas, Robson Rocha, Biratan, Nani, Charlie Watts (baterista e quadrinista), Klebs Jr. e tantos outros, foi um murro no coração. Que todos eles, que de uma maneira ou outra, encantaram o mundo com sua magia artística e força criativa, estejam bem onde estiverem agora.

Para quem não conseguiu assistir a premiação ontem, segue aqui na íntegra, pelo canal do Sesc-SP no Youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=f8bP_cljt-E

22 de novembro de 2021

Livros Livres (Viva Marisa Déa)

No fim de semana, fui despreocupadamente em uma feirinha esotérica, acompanhado de minha amada Cris, aqui mesmo na minha cidade. Eu curto esse universo "São Thomé das Letras" e nesses eventos sempre tem alguma miniatura interessante ou impressos inusitados. De cara, conheci o quadrinista Alexandre Lince, um jovem artista que faz um trabalho interessante com aventuras em tiras de sua turminha "Blizys", além de projetos especiais, como a compilação que fez com histórias lendárias da cidade de Paranapiacaba. Vale a pena conhecer!

Um pouco mais adiante, me deparo com um pequeno móvel de duas prateleiras com um cartaz: "LIVROS LIVRES", com publicações doadas para o evento que podiam ser adquiridas gratuitamente, sem devolução. Claro que fui lá fuçar. Entre dicionários, folhetos bíblicos e alguns exemplares com temas de saúde, encontrei dois ótimos volumes: "Letras & Canções" de Ana Terra (1981) e "O Rapto da Mulher Barbada" (1978) de Cláudio Feldman. A primeira tem letras belíssimas que já viraram música com Danilo Caymmi, Joyce, Natan Marques, Angela Ro Ro, Milton Nascimento, Zé Renato, etc. - e esse primeiro livro de sua carreira traz quase todas elas, entre 1974 e 1980. Excelente! Já o livrinho do Claudio Feldman, autor são andreense de longa carreira, filho do grande cineasta Aron Feldman, é brilhante: com um humor telegráfico e direto, inclui centenas de mini textos transfigurando jornalismo em literatura e literatura das boas! A capa é de Moacir Torres, quadrinista de extensa carreira, que já morou em Santo André e atualmente está no interior de São Paulo - ele foi cocriador ao lado de Feldman do cultuado Jornal da Taturana, publicação independente que marcou a literatura na região. Feliz da vida, fui pra casa e quando bato o olho na dedicatória do livrinho do Feldman, "Para a Marisa, esta 'barbada', oferece Cláudio", me caiu a ficha. Minha saudosa amiga Marisa Déa, que desencarnou em junho deste ano (e que por conta da minha total paralisia na ocasião, acabei não homenageando no blog) - professora, tradutora, escritora, revisora e agitadora cultural - não era amiga da Ana Terra? E também, por conta de sua eterna cumplicidade com a literatura, depois de anos e anos dando aula de letras em Santo André, não conhecia também o Feldman? (quem do meio em Santo André, não conhece o Feldman?). Posso até estar viajando, mas é muita coincidência dois livros de dois amigos de Marisa na minha mão, vindos de uma cestinha de "livros livres" em nossa cidade natal! Na época em que ela foi subitamente para outro plano, estava combinando em mensagens de comprar seu último livro - a ideia era adiar até a pandemia melhorar, mas acabou não dando tempo de encontrá-la. Hoje, depois de cinco meses, por confluências do universo, acho que adquiri dois livros cativos do substancioso acervo de Marisa Déa, que assim como esses livros, deve estar LIVRE por aí, ensinando, escrevendo, corrigindo, declamando, e principalmente juntando gente em torno de arte/cultura/literatura, sua mais deliciosa armadilha. Viva Marisa!




12 de novembro de 2021

"Cantacrônica": todos os programas estarão no Spotify


O programa "Cantacrônica", anunciado no post anterior, já está de vento em popa dentro da programação da Rádio Brasil MPB. Entre o final de outubro e hoje, entraram no ar três programas e tanto eles como os posteriores, ficarão disponibilizados no Spotify. Quem perdeu ao vivo, pode escutar depois neste link abaixo. Deixem suas impressões, comentários ou sugestões de temas no chat ou nos comentários do site da rádio! 

https://www.radiobrasilmpb.com.br/news-6-cantacronica-ouca-os-programas-anteriores

"Cantacrônica" - às sextas-feiras, meio dia ou reprise nas segundas, 1 da matina.

https://www.radiobrasilmpb.com.br/


28 de outubro de 2021

"Cantacrônica" na Rádio Brasil MPB estreia amanhã (29-10)

No mês passado recebi um convite que me deixou muito contente: meu amigo Leo Engelman, que eu conheço desde os tempos em que dragões ainda sobrevoavam os céus, está envolvido no projeto de revitalização da Rádio Brasil MPB e como um dos diretores responsáveis, me convidou para participar da programação da web rádio com um "drops" de 10 minutos chamado "Cantacrônica". Nesse pequeno programa (que vai ao ar semanalmente às sextas entre 12h e 12:10 e segundas entre 1h e 1h10 da matina) vou contar um pouco sobre as histórias por trás das canções - curiosidades, encontros, bastidores das criações - e consequentemente, a escolha de raridades e clássicos que comporão essa "crônica musical". Curtam e depois comentem aqui ou lá na página da rádio. A apresentação do programa, assinada pelo Leo, está aqui: https://www.radiobrasilmpb.com.br/news-3-cantacronica-a-mpb-contada-em-historias 

Ah, se por acaso alguém perder o programa ao vivo, depois todos eles ficarão disponíveis no Spotify.

