29 de junho de 2012

Clube da Esquina madruga na Globo

A Rede Globo das "altas horas' não é a mesma Globo do dia ou do chamado 'horário nobre'. A emissora dos Marinho deixa as produções mais 'cults', sofisticadas ou segmentadas para a faixa da 'meia-noite pra frente'. Em muitos casos, vale a pena ficar acordado e checar essas produções, como "´Por Toda a Minha Vida", séries especiais, algumas entrevistas e atrações pontuais do Jô Soares ou do Altas Horas do Serginho Groismann e o Som Brasil, que em suas últimas edições vem prestando homenagens de respeito, de Gilberto Gil ( que terá reprise no Canal Viva neste sábado e domingo em homenagem a seus 70 anos), a Luiz Gonzaga, da Bossa Nova e Raul Seixas à Música Nordestina e à Jovem Guarda, entre outros. Hoje, o mesmo Som Brasil prestará tributo a um dos melhores discos brasileiros já feitos, o Clube da Esquina, de 1972, idealizado por Milton Nascimento e Lô Borges (os dois na foto, com Camila Pitanga) com uma congregação única de instrumentistas e letristas. Entre os convidados do programa, além da dupla mentora, estarão no palco Fernanda Takai e a banda As Minas, Megh Stock, Filipe Catto e o grupo Kamy - muitos nem tinham nascido quando o disco foi gerado. Na grade, a data do Som Brasil é sexta-feira, 29, depois do Programa do Jô, mas na prática isto quer dizer, madrugada de sábado, 30, entre  uma e duas da matina. Vale a pena ficar acordado - Milton, Lô, Beto Guedes e Cia não frequentam Faustão, Caldeirão e outros "ãos" globelezados. Melhor assim.
Making of: http://globotv.globo.com/rede-globo/som-brasil/t/veja-tambem/v/assista-ao-making-of-do-som-brasil-em-homenagem-ao-clube-da-esquina/2010372/

27 de junho de 2012

A volta do Pelezinho

Confirmado: Pelezinho, personagem criado por Mauricio de Sousa em meados dos anos 70, e que teve gibi mensal próprio pela Editora Abril entre 1977 e 1982 ( além das tiras de jornais e almanaques e especiais pela Abril - até 1987 e Editora Globo - até 1990), está de volta! segundo Pelé, em entrevista coletiva hoje ao lado de Mauricio de Sousa e a direção da Editora Panini, a volta visa a Copa do Mundo do Brasil em 2014. Pelezinho foi sem dúvida um dos gibis mais criativos da época e merece ser reapresentado para as novas gerações. Serão republicadas todos os números da fase Abril na ótima Coleção Histórica (quadrimensal), além de outros formatos para a banca, todos com histórias já publicadas. Um gibi mensal no tradicional formatinho não foi descartado, mas não há nenhuma previsão ( um nº zero especial foi impresso,  mas só para divulgar a volta).O atual gibi do Ronaldinho Gaúcho, segundo Mauricio, não será descontinuado por conta do novo contrato com a empresa de Pelé. Inclusive é cogitada a criação de outros personagens futebolistas para os quadrinhos até as Olímpiadas do Rio 2016, como Neymar ( Pelé sugeriu também Rogério Ceni). Segue release para a imprensa com todos os lançamentos do novo projeto:
http://www.inteligemcia.com.br/76476/2012/06/27/a-torcida-pediu-e-pelezinho-entra-em-campo-novamente/
A "carreira" do personagem também pode ser conferida nesta ótima matéria do Marcus Ramone:
http://www.universohq.com/quadrinhos/2007/Pelezinho.cfm

26 de junho de 2012

Stones 50

Meio século de Stones agora em julho. O logotipo comemorativo (by Shepard Fairey) já saiu do forno (acima) e a banda se prepara para a reunião que decidirá toda a estratégia para a antológica efeméride . Um disco com inéditas não está descartado, mas por enquanto, só o show dos 50 anos daqui três semanas e uma exposição fotográfica em Londres. Esperamos algo substancioso por estas plagas, afinal, não é qualquer banda que completa 50 anos. Só as que são feitas de pedra.
E falando em pedra, no clima do cinquentenário, segue uma gravação de 1962, ano 1 do grupo, que conseguiu se safar das vissitudes do tempo e das intempéries:
http://www.youtube.com/watch?v=gL-f-8Vh068


