13 de abril de 2018

Grupo Rex (1966-1967)

Mais uma vez estava pesquisando uma coisa e caí em outra ...rs. Esbarrei no assunto "Grupo Rex" e acabei me aprofundando nessa história com muita curiosidade. O Grupo Rex teve como mentores Wesley Duke Lee (1931-2010), Geraldo de Barros (1923-1998) e Nelson Leirner (1932) e era complementado pelos alunos de Wesley, José Resende (1945), Carlos Fejardo ( 1941) e Frederico Nasser (1945). Em atuações e happenings irreverentes, irônicos, críticos, anticonvencionais e até de certa maneira anarquistas, agitaram a cidade de São Paulo em pouco menos de um ano de existência e deixaram aturdidos e zonzos tanto a intelligentsia artística da época como a própria ditadura ( que quando tentou entender o que estava acontecendo, já tinha passado). O estopim para a formação do grupo se deu antes, na debandada de vários artistas da exposição Propostas 65, na FAAP ( entre eles Wesley, Lerner e Geraldo) em protesto à retirada de um quadro de Décio Bar da mostra, por ser considerado "subversivo". Foi a deixa para que os três se aproximassem e criassem um grupo em formato "cooperativa". O nome "Rex" veio de termo utilizado pelo poeta Carlos Felipe Saldanha em seu texto de apresentação da exposição de Wesley Duke Lee na Galeria Atrium em 1964 ( uma das influências para o novo grupo). Duas forças motrizes foram geradas logo de cara: a Rex Gallery & Sons, local para as exposições e reuniões do grupo, e um veículo de divulgação das propostas e ideias, o jornal Rex Time, ambos criados para funcionarem como ferramentas alternativas às galerias, museus e publicações estabelecidas no mercado de arte. O editorial do 1 tinha a assinatura do editor Thomaz Souto Correa. O debut se deu com um baile, em junho de 1966, inaugurando a galeria.E já no primeiro número do Rex Time uma manchete de grande estardalhaço: " AVISO: é Guerra". Guerra no caso, ao mercado de arte como um todo, às críticas na grande imprensa, às "panelinhas" dos museus , bienais e galerias tradicionais, e guerra também ao próprio objeto de arte, que segundo o grupo, virara uma mercadoria, e só. Embora cada artista do Rex tivesse sua característica própria - Wesley, com forte influência da publicidade e com inspiração em Karl Plattner; Geraldo de Barros, unindo a arte e a fotografia desde seus tempos com a turma do concretismo na década de 50; Leirner, multifacetando várias influências modernas - o mote do grupo seguia o espírito livre e contestador do dadaismo e da Pop Art em manifestações com o carimbo do choque, do escândalo e do caos, com o intuito de ressuscitar o espírito crítico alternando arte e vida nas intervenções e chamando para isso, o público como parte dessas intervenções ; Seguiram-se exposições polêmicas, happenings surpreendentes e nem sempre compreendidos, projeções de filmes fora do circuito, edições de monografias fora de catálogo, etc etc. Diversão com entretenimento e conhecimento, eis o lema em todas as atividades. Essa barafunda criativa durou até 1967, quando um happening caótico e avassalador intitulado "Exposição-Não-Exposição" celebra o fim das atividades do grupo. O toque fatídico foi o anúncio de que as obras de Nelson Leirner podiam ser levadas da mostra, se conseguissem levar. Mesmo com vários obstáculos instalados - barras de ferro, correntes e cadeados - e um apagão não intencional, em tempo recorde de poucos minutos, a galeria ficou completamente vazia, após ser depredada pelo público ensandecido e de ter os quadros arrancados sem piedade das paredes e vendidos na própria saída do evento. A polícia chegou oito minutos depois da inauguração, mas nada mais pode fazer. Para Wesley Duke Lee, " foi um dos happenings mais perfeitos que fizemos". Esse foi o Grupo Rex. &&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&& As edições do Rex Time podem ser conferidas aqui: https://colecaolivrodeartista.wordpress.com/2014/09/15/rex-time/

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