29 de novembro de 2016

Sharon Jones (1956-2016)


Sharon Jones é mais uma artista excepcional que deixa o nosso planetinha nesse tenebroso 2016. Uma das maiores cantoras do soul e da música negra mundial, Sharon elevou o nível da black music nos últimos anos, com suas apresentações bombásticas ao lado da ótima banda The Dap-Kings. A cantora começou tarde no mercado - gravou seu primeiro disco em 2002, aos 46 anos - e não baixou o nível em nenhum momento desde então - nem quando descobriu um câncer em 2013. Lutou contra a doença com a mesma gana que a fez brilhar na música, depois de trabalhar duramente em subempregos na juventude e ser guarda de prisão uns anos antes de chamar atenção em shows locais e no coral da igreja da sua comunidade. Sharon Jones é um exemplo a seguir e uma voz divinal para se ouvir até o fim dos tempos.

https://www.youtube.com/watch?v=1ifbleDsSsI

https://www.youtube.com/watch?v=8ouI5KcyHfE

https://www.youtube.com/watch?v=IlPE1rEdAdI

https://www.youtube.com/watch?v=XQOYAjd8icg

https://www.youtube.com/watch?v=DmHOW3_3rOM

28 de novembro de 2016

Sá escreve sobre Guarabyra ( Correio da Manhã - 09/06/1970)



Esse raro artigo no Correio da Manhã foi escrito pelo grande compositor Luiz Carlos Sá em 09/06/1970, sem supor que viraria componente do primordial trio Sá, Rodrix & Guarabyra, fundado em 1971. O próprio Guarabyra me confirmou na rede que nessa data eles sequer imaginavam que em um curto período de tempo estariam tocando juntos ( arrematando que imaginava menos ainda que estariam juntos mais de 40 anos depois!). São dois artigos escritos pelo Sá sobre o futuro parceiro - este aqui é o segundo ( outra informação passada pelo Guarabyra). A se notar os preciosos detalhes pessoais e artísticos da coluna - e os trechos em que seus caminhos se cruzaram e já solidificaram a amizade antes da parceria musical oficial - fica claro que essa comunhão intrínseca era só uma questão de tempo.





26 de novembro de 2016

Sábado literário na Biblioteca Paul Harris


Essa foi uma manhã muito enriquecedora, como é de praxe em todos os eventos capitaneados pela incansável Ana Maria Guimarães Rocha, responsável pela Biblioteca Paul Harris de São Caetano do Sul e presidente da APL - Academia Popular de Letras. Entre vários lançamentos de livros e um pocket show bem dinâmico com Mônica Pinheiro, pude rever grandes e admiráveis confrades da APL e conhecer novos integrantes e colegas deste surpreendente e mágico mundo literário. Com meu filho Gabriel - sempre dando uma força enorme nas "correrias" do pai - pude mostrar mais uma vez meu livro "Aura de Heróis" de 2014 e resgatar dos escaninhos minha primeira obra, "Borboletas Abissais", que já completou 15 anos de seu lançamento. E embora tenha chegado bem atrasado e esbaforido, consegui assim que adentrei o evento, declamar ao vivo um dos meus poemas preferidos, "O Trem" ( na íntegra, lá embaixo). Valeu, Ana!

Ana Maria e os escritores e parceiros presentes ( eu cheguei atrasado e perdi a foto principal) - foto de Claudio Rossi/APL

Foto Claudio Rossi/APL

Com José Eugênio Pinheiro ( foto de Gabriel Canos)

Manuel Filho e a equipe da Paulus ( foto Marcos Massolini)

com Pepita de Oliveira e Nilton Jorge ( foto Claudio Rossi/APL)

Mônica Pinheiro e seu parceiro de dupla Luan

Meu fiel escudeiro, Gabriel, à postos!

A "árvore literária" de Natal no saguão


O trem

O trem atravessa os interiores
da cidade trepidante e atribulada
Pela estrada de trilhos traz trabalhadores
e transporta seus sonhos e alvoradas
Mestres de obras, tributaristas, escriturários
Crédulos, descrentes, atletas, atrizes
congregam por instantes o mesmo itinerário
e formam atraente aura cheia de raízes
O comboio de metal mobiliza a massa
e traça em seu percurso as linhas do destino
O amor à espera, o emprego à vista e a vida passa
passageira como os passageiros deste trem divino



(14/09/2002)

24 de novembro de 2016

Leon Russell (1942-2016)