25 de junho de 2012

Baú do Seu João 6: Coleção Saraiva (anos 50/60)

Como eu já tinha prometido anteriormente, aos poucos vou postando os impressionantes achados pós-reforma na casa do meu enciclopédico pai, que já voltou do hospital são, salvo e emputecido diante da nova decoração que acabou desestruturando sua "desordem ordenada" de poeiras cósmicas, ácaros imemoriais e caixas herméticas. Entre as relíquias que foram aflorando dos armários mágicos do Seu João, essa Coleção Saraiva salta à vista. Desde minha primeira infância, já babava por essas capas na estante enquanto deglutia um copo de leite C com bolacha Maria. E não tem como não babar. São as maravilhosas ilustrações do único artista da série, o mestre Nico Rosso, que ornamentou todos os volumes da coleção (perto de 200), de 1948 (um ano depois de chegar da Itália) à meados dos anos 60, com seu estilo barroco e eclético, o mesmo que ao longo dos anos deu vida tanto ao legítimo terror nacional nos quadrinhos como às ilustrações de contos de fadas e capas e histórias diversas para editoras como Ebal, La Selva,Taíka e M&C. Seu João guardou 13 volumes, e são as suas capas que disponho aqui. Vale a pena ver e rever. Pra mim, essas imagens não tem só tinta e papel, mas cheiro de infância.
Vol.31 - janeiro 1951
Vol. 87 - Setembro 1955
Vol.90 - dezembro 1955
Vol. 107 - maio 1957
Vol.117 - março 1958
Vol.120 - junho 1958
Vol.125 - Novembro 1958
Vol.151 - Janeiro 1961
Vol.162 - Dezembro 1961
Vol.166 - Abril 1962
Vol. 173 - Novembro 1962
Vol.175 - janeiro 1963
Vol. 186 - Dezembro 1963

19 de junho de 2012

Troféu HQMix 2012: saiu a lista dos vencedores

Saiu ontem a lista oficial dos laureados do 24ºTroféu HQMix 2012. A premiação será no dia 30 deste mês no mesmo bat-Sesc Pompéia. Segundo o site do evento, falta definição ainda para três premiações  acadêmicas: melhor doutorado, melhor mestrado e trabalho de conclusão de curso.

Adaptação para os Quadrinhos
Clara dos Anjos - Wander Antunes e Marcelo Lelis

Caricaturista
Gustavo Duarte

Cartunista
Dalcio Machado

Chargista
Angeli

Desenhista Estrangeiro
David Mazzucchelli

Desenhista Nacional
Marcelo Lelis

Destaque Internacional
Fábio Moon e Gabriel Bá

Destaque Latino-americano
Fierro (Argentina)

Edição Especial Estrangeira
Asterios Polyp - David Mazzucchelli

Edição Especial Nacional
Morro da Favela - André Diniz

Editora do Ano
Leya/Barba Negra

Evento
7º FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos)

Exposição
Criando Quadrinhos - Ivan Costa

Grande Contribuição
FanZines nas Zonas de Sampa

Grande Mestre
Marcatti

Homenagem Especial
Mauro dos Prazeres (sócio-fundador da editor Devir, morto neste ano)

Homenagem Especial
Achados e Perdidos - Eduardo Damasceno, Luís Felipe Garrocho e Bruno "Ito"

