28 de julho de 2020

Baú do Malu 82 - Bilhete Postal Comemorativo - Centenário da Abertura dos Portos (1808-1908)




Esse bilhete postal acima é de 1908 e comemora a abertura dos portos ocorrida cem anos antes. Adquiri esse lindo cartão por uma merreca em um leilão público. A arte é do pintor Henrique Bernardelli. Segundo consta nos livros de História, "Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas foi uma carta régia promulgada pelo príncipe-regente de Portugal Dom João de Bragança, no dia 28 de janeiro de 1808, em Salvador, na Capitania da Baía de Todos os Santos, no contexto da Guerra Peninsular. Foi a primeira Carta Régia promulgada pelo príncipe-regente no Brasil, o que se deu apenas seis dias após sua chegada, com a família real e a nobreza portuguesa, em 22 de janeiro de 1808. Esse foi o primeiro passo do processo de Independência do Brasil." 

27 de julho de 2020

Sigourney Weaver e os Beatles

Essa história rola nos EUA desde 2016, quando descobriram que na plateia do show dos Beatles no Hollywood Bowl em 1964 estava uma adolescente exultante chamada Sigourney Weaver. Esse incrível tomada está nas cenas de plateia capturadas pelo documentário "The Beatles - Eight Days a Week: the Touring Years" (2016 - por Ron Howard). A foto abaixo foi tirada da sequência de imagens onde a futura atriz e amigos aparecem entusiasmados no auge da apresentação dos Fab Four em Nova York.

26 de julho de 2020

Dia dos Avós

Hoje, 26/07, é Dia dos Avós. O Google, que aos poucos vai voltando com a produção de doodles inéditos saiu com esse singelo desenho novo em sua página de entrada. Aproveito o post para mandar um beijo estalado para os céus, em direção aos meus avós, que já estão há um bom tempo em outras esferas e dimensões: Vô Antonio, goleiro dos bons, corinthiano roxo, empregado da GM por anos e falecido precocemente no início dos 1970; Vó Augusta, mantenedora da ordem no lar de 5 filhos, grande fazedora de macarrões diversos, fã de Silvio Santos, foi guerreira até o último fio de vida, depois de ficar quase dez anos de cama; Vô Ricardo, pintor, arquiteto amador, fazedor de balanças, miniaturas de madeira e maquetes ( seu lago de cisnes com imã embaixo para a gente movimentar as aves é um clássico da minha infância), trabalhou décadas na Telefônica e ainda nos brindou com tudo isso descrito, e ainda tocou bandolim (e violino na mocidade), plantou jardins e arrumou telhados (sempre com seu chapéu de jornal no cocorucho), Vó Maria, espanhola da gema, braba na medida certa, manteve meu vô Ricardo no chão e ainda fez maravilhas na cozinha e na costura, enquanto olhava as filhas e os netos com atenção e carinho redobrado. Obrigado, meus avós queridos. Guardo um pouco de cada um no meu coração.

25 de julho de 2020

Eustáquio Sena: Tesouro Perdido de Minas (repost do post original de 22/01/2010)