A programação da rádio, aqui: https://www.radiobrasilmpb.com.br/programacao



29 de setembro de 2021

Cantos Populares do Brasil , de Sylvio Romero - Com cara de lançamento inédito, a nova edição de um clássico de 140 anos


Vejam essa: anteontem, passando pelo Park Shopping São Caetano, aqui na minha cidade, me deparo com uma feirinha de livros com preços promocionais, bem em frente à Livraria da Vila (inaugurada há pouco, surgiu no vácuo da Saraiva, que saiu da cidade, e está em situação financeira delicada). Não perco essas coisas nem se o Papa estiver me esperando na praça de alimentação. Despreocupadamente, acabei comprando um livro por 15 pilas, "Cantos Populares do Brasil", de Sylvio Romero, primeiro por que gostei da capa (design de Ana Dobón), segundo porque o tema folclore brasileiro sempre me interessa e terceiro porque esse nome do autor não me era estranho. Chegando em casa, fui pesquisar, claro. No próprio prefácio do autor ("Advertência"), há a explicação que essa coleção "Cantos Populares do Brasil" já estava pronta há seis anos, que a coleta dos cantos foi feita em Pernambuco, Sergipe, Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas e em escritos de outros autores e que a obra se divide em quatro partes: "Romances e Xácaras", "Reinados e Cheganças", "Versos Gerais e "Orações", além de um apêndice de Carlos Koseritz com uma silva de Quadrinhas soltas do Rio Grande do Sul. O final dessa abertura é revelador: "Resta-nos apenas agradecer a todos aqueles que nos ajudaram nesta ímproba tarefa e, especialmente, aos senhores Theophilo Braga e Carrilho Videira, que tão brilhantemente se ofereceram para salvar das traças esta coleção, que foi repelida pelos livreiros e editores brasileiros com o mesmo horror com que se foge da peste". Aí no final o autor assina e bota a data: Rio de Janeiro, novembro de 1882. Só então me dei conta que estava com um livro na mão que teve sua origem lá no final do século XIX! Depois, folheando um pouco mais o volume, topei com uma ótima introdução de Theóphilo Braga (já citado), "Sobre a Poesia Popular do Brasil" e em seguida, enfim, com a seleção dos cantos/modinhas. A editora Principis fez um trabalho bacana de design e edição, mas tirando a orelha do livro, com um pequeno perfil do autor e um texto mínimo na última capa, contando que é um "(...), volume organizado por Sílvio Romero, um pesquisador e estudioso da nossa história. É um livro raro para todos os que se interessam pelos estudos folclóricos do Brasil.", não há pistas de que essa obra foi escrita há 140 anos ou mais - talvez para chamar a atenção de um público mais jovem. No pequeno perfil, fica-se sabendo que Sílvio Romero nasceu em Sergipe em 1851, fez Direito em Recife, radicou-se no Rio de Janeiro, onde fez sucesso como crítico literário, publicou seus dois primeiros livros em 1878, lançou anos mais tarde os famosos "Cantos Populares do Brasil", lançados em Portugal, foi membro do Academia Brasileira de Letras e faleceu em 1914. Nessa mini-bio há a confirmação de que "Cantos Populares do Brasil" era uma coleção (talvez em quatro partes, como se vê no volume completo) e que desafortunadamente, foi rejeitada - pelo menos sua primeira edição - no Brasil. Pelo que pesquisei, algumas edições posteriores de "Cantos Populares do Brasil" vieram em tomos (como na coleção Folclore Brasileiro, organizada por Câmara Cascudo e ilustrada por Santa Rosa).

Saindo um pouco do livro e pesquisando mais sobre o autor por aí, descobri que Sylvio Romero, nascido Sylvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero (quando eu me refiro ao autor, coloco seu nome com y, que é como está em sua certidão. Mudar o nome das pessoas por causa de novas normas, pra mim não cabe. A Editora Principis decidiu tirar o y) foi (além de crítico), ensaísta, folclorista, professor e historiador da língua portuguesa, mas antes de tudo um grande polemista (e daí provavelmente escorraçado das rodas literárias mais requisitadas na época), justamente por não medir palavras para criticar a postura de boa parte dos escritores de sua época no Brasil, que evitavam focar seus escritos na realidade social do país, preferindo uma visão mais surreal e fantasiosa. 

Por último, o nome. Encafifei que já conhecia o nome do autor e não é que eu estava certo? Aqui em São Caetano existe uma escola tradicional chamada EMEF Sylvio Romero e esse patrono que a batizou é o mesmo Sylvio Romero de "Cantos Populares" (no site da instituição há uma boa biografia dele, inclusive citando sua viagem à Portugal em 1883 para publicar o livro de folclore). No meu subconsciente esse nome ficou gravado desde os tempos de jogos interescolares dos anos 70, quando o meu time de escola jogou basquete e futebol com a turma do Sylvio Romero. A escola foi fundada em 1950.

Depois dessas pesquisas todas, faltava achar alguma capa do livro original e acabei achando em uma antiga página de leilão a segunda edição de 1897, pelo visto, finalmente publicada em solo brasileiro (vejam lá embaixo). A capa que chamou a minha atenção no shopping abre o post. E logo aqui embaixo tem um canto popular que achei bem bonito e transcrevo na íntegra. O organizador Sylvio Romero tomava o cuidado de colocar em cada canto ou modinha o seu local de origem e quem foi o pesquisador que o catalogou primeiro (no caso desta selecionada, foi o próprio). Palmas para ele. Depois deste post, vou procurar mais coisas sobre ele (aguardem).


Quando Eu Nessa Casa Entrei

(Sergipe) 


Quando eu nesta casa entrei

Logo por ti perguntei;

Não me deram novas tuas,

Com vergonha não chorei.


Cadê a luz de meus olhos?

Cadê esta casa cheia,

Que ainda hoje não o vi

Nem na janta, nem na ceia?


Cada vez que considero,

Chego na janela e digo:

Alto céu, bonita luz,

Quem me dera estar contigo!


Em tempo: hoje liguei para a secretaria da escola e conversei com uma simpática funcionária sobre eu ter encontrado este livrinho há poucos quilômetros dali e sugeri que ela avisasse alguém ou ela mesmo fosse até a feirinha do shopping e adquirisse o "novo" livro do patrono da instituição. Será que foram? Espero que sim. Frase dela: "Puxa, que bacana. Mas é Sílvio com y, né?". Com certeza, caríssima, se depender de mim, com y até a eternidade.