Livro Teórico
Ângelo Agostini - Gilberto Maringoni

Mídia sobre Quadrinhos
Mundo dos Super-Heróis

Novo Talento - Desenhista
Magno Costa e Marcelo Costa

Novo Talento - Roteirista
Vitor Cafaggi

Produção para Outras Linguagens
Angeli 24 Horas - Beth Formaggi

Projeto Editorial
MSP Novos 50 - Mauricio de Sousa

Publicação de Aventura/Terror/Ficção
Birds - Gustavo Duarte

Publicação de Clássico
Arzach - Moebius

Publicação de Humor Gráfico
Uma Patada com Carinho - Chiquinha

Publicação de Tira
Macanudo - Liniers

Publicação Erótica
Black Kiss - Howard Chaykin

Publicação Independente de Autor
Birds - Gustavo Duarte

Publicação Independente de Grupo
Café Espacial

Publicação Independente Edição Única
O Louco, a Caixa e o Homem - Daniel Esteves e Will

Publicação Infantojuvenil
Turma da Mônica Jovem - Mauricio de Sousa

Publicação Mix
MSP Novos 50 - - Mauricio de Sousa

Roteirista Estrangeiro
David Mazzucchelli

Roteirista Nacional
André Diniz

Salão e Festival
3º Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro

Tira Nacional
Manual do Minotauro - Laerte

Web Quadrinhos
Terapia - Mario Cau, Marina Kurcis e Rob Gordon

Web Tiras
Um Sábado Qualquer - Carlos Ruas 

O troféu deste ano homenageia o clássico personagem de Primaggio Mantovi, o palhaço Sacarrolha (abaixo)


Mais informações sobre o evento:

15 de junho de 2012

Stan Lee e a DC

Essa me apareceu sem querer, ao cair na mão um exemplar do catálogo/magazine da Editora Taschen (original americano) da virada 2011/2012 (Winter). Logo nas páginas iniciais, a publicação pediu para algumas personalidades escolherem seu livro do catálogo Taschen predileto. E olhem só qual o mestre Stan Lee escolheu: "75 Years of DC Comics" de Paul Levitz ( lançado em 2009). Bem compreensível, pois quando a sua eterna rival nos comics surgiu, Stan tinha 11 anos, e certamente curtiu muito as então pioneiras histórias nas revistas. Mais de cinco anos depois (1939), Stan virava assistente na Timely, futura Marvel, enquanto Superman já fazia sucesso na rival e Batman era lançado. Mas aí seus olhos já estavam voltados para seus próprios roteiros e criações, que o levaria ao topo do mercado duas décadas e meia depois.

14 de junho de 2012

Carlos Reichenbach (1945-2012)

Os grandes do cinema brasileiro vão nos deixando. Primeiro foi o Paulo Cezar Saraceni em abril e hoje, no dia de seu aniversário, o indomável Carlos Reichenbach, Carlão para os chegados. Cineasta inconformado, independente, indomável, indulgente, esse sim era uma pessoa in. Fez do cinema sua vida, batalhou pela arte, ajudou muitos na profissão, revelou dezenas de atores/atrizes, ganhou prêmios e foi reconhecido internacionalmente. Sofreu muito para finalizar seus filmes... talvez porque nunca foi bajulador e nunca fez nada por encomenda. Dêem uma passeada agora pela internet e vejam quantos amigos e colegas gratos, quantos fãs e quantos influenciados pela sua arte. Diretor, produtor, crítico, professor, fotógrafo, roteirista, Reichenbach foi guerreiro do nosso cinema. Que seus filmes continuem chocando os hipócritas e iluminando os idealistas.
Curta metragem "Esta Rua tão Augusta" (1966-1968) -http://www.youtube.com/watch?v=oGmQ99A6uRY
Curta metragem "Murilolendo" (1997/TV Cultura) - http://www.youtube.com/watch?v=jQxb3GF_fBA
Série Obra Revelada (2009/Itaú Cultural) - http://www.youtube.com/watch?v=L0SoPLRcym8
Episódio Canal Brasil 10 anos (2008) - http://www.youtube.com/watch?v=1YKaq2ovRSI
Vídeo homenagem no III Curta Neblina (dez/2011)- http://www.youtube.com/watch?v=q_cCKXLhvrA
Especial TV PUC SP (2005 - trecho) - http://www.youtube.com/watch?v=mbs7qDSpT1E


Festival de Cultura e Arte do Grande ABC

No final de semana vai rolar um evento cultural bem eclético cá em São Caetano. É o Festival de Cultura e Arte do Grande ABC, realizado pelo Diário do Grande ABC em parceria com a Prefeitura de São Caetano do Sul e apoio da Universidade Metodista. Arte, shows, poesia, desenhos, teatro. Confiram na agenda do site oficial os horários e endereço. No sábado (16) tem show com o legendário Zé Geraldo (17h) e mais tarde o Funk Como Le Gusta. No domingo (17) rola Claudio Zoli (17h) e mais tarde a banda Cachorro Grande. Entremeando esses grandes shows, artistas inscritos mostram seus trabalhos. Inclusive, um de nossos parceiros do livro "Brasil do Bem", o Humberto Pessoa, estará no local expondo três caricaturas ( link do seu blog abaixo).
Agenda oficial:  http://www.dgabc.com.br/festivalabc/
Blog do Humberto Pessoa: http://humbertopessoa.blogspot.com.br/2012/06/1-festival-de-cultura-e-arte-do-grande.html

13 de junho de 2012

Semanário, jornal de Timor Leste

Este peculiar jornal acima, "Semanário", que mistura português com dialeto local é do longínquo Timor Leste. O exemplar, de 05/05/2012 , foi um presente do meu cunhado Zé, que passou um mês no país lecionando em curso especial do Senai ( na verdade eu tinha pedido um gibi de lá, mas ele não localizou banca ou outro local de venda de quadrinhos). Embora Timor atravesse um período de paz, ficamos um tanto apreensivos com essa viagem pro outro lado do planeta ( contando as baldeações e trocas de vôos, a viagem de volta durou 39 horas!!), mesmo sabendo que o motivo era nobre. És muito bem vindo de volta, caríssimo Zé!

Rock de Brasília, o filme

Ontem, minha namorada de quase 20 anos me presenteou com esse documentário acima (valeu, moi), o já premiado "Rock Brasília - Era de Ouro" de Vladimir Carvalho (Coleção Canal Brasil/2011). O cineasta já tem fama de ourives da película, pois costuma colecionar imagens por anos a fio até compor um painel representativo de uma época ou um movimento. Esse último encerra uma trilogia sobre a construção cultural e ideológica da capital federal, e mostra imagens de seu arquivo pessoal desde o final dos anos 80 ( o auge das principais bandas Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial). Não tive tempo de ver ainda mas não vejo a hora. Enquanto isso, deixo um trecho aqui:
Entrevista ao Canal Brasil: http://www.youtube.com/watch?v=22Q0nZvfGuQ
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=PEcvjN7s260