(Este post é um dos mais vistos do almanaque. Passados mais de 10 anos, ele tem comentários oportunos e a participação de amigos e parentes do compositor. Fiz esta repostagem, porque o post anterior já não aceita correções e atualizações. Com isso, a pesquisa e as informações novas podem continuar seguindo) Eustáquio Sena. Até uma semana atrás, não conhecia este nome. Mas quando tive acesso a vários (vários mesmo - praticamente todos) discos originais das novelas da Globo nos anos 70, a época mais fértil e experimental da Som Livre, logo notei este nome que insistia em aparecer em diversos discos iniciais da gravadora global. Cacoete automático: fui pesquisar. Descobri que ele foi muito atuante entre o final dos anos 60 e o meio dos 70, como produtor e compositor da Som Livre. E que embora tenha sido o produtor de um dos maiores discos da MPB de todos os tempos, o Acabou Chorare, dos Novos Baianos (1972), tenha composto para muita gente no período e gravado LPs e compactos até os anos 80, não houve sensatez ou ímpeto de atualizar sua biografia na internet e nem pesquisar ou se aprofundar um pouquinho mais, como eu fiz agora, para escrever estas linhas. Admiro muito o dicionário digital de MPB do Cravo Albin, uma referência inconteste, mas alguns ítens do site estão defasados e assim permanecem. Eustáquio Sena, compositor do Vale do Jequitinhonha, aparece lá como produtor da Som Livre, tem o seu trabalho no clássico Acabou Chorare citado, assim como o aplaudido LP de 1982, Cauromi, mas faltou contar que ele fez diversas canções para novelas, participou de festival, lançou um segundo LP ainda nos anos 80 e antes da Som Livre foi produtor na Elenco (veja lista abaixo). Todos esses detalhes eu recolhi na internet, mas são citações, retalhos, pescados - não há matéria focando o compositor mineiro, quiçá entrevista. No máximo, linhas sobre o Cauromi. Entre investigações e clicadas na web, pude fazer um pequeno painel de sua carreira - passível de correção ou acréscimo, pois muitas descobertas tiveram uma só fonte e certamente há lacunas: * Eustáquio Sena nasceu na região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. * Em 1964 consta pela primeira vez nos créditos de um disco: no raro Samba na Onda de Miguel Angel, como participante do coro. * Participou do I Festival de Música Popular Brasileira, em 1968, com a música Abandono. * A sua primeira gravação aparece num compacto do festival, junto a outras músicas que não fizeram parte do LP oficial. * Teve três músicas gravadas pelo cantor Paulo Sérgio em 1969: Minha Madrinha (c/Paulo Sérgio), Vou Pedir Outra Vez e Você Não é Como eu Quis. (fonte: webSite oficial do compositor Paulo Sérgio). O xaxado Minha Madrinha fez muito sucesso na época. * Dirige a produção de um dos mais importantes discos de nossa MPB: o engajado e belo Deixa Estar do MPB-4, em 1970, pelo selo Elenco. (Fonte: A Historia da MPB/Luiz Américo). * Irmãos Coragem, no mesmo ano, é a primeira novela da Globo com uma música sua na trilha: Amor Maior. Outra novela do mesmo ano, Assim na Terra como no Céu tem em sua trilha a composição de Eustáquio, Que Sonhos são os Meus?, com interpretação de Milton Santana. * Participa do psicodélico disco de Ronnie Von de 1970, Minha Máquina Voadora, com a composição Cidade ( em parceria com Paulinho Tapajós) * A sua música Eu Nunca Pensava entrou no disco de maior sucesso do intérprete Evaldo Braga, "O Ídolo Negro", de 1971(Fonte: Site Memória da MPB) *Outra música em outro disco de sucesso no mesmo ano: A Minha Madrugada ( c/ Carlos Odilon e Jair Rodrigues) no LP da Philips Festa Para um Rei Negro, de Jair Rodrigues. * Fechando 1971, os Originais do Samba gravam Mas que Menininha ( Eustaquio Sena- A.Soares) em seu disco Samba Exportação. * O tema de abertura da novela Bicho do Mato ( Rede Globo, 1972), a música homônima Bicho do Mato, de sua autoria, trazia versos como: “Não sou potro que se doma/ não sou vara que se vergue/ não sou fruta que se coma/ não sou flor bela que cheira/ não sou água que se beba/ não sou vento sem poeira/ não sou cobra sem peçonha/ não sou planta sem espinho/ eu sou muito sem vergonha/ sem amor e sem carinho/ não sou milho de pamonha/ nem canto de passarinho/ (...) Ê, bicho-do-mato/ tu me bate e eu te rebato!” ( fonte: Memória Globo). * Ainda em 1972, como fazer uma loja virtual fez relativo sucesso com a música Mariana, na trilha da novela O Primeiro Amor (trilha com composições de Antonio Carlos e Jocafi). Interpretou ao lado de Angela Valle, Simone de Marcos e Paulo Sérgio Valle na trilha da novela Selva de Pedra. E ao lado do experiente Aloysio de Oliveira, produziu a trilha da novela Carinhoso, que teve grande repercussão. * A sua música Quem me Dera entra no disco de 1972 de Leno & Lílian. *O ano de 1972 também viu a sua participação em mais um disco de festival: cantando "Cabeça" de Walter Franco e o sucesso de Sérgio Sampaio "Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua", ambas finalistas do VII Festival Internacional da MPB (FIC). E o lançamento de um compacto simples (Som Livre) com as músicas Amém/ Nem de Mim Eu Sei. * Para a novela Cavalo de Aço no ano seguinte, mais uma que também produziu, Eustáquio colaborou com a música "Um Sol na Noite". A trilha da novela O Bofe, só com composições de Erasmo e Roberto, também teve a sua produção. Nela, participou como intérprete na música Perdido no Mundo. * 1973 foi o ano do lançamento da trilha sonora do programa Chico City, com composições de Arnauld Rodrigues e Chico Anysio. Eustáquio interpreta a canção Testamenteiro. * A trilha sonora da novela Os Ossos do Barão, de 1974, inclui E Tem Mais, de sua autoria. Outras duas novelas do ano, incluíram músicas suas: em Corrida do Ouro, a música Laranja da Terra e em SuperManoela, com Oi, Lá. * A trilha da novela Fogo Sobre Terra com composições de Toquinho e Vinicius tem a produção sua em parceria com João Mello e participação na faixa Divinéia como intérprete. * Produz o primeiro disco solo de Alceu Valença, em 1974: Molhado de Suór, pela Som Livre (Site Oficial de Alceu Valença). * Neste mesmo ano, lança pela Som Livre o compacto simples Simples Estória. E faz a produção da ótima trilha sonora da novela Cuca Legal lançada em LP pela Som Livre. * Participa em 1980 da faixa Pra Você Gostar de Mim, de Vital Farias, em seu LP Taperoá. Um clássico instantâneo. * Lança o melhor disco de sua carreira e talvez um dos melhores discos da música mineira: Cauromi, também em 80, pela Epic. As faixas: Cauromi (Terra do Nunca) - Ringo (Um Bandoleiro Qualquer) - Amor Cigano - Pelo Chão Que é Seu - Como Se Fosse Mágica - Posso Te Morder - Todo Amável - Conte Uma Estória Prá Mim - Laço de Fita - Esses Meninos (Êh!Gente Perigosa) - Olhar Profundo - Prá Repousar. Além da participação especialíssima de Zé Ramalho na faixa-título, participam da obra feras como Robertinho do Recife, Jorge Mautner, Chico Batera, Paulo Braga, Jamil Joanes, Manduka, Lincoln Olivetti e Róbson Jorge, entre outros. * Lança o LP Brasil Riqueza em 1983, pela RCA Victor, com as músicas: Vamos Ver como é que Fica (Uirapuru) - Morena - Flor de Laranjeira - Dez Mil Anos Luz - Maxacalis - Brasil Riqueza - Muito Prazer - Remanso - Terra dos Homens - Valsinha (Bem Mais Amor). * Foi parceiro musical de Eduardo Araújo nas músicas A Aventura Não Termina ( no CD Pegadas, 1994 ) , Chora, chora, coração e Nada Valeu te Amar (LP Pé na Estrada, 1990) * Tem sua música Reggae Bom gravada por Oswaldinho em lançamento do selo Kuarup. * Participa do Projeto Nosso Canto Vale Mais Jequitinhonha, um kit fonográfico/biográfico composto de DVD, CD-ROM e revista , aprovado pelo Fundo Cultural do Estado de MG em 2007, com 40 artistas da região. (fonte: Vale Mais.org) *Falece em abril de 2007 (citação em O Tempo/MG - 07/05/2007). Pois é, deixei esta pro final. Ele faleceu e eu não vi nenhuma linha sobre o ocorrido. Para o Dicionário Cravo Albin, ele está vivo. Finco aqui portanto, esta homenagem ao compositor mineiro: uma matéria inteira a seu respeito, com começo, meio e fim. (Atualização: esse post, em janeiro de 2016, já passa das 1500 visualizações, além de vários comentários oportunos. Todas as músicas lembradas nos comentários são acrescentadas no texto depois de serem pesquisadas. Agradeço imensamente todas as intervenções e lembranças que fazem o post ficar cada vez mais completo!)Link original com os comentários: http://almanaquedomalu.blogspot.com/2010/01/tesouro-escondido-de-minas-eustaquio.html

24 de julho de 2020

Sérgio Ricardo (1932-2020)

(divulgação) O guerreiro descansou. Sérgio Ricardo, além de músico excepcional, compositor raro e intérprete dos bons, ainda se enveredou com o mesmo ímpeto e qualidade para o cinema, as artes plásticas, a dramaturgia, a literatura, etc, etc. Foi um colosso em nossa cultura. Foi cantor e pianista da noite nos anos 50; participou do emblemático festival de bossa nova do Carnegie Hall em 1962; lançou discos e participou de festivais no correr dos anos 1960 (onde protagonizou uma das cenas mais marcantes da década com seu violão quebrado e jogado para a plateia); fez trilhas preciosas: para Glauber Rocha em "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1967) e "Terra em Transe" (1969) e para Ariano Suassuna na peça "O Alto da Compadecida" (1968); fez vários filmes (em que dirigiu e atuou) entre os anos 1960 e 1980. E nos últimos tempos, além de obras sociais na comunidade em que vivia no Rio, produziu muitos quadros, uma autobiografia e livros de poesia. Em 2017, através da sua grande amiga Marisa Déa, que mora pertinho de mim e cedeu o seu apartamento, fui convidado para um sarau para poucas pessoas em que a grande atração era o próprio Sérgio Ricardo, que iria tocar com seus filhos Marina e João Gurgel. Infelizmente na ocasião ele teve uma queda em casa e não pôde comparecer. Mas o sarau foi maravilhoso - os filhos tocaram várias músicas de seu vasto repertório, incluindo canções que entraram em seus filmes e o clima foi tão bom que parecia que Sérgio estava presente - e de certa forma estava. Sérgio Ricardo é um daqueles artistas que eu sempre acompanhei os passos - desde que conheci sua obra riquíssima ainda nos anos 70 ( e de novo começando pelos disquinhos da Abril Cultural do meu pai). A partir daí, vi seus filmes, fui atrás de seus raros discos e nos últimos tempos, peguntava sempre para a Marisa como estava o mestre. Ele estava bem ativo até um ano atrás, até que a saúde começou a fraquejar. Desta vez, internado, foi guerreiro como sempre e se curou do Covid contraído em abril, mas ontem cedo teve uma insuficiência respiratória. Siga em paz, mestre Sérgio Ricardo.( ps: Sergio Ricardo está em vários momentos aqui no blog...pesquisem na busca da página. Para o sarau no ap de Marisa, pesquisem "João Gurgel")

22 de julho de 2020

Mais uma vez, o Rádio (Homenagem de Leonardo Engelmann a José Paulo de Andrade - 1942/2020)



Em crescente audiência pela pandemia - as pessoas, em casa, passaram a ouvir mais o Rádio - não fica difícil afirmar que a História do Rádio muitas vezes se funde à História do Brasil e até do Mundo. Foi assim com as Diretas Já, movimento popular criado em apoio à emenda Dante de Oliveira para que o voto para escolher o primeiro presidente após a ditadura fosse feita pelo povo e não por parlamentares. Foi assim com o Repórter Esso com seu jargão incontestável "o primeiro a dar as últimas", quando os japoneses atacaram Pearl Harbor e quando do término da Segunda Guerra Mundial, entre tantas outras notícias.

Mas o Rádio também se caracteriza por uma outra figura de linguagem: o de ligar a emissora com o locutor. Foi assim quando José Silvério trocou a Jovem Pan pela Bandeirantes. Eu ouvi uma das primeiras transmissões dele na nova emissora e confesso ter rido de algumas vezes em que o Silvério quase pronunciou o nome da ex-emissora... Deve ter sido assim também quando Helio Ribeiro trocou a Capital pela Bandeirantes.

Rádio Bandeirantes.