25 de setembro de 2021

Otacílio D'Assunção (1954-2021)


Que ano difícil! Fico sabendo hoje pela minha amiga Ada que o grande Otacílio D'Assunção, um dos maiores editores dos quadrinhos brasileiros, foi encontrado morto em seu apartamento no Rio. A sua passagem aos 67 anos de idade deixa um vácuo enorme no meio editorial, não só pela sua importante e antológica gestão como editor na Vecchi nos anos 70 e início dos 80, mas porque ele nunca deixou de trabalhar com os quadrinhos, seja em editoração, reportagem, pesquisa, tradução, projetos com personagens próprios, etc., já há algum tempo com sua própria empresa. Que ele foi "O Editor da MAD", ninguém tem dúvida: em 34 anos, na Vecchi, na Record, na Mythos e por pouco tempo na Panini (mais de 300 edições ao todo), ele  moldou a "cara" da publicação americana em sua versão nacional e fez a revista estourar em vendas. Graças a ele também, dezenas de desenhistas puderam ter a chance de publicar pela primeira vez em suas páginas (e ele mesmo, no sucesso "Relatório Ota"). Mas ser chamado só de "o editor de Mad" o irritava bastante, e ele tinha razão em se aborrecer, afinal, desde que começou como estagiário na Ebal, em 1970, sua participação nos bastidores sempre fez a diferença para muitos lançamentos em bancas, seja em mudanças editoriais ou estratégias sutis que surtiram um efeito muito significativo. Formado em jornalismo, fez história na Editora Vecchi, não só com MAD, mas com lançamentos surpreendentes que mexeram com o mercado, como revistas de terror que trouxeram de volta à ativa muitos desenhistas "clássicos" do terror nacional dos anos 60, além de - como sempre em seu trabalho - revelar novos valores das HQs nacionais. Na editora, trabalhou com todas as revistas em quadrinhos da casa, de 1974 a 1981, entre elas, Spektro, Histórias do Além, Sobrenatural, Pesadelo, Tex (não no início da publicação), Arquibaldo e sua Turma (com a turma do Archie), Pimentinha, Ken Parker, Eureka (uma das melhores revistas Mix de tiras lançadas no Brasil), Gasparzinho, Brasinha, Alakazam, Mistério- Jacques Douglas, Os Duendes Strunfs, Zagor, Histórias do Faroeste, Comanche, Chacal, Chet, Diabolik, Labareda, Gansola, Luísa, a Boa Bruxinha, Lelo, entre outras. Em seguida, na Record, continuou com o bom nível, sempre em paralelo à revista Mad, que continuava no topo e com mais artistas nacionais ainda. Na editora, lançou vários personagens da Bonelli, assumiu a revista do Recruta Zero (inclusive colaborando com enredos), reiniciou a coleção de Asterix, lançou no Brasil os irmãos Hernandez (Love & Rockets, Locas e Crônicas de Palomar) editou uma edição especial de Carlos Estêvão, uma maxi-série do personagem Judas e uma muito bem feita coleção de Crypta do Terror, com capa de Carlos Chagas e clássico material da EC Comics. Foi na Record que lançou o livro "O Quadrinho Erótico de Carlos Zéfiro", depois de um intenso período de pesquisa sobre os "catecismos", revistinhas eróticas artesanais que eram uma febre nas décadas de 50/60. Na sequência de sua carreira, teve ótima passagem pelas editora Ediouro, com lançamentos de revistas mensais e uma retomada de histórias de terror nacionais (Coleção Assombração). Nos últimos tempos, foi responsável por edições de luxo de personagens clássicos na Ediouro/Pixel (Fantasma, Mandrake, Recruta Zero, Luluzinha, Popeye) e trabalhos pontuais de editoração, lettering e tradução para várias editoras. Em sua longa carreira, sempre manteve viva suas atividades como autor. Logo no início da Vecchi, lançou três números da revista Biruta pela Roval/Gorrión, com personagens próprios. Na própria Vecchi, foi coautor dos personagens Chet e Chacal e fez também roteiros de terror (anos depois, sairiam alguns em Calafrio da D-Art, além do especial "Hotel Nicanor", com desenhos de Flavio Colin, que sairá compilado em álbum ainda este ano). Entre os anos 70 e 90 participou de inúmeras revistas independentes ou com tiragens mínimas e em tiras, lançou Idi-Otas e Don Ináfio (no JB e também na MAD-Mythos). A Garota Bipolar surgiu na metade da década passada e depois de fazer sucesso na internet ( em sites como Colecionadores de HQs e página própria - em 2015/6 virou e-book e edição impressa), ganhou edição caprichada com campanha no Catarse em 2020 pela Tai. Vale mencionar também sua volta à EBAL entre 1983 e 1984, pouco mencionada, onde lançou publicações louváveis com Tarzan, Homem Borracha, relançou a Cinemin, e soltou a edição comemorativa de 50 anos do Suplemento Juvenil. A mesma Ebal que o colocou desenhado como anfitrião na edição especial "Chamada Geral - Epopeia", em 1970 - um garoto que já sabia muito de quadrinhos entre feras do traço. Suas contribuições como pesquisador também devem ser lembradas, seja em livros importantes (como a edição do centenário de O Tico-Tico, com vários autores) como em sua inesquecível coluna de quadrinhos no JB, uma das melhores sobre o tema. Eu sou muito privilegiado por ter conhecido o Ota nas redes e ter trocado muitas figurinhas sobre quadrinhos desde o começo deste século e ter a honra de participar do seu grupo fechado de pesquisas. Quem o conheceu ao vivo, guarda sua generosidade, seu desapego e sua fama de anfitrião no Rio - hospedou muitos artistas em passagem pela cidade, em seus vários endereços desde os anos 70 (no bairro Santa Teresa, no centro e na Tijuca) e compartilhou seus convescotes nas calçadas (e as preferidas mesas do Bibi). Quem viu sua vasta coleção (sempre empilhada em montanhas surrealistas) ficou de queixo caído, visto suas edições raríssimas em meio ao caos. Mesmo que, com seu jeito "a flor da pele", ele tenha brigado com meio mundo do mercado, a comoção pela sua morte foi unânime - entre grandes afetos e desafetos, Ota era sempre muito respeitado e admirado. Otacílio Costa D'Assunção Barros, que tentou até ser vereador em 1988, agora segue para outras missões quadrinísticas, e quando a gente menos esperar, vai virar documentário, livro e graphic-novel. O genioso e genial Ota merece.


