Fechando mais um ano ( e que ano!), o Almanaque do Malu agradece todos os leitores assíduos e visitantes que passaram por aqui nesse seu 7º ano de existência e deseja a todos um 2017 intenso e produtivo! Muitos estão falando que 2016 foi um dos anos mais trágicos de todos os tempos e realmente se formos analisar sua retrospectiva, foi um período na Terra extremamente tectônico (em todos os sentidos). Sim, todo ano morrem pessoas em grandes acidentes, artistas famosos e personalidades importantes vão para o outro plano, acidentes naturais varrem a Terra em todas as partes, etc. Mas 2016 parece que elevou tudo isso ao cubo: o acidente com o avião do time da Chapecoense, devido às suas circunstâncias, foi daqueles que marcam uma nação e acabam paralisando também o mundo à volta ( a morte de um time quase inteiro, além de jornalistas e profissionais ligados ao clube; o motivo inacreditável que levou ao acidente - falta de combustível; e o momento pelo qual Chape vivia: uma possível conquista inédita e importante para o futebol mundial); artistas relativamente novos, que de um jeito ou outro ajudaram a espalhar a música pop pelo globo, além de consolidar um estilo, se foram nesse mesmo ano: Prince e George Michael; outro, o icônico David Bowie, mais velho que os dois e influência inconteste para várias gerações de ouvintes e artistas, se foi também no início de 2016; dois grandes instrumentistas, que passaram pelo mesmo grupo, também se foram em um curto período - Keith Emerson e Greg Lake ( do ELP); um protagonista de novela, Domingos Montagner, finalizando as gravações da mesma, morre em um afogamento totalmente sem explicação e deixa o país perplexo; Outro ícone pop, Carrie Fisher, aos 60 anos, falece repentinamente (depois de gravar cenas para o próximo Guerra nas Estrelas) neste mês de dezembro, ela que foi Princesa Leia de corpo, mente e espírito - e com seu humor peculiar, também colocou no seu rol de provocações à indústria hollywoodiana a sua própria carreira - mas onde surgia, deixava uma marca ao mesmo tempo blasé e de força ( a cena rápida e certeira em Irmãos Cara de Pau, em Hannah e suas Irmãs, em Shampoo - o primeiro!, Harry e Sally, Hook...); e - tinha que ser 2016 - Debby Reynolds, que deixou imortalizada sua participação em "Cantando na Chuva" e era uma colecionadora voraz de artigos ligados à Hollywood, faleceu um dia depois de sua filha, Carrie Fisher! No Brasil, se foram grandes figuras como Dom Paulo Evaristo Arns, Cauby Peixoto, Naná Vasconcelos, Elke Maravilha, Ferreira Gullar, Orival Pessini, Umberto Magnani, Tereza Rachel. Antonio Pompeu, Roberto Correia ( dos Golden Boys), Flavio Gikovate, Tunga, Hector Babenco, Sábato Magaldi, Guilherme Karan, Fernando Faro, Maestro Nunes, Ivan Cândido, Ivo Pitanguy, Lidoka ( Frenéticas), Carmen Silva, Ivald Granato, o baterista Peninha, Severino Filho, Goulart de Andrade, César Macedo ( da Escolinha do Prof. Raimundo), Geneton Moraes Neto, Villas Boas Correa, Flavio Guarnieri, Carlos Alberto Torres, entre muitos outros; Vander Lee, cantor e compositor mineiro de extrema sensibilidade, morreu precocemente e repentinamente ao passar mal em uma academia; lá fora, Billy Paul, Gene Wilder, Leonard Cohen, Sharon Jones, Muhammad Ali, Alan Rickman, Johan Cruyff, George Martin, Umberto Eco, o baterista Dale Griffin, Maurice White, Dario Fo, Leon Russell, Michael Cimino, Ettore Scola, Peter Shaffer, Glen Frey, George Kennedy, Harper Lee, Toots Thielemans, Bud Spencer, George Gaynes, Peter Vaughan, Jack Davis ( de MAD! e tantos outros quadrinhos fantásticos), Patty Duke, Paul Kantner, Gato Barbieri, Zsa Zsa Gabor, o fotógrafo Bill Cunningham, Marcel Gotlib ( grande quadrinista francês), entre outros. Como se comprova nesta lista, o ano foi mesmo de despedidas, muitas despedidas. Eu mesmo perdi amigos importantes, conhecidos, vizinhos. Houve terremotos gigantescos, enchentes e secas, como é de praxe . O drama dos refugiados, as guerras civis, o terrorismo, a violência generalizada, deixaram cicatrizes. Choramos pelas crianças inocentes principalmente; a política brasileira foi uma catástrofe: caiu Dilma, e o governo usurpador do vice vem implantando um regime de total desrespeito às normas vigentes de uma democracia. A economia extirpa o chão do povo. A Lava Jato fez progressos e prendeu mais corruptos, mas às vezes o show na mídia e vazamentos incoerentes nublam esses feitos. Já a eleição de Donald Trump nos EUA é um reflexo do pensamento conservador que domina o mundo e da derrocada da chamada política profissional ( Dória em São Paulo é o mesmo reflexo). Fidel morreu - está embutida nessa morte outra metáfora do ano? Houve também notícias boas, como não? a ciência e a tecnologia estão a passos cada vez mais largos e até o buraco de Ozônio parece que está se regenerando, embora o sentimento ecológico ainda resista em boa parte do Planeta e muitos animais estejam perigosamente na faixa de extinção ( girafas? oh não!).