11 de junho de 2012

A revista da Mônica que nunca foi lançada - parte 2

Sergio de Souza. Declaração do editor joga mais luz ao "não lançamento" de Mônica em 1969.
No ano passado levantei um assunto misterioso e periclitante: o lançamento da Mônica em revista em 1969, ou seja, um ano antes do seu lançamento pela Editora Abril em 1970, pontapé fundamental de Mauricio de Sousa para seu império editorial atual (veja aqui: http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2011/06/o-misterio-da-ube-e-o-quase-lancamento.html ). Na época eu 'pesquei' o assunto no blog do Roberto Guedes, ao pesquisar sobre o Alain Voss, e também de um breve comentário sobre o fato retirado de um depoimento do próprio Mauricio à revista Mundo dos Super Heróis, mas detalhes precisos, neca de pitibiriba. Naquele post eu prometi que assim que surgissem mais indícios, faria um complemento. E um ano depois, sem querer (é sempre assim), acabei esbarrando no mesmo assunto quando pesquisava sobre a imprensa alternativa nos anos de chumbo. A fonte consultada foi o completo livro do Bernardo Kucinski, "Jornalistas e Revolucionários- Nos Tempos da Imprensa Alternativa"(Editora Scritta -1991 -capa abaixo), uma obra de cabeceira pra mim e que esmiuça com precisão e muita pesquisa a trajetória da imprensa alternativa (ou "nanica", como dizem) desde o Golpe de 64 ( com o pioneiro Pif Paf de Millôr) até os jornais sindicais do início dos anos 80.
Kucinski, ele próprio um jornalista que passou por vários veículos à margem da grande imprensa, é meticuloso e traz não só bastidores como vários perfis dos articulistas e protagonistas desse jornalismo marginal que acabou mudando a linguagem da própria 'big press'. No capítulo que identifica com detalhes a 'turma' do Sergio de Souza (ex-editor de Caros Amigos e dezenas de outras publicações, falecido em 2008), a mesma que revolucionou o jeito de se fazer reportagem em revista ( Realidade) e inovou em distribuição ( Bondinho), eu parei no seguinte trecho:
"...Mas "ninguém queria contratar o grupo como um todo, tinham medo, até que Samuel Wainer chamou-os para produzir IDÉIA NOVA, um grande tablóide dominical de informação; Wainer alugou um andar de hotel na boca do lixo, em São Paulo, para fazer o projeto em segredo, mas quando estava quase pronto, veio o famigerado AI-5, ele pagou  e premiou todo o mundo e sumiu". Em seguida, a equipe revisteira propôs à editora dos irmãos Rossolitto, donos de gráfica e de uma revista grosseira de polícia, o lançamento de três revistas: "uma revista de histórias em quadrinhos do Alan Voss, que ficou bastante conhecida; a revista da Mônica, com o Maurício de Souza (sic); e uma revista feminista, CARA METADE, que se proporia a mostrar como as mulheres vêem os homens; estava o time todo, estavam prontos os fotolitos do Mauricio de Souza (sic) e os da história em quadrinhos, e os homens disseram que não tinham mais capital para bancar os projetos...".
Esse trecho do livro foi baseado em depoimento do próprio Sergio de Souza dado ao autor em 1990. Uma nova e mais clara luz sobre o caso, que nos traz novos nomes. Se no post anterior tínhamos UBE, agora temos também os irmãos Rossolito, nomes por trás da editora. A revista de Voss "que ficou bem conhecida" é o "Careca", também citada anteriormente; e com essa nova declaração, feita por um protagonista, entende-se que os projetos não foram pra frente por receio político mesmo, medo até, rebatizado de "falta de capital" (afinal, estava tudo pronto para lançamento). Se não houve prisões, como Maurício supõe, com certeza rolou uma dispersão do grupo, que logo, sob o novo nome de  A&C (Arte & Comunicações), lançaria O Bondinho, um projeto tímido inicialmente, distribuido só no interior do Pão de Açúcar e que logo se transformaria num dos veículos mais surpreendentes e anárquicos da imprensa tupiniquim. Mas essa é uma outra história...

10 de junho de 2012

Ivan Lessa (1935-2012)

A foto clássica na redação do Pasquim: Ivan Lessa e Jaguar
O Pasquim abarcou em sua redação dezenas de "escribas natos", alguns inclusive fundando um novo estilo no jornalismo brasileiro. Por lá passaram excelentes cronistas/jornalistas/escritores como Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Luis Carlos Maciel, Sérgio Augusto, Moacyr Scliar, Newton Carlos, Martha Alencar. Mas os criadores de textos que mais impregnaram (no bom sentido) o jornal alternativo foram Millôr Fernandes, Paulo Francis e Ivan Lessa, a trinca que levou a acidez e a ironia a um patamar único no humor jornalístico. Os três 'enfant terribles' já desencarnaram, Millôr a pouco tempo e agora Ivan, aos 77, dias depois de sua última crônica na BBC. Ivan Lessa sempre foi afiadíssimo em sua redação, daqueles nunca em cima do muro, sempre cutucando, ironizando, destilando veneno e antídoto na mesma proporção. Fez uma dupla memorável com Jaguar, antes mesmo do Pasquim, ao criar as tiras do 'Chopnics', que combinava beatnik com chopps e aparecia no Jornal do Brasil e no Jornal dos Sports simultaneamente (e que deu vida à Sig, o ratinho). Continuou com o mesmo espírito no Pasquim até virar correspondente na Inglaterra e nunca mais voltar para o seu amado Rio de Janeiro. Voltou sim, uma vez, acho que na década passada, e viu um Rio tão diferente daquele setentista, sujo, violento, sem seus bares prediletos, que preferiu ficar com aquele Rio antigo no seu coração e continuar escrevendo seus textos, cada vez mais corrosivos (entendem agora por que?) no Reino Unido. Trabalhou até o fim, deixando centenas de crônicas para a BBC (link abaixo). Um dos nossos maiores textos, com certeza, e pouco conhecido por aqui justamente por essa distância. Mas Ivan Lessa, o filho do Orígenes, sempre nos sobrevoou com seu texto, independente da Geografia, tanto para trovoar como para ensolarar os ares do seu velho Brasil.
As crônicas na BBC Brasil: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120608_ivan_lessa_rw.shtml