2 de setembro de 2021

Pelão (1943-2021)


Fiquei sabendo da morte do Pelão (João Carlos Botezelli - ), aos 78 anos de idade, por uma postagem do Gonçalo Jr., que o entrevistou o ano passado para seu livro sobre o Jacob do Bandolim. Na entrevista, ele viu pessoalmente o estado delicado de saúde de Pelão, que estava praticamente em uma UTI dentro de sua casa (e mesmo assim, conversou com ele por horas, acendendo um cigarro atrás do outro). Em 2011, tive a honra de conhecê-lo, quando fui ao seu apartamento com um amigo, o jornalista Marcelo Mazuras, para uma entrevista sobre seus projetos dentro da gravadora Marcus Pereira. Foi uma conversa agradável, franca e muito produtiva, com muito café, fumaça (eu tinha parado de fumar, mas o Mazuras e ele fumavam um atrás do outro) e acessos de tosse da parte do Pelão que me deixaram preocupados com sua saúde na época. Infelizmente o projeto - que era sobre a gravadora Marcus Pereira - não vingou e essa gravação com o Pelão acabou extraviando. Ainda assim, consegui passar para o papel na época o comecinho dessa conversa. Transcrevo esse trecho na íntegra, abaixo, para a posteridade. Um salve ao Pelão, um dos mais autênticos produtores musicais que esse nosso Brasil viu, responsável por muita gente boa gravar o primeiro LP (Cartola, Adoniran entre eles), por gravações antológicas na Marcus Pereira e outras façanhas mais.

MMass- Você fez trabalhos essenciais na gravadora Marcus Pereira, até hoje lembrados, a começar pelo disco do Cartola.
Pelão - Eu trabalhei o tempo suficiente na Marcus Pereira, que deu pra fazer alguns trabalhos. Deixei muitos projetos lá, que infelizmente não souberam fazer.
MMass- Da série de discos regionais da gravadora, você chegou a colaborar em quase todos?
Pelão – Alguns. Mapeamento fiz só o Centro-Oeste e o Sudeste, que fui produzir junto com o Theo (Nota: Theo de Barros, compositor e violonista, coautor de Disparada junto com Geraldo Vandré). Foi o Theo que me indicou. A minha parte, eu escolhia, fazia, e não tinha “não”. Pegava o carro – um Fusquinha – e saía por aí, com o gravador...
MMass – Como era a gravação em si? Era in loco?
MMaz – ...gravava na raça mesmo? Chegava lá na casa do violeiro, “toca aí”, “vambora”?...
Pelão – O melhor gravador que tinha na época era um Werzinho, mono. O Wer era legal porque foi um gravador de guerra, né? Servia pra dar porrada nos outros...
MMass – rs...guerra mesmo!
MMaz – rs...por causa do peso dele?
Pelão – O peso, o corpo pra proteger ele...então era legal pra externa.
MMass –Na linha de frente de batalha era você...e quem mais na equipe nessa época do mapeamento?
Pelão – Externa era eu...
MMass – O Theo não ia junto?
Pelão – Não, ele só emprestava o Fusquinha.
MMaz – E você gravava no interior das casas dos caras?
Pelão – Podia ser na casa ou em campo aberto mesmo. Na casa dos caras a gente pendurava os cobertores na parede pra não “bater” o som. Pra tentar fazer uma coisa melhor. O importante era registrar aquilo.
MMaz – E quem achava esse pessoal, aquele que dava as coordenadas: “tem um fulano ali, na cidade tal...”.
Pelão – Teve alguns que fui eu que descobri, porque fui atrás de um e achei outro. Às vezes falavam que não tinha ninguém na região. Eu insistia que tinha. Procurava as pessoas que eu conhecia na cidade que eram importantes, que conheciam o folclore, as músicas regionais. E como eu tinha sido da TV Tupi, isso sempre ajudava. O sujeito já conhecia ou tinha ouvido falar...
MMass – E nessas gravações vieram artistas mais conhecidos como o Renato Teixeira, né?
Pelão – Isso já foi em estúdio. O Renato tem aquela pesquisa do Chico Noca. Ele ia muito pra Ubatuba e conhecia o Chico Noca. Foi um projeto fantástico que deu um pouco de trabalho. Eu fui lá, gravei, trouxe a gravação e o Theo acrescentou o instrumental em cima. Ficou lindo. Leve. Só o Theo sabe fazer isso – é brasileiro pra cacete. Sem roubar nada.
MMaz – Então você ia lá, com o gravador de guerra, capturava os instrumentos...geralmente era o cara sozinho tocando ou ele trazia o pessoal dele?
Pelão – Eles sempre traziam os agregados. Eu gravei uma catira, que captei em Nova Odessa, que o João Biarini, que era um grande pesquisador – companheiro de Partido Comunista – falou; ‘Vai embora que aqui não tem catira nenhuma”. E eu sabia que tinha, mas não ia brigar com o cara. “Tá legal, João, obrigado”. E eu descobri um grupo de catireiro fantástico! E eu gravei os caras na casa deles. Nessa ocasião eu não tinha auto falante, só fones de ouvido, e o grupo de catira tinha doze pessoas, mais o pessoal lá fora, e eu tinha que pegar o canto deles e o sapateado. No fim deu tudo direitinho. O duro é que no fim todo mundo o queria escutar uma vez ou duas. Eu falava: “Não pode. Se eu passar mais uma vez, apaga”. Aí explicava o contrato, eles assinavam pra receber...tudo direitinho e documentado.

