Moacir Japiassu (1942-2015)
O "considerado" ( modo como seu personagem Janistraquis se dirigia a ele em suas crônicas) nos deixou em 04/11, vítima de um acidente vascular em seu sítio em Cunha/SP. Conheci o texto direto de Japiassu na boa fase da revista Imprensa dos anos 90, quando "caçava" erros/ absurdos linguísticos e barrigas nos veículos jornalísticos. Trabalhou mais de meio século no jornalismo - Diário de Notícias, Estadão, Senhor, JT, Veja, Istoé, Pais e Filhos ( um dos fundadores), Jornal da República, Elle, Placar. Trabalhou em vários veículos do rádio e da TV e chegou a editor-chefe do Fantástico. Em 1997 lançou o ótimo e premiado Jornal dos Jornais e nos últimos tempos criou a coluna "Jornal da Imprença" que vinha sendo publicado pelo Portal Comunique-se, uma evolução da coluna "Perdão, Leitores", aquela mesma que eu lia avidamente na revista Imprensa . Seu primeiro emprego no jornalismo foi no Correio de Minas, em 1962, onde virou repórter com 19 anos. Uma vida dedicada ao jornalismo, e se não bastasse, ainda criou prêmios como o Líbero Badaró e Claudio Abramo, e se virou muito bem como escritor, escrevendo para o gênero infantojuvenil, romance, gastronomia, e uma antologia da sua coluna na revista Imprensa. Vai na paz, "considerado"!
Milton Belintani (1959-2015)
Esse se foi novo demais, e sua partida repentina deixou muita gente desnorteada. Professor, jornalista e grande batalhador social, Belintani faleceu no auge de suas atividades, aos 56 anos, vítima de ataque cardíaco. Atuava há mais de 30 anos na área de direitos humanos, focado em verdade, memória e justiça. Na editora Abril, entre 1987 e 2001, foi editor de várias revistas da casa, entre elas, Placar, e passou pelo caderno Cotidiano da Folha em 2002. Atuou no Terceiro Setor a partir de 2005 em instituições como Fundação Kellogg e CEPAL, além de desenvolver projetos voltados à inclusão de pessoas com deficiência. Nos últimos tempos, coordenou curso no projeto Repórter do Futuro e foi ombudsman do jornal-laboratório Contraponto do curso de jornalismo da PUC. Também ocupou a presidência da Comissão da Verdade do Sindicato dos Jornalistas de SP e da Associação Amigos do Arquivo Público do Estado. Tive a oportunidade de trocar algumas ideias com Milton, pois trabalhei praticamente na mesma época que ele na Abril, e ele frequentava com assiduidade meu setor, o Dedoc ( Departamento de Documentação). Belintani fará uma grande falta não só como profissional de comunicação, mas como incentivador e ativista social, voltado para as pessoas e a identidade legítima de cada indivíduo. Em 03/11.
Pamps (1953-2015)
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Pamps em revival dos anos 80 em São Paulo ( 2009) - foto: Revista Trip |
Icônico músico do cenário independente dos anos 80, foi baixista no auge do movimento Lira Paulistana, em formações ao lado de Eliete Negreiros, Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção ( como integrante da primeira formação do Isca de Polícia, que gravou o LP Beleleu, Leleu, Eu de 1980). Em seguida fundou uma das bandas mais cultuadas da década, o Smack, ao lado dos amigos Thomas Pappon (bateria), Edgard Scandurra ( guitarra) e Sandra Coutinho ( baixo). Tocando guitarra e assumindo os vocais principais e as letras, Pamps foi a alma do grupo pós-punk, que gravou dois discos na época - Ao Vivo no Mosh (1985) e Noite e Dia (1986). O Smack ainda teve uma segunda vida nos anos 2000, quando gravou o CD "3" em 2008. Pamps sempre se manteve independente, e foi daqueles que vivem a vida intensamente. Seus amigos e companheiros da música fazem questão de se lembrar com carinho da sua grande lealdade e doçura. Assim será.
Allen Toussaint ( 1938-2015)
Lenda do R&B, Allen continuava na ativa e foi logo depois de um concerto em Madri que veio a falecer, em 09/11. Um de seus maiores legados foi ter introduzido ainda na década de 60 harmonias do pop/rock e do funk no jazz e r&b de Lousiana.
Sandra Moreyra ( 1954-2015)
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Foto: divulgação TV Globo |
Outra profissional do jornalismo que se despediu muito cedo, Sandra era muito querida no meio e lutou bravamente contra um câncer reincidente durante sete anos. Entre exames e quimioterapias severas, trabalhou e trabalhou muito, como sempre. Em seus mais de 40 anos de repórter, cobriu grandes eventos da História do pais: o acidente radioativo do Césio 137, a morte de Tancredo Neves, o Plano Cruzado, a tragédia do Bateau Mouche, a recente ocupação do morro do Alemão, entre tantos outros fatos. A cobertura que achava a mais marcante da carreira foi o enterro dos mortos na chacina do Vigário Geral, em 1993. Cercada por jornalismo por todos os lados, seu sangue sempre foi de redação: o avô, Álvaro Moreyra era escritor e dirigiu revistas importantes na sua época, como Fon-Fon e Paratodos. Já o pai, Sandro Moreyra, foi crônista esportivo dos mais conceituados. A irmã, Eugênia, jornalista também, trabalha na GloboNews. A carreira começou na pesquisa do JB e depois de idas e vindas, virou repórter de TV, primeiro na TV Aratu, depois na Band, Manchete, até cair na Globo, de onde nunca mais saiu. Era considerada pelos colegas como uma jornalista múltipla: boa na edição, na reportagem e no vídeo. Nos últimos tempos, com o câncer, sua voz ficou comprometida e outro dos seus dons veio à tona: a escrita. Tornou-se uma cronista de mão cheia, com um texto esbanjando personalidade. Sandra batalhou até o fim e é essa sua imagem de botar a cara na frente das dificuldades e das tragédias, com firmeza e esperança, que vai ficar no imaginário brasileiro.
Phil "Philthy Animal" Taylor (1954-2015)
Lendário baterista da formação clássica do Motörhead, entre 1975 e 1984 e 1987 a 1992. Com ele, a banda gravou um dos maiores discos do rock de todos os tempos, "Ace of Spades". Figura cultuada, andava doente a um bom tempo e sua morte foi sentida por meio mundo do rock, de Ozzy a Dave Mustaine e Slash.