7 de junho de 2012

Lira Paulistana - O Filme

Postei faz pouco tempo sobre o festival de documentários e dentre os filmes estava lá um dos lançamentos brasileiros mais aguardados, o "Lira Paulistana" de Riba de Castro, ex-sócio do emblemático Teatro Lira Paulistana, cuja finalização a minha amiga Pilar já tinha avisado via Face me enviando o pôster oficial (este acima). Vale a pena ficar ligado na programação cultural de São Paulo, pois certamente o filme surgirá em salas comerciais ( por pouco tempo, como de praxe) e circuitos alternativos. A produção durou alguns anos e pode ser dissecada em sua página oficial ( que parou de ter atualizações mas tem links e matérias bem interessantes sobre todo o processo do doc e os 30 anos do movimento). No embalo, segue também o making of e o trailer. Pelo clima e quantidade de depoimentos, parece que a película chegou onde queria. Espero que sim.
O site: http://lirapaulistana.net/
Making Of: http://www.youtube.com/watch?v=HJld7rvHrVw&feature=endscreen&NR=1
O trailer: http://www.youtube.com/watch?v=2w5wjtezXB8

1 de junho de 2012

Nelson Jacobina e Levon Helm: dois instrumentistas que tocavam com a alma

Levon Helm (1940-2012)
Nelson Jacobina (1954-2012)
Nelson Jacobina, violonista requisitado, compositor de mão cheia, foi fiel escudeiro do apocalíptico Jorge Mautner. Em décadas de atividade, sempre que possível, estava no palco com seu amigo pré/pós tropicalista, assim como em diversos discos independentes, shows pelo Brasil afora e ultimamente, membro efetivo da incrível Orquestra Imperial.
Levon Helm, baterista fundador da The Band, que acompanhou Bob Dylan em inúmeras ocasiões, ajudou a cunhar com seus colegas de banda a junção folk/country/rock e foi um dos primeiros bateristas vocalistas da cena.
Tanto Nelson como Levon elevaram a música às alturas e ambos amavam tanto o que faziam, que praticamente entravam em transe quando tocavam. Eram instrumentistas de alma. Coincidência ou não, os dois  tinham câncer há anos, mas não arredaram o pé dos palcos, mesmo com dor, fraqueza, vertigens, o que fosse. Em 19 de abril, Levon Helm, às vésperas dos 72 anos, descansou de sua heróica batalha. Nelson Jacobina, aos 58 anos, alguns dias depois de sua última apresentação, fez sua passagem em 31 de maio. Sempre considerei a música um dom supremo, um tipo de poder mágico. Esses dois extraordinários instrumentistas  ajudaram a sacramentar minha opinião.

Dois momentos brilhantes da música mundial:  Maracatu Atômico, original (1972, composição de Mautner-Jacobina), executada pela bombástica Banda Atômica, com Mautner, Jacobina, Arnaldo Brandão e Vinicius Cantuária; e The Weight, um dos números ao vivo da despedida da The Band filmada por Martin Scorsese em The Last Waltz (25/11/1976) - Levon é o primeiro a cantar.
http://www.youtube.com/watch?v=0ocevnfp0vU
http://www.youtube.com/watch?v=sjCw3-YTffo