30 de agosto de 2021

"Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias no Brasil" - segunda e definitiva edição"

Um dos (poucos) alentos nesse período de pandemia foi ter colaborado com  esse magistral projeto do Alexandre Morgado, que finalmente conseguiu finalizar a segunda edição - atualizada, com novo layout, novas informações e nova revisão - do essencial "Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias no Brasil" (Splash Books). Referência desde sempre para quem pretende saber qualquer detalhe sobre a história da editora americana no mercado de quadrinhos nacional. Valeu!





28 de agosto de 2021

Totó, o Detetive, por Guilherme Valpeteris (Suplemento Juvenil - 16-03-1940)


Pesquisando um assunto na hemeroteca da Biblioteca Nacional - pra variar - encontrei sem querer esta página incrível do artista Guilherme Valpeteris no Suplemento Juvenil de 16/03/1940. Pouco mencionado na bibliografia dos quadrinhos ou em páginas de arte, Guilherme é irmão de outro artista que precisa ser resgatado do limbo: Sigismundo Walpeteris, que desenhava para Gazetinha (e gostava de assinar com o W no nome). Guilherme só é mencionado rapidamente por Álvaro de Moya em seu "História das Histórias em Quadrinhos" e um pouco mais detalhado no "Mundo dos Quadrinhos", de Ionaldo Cavalcanti, de 1977, uma obra de muito fôlego, sem recursos ou equipe, que traz mais de 1800 verbetes entre personagens e títulos de histórias (tem erros, mas totalmente admissíveis diante do conjunto). Ionaldo destaca duas histórias, destacadas abaixo - uma do Totó - e não cita o Suplemento Juvenil, mas sua publicação irmã na mesma editora, Mirim (e Totó só em 1943). Algo para se pesquisar (coisa que o nobre colega Francisco Dourado, do Blog HQ Retrô já está fazendo, assim que viu essa página do Totó em SJ que eu postei no FB). Na minha pesquisa só descobri que ele foi um ativo capista de livros entre os anos 40 e 50, inclusive com algumas capas feitas para a famosa coleção Saraiva (onde se sobressaía Nico Rosso).






24 de agosto de 2021

Charlie Watts (1941-2021)

 

                                                      (divulgação/Rolling Stones)

Morreu o baterista da trilha sonora da minha vida. Escuto Rolling Stones e conseguinte Charlie Watts desde que comecei a ouvir rock pra valer, nos idos de 1979/1980 na casa do meu amigo Égon, duas quadras pra cima da minha casa. O primeiro disco foi aquele do bode, "Goat Heads Soup", de 1973 (com "Angie" e "Star Star") e dali pra cá, nunca mais parei de ouvir Stones. Charlie sempre foi oficialmente o "jazzista" que caiu de paraquedas naquela banda curtidora de blues e doideiras no início de 1963, mas essa imagem é muito superficial e não reflete os bastidores intrincados e devotados dessas quase seis décadas completas em que Watts sentou ali atrás e arrumou a cozinha daquele laboratório criativo cheio de hormônios e riffs (com a ajuda de outro "deslocado": Bill Wyman, baixista que ficou com a banda até 1993 e hoje conta com 84 anos). Nessa longa relação conflituosa e afetuosa, o baterista sempre se afinou com Keith Richards (e depois Ron Wood, guitarrista desde 1975), se atracou com Mick Jagger nos anos 80 (aliás, ninguém da banda ficou incólume aos conflitos de boa parte da década) e viveu seu próprio inferno pessoal mais ou menos nessa época. Dizia brincando que depois daquele dia em que entrou na banda em janeiro de 1963, nunca mais deixou de ter na vida a visão do traseiro de Mick Jagger à sua frente. Mas no seu íntimo, mesmo sendo apreciador de jazz, colecionador de carros antigos, criador de cavalos e ter uma índole totalmente oposta ao espírito "rock and roll", não via a hora de estar nos palcos do mundo, tocando com aqueles senhores ingleses imortais da mais longeva banda de rock de todos os tempos, mesmo depois de quase 60 anos. Tanto, que depois da operação que fez no início deste mês (sem revelar o motivo desta intervenção), ficou chateado por ter que se ausentar da banda no momento do início de uma nova tour, com ingressos já vendidos - pelas suas declarações, o clima era, "chato, mas daqui a pouco eu estou de volta". Desta vez - teve também aquele câncer de 2004 que ele venceu - não deu pra voltar. Charlie Watts deixa um buraco gigantesco ali atrás, alguns metros do traseiro de Jagger, e mesmo para uma banda acostumada a brigas, overdoses e separações, essa lacuna vai ser uma das mais difíceis de preencher. Claro, os Stones são os Stones, e só o tempo, que costuma ser generoso com eles, dirá. 

Adeus, Charlie!

Segue uma boa matéria da BBC: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58323435 

8 de junho de 2021

Logo, logo, boas notícias aqui


Só passando pra dizer que o Almanaque do Malu está em "estado de animação suspensa", mas é por tempo limitado. Logo,logo, grandes novidades aqui. Além da pandemia, essa grande catástrofe que nos abateu e ainda nos legou a pesada mão do descaso e da politiquice egoísta, ignorante e fatídica, há outros fatores que me impediram de postar com a frequência que o blog exige, alguns de ordem pessoal. Mas como nem tudo é má notícia, estou fazendo uma biografia há 3 anos e no final deste mês de junho ela finalmente verá a luz. Aguardem notícias aqui. Também estou fechando mais um livro de poesias, que também deve sair muito em breve. No mais, se cuidem, ajudem o próximo, não percam a fé, mesmo que o governo tenda a remar contra. abs

(na imagem acima, uma capa que tem tudo a ver com o livro que estou escrevendo|).