Leon Russell se despediu no dia 13 de novembro, aos 74 anos. Músico versátil e compositor de extensa produção, já era tecladista de estúdio desde os anos 60 e nunca abandonou essa sua faceta de "acompanhante de luxo" em álbuns de outrem. Sua composição mais admirada e gravada é sem dúvida "A Song for You", gravada por muita gente boa ( Ray Charles, Aretha Franklin, Amy Winehouse, Carpenters, Simply Red, entre tantos) mas imortalizada pela interpretação emocionante de Donny Hathaway (ouça aqui embaixo). Outros destaques de sua lavra: Delta Lady, This Masquerade, Hummingbird, Tight Rope. Exímio instrumentista, vocalista razoável ( mas que dava uma textura própria às suas composições), entrou para o Hall da fama do Rock em 2011.

https://www.youtube.com/watch?v=HeHiio1sTTI

https://www.youtube.com/watch?v=tn-br0h4rZk

https://www.youtube.com/watch?v=d2Z9qN8R9Bg

https://www.youtube.com/watch?v=YLBv7dNkl3A

22 de novembro de 2016

Curta Metragem "M.A.M.O.N - Latinos X Trump

O curta-metragem M.A.M.O.N (Monitor Against Mexicans Over Nationwide), dirigido por Ale Damiani, faz parte do projeto Wecanfxit e vem fazendo um sucesso danado na rede. Não é pra menos: o filme traz com muita inteligência um Donald Trump sci-fi totalmente alucinado, manipulando sua versão "Robô-Gigante" e levando a cabo sua promessa de campanha de isolar os mexicanos de vez atrás da finalizada "grande muralha" americana ( no vídeo, eles são "catapultados" para fora do país e na sequência, pisoteados pelo tal robô controlado). Entre trabalhadores que movimentam a economia dos EUA, uma miss (ironicamente o concurso Miss Universo faz parte do conglomerado Trump) e referências à cultura Mexicana ( galo branco, Chapolin Colorado, mariachis, a "mamacita", os mascarados da lucha libre, entre outros), Trump consegue exterminar um a um seus "adversários", mas não sabe que um final surpreendente o aguarda. Um trabalho divertido, brilhante, cheio de efeitos e humor, ao mesmo tempo em que expõe e critica o plano discriminatório proposto pela política de Trump. Vejam:

https://www.youtube.com/watch?v=Q__bSi5rBlw

15 de novembro de 2016

(Mais) Foto(s) do mês: Vô Antonio

Vô Antonio, à esquerda

Desde o mês passado meu primo Ednilson resolveu ir atrás da história da família Massolini, da qual me incluo, e de lá pra cá vem fazendo um ótimo trabalho detetivesco! A saga da família é muito complicada de ser desvendada por conta de vários empecilhos, mas principalmente porque nossos bisavós tiveram uma doença gravíssima ali pelos anos 20 (bem provavelmente a gripe espanhola) vindo a falecer e deixando os filhos ( minha tia Rosa, meu tio Zéfiro e meu avô Antonio, pai do meu pai), órfãos ainda na juventude. Essa tragédia fez com que cada um deles fosse para uma família - meu avô, o mais velho, acabou indo para o interior labutar na roça. Mesmo com essas surpresas e armadilhas no caminho, a pesquisa do meu primo andou e andou bem. Um dos empecilhos - e este acaba atrapalhando muito quando se busca documentos em cartórios - é o fato de cada filho ter um registro do sobrenome ( a parte do tio Zéfiro, Massolino; a parte do meu vô, Massolini e Mazolini - e por aí vai). Entre as descobertas, nomes diferentes em certidões de nascimento ( tia Rosa por exemplo, era Rosina), datas trocadas e fotos inéditas ( muitas estavam com a parte da família que ficou em São Bernardo). Meu avô Antonio tem pouquíssimas fotos em vida. Goleiro da General Motors nos anos 30 (seu apelido era Testão) foi contratado para trabalhar na empresa à época por ser bom de bola, e lá ficou até se aposentar. Infelizmente conheci muito pouco meu vô, pois ele faleceu no início dos anos 70, quando eu contava com 3, 4 anos de vida. O que lembro vagamente é de um senhor com barba a fazer - ele já estava muito adoentado - sentado o tempo todo em um sofá avermelhado, do qual eu mantinha distância por puro amedrontamento. Receio bobo de criança, pois quem conheceu o Seu Antonio sabia que ele era uma pessoa de boa índole e amável. Há uns anos atrás eu e meu pai fomos checar nos arquivos da General Motors se havia alguma foto dos tempos pioneiros do futebol na empresa, em busca de uma imagem em que aparecesse meu vô no time, pois nossa família não tem nenhuma referência dessa sua fase na juventude. Saímos decepcionados de lá, pois todas as imagens anteriores aos anos 60 não eram mais guardadas no acervo. Um absurdo! Com esse resgate bem vindo da parte do meu primo, algumas fotos suas vem aparecendo aos poucos. Eu já tinha achado uma foto de má qualidade nos guardados do meu pai, com meu vô entre uma formação posterior do time da General Motors (provavelmente início dos anos 60 - foto abaixo) Não é uma imagem de boa qualidade e também não é de seus tempos áureos embaixo das traves, mas de certa forma, resgata sua proximidade com o futebol amador e suas raízes. As outras duas fotos, acima, vieram das buscas do Ednilson: o retrato - que mostra bem as semelhanças com meu pai - deve ser dos anos 50. Já a belíssima foto dele em uma bicicleta, ao lado de um amigo, tem boas chances de ser dos anos 40. Ficam aqui os registros do meu heroico vô Antonio Massolini, a quem pouco conheci, mas que sempre me acompanhou no coração, como se de certa forma me protegesse no correr da vida. Um anjo da guarda de luvas.