Impossível não ligar o nome da emissora a José Paulo de Andrade. Durante 63 anos, Zé Paulo atuou no radiojornalismo. Desses, 3 anos na Rádio América e 60 (sessenta!) anos pela Rádio Bandeirantes, começando como rádio-escuta de placares de jogos de futebol. 10 anos depois, ele entrou no ar em definitivo com o programa mais longevo da História do Rádio: o matinal "Pulo do Gato", até hoje no ar.

Lembra-se que falei que o Rádio se confunde à História? Mais do que isso, ligar José Paulo de Andrade ao "Pulo do Gato" lembra a música "Xuxuzinho", de Roberto e Carvalho na voz da Rita Lee: Tristão e Isolda, Maria Bonita e Lampião, Tarzan e Jane, Zé Paulo e o Pulo do Gato. O casamento rendeu o apelido de Zé do Pulo.

"Poderia ser uma sexta-feira comum, mas tudo isso vai passar", disse Zé Paulo na abertura da última edição do Pulo apresentado por ele dia 03 de julho de 2020:



A morte de Zé do Pulo pegou muita gente de surpresa: o ícone das manhãs paulistanas foi mais uma vítima da Sars-Cov-2. Mas não virou um número. Zé Paulo fez as redes sociais se encherem de memórias afetivas. A grande maioria, formada hoje por trintões e quarentões, remeteu o jornalista com a escuta por osmose enquanto se arrumava pra ir à escola na miada do gato seguida por um "Olha a hora, olha a aula" ou mais cedo com a abertura "Acorda São Paulo // Do seu sono justo // Que é hora do Pulo do Gato", com a voz empostada em seguida "Bom dia São Paulo, bom dia Brasil, manhã do dia 30 de outubro de 1994, folhinha virando nessa Primavera".

Aqui, uma reportagem da TV Cultura sobre o programa que tem mais de 110 mil ouvintes por minuto:



Zé Paulo foi agora brilhar num Estúdio onde estão Alvarenga e Ranchinho, Gil Gomes, Lombardi, Vicente Leporace, Helio Ribeiro, Ricardo Boechat, Ary Barroso, Johnny Black e tantos outros que deram a vida pelo Rádio e vida ao Rádio.

(Leonardo Engelmann - radialista e entusiasta do Rádio)

21 de julho de 2020

Baú do Malu 81:Íncaro, de Xalberto e Sian (Massao Ohno - 1979)

Depois de longa pausa, volto com a série "Baú do Malu". Esse belo álbum "Íncaro - Estórias Daquele que Voou", de Xalberto (com participação de Sian), editado pela Massao Ohno em 1979, é uma graphic novel (antes deste termo ser difundido aqui no Brasil) que traz um traço psicodélico e cheio de referências pop/mitológicas, com direito à aparição de versões do Surfista Prateado, Brucutu e Thor, além de um vilão típico (Capitão Baixaria) e uma vilã sexy (Lady Morfina). Com capa cartonada, tamanho grande e 36 páginas, a história pisa fundo na crítica ao consumismo desenfreado.

17 de julho de 2020

Adeus, queridos!