10 de abril de 2021

Marcelo Tieppo (1967-2021). Adeus, meu aguerrido e doce amigo-gêmeo!

 


Marcelinho (era assim que a gente o chamava) ficou amigo meu logo nos primeiros dias de aula da turma de Jornalismo da Metodista, em 1987. Com seu jeito discreto (sem ser tímido), seu sorriso doce (sem ser melado) e sua paixão desmesurada pela vida (e pelo Corínthians, pelo rock, pela política, e pelos esportes em geral) me cativou e cativou boa parte da classe (há alguém daqueles tempos que pode dizer: "Eu não gostava do Marcelo Tieppo?"). E como detestava panelinhas - assim como eu -, passou a ser visto em quase todas as turminhas formadas dentro da classe - os que faziam trabalhos juntos; os que gostavam de ficar no Honda's Bar, os mais politizados, os mais "rock and roll", os que simplesmente gostavam de papear com ele, etc. A nossa afinidade foi imediata e as coincidências brotaram: mesmo dia, mês e ano de nascimento (somos de 04/09/1967), corinthianos, ligados na política, apaixonados por rock (eu, Rolling Stones como banda preferida, ele, Beatles) e poesia. Daí para as noitadas no Bixiga e na região da Paulista ( Deus abençoe os 20 anos!), shows inesquecíveis ( Golpe de Estado no Projeto SP, David Bowie no estádio do Palmeiras, entre outros) e rodadas intermináveis de violão no Honda's Bar (com o grande Edgar protagonizando as cordas), foi um pulo. Chegamos a fazer até aniversário juntos (acho que foi 1988) no Café Pedaço no Bixiga, onde apinhamos o bar com as nossas turmas de bairro e da Metô. Em 1989, eu, ele e o Micali (também da nossa classe) fizemos uma viagem ao Rio de Janeiro que marcou muito nossa vida. Aconteceram tantas coisas na cidade maravilhosa em uma semana que daria pra escrever um livro: alugamos um ap em Copacabana, que dependendo do horário, tinha rajada de balas no banheiro do fundo; vimos o gigante Eduardo Dussek andando aceleradamente na madrugada de Copa; andamos tanto descalços no calçadão e nas ruas do bairro que criamos uma casca impenetrável nos pés; assistimos a final da Copa América - Brasil e Uruguai (1x0)- em um Maracanã lotado (132.743 almas), tendo a honra de ver o primeiro título da Seleção depois da Copa de 1970; e conhecemos pessoas incríveis no Rio. Eu tive que voltar antes, mas o Tieppo e o Micali acabaram a viagem em Angra. Na volta, as noitadas continuaram à toda. Em uma delas, na Consolação, eu, o Tieppo e mais uma renca saímos de fininho pra não pagar a conta de um bar, mas esquecemos de avisar um dos nossos, que acabou ficando e pagou a conta toda (não citei nome porque o prejudicado fica puto até hoje quando ouve essa história). Finalmente formados no Jornalismo, ainda saímos juntos por um bom tempo, até que a geografia (eu no ABC, ele no Brás/Pari) e o trabalho (ele no Diário Popular e Gazeta Esportiva, eu na Abril) acabou nos distanciando um pouco. Ficamos um período trocando figurinhas por e-mail e ele começou a namorar firme. Num belo dia anunciou seu casamento. A festa, na Cantareira, foi incrível - Tieppão fez questão de servir um vinho especial da adega do tio na taça de cada um dos amigos da Metô presentes - o Ricardinho lembra o gosto dele até hoje. Batalhador e profissional que só, Marcelito foi galgando a profissão com muito entusiasmo e  competência - e conquistando amigos em todas as redações por onde passou. Teve quatro filhos - dois no primeiro casamento (Gabriel e Luísa) e dois no segundo (Felipe e Camila). Depois que eu casei e tive dois filhos, voltamos a nos encontrar, principalmente nas festinhas de aniversário dos nossos rebentos. Houve um encontro de dez anos da formatura em 2000, mas nesse eu não fui. A partir de 2008 esses encontros ficaram frequentes e começamos a reunir parte da turminha da Metô nos bares próximos ao seu ap, na Vila Mariana - ele sempre foi um dos que mais agitaram para que nos encontrássemos frequentemente. Também tivemos a oportunidade de ir juntos, num domingão, visitar o maior acervo particular sobre futebol do Brasil, também na Cantareira. Uma tarde saborosa. Até que em 2014, ele descobriu um câncer agressivo e a real extensão do que ele passou nesse período só fomos descobrir mesmo em seu livro lançado no ano seguinte, "Tocando a Vida - Uma Travessia para Continuar na Briga" (Editora Letras do Brasil), onde narrava com muita sensibilidade sua luta contra a doença e como a música dos Beatles o ajudaram nesse processo. Uma grande vitória que muitos da velha turma da Metô fizeram questão de brindar e prestigiar no lançamento do livro. Após a doença, mudou a sua frequência: passou a administrar o trabalho com mais tempo ao lado da esposa Érica e seus filhos, começou a jogar tênis e curtir cada precioso momento. Mais sereno do que nunca, quando veio a pandemia, chegou a me mandar umas poesias que estava fazendo. Muito boas, por sinal. Mas no final de 2020, o câncer voltou e mais uma vez os amigos só souberam que algo não estava bem quando o viram de cabelo raspado em um post. Liguei imediatamente para ele e expus minha preocupação, mas ele, sempre bom driblador (na conversa, porque no futebol mesmo, sempre foi perna de pau) desviou minha atenção para a política, para o futebol, e outras amenidades. Antes de desligar, ainda cogitei que ele poderia escrever outro livro. Ontem, o baque, o murro no estômago, a dor inenarrável: em um post no grupo da turma de jornalismo, a notícia de que o querido Marcelo Tieppo tinha falecido. Por mais que soubesse que ele estava lutando mais uma vez contra a doença, a impressão que eu tinha comigo é que ele venceria mais uma vez, por mais difícil que fosse. Não deu. Passado um dia do ocorrido, a dor ainda lateja muito no peito e a saudade contorce, mas a sensação de que ele está muito melhor agora, sem a doença, longe dessa pandemia e das tantas mazelas do mundo, acaba sendo um alento. Quando soube pelo Bob e o Nilson, que foram ao enterro, que seus últimos dias foram ao lado da família, sem sofrimento e bem cuidado, isso também me confortou. Nosso aguerrido e doce amigo Marcelinho, com certeza tem uma missão importante a cumprir, para se desvencilhar do seu corpo na Terra, assim, tão precocemente. Aqui, nos deu a honra de sua amizade e lealdade e semeou amor e generosidade por onde passou. "Here, There and Everywhere", estaremos sempre com você, nobre amigo. 


 Aniversário do Felipe (2005): Érica com Felipe, Tieppo, eu, Gabriel, Cris e Letícia


                                                    Tieppo, Nilson e eu - 2011

 Um dos encontros da turma: Tieppo, Bob, eu e Ilsão (2018)


    Lançamento do livro "Tocando a Vida" no bar Genuíno (dez/2015): Bob, Rai, Tieppo e eu

       

                               Tieppo, eu e Vivi - final de 1987 (foto: Adriana Gomes)

                            

    Encontro da turma em 2014: Bob, Burghi, eu, Beth, Cidoka, Tieppo, Luti e Rai



8 de abril de 2021

Mestre Rubens Cordeiro (1934-2020), quanta honra!

 Essa foto, que o Baraldi me enviou na semana, é muito preciosa para mim. Captura o momento em que tive a honra de trocar algumas palavras com um dos grandes mestres do quadrinho nacional, um ás da arte-final, insuperável: Rubens Cordeiro. Esse momento aconteceu no evento "Sketchcon III, promovido em 13/10/2019 pela Editora Criativo na Vila Mariana -SP. Foi um dia memorável em que 65 autores de quadrinhos lançaram ou relançaram suas publicações pela editora citada, incluindo aí grandes mestres da nona arte como Julio Shimamoto, Osvaldo Talo, Edu Pereira, Franco de Rosa, Walmir Amaral, Ignácio Justo, e muitos outros. Entres eles, Rubens Cordeiro, um gentleman, que na ocasião já contava com 85 anos e estava radiante ao encontrar colegas das antigas. Rubão, como era chamado pelos mais íntimos, faleceu um ano e dois meses depois, em dezembro de 2020, e vendo em retrospecto, aquele evento acabou sendo uma despedida dele para muitos amigos e admiradores. Agora em 2021, uma surpresa muito boa a ver com o mestre Rubens está sendo gerada e quando eu puder, compartilhei aqui no blog. Segue em paz, mestre, em sua nova jornada, e obrigado por esse momento único, devidamente fotografado, naquele dia tão especial. (na foto, eu, mestre Rubens Cordeiro e Baraldi).



11 de março de 2021

Doodle: 100 anos de Astor Piazzolla

 O Google hoje amanheceu com esse vistoso Doodle em homenagem ao compositor e músico argentino Astor Piazzolla, o artista que revolucionou o gênero tango. Para saber mais sobre sua vida e carreira, é só clicar no Doodle e as principais matérias sobre seu centenário aparecerão.


https://www.google.com/search?sa=X&sxsrf=ALeKk01dBChmJh2GMESqhWE3vSphLZZEhA:1615471426409&q=Astor+Piazzolla&oi=ddle&ct=174786709&hl=pt-BR&kgmid=/m/0c77p&ved=0ahUKEwjZ642EtKjvAhVLILkGHVbfAyMQPQgC&biw=1920&bih=880



22 de fevereiro de 2021

Rosa Passos - "Demasiado Blue"


Hoje cedo, escutando a Rádio USP ( uma das poucas emissoras que ainda consigo ouvir com gosto) ouvi uma música maravilhosa, sensível, fascinante, etc etc, e por um descuido da hora, não consegui ouvir quem cantava esse petardo! Aí procurei na internet, mas talvez por não escrever corretamente os trechos da letra que ouvi uma vez só, não consegui achar nem a pau. Aí apelei: liguei para a Rádio USP para saber a informação. Em São Paulo, ninguém atendeu, mas não desisti. Liguei para a Rádio USP de Ribeirão Preto e afortunadamente, fui atendido pela Clarisse (se for com c, me desculpe) que me atendeu com muita presteza e zelo e após eu explicar o caso, prontamente ficou de checar a informação. Liguei dez minutos depois e consegui saber da Clarisse ( com a ajuda fundamental do seu colega responsável pela programação) que a música em questão, com o trecho 'E eu lembro o olhar azul de Ringo Starr", é "Demasiado Blue", composição de Rosa Passos e Fernando de Oliveira (seu parceiro constante). Ganhei o dia e aqui estou compartilhando essa maravilha. Obrigado, caríssimos!

Apelo para os escrevinhadores, críticos, programadores, cultuadores de pérolas da nossa música: escrevam sobre ROSA PASSOS. Comentem sobre seus discos; compartilhem suas músicas; coloquem suas compoisões nas rádios. A compositora, cantora, pianista e violonista Rosa Passos, nascida em Salvador e desde muito cedo mergulhada na bossa nova e na raiz da música brasileira, tem muitos fans estrangeiros - principalmente músicos - e entre lançamentos lá e cá vem mantendo uma qualidade sonora impecável, que nos presenteia com achados acachapantes como esse "Demasiado Blue".

https://www.youtube.com/watch?v=u9v6qn3F6vA


10 de fevereiro de 2021

O livro "Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias no Brasil" de Alexandre Morgado, em segunda edição atualizada e com nova revisão, está no Catarse!


Em 2017, Alexandre Morgado, um dos maiores colecionadores dos quadrinhos Marvel no Brasil, lançou o livro "Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias no Brasil", trazendo toda a saga da editora americana no mercado editorial brasileiro, desde as edições de O Globo até os dias atuais, perfazendo um caminho que inclui mais de 40 pequenas, médias e grandes editoras. Um trabalho de imersão profunda em todo o material já publicado em solo brasileiro e de pesquisa apuradíssima para cercar todos os detalhes de bastidores que fizeram da história já octagenária da Marvel no país uma das mais emocionantes e (muitas vezes) intrincadas trajetórias editoriais que o mercado das HQs brasileiras presenciou. Os depoimentos de editores-chaves responsáveis pelas revistas em determinadas épocas (como na Ebal, Bloch, Rio Gráfica /Globo e Panini, por exemplo) são fundamentais para que o leitor possa destrinchar as táticas e estratégias por detrás de cada lançamento. As primeiras aparições de cada personagem, as principais histórias, as datas dos lançamentos - todos os principais detalhes foram resgatados. A primeira edição esgotou-se rapidamente e agora, para as comemorações dos 80 anos da Marvel em nosso território, o autor resolveu reviver sua obra, lançando em campanha pelo Catarse uma segunda edição, devidamente atualizada e com nova revisão. Em quase 500 páginas, o livro incluiu novos capítulos ( como o fim melancólico da redação de quadrinhos da Editora Abril e a censura ocorrida na Bienal de 2019, entre outros assuntos atualizados e novos depoimentos) , além de uma magnífica nova capa produzida pelo designer gráfico VAM! (veja a capa aberta no final da postagem). A campanha no Catarse segue até o dia 01/05 e inclui brindes incríveis: marca-páginas temática dos 80 anos da Marvel no Brasil; super pôster pintado em aquarela pelo artista Matias Streb; cinco modelos de postcards  com recriações de capas icônicas da Marvel, feitas com exclusividade pelo quadrinista Flavio Luiz Nogueira e seu traço original e único; 20 cards com capas históricas lançadas no Brasil e informações preciosas no verso. Uma oportunidade imperdível para os fãs e leitores antigos e novos da "Casa das Ideias".

ps: eu particularmente, estou muito feliz com esse lançamento. Fui convidado pelo Morgado para fazer a nova revisão e fiz com muito gosto e respeito. Uma honra fazer parte desse projeto primordial para a historiografia do mercado editorial brasileiro.

Link para o Catarse: https://www.catarse.me/marvelnobrasil 




2 de fevereiro de 2021

José Carlos Ruy (1950-2021)

Em meio a esse caos desgovernado que estamos vivendo, fico sabendo do passamento do José Carlos Ruy, aos 70 anos, de infarto. O Ruy foi meu chefe na Abril Imagens, setor do Dedoc/Abril, quando a editora já começava a entrar num parafuso sem rosca e sem volta, no começo deste século. Depois reencontrei-o em Pinheiros umas duas vezes ainda na primeira década dos 2000 e em 2014, graças a ele, vi meus poemas recém lançados do livro Aura de Heróis serem publicados na seção cultural do portal Vermelho. Ele foi um grande estudioso dos movimentos populares, do marxismo e da esquerda (vale a pena procurar seus livros) e labutou em veículos como A Classe Operária (como editor), revista Princípios e portal Vermelho. O velho Partidão era sua casa principal e como militante e dirigente, pesquisou, escreveu, panfletou, saiu às ruas. E como bem lembrou nosso amigo em comum Bias, toda a sua batalha diária sempre foi acompanhada de bom humor e humanidade. Vai lá, Ruy, que outras lutas o esperam em algum canto oprimido deste vasto universo.

31 de janeiro de 2021

Inscrições abertas para o 33º Troféu HQMIX

 As inscrições para o 33º Troféu HQMIX já estão abertas. As editoras, autores e produtores de quadrinhos de todo o Brasil podem fazer suas inscrições entre 30/01 e 10/03/2021 na própria página da premiação. Link abaixo. O troféu para este ano foi baseado nos personagens de Jaguar da tira Chopnics.

https://hqmix.com.br/inscricao-de-obras




20 de janeiro de 2021

Baú do Malu 83 - Calendário de parede da Firestone -1955 com ilustrações de José Lanzellotti

 Essa incrível "Folhinha" para o ano de 1955 vem com essas maravilhosas ilustrações do artista José Lanzellotti (1926-1992), quadrinista, ilustrador e pintor que brilhou em décadas passadas com seu estilo brasileiríssimo. Lanzellotti integrou a famosa expedição dos irmãos Villas-Boas ao Xingu, em 1949 e acabou "esticando" essa excursão para outros cantos do país, sempre em busca das raízes folclóricas brasileiras. Além de ilustrar capas de discos e diversas obras didáticas e históricas com um apuro técnico indiscutível, participou também do mercado de quadrinhos, principalmente nos anos 50 e 60, com Raimundo, o Cangaceiro para a Editora Aliança, Curupira para a Editora Bentivegna e histórias avulsas de terror e contos de fadas e folclóricos para as editoras La Selva e Novo Mundo. Nos anos 70,80, além de trabalhos esporádicos para os quadrinhos (Revista Crás), continuou nas séries didáticas e fez projetos pontuais como os figurinos para o filme "Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel" (1979). 





5 de janeiro de 2021

Juliano Moreira (1873-1933) é homenageado com Doodle

 


Juliano Moreira (1873-1933), considerado fundador da disciplina psiquiátrica no Brasil é homenageado de hoje pelo Google com um Doodle pelo seus 149 anos de nascimento (acima). A sua biografia é surpreendente: mesmo sem condições financeiras, conseguiu ingressar na Faculdade de Medicina da Bahia aos 13 anos! graduou-se aos 18 anos com a tese "Sífilis maligna precoce" e cinco anos depois era professor substituto da seção de doenças nervosas e mentais da mesma escola. E essa é só a primeira parte de sua laboriosa carreira, conquistada com muito custo. Acompanhem sua trajetória aqui:

https://www.abp.org.br/post/orgulho-juliano-moreira