13 de novembro de 2016

Leonard Cohen (1934-2016)

O grande Leonard Cohen se foi na sexta-feira e me deu um baita susto: naquela tarde eu tinha mostrado uns vídeos seus do Youtube para meus filhos e fiquei contando um pouco sobre o que sabia dele, as músicas que eu conhecia do seu repertório e outras que acabamos ouvindo ali pela primeira vez. No outro dia soube que sua morte foi a noite, algumas horas depois da nossa sessão!! Estávamos em sintonia com o velho Cohen!
Mais um passamento de um grande artista em um ano muito, muito dramático e trágico.
Eu tenho alguns discos de Cohen e embora sempre tenha admirado muito o seu trabalho, desde o seu início nos anos 60 ( o primeiro LP é obra-prima!), adoro duas fases em particular: aquela um pouco antes do seu "retiro espiritual"nos anos 90 e a sua reentrada no mercado nos últimos anos, que ocorreu por pura subsistência: ele ficou sabendo que tinha sido "rapelado" por sua empresária e teve que voltar à ativa nos palcos e nos discos. Sua voz, feito vinho, foi ficando cada vez melhor e ultimamente estava ainda mais "nicotinada" e "encharcada de bourbon", embora o compositor/cantor nunca tenha precisado de aditivos para ter sua voz gutural/grave/ gravitacional. Muitos ainda não sabem que ele foi o autor de uma das músicas mais gravadas nos últimos tempos -"Hallelujah"- que rolou em trilha de desenho animado (Shrek), seriado global ( Justiça) e em versões de muita gente boa. Mas seu repertório é fantástico, eclético e suas criações densas, duradouras. Sua obra merece ser conhecida pelos jovens de hoje e do futuro, pois como seu terno, sua elegância e sua profundidade, a música que fez e interpretou é perene.

https://www.youtube.com/watch?v=YrLk4vdY28Q

https://www.youtube.com/watch?v=NGorjBVag0I

https://www.youtube.com/watch?v=6o6zMPLcXZ8

https://www.youtube.com/watch?v=DgEiDc1aXr0

https://www.youtube.com/watch?v=NW7oNpzBSGc&list=PLwjD81rPeQqXrMf0u_3Qk5Ye4X_2ddQjQ&index=6

https://www.youtube.com/watch?v=ytdjYjM-cLg&list=PLwjD81rPeQqXrMf0u_3Qk5Ye4X_2ddQjQ&index=8

https://www.youtube.com/watch?v=YiCyTXk78xs&list=PLwjD81rPeQqXrMf0u_3Qk5Ye4X_2ddQjQ&index=19

https://www.youtube.com/watch?v=Osuodidy6eA&index=42&list=PLwjD81rPeQqXrMf0u_3Qk5Ye4X_2ddQjQ

11 de novembro de 2016

Barry's Volkswagen Beetle Story


A agência inglesa Adam & Eve DDB London contratou a documentarista Amanda Blue para dirigir essa emocionante história que traz as memórias familiares do britânico Barry Openshaw, e que consequentemente inclui a participação do Fusca dourado do seu pai em grande parte desses eventos/momentos inesquecíveis. Eu, que convivi desde a tenra infância com os "Fuscões" do meu pai e depois tive a honra de conhecer meu sogro e suