Um grande artista faleceu no início do mês, e sua morte repercutiu internacionalmente. Nascido Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão em Pernambuco, fez-se no Rio de Janeiro, onde se formou em arquitetura e começou sua grande carreira. Aliás, nasceu em berço cultural-artístico, pois era filho de Léa de Barros, famosa por posar para Guignard ( em "As Gêmeas") e Gerardo de Mello Mourão, jornalista. Desde sempre Tunga foi um artista irrequieto, polêmico e plural - nos anos 70 criou, para citar um exemplo, a obra "Museu da Masturbação Infantil". O seu atrevimento e coragem fez com que sua obra atingisse um simbolismo inédito e o material utilizado cada vez mais inusitado - ossos, crânios, agulhas, objetos de consumo, metais de todo tipo, pessoas estilizadas, etc. Tornou-se com o passar dos anos um dos grandes da arte contemporânea nacional, autêntico e original, a ponto de ser o primeiro com uma obra exposta no Louvre e de ter vários trabalhos exibidos na Bienal de Veneza. Se não foi inteiramente compreendido, certamente Tunga fez exatamente o que queria na Arte. E isso não tem preço.
O artista tem duas galerias em sua homenagem no Museu/Instituto Inhotim em Brumadinho/MG ( um dos museus de arte mais abrangentes e surpreendentes do Brasil). Só uma delas, a "Psicoativa Tunga", conta com 2.200 metros quadrados de extensão!
A capa escolhida este mês une dois universos que mudaram a História das HQs: Disney/Mickey e Uderzo-Goscinny/Asterix. Brilhante ideia dos argumentistas italianos que transformaram Mickey em Asterix, João Bafo-de-Onça em Obelix, Pateta no druida da aldeia (aqui como Patetix) e Mancha Negra como Centurião Nero. Na verdade, a grande sacada do roteiro é que em nenhum momento os personagens "são" os famosos gauleses irredutíveis, mas sim vizinhos na Gália confundidos com os tais ( daí o título: A Troca das Gálias). A Aventura de Mickeyrix surge como uma ótima paródia, sem grandes arroubos aventurescos, mas reunindo diversas gags e comparativos com a série original que tornam a leitura bem agradável. Inclusive, as discussões tão comuns entre a dupla principal, aqui tem um tempero especial, visto o histórico notório de rivalidade entre Mickey e João.
A bela capa acima arremata como cereja esse bolo italiano saboroso.
A 97 FM foi um oásis absoluto dentro da massa radiofônica pop que pulsava no início dos anos 80. Quem foi dessa época sabe que era um tempo de se emprestar discos, gravar fitas cassetes e esperar pacientemente AQUELA música sua preferida tocar na rádio ( muitas vezes essa longa espera acabava em frustração). A 97 FM apareceu com uma programação rock totalmente desapegada das gravadoras multis e de repente uma geração inteira começou a ouvir no dial o que só conseguia capturar nos sulcos dos vinis ou nas fitas: Gentle Giant, Blue Oyester Cult, Jethro Tull, Faces, UFO, Premiatta Forneria Marconi, Kansas, Focus, Olho Seco, Frank Zappa, MC5, Celso Blues Boy, Golpe de Estado, etc etc.. É por essas e outras que eu até me emocionei ao ver esse vídeo compartilhado na rede pelo amigo André Vinyl Style: embora curto, tem depoimentos precisos e cenas externas e de estúdio (os Mulheres Negras dão ar da graça logo no início. Esse vídeo deve ser de 1987/88). E a aparição do ícone da rádio, o locutor/programador Jota Erre ( aqui como JR) que já foi tema aqui no blog, infelizmente em matéria sobre seu falecimento precoce :( http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2012/05/jota-erre-1965-2012.html)
No vídeo, cheio de vivacidade e paixão, JR surge com bordão, brilho nos olhos e um depoimento emocionante.
Muito bom rever cenas desses tempos heroicos. Saudades, 97!
Em tempo, Atilio Santarelli, um dos responsáveis pela produção do vídeo na época, me avisou que a realização desta reportagem ficou a cargo do Canal 10 Cinema & Vídeo. Tá registrado!
