30 de novembro de 2021

Foto em Destaque: Daniel Azulay em seu programa Turma do Lambe-Lambe


Essa foto incrível eu consegui em um leilão virtual. Na imagem, o querido e saudoso Daniel Azulay, de violão em punho, senta com sua equipe do programa Turma do Lambe-Lambe (seu grande trunfo na carreira) em cima de um mar de cartas (um termômetro da receptividade do programa junto ao público). No verso da foto PB 12x24, há o crédito do fotógrafo - Luiz Silva - mas o veículo referente está apagado no carimbo (pode ser Tribuna da Imprensa). Não tem data, mas pelo jeitão da cena e certa mocidade do apresentador, deve ser entre o final dos anos 70 e início dos 80. Daniel, que faleceu no ano passado aos 72 anos (tratava um câncer quando sucumbiu ao Covid) foi devidamente homenageado aqui no blog naquele triste momento e também quando foi premiado no HQMix de 2018, por sua  carreira em prol dos quadrinhos e do ensino artístico (links abaixo). No mesmo ano, publiquei com muito sucesso aqui, a íntegra do programa original do documentário "Os Doces Bárbaros" de 1976, dirigido por Tom Job Azulay, irmão de Daniel - com desenhos personalíssimos desse último (também entre os links abaixo). 

Saudade, Daniel Azulay!

http://almanaquedomalu.blogspot.com/2020/03/daniel-azulay-1947-2020.html

http://almanaquedomalu.blogspot.com/2018/09/foto-do-mes-com-daniel-azulay-no-30.html 

http://almanaquedomalu.blogspot.com/2018/11/bau-do-malu-76-programa-original.html 



GET BACK!

(Pôster - The Beatles - Get Back/ Divulgação Disney)

O assunto do momento e que certamente vai render pano pra manga no decorrer de dezembro é a estreia do documentário em três episódios “Beatles: Get Back”, de Peter Jackson (o aclamado diretor da trilogia Senhor dos Anéis), lançado pelo canal de streaming Disney+ nesse último final de semana de novembro e que deixou beatlemaníacos, curiosos e detratores da banda em polvorosa. Em um trabalho extenuante e hercúleo (com os nomes de Ringo, Paul, e as viúvas Yoko Ono e Olivia Harrison presentes na produção) que levou cerca de quatro anos para ser finalizado, Jackson filtrou com acuidade um material colossal a que teve acesso – 60 horas de imagens e mais de 150 horas de áudio até então inéditas, que sobraram do doc “Let it Be” (1970), de Michael Lindsey-Hogg – para chegar a quase oito horas de puro entretenimento/deleite/emoção/animosidades/conversas confessionais/desabafos/ gêneses de grandes composições/gracejos, com uma qualidade técnica incrível. É como se o telespectador puxasse uma cadeira e se sentasse ao lado do quarteto de Liverpool e sua equipe em torno, no centro de um gigantesco galpão (a acústica do local é duramente criticada pelo grupo), e não só se percebesse uma testemunha ocular desse último suspiro criador da banda, como começasse a duvidar de muita coisa que foi falada e gritada por aí sobre o fim de um dos maiores grupos musicais de todos os tempos. Yoko Ono, que era um dos principais focos negativos do documentário anterior, lançado em meio à fogueira das vaidades alimentada pelo fim definitivo do quarteto, não parece tão vilã assim no filme atual – o que se vê é mais um John aéreo e etéreo, sem muita bronca externada, levitando sem grandes aflições sobre as conversas mais pesadas dos outros e mais tocando do que externando suas opiniões. Paul aparece como aglutinador, mas ao mesmo desgastado e em certos momentos criticado por colocar suas ideias com muita incisão e ênfase ( George, o mais irritado com esse comportamento de chefe de Paul, lança frases irônicas ou reclamações sobre sua posição dentro da banda a todo tempo); Ringo, que sempre foi o mais divertido,  e estava às voltas com filmagens ao lado de Peter Sellers, aparece na sua, sem muitos apartes, enquanto George (talvez o maior destaque do documentário) surge a toda hora (assim como Paul), ora sarrista, ora espirituoso, ora com o saco cheio e ora deixando claro que suas ideias novas não se encaixavam com o momento da banda (sob os olhares de dois de seus novos amigos hare-krishnas, sentados no chão do estúdio improvisado). Entre conversas, insinuações, improvisos e closes inusitados, o que mais emociona (principalmente para fãs como eu) é a execução das músicas ainda cruas, sem as letras definitivas e com algumas notas ainda desencaixadas – ou seja, a essência da criação de verdadeiras obras primas, ali, brutas, na nossa cara.