Que venha 2017. Estamos ressentidos com muita coisa, tristes, com menos grana no bolso, mas fortes como nunca, esperançosos - ainda que quase tudo jogue contra - e com a fé de sempre!
Fechando o ano com chave de ouro, acabou de ser publicado o mais recente post da "Alma de Almanaque", coluna que mantenho no site "Colecionadores de HQs"do amigo Renato Frigo. O assunto já tinha sido tratado aqui no blog, inclusive com o mesmo título, mas lá na página especializada em quadrinhos, fiz um upgrade e incluí tanto os achados surpreendentes de dois desenhos originais relacionados à artista ( também tratado aqui e linkado na matéria) como algumas informações extras de sua extensa carreira e suas ramificações artísticas. Tive mais uma vez a grande ajuda do João Antônio Buhrer e seus "Arquivos Incríveis" e algumas imagens raras ( como as páginas da matéria de Cruzeiro de 1933, que retrata justamente a chegada da chargista ao Brasil no Porto de Santos!) e surpreendentes ilustram com muita propriedade o post. Valeu!
A revista Capitão Z da EBAL teve várias facetas e esta edição de 60 anos de idade faz parte da fase infantil em que era publicado exclusivamente em suas páginas material nacional. Essa número 37 tem capa e história principal ( com 30 páginas!) desenhadas pelo excelente e eclético Juarez Odilon, um criador que se virava bem em histórias infantis mas ficava mais confortável nas séries de bang-bang, terror e aventuras. A história publicada, "Aventuras do Pé de Anjo" é onírica e vem carregada de tintas psicodélicas, a la Lewis Carroll - os personagens "maleáveis", "passeando" para fora dos quadrinhos e a aparição do próprio desenhista em alguns momentos são pontos fortes. Não bastasse essa deliciosa primeira aventura, a edição ainda fecha com chave de ouro ao publicar em sua última página uma história assinada por Max Yantok, já no final de sua longa carreira, mas ainda mandando muito bem.
Muitos dizem que assistir um, apenas um especial do Roberto Carlos basta, pois todo ano seu programa de fim de ano na Globo é a mesma coisa - começa com "Emoções" e termina com "Jesus Cristo". Exageros à parte, Roberto Carlos Especial vinha mesmo nos últimos tempos mantendo um mesmo padrão, com convidados óbvios e poucas surpresas. Até anteontem, quando foi exibido o programa de 2016 - depois de anos sem cantar o hit da Jovem Guarda "Quero Que Vá Tudo pro Inferno", finalmente o rei amainou seu TOC e resolveu cantar a dita música, mandando ver a palavra " inferno" sem constrangimento. Depois explicou que "é só uma força de expressão". Palmas para ele, e torço para que essa nova fase mais "leve" permaneça e ele libere versões dessa mesma música que foram vetadas anteriormente. O programa em si foi bom no geral - as participações de Milton Guedes (gaita) e de Dadi ( em duas músicas com Marisa Monte) foram bem interessantes e o cantor fez dupla inusitada com a cantora/atriz mirim Rafa Gomes, cantando "Ben" de Michael Jackson ( outra coisa que não fazia faz tempo: cantar em inglês), embora pouco à vontade e olhando direto no teleprompter- com destaque para os sambas tradicionais que cantou com Zeca Pagodinho, a bela "Olha", que não mandava ao vivo faz tempo e a dobradinha "Coração Vagabundo" e "Marina", grande e emocionante momento com participação de Gilberto Gil e Caetano Veloso. O novo clipe com Jennifer Lopez cantando em português ao seu lado foi dispensável ( a música é razoável e o clipe sofrível) e a participação de Marisa Monte foi bacaninha mas nada do outro mundo. "Amada Amante", particularmente, é sempre boa de ouvir. Mas "...Inferno" foi o grande momento do programa e uma das grandes surpresas desse louco ano de 2016 ( reparem como o grupo R7 adorou tocar). Com esse ímpeto/atitude, Roberto Carlos recuperou, pelo menos pra mim, aquela aura dourada sob a cabeça que o fazia rei: cantar seu "inferno" me fez vê-lo com asas de novo.
Aproveitando a "mini-férias" do período de Festas para ler a pilha que já se avoluma ao lado da cabeceira. Comecei pela preciosa dica do amigo João Buhrer que me avisou sobre esse livro dando sopa por um preço excelente em uma banca na região da Praça João Mendes, nas imediações do Sebo do Messias, no centrão de Sampa. Já tinha visto na internet a capa da obra original italiana mas não sabia que existia uma edição brasileira ( capa acima - Editora Record - 2005) desse romance autobiográfico "A Misteriosa Chama da Rainha Loana", em que Umberto Eco se aproveita do personagem principal (Yambo), que sofre um AVC e consequentemente uma perda relativa da memória ( lembra de referências históricas mas não se recorda da sua história pessoal e do próprio nome) , para rememorar toda a sua lembrança afetiva e a memorabilia que a acompanha, principalmente os impressos ( revistas, jornais, gibis), os discos, os filmes e todo elenco participante dessa saga/ fábula ricamente ilustrada por todo o volume (250 ao todo). Yambo, por recomendação médica se hospeda na antiga casa do seu avô, um grande acumulador de relíquias culturais, impressos antigos e quinquilharias diversas, e é aí que as lembranças da infância e adolescência vão ressurgindo. Estou na metade, babando com as belas ilustrações, principalmente as referentes aos quadrinhos. Quando fechar a leitura, seleciono aqui algumas delas. ( abaixo, outra edição brasileira, pela Jofel)
No fim de semana passado fui fazer uma matéria sobre a exposição "Carybé - As Cores do Sagrado", na Caixa Cultural e voltei de lá levitando de emoção. A mostra, aberta no dia 10/12 - trouxe à São Paulo 50 aquarelas do artista - que se autodenominava "argentino de nascimento, carioca por criação e baiano por opção" - tramadas sob inspiração das tradições do candomblé e produzidas ao longo de três décadas de pesquisa (1950 a 1980) no interior dos terreiros em que o artista frequentava. Tive o prazer de conhecer a curadora da exposição, Solange Bernabó, filha de Carybé e secretária do instituto que leva o nome do artista, além de membro do Conselho Curador da Fundação Casa de Jorge Amado ( esse que foi um dos grande amigos de Carybé). Em poucos minutos pude ser apresentado a uma pessoa de extrema elegância e simpatia. Já as aquarelas, belíssimas, brasileiríssimas, espirituosas e cheias de magicidade em seus espaços, comovem quem as vê de perto - está ali o povo, na sua mais livre expressão, longe das mazelas do cotidiano por um instante que seja, em busca do seu eu próprio e de seus próximos, em rituais sagrados de gerações. Fora a arte de Carybé, esplêndida, autêntica, explodindo em cores vibrantes. Adoro desde sempre a sua obra desde que botei os olhos em suas capas de discos ( incluindo aí o outro amigo, Dorival Caymmi) e ilustrações de livros e álbuns diversos ( Jorge Amado colado aqui, claro). Um sábado que certamente me encheu a alma de cores e de Brasil. O catálogo da exposição ( que fica até 28/02 no local) também é um caso a parte ( postarei algumas páginas aqui em breve) e estavam à postos para adquiri-lo, amigos que não perdem isso por nada: João Buhrer e José Zinerman Nogueira. Também no local, a equipe do programa Metrópolis da TV Cultura, tendo a frente a sorridente apresentadora e repórter Adriana Couto. A Caixa Cultural continua bela e superativa - nesse dia, mais duas exposições simultâneas aconteciam no espaço - além do gentil atendimento de toda a sua equipe. Em um ano tão difícil como 2016, só a arte mesmo, para superar feridas supuradas. Carybé (1911-1997) tem esse dom.
Mais um precioso número da revista Raízes (o 54) acaba de sair do forno e mais uma vez tive a honra de participar desta que eu considero uma das mais bem feitas publicações históricas vinculadas a uma prefeitura municipal - no caso São Caetano do Sul. Entre valiosas crônicas de moradores, sagas esportivas de pioneiros, relatos emocionados e perfis muito bem urdidos de verdadeiros heróis do cotidiano, pude contar um pouco mais da história da minha turma de juventude - a Turma do Ponto - desta vez sobre o prisma do "som", ou seja, desde as primeiras audições das rádios na virada dos 70 para os 80 até os primeiros discos de vinil e as primeiras "baladas" nas saudosas discotecas da época e bailinhos de garagem surreais. Foram 5 páginas reservadas para a minha crônica ( se fosse contar todos os detalhes e citar todos os nomes, precisaria de 10!) e diversas citações de amigos, colegas e ícones do período ( como Julinho Mazzei, da JP, direto de Nova York). Uma época rica, divertida e desbravadora pouco detalhada por aí ( os livros de História e bibliográficos ainda preferem os anos 60 e 70 pra trás). Feliz pra caramba aqui com mais essa crônica histórica publicada! Viva a velha turma!
O carimbo da parte de trás de uma foto pessoal dos anos 50, mesmo que não totalmente visível, traz muito da História da cidade em poucos centímetros. A foto é "Flórida", o proprietário é Hiroshi "?" (o sobrenome ficou ilegível) e a Rua Amazonas ainda é um rua com alguns fotógrafos ( precisa-se checar esse nº 1119 atualmente). A tradição dos profissionais da foto com descendência oriental sempre foi latente em São Caetano, desde a tradicional Oriente na rua de mesmo nome até o Foto Gilberto, até hoje tocada pela família de origem nipônica na mesma Rua Santa Catarina. A máquina da ilustração, no caso é típica do período, e o "Hiroshi" do nome não nega a origem.
O poeta partiu. Ferreira Gullar, um dos maiores escritores da língua portuguesa e um dos grandes da nossa poesia, não resistiu a uma pneumonia e se foi aos 86 anos no último dia 04. Sempre contestador e crítico, começou a poetizar ainda na adolescência no Maranhão. Tornou-se concreto um pouco depois mas logo rompeu com esse grupo, pois os achava muito técnicos e "geométricos". Funda o neoconcretismo com Ligya Clark e Helio Oiticica, e além de escrever o manifesto do movimento, escreve também uma obra fundamental ligado a ele: "Teoria do Não-Objeto". Uma das suas obras mais contundentes do período, "Poema enterrado", se valia de uma "instalação", onde ao se descer para o subsolo da exposição, encontrava-se um cubo vermelho, dentro dele, um cubo verde, e dentro deste, um cubo branco, onde podia-se ler a palavra "rejuvenesça". Com a ditadura, torna-se cada vez mais politizado e lança poemas e textos ligados ao social. Filiado do partidão, acaba sendo preso e cai na clandestinidade. Foge do país e passa um longo período fora - Moscou, Lima, Santiago, Buenos Aires - voltando em 1977 ao Brasil. Ainda em Buenos Aires lança em 1976 sua obra-prima, "Poema Sujo", com mais de 100 páginas e traduzida para o mundo todo. Na volta ao Brasil é preso, torturado, e só sai da cadeia por pressão internacional. Ao ficar livre começa a escrever para a televisão ( Carga Pesada tinha texto seu) e para o teatro. Escreve para jornais e lança livros de ensaios críticos, além da poesia, sempre presente. Gullar sempre escreveu sobre tudo, na verdade - basta ver sua extensa e diversificada obra onde até cordel e literatura infantil tinham vez. Em 2014, finalmente entra para a Academia de Letras. O último livro, "Autobiografia Poética e outros textos", foi lançado neste ano.
Dois poemas do homem:
Não há vagas
O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras – porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira.
Traduzir-se
Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte – que é uma questão de vida ou morte – será arte?
Quando a famosa Passeata dos 100 Mil ( Rio de Janeiro - 1968) é mostrada na mídia, seja em revista, livros ou na TV, fica sempre evidenciada aquela ala mais "Zona Sul", representada por intelectuais, o pessoal do cinema e do teatro e para citar alguns nomes da música, Chico Buarque, Gilberto Gil, Nana Caymmi, Caetano Veloso, Torquato Neto, Edu Lobo, entre outros. Naquele período, acredito que os holofotes e as câmeras estavam focadas nessas mesmas pessoas ( já pude ver algumas poucas fotos da época publicadas em revistas e jornais e o foco era esse mesmo). Nesta foto acima ( sem referência nenhuma de crédito - se alguém souber, me avise), que eu conheci neste ano de 2016, aparecem da esquerda para a direita, João da Baiana, Clementina de Jesus, Pixinguinha e Donga na mesmíssima passeata, revelando sem sombra outra ala: a dos pioneiros - legítimos e veteranos artífices da nossa música - talvez a ala artística que mais representasse o povo naquele momento.
ATUALIZAÇÃO (01/12/2021): o leitor Moraes identificou o fotógrafo nos comentários e por isso incluí seu nome no título.