Mais um daqueles achados surpreendentes nos guardados de meu pai. Este é um folheto cortesia de um laboratório de fotoacabamento ( sem sinal de marca) com personagens ilustrados fazendo o papel de vilões da boa fotografia. Esse ilustrador não me é estranho (será o Vilmar?) e eu tenho quase certeza que esta peça é dos anos 70. Quem souber mais, por favor...
Essa beleza de outdoor aí em cima foi criado pela Almap, uma das agências mais criativas e premiadas do Brasil, e acaba de ganhar lá em Cannes/França o cobiçado Leão na categoria. O espírito retrô toma conta de todo o cenário proposto, em ilustrações que enriquecem ainda mais a ideia e reforçam o mote da peça: "Original do Brasil desde 1962". Ano em que o futebol, a bossa-nova e o samba eram vistos com muita curiosidade e admiração mundo afora. Parabéns, Almap!
O Google mais uma vez faz homenagem a uma personalidade brasileira! E desta vez, em seu aniversário de 109 anos, Dercy Gonçalves ( 1907-2008) ganha um Doodle muito bem ilustrado ( Google, cadê o crédito dos artistas?) onde a inesquecível humorista aparece com tudo entre o logo do Google. PQP! VTNC! cara...! Dercy deve ter gostado lá em cima....
Um dos maiores da nona arte faleceu na madrugada de ontem: Rodolfo Zalla viveu os quadrinhos como ninguém e permaneceu ativo até seus últimos dias. Um artista e editor que abriu suas portas para muita gente que estava começando, que manteve uma editora funcionando em meio a planos econômicos hediondos ( Editora D-Arte) e que escolheu o Brasil para seguir sua brilhante carreira, ele que nasceu na Argentina onde começou como quadrinista, mas a partir de 1963 veio morar aqui e nunca mais parou de fazer quadrinhos e ilustrações (sua fase de livros didáticos nos anos 70 é muito importante). Terror e guerra eram sua praia, mas também fez muito material de faroeste e aventuras, além de Zorro da Disney e alguns personagens da Hanna-Barbera para a Abril. Nos últimos tempos, editava edições especiais da Calafrio e foi homenageado em diversos eventos de HQs, além de ter um DVD/entrevista lançado com produção do Márcio Baraldi. Aliás, mesmo passando dos 80 anos, fazia questão de comparecer em várias feiras, palestras e premiações, promovendo suas últimas produções e proseando e dando conselhos sobre o que mais gostava na vida - os quadrinhos, claro! Tive a oportunidade de ter uma edição especialmente autografada pelo mestre e guardo-o na minha coleção como uma ônix sagrada:( http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2010/06/bau-do-malu-25-edicao-especial-arte-de.html )
Que sua alma se eleve e sua obra possa alimentar gerações e gerações com criatividade, perspicácia e perseverança, marcas de sua personalidade.
Para se aprofundar na obra do mestre, vale uma boa lida na edição da revista MEMO direcionada à sua vida/obra, produzida com o esmero habitual do publicitário e pesquisador Toni Rodrigues, amigo de Zalla: http://www.memomagazine.com.br/revistas/MeMo4.pdf
A loja/papelaria/armarinho Ao Carioca da minha cidade São Caetano do Sul já é considerada um patrimônio histórico do município e é conhecida por muita gente da região. Foi fundada em 1927 como charutaria em outro endereço e depois de mais duas mudanças aportou na Rua Santa Catarina, onde está instalada até hoje. Há pouco tempo, quase fechou por motivos internos, mas os herdeiros - e isso é uma iniciativa muito rara entre gerações seguintes - resolveram dar continuidade ao negócio da família. Bacana! Acima, um gibi da EBAL de 1973 com Batman e Super-Homem juntos, que foi ofertado aos clientes da loja em 1973 ( como o selinho da capa atesta). Abaixo, um antigo e curioso anúncio do histórico estabelecimento usando a imagem do personagem Zé Carioca em 1953.
Passei pelo ótimo blog Chocarrice - silencioso, garimpador e surpreendente - e constatei que a página, capitaneada pelo Venceslau Gama ( e mais três administradores não tão frequentes), continua a mesma, caçando surpresas da nossa história gráfica como poucos. Quando a conheci, confesso que fiquei meio ressabiado pela falta proposital de resenha ou informação adicional, mas logo constatei que o grande charme é exatamente esse: surpreender com a imagem escancarada, que por si só já se explica. E mesmo que nem sempre se explique completamente, instiga a gente a correr atrás de mais informações ( meu caso, chato e viciado que sou em pesquisa complementar). Chocarrice é sutil, enxuta e antológica na medida certa. Como nessas últimas postagens de junho: a capa magnífica de J. Carlos em Fon-Fon ( imagem acima), trazendo na mesma cena Mickey Mouse e Popeye; as duas sequências de Popeye também com seu traço inconfundível; as belas e movimentadas tiras e cenas em quadros de Raul Pederneiras; o enigmático Fantasmo, em tiras no Diário da Noite; e o não menos genial Kalixto, e sua visão caótica e divertida dos bondes. Isso em apenas alguns dias de postagem! O chocarrice - que bom! - continua à toda!
Muhammad Ali ( nascido Cassius Clay) foi para muitos o maior pugilista de todos os tempos. Não vou discutir isso, inclusive porque pouco acompanho essa modalidade esportiva. O que eu sei é que o recém falecido boxeador, campeão olímpico em 1960 e mundial por vários anos, extrapolou em vida as limitadas quatro cordas do ringue e se transformou em uma daquelas personalidades que invadem socialmente uma época, como fez Pelé, Ayrton Senna e outros poucos. Virou mito. A começar pela sua amizade com Malcolm X que o aproximou do islamismo e do movimento pelos direitos civis dos negros.
O perfil do homem, confiram nos textos abaixo. Da minha parte, selecionei três imagens que dão uma boa noção da versatilidade social e midiática de Muhammad Ali.
Tive a grata oportunidade de conhecer pessoalmente Dedy Edson, o maior colecionador de itens do personagem Fantasma no Brasil nesse eventos de quadrinhos que frequento com assiduidade. Simpaticíssimo e elétrico na mesma proporção, Dedy me contou muita coisa sobre o "Espírito que Anda" numa rapidez de raciocínio espantosa. Prometi que um dia visitaria sua famosa coleção ( que tem até um trono em tamanho real), incluindo suas centenas de pôsters originais de cinema. Nesse ano em que o clássico herói criado por Lee Falk completou 80 anos, Dedy nos brinda na rede com um vídeo de 1996 do programa Fantástico ( quando Fantasma fazia 60 anos e era lançado seu longa metragem) em que mostra sua coleção e interage com o lendário criador Lee Falk, que ao falecer em 1999, com mais de 90 anos, ainda bolava as histórias para a sua criação. Momento histórico que vale a pena rever. Valeu Dedy Edson!
Conheci hoje uma página no tumblr. bem interessante - e a tal já tem alguns anos na rede. Trata-se do blog "Awesome People Reading", que teve a brilhante ideia de compartilhar imagens de, como o próprio nome diz, pessoas famosas, comuns e personalidades lendo. Tem fotos de todas as épocas, cenas de filmes, ilustrações de livros, pinturas e imagens cotidianas de atores/atrizes, políticos, escritores, artistas de toda espécie, músicos e outras pessoas conhecidas do público (ou não) em momentos de leitura. O blog abre até para os gibis, detalhe que revela o desprendimento de quem fez a página, e acaba passando longe do academicismo. Ainda bem! Até uma cena da Mulher Maravilha contando histórias para crianças foi selecionada! E também belezas como essa foto acima, da atriz Lauren Bacall e esta abaixo, em que garotas lêem magazines e comics no ano de 1946.
Com pouco mais de três décadas, a Fluir, mesmo sendo considerada a mais famosa revista de surf do Brasil, anunciou seu fim na semana passada. Mesmo quem não era surfista, sabia de sua existência, ela que acompanhou todo o processo de reconhecimento do nosso surf, dos amadores e heroicos anos 80 aos competitivos e premiados dias atuais. Em certas fases, rolou em suas páginas matérias de comportamento, música e pautas com foco no universo jovem, além de outros esportes radicais em destaque. As mulheres também sempre deram o ar de sua graça nas páginas da Fluir, seja praticando surf ou outros esportes, seja em deslumbrantes cenas à beira-mar. Deixo aqui como homenagem algumas capas de várias épocas e um link esperto para matéria com assinatura de quem entende do riscado - Guaraná, que foi editor da Fluir em um grande momento da publicação ( eu embora tenha muitos amigos surfistas, sempre tomei caldo e fui mais da turma do "jacaré").