Eu falei tudo isso, e só assisti a primeira parte (com pouco mais de duas horas). Ainda há muito o que se ver nesse impressionante documento – o último capítulo, por exemplo, é todo dedicado ao antológico e famoso show ao vivo “no telhado” em Londres (a última aparição ao vivo da banda, que não tocava fora dos estúdios desde 1966). Um colosso de filme que merece ser visto mesmo por quem não conhece direito o legado ou a história da banda (talvez ver esse documentário seja um bom começo para começar a conhecer – há inclusive uma pequena introdução sobre a trajetória da banda até ali). Afinal, em pleno 2021, a Beatlemania está definitivamente reinstalada!

Para quem não tem assinatura da Disney, não se aflija. Com a repercussão do filme, logo, logo serão disponibilizadas outras mídias – como DVD -, tenha a certeza disso.

28 de novembro de 2021

33º HQMix - A premiação na íntegra

Ontem rolou a entrega dos troféus HQMIX em cerimônia online que durou pouco mais de 1 hora e meia. Com a onipresente apresentação de Serginho Groisman e produção dos criadores Jal e Gual (+ equipe fiel), a 33ª edição do prêmio teve como destaque incontestável a presença maciça das mulheres em premiações importantes - Ana Luiza Koehler levou 4 troféus -, além dos concorrentes que somaram mais prêmios à sua coleção, como a editora Pipoca & Nanquim (pelo 4ºano), MSP/Panini (com três premiações) e o artista Shiko (3 também). Meus destaques adicionais: a justa premiação à dupla Marcelo Alencar e Fábio Figueiredo do Stúdio 313, para o álbum de luxo Disney "Mob Dick" , de Francesco Artibani e Paolo Mottura, publicado pela Panini ("Adaptação para os Quadrinhos") - a dupla vem fazendo um trabalho fantástico em lançamentos colossais da Disney para a Panini; a vitória de "Império dos Gibis" de Manoel de Souza e Mauricio Muniz - Editora Heróica, um livraço que concorreu com outras ótimas publicações (Memo, de Toni Rodrigues, também era uma de minhas favoritas,não só porque eu participo como revisor do projeto, mas porque sei de sua importância histórica); e "Menage"#1, de Laudo Ferreira, Marcatti e Germana Viana (com 2 premiações) - um trio de ouro que faz das tripas coração e deve/precisa/necessita seguir com outros projetos. Outra homenagem/premiação que me deixou emocionado foi a da Maria Aparecida Godoy, como Mestre do Quadrinho Nacional. Ela foi responsável por dezenas de histórias de terror nos anos 60,70 e 80, em parceria com quadrinistas ilustres do gênero - Colonnese, Zalla, Rosso, entre outros - tornando-se uma das pioneiras nessa atividade. Maria Aparecida e Eva Furnari - a querida autora de inúmeros livros infantis e ilustrações (inclusive para Recreio e Folhinha) e criadora da personagem Bruxinha, que deu forma ao troféu deste ano (Serginho, que também levou prêmio especial para casa, fez uma ótima entrevista com ela, abrindo os trabalhos da premiação) - são a mais perfeita tradução de um ano em que ELAS reinaram! Viva!

O momento triste da noite - e que pareceu durar uma eternidade - foi a galeria de ilustres profissionais e personalidades ligadas aos quadrinhos que nos deixaram entre 2020 e 2021. Por conta da pandemia ( e das consequências dela, para além do vírus), esse número duplicou ou triplicou e ver queridos como Ota, Antero Leivas, Robson Rocha, Biratan, Nani, Charlie Watts (baterista e quadrinista), Klebs Jr. e tantos outros, foi um murro no coração. Que todos eles, que de uma maneira ou outra, encantaram o mundo com sua magia artística e força criativa, estejam bem onde estiverem agora.