Nessa quarentena sem fim, uma das coisas que mais tem me entristecido é o número de pessoas queridas que nesse período, partiram desse planetinha adoecido para outras missões. A causa não foi só a Covid não... outras doenças, reincidências,tristeza profunda, medo - nesse momento tão dramático da humanidade, as fragilidades vem à tona com tudo. Tantas mães, avós, tias, pais, parentes, amigos em posts de despedida nas redes sociais! Muito triste. Nesse turbilhão de despedidas, acabei até pausando os obituários aqui no blog. Mas nesse post aqui, resolvi listar as perdas mais sentidas, seja de amigos próximos, colegas, influências ou personalidades que de alguma maneira fizeram parte da minha vida. Adeus, queridos. Suas lutas, sonhos, invenções e todo o amor daí resultante, ficarão para sempre no meu coração.
(Chinês - cinegrafista de TV e grande baterista do ABC - tocou nas bandas Crentes, 64 e os Efeitos Colaterais e Neocínicos, entre outras - ficou paraplégico em 1992, mas grande lutador que era, conseguiu se formar na faculdade de Rádio/TV depois disso e ainda tocou muita bateria em revivals e festas. Nos últimos tempos, troquei várias figurinhas com ele na internet. Valdir Chinês foi um exemplo de superação e paixão pela vida. (em 17/07/2020)
Antonio Bivar se foi aos 80 anos. Dramaturgo, escritor, ícone da contracultura, foi uma grande influência para mim nos anos 80. O seu livrinho de bolso "O Que é Punk" abriu minha cabeça e de muitos amigos. Trombei com ele em alguns eventos, mas o mais emblemático foi no próprio "O Começo do Fim do Mundo", festival punk idealizado por ele em 1982. Valeu pela liberdade compartilhada, Bivar! (em 05/07)
Ouvir pela primeira vez Little Richard - e eu tive essa honra ainda nos anos 1970 - é entrar numa zona de êxtase inexplicável. Ele foi a personificação do rock and roll e ponto. (em 09/05)
Marco Cury era um amigo querido dos bons tempos da Barcelona/São Caetano anos 70/80. O Cury daquela época ainda é bem nítido na minha cabeça: magrelo, elegante, fumando um Marlboro atrás do outro, sorriso largo e uma conversa que podia durar horas. Reencontrei-o na internet uns anos atrás, com o mesmo sorriso, a boa conversa de sempre, bem distante do tabaco e das porcarias mundanas e em, paz, muito em paz com o caminho escolhido para sua existência. E em todas as mensagens que trocamos a partir daí - a última foi em abril - a sua gratidão pela vida era muito evidente. Siga iluminado, grande Cury! (em 08/05/2020)
Kyoshi Ikeda era membro antigo da Academia Popular de Letras e uma pessoa agradabilíssima. Nos agraciou com bons momentos nos saraus da biblioteca Paul Harris.(Em 06/05/2020)
Rubem Fonseca - um dos escritores que eu mais li na vida, desde a coletânea "Para Gostar de Ler" nos anos 1970. Seus contos e romances policiais inauguraram um novo jeito de se contar suspense e o submundo - sem invenciones, com personagens críveis e protagonistas nada geniais, além de criminosos perversos, sem o mínimo de culpa. Rubem viveu bastante, 94 anos e escreveu muito.(em 15/04)

7 de julho de 2020

Cláudia Regina!

Escrevi mais um artigo histórico para a Revista Raízes, desta vez sobre um bar antigo/antológico da minha cidade (São Caetano do Sul -SP) e numa das entrevistas descobri que a cantora Claudia Regina, uma das vencedoras ao lado de Baden Powell e Tobias do VII FIC em 1972, com a música Diálogo (Baden Powell e Paulo Cesar Pinheiro), era daqui e abriu um bar na cidade, Trem das Onze, ainda nos anos 70. Eu já conhecia a música Diálogo, uma boa canção típica de festival, talvez lançada em época errada - a construção dela lembra muito aquelas composições dos festivais de 1966/1967. Pela minha pesquisa e a ajuda de amigos especialistas na internet, consegui saber que Claudia gravou um compacto com 5 músicas logo depois do FIC (incluindo Diálogo e a música tema do filme Tati, a Garota, de Bruno Barreto, composta por Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro) e já tinha gravado anteriormente mais músicas de Baden ( como a lindíssima Eu Não Tenho Ninguém) e duas músicas dos irmãos Valle na trilha da novela Ossos do Barão ("Tango" e "Canto de Sereia"). Há também uma interpretação pungente dela para a música "Falsos Amigos" de Dolores Duran e uma participação no programa Flavio Cavalcanti, (ainda) disponível no Youtube. Mais uma grande voz que foi tragada para dentro do estranho e obscuro redemoinho dos anos 70 e não foi mais ouvida pelo grande público. Com certeza, depois desta ponta do iceberg, vou tentar descobrir mais sobre sua história, ainda mais sabendo que ela andou por aqui bem perto de mim. Há uma história ventilada de que Elis Regina boicotou a cantora na Philips, e mesmo que tenha sido dito por uma fonte confiável, precisa ser averiguada. Assim que tiver mais, compartilho aqui. Por enquanto, curtamos o que está disponível. (https://www.youtube.com/watch?v=iJyB5aimXec)