Para quem não conseguiu assistir a premiação ontem, segue aqui na íntegra, pelo canal do Sesc-SP no Youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=f8bP_cljt-E

22 de novembro de 2021

Livros Livres (Viva Marisa Déa)

No fim de semana, fui despreocupadamente em uma feirinha esotérica, acompanhado de minha amada Cris, aqui mesmo na minha cidade. Eu curto esse universo "São Thomé das Letras" e nesses eventos sempre tem alguma miniatura interessante ou impressos inusitados. De cara, conheci o quadrinista Alexandre Lince, um jovem artista que faz um trabalho interessante com aventuras em tiras de sua turminha "Blizys", além de projetos especiais, como a compilação que fez com histórias lendárias da cidade de Paranapiacaba. Vale a pena conhecer!

Um pouco mais adiante, me deparo com um pequeno móvel de duas prateleiras com um cartaz: "LIVROS LIVRES", com publicações doadas para o evento que podiam ser adquiridas gratuitamente, sem devolução. Claro que fui lá fuçar. Entre dicionários, folhetos bíblicos e alguns exemplares com temas de saúde, encontrei dois ótimos volumes: "Letras & Canções" de Ana Terra (1981) e "O Rapto da Mulher Barbada" (1978) de Cláudio Feldman. A primeira tem letras belíssimas que já viraram música com Danilo Caymmi, Joyce, Natan Marques, Angela Ro Ro, Milton Nascimento, Zé Renato, etc. - e esse primeiro livro de sua carreira traz quase todas elas, entre 1974 e 1980. Excelente! Já o livrinho do Claudio Feldman, autor são andreense de longa carreira, filho do grande cineasta Aron Feldman, é brilhante: com um humor telegráfico e direto, inclui centenas de mini textos transfigurando jornalismo em literatura e literatura das boas! A capa é de Moacir Torres, quadrinista de extensa carreira, que já morou em Santo André e atualmente está no interior de São Paulo - ele foi cocriador ao lado de Feldman do cultuado Jornal da Taturana, publicação independente que marcou a literatura na região. Feliz da vida, fui pra casa e quando bato o olho na dedicatória do livrinho do Feldman, "Para a Marisa, esta 'barbada', oferece Cláudio", me caiu a ficha. Minha saudosa amiga Marisa Déa, que desencarnou em junho deste ano (e que por conta da minha total paralisia na ocasião, acabei não homenageando no blog) - professora, tradutora, escritora, revisora e agitadora cultural - não era amiga da Ana Terra? E também, por conta de sua eterna cumplicidade com a literatura, depois de anos e anos dando aula de letras em Santo André, não conhecia também o Feldman? (quem do meio em Santo André, não conhece o Feldman?). Posso até estar viajando, mas é muita coincidência dois livros de dois amigos de Marisa na minha mão, vindos de uma cestinha de "livros livres" em nossa cidade natal! Na época em que ela foi subitamente para outro plano, estava combinando em mensagens de comprar seu último livro - a ideia era adiar até a pandemia melhorar, mas acabou não dando tempo de encontrá-la. Hoje, depois de cinco meses, por confluências do universo, acho que adquiri dois livros cativos do substancioso acervo de Marisa Déa, que assim como esses livros, deve estar LIVRE por aí, ensinando, escrevendo, corrigindo, declamando, e principalmente juntando gente em torno de arte/cultura/literatura, sua mais deliciosa armadilha. Viva Marisa!




12 de novembro de 2021

"Cantacrônica": todos os programas estarão no Spotify


O programa "Cantacrônica", anunciado no post anterior, já está de vento em popa dentro da programação da Rádio Brasil MPB. Entre o final de outubro e hoje, entraram no ar três programas e tanto eles como os posteriores, ficarão disponibilizados no Spotify. Quem perdeu ao vivo, pode escutar depois neste link abaixo. Deixem suas impressões, comentários ou sugestões de temas no chat ou nos comentários do site da rádio! 

https://www.radiobrasilmpb.com.br/news-6-cantacronica-ouca-os-programas-anteriores

"Cantacrônica" - às sextas-feiras, meio dia ou reprise nas segundas, 1 da matina.

https://www.radiobrasilmpb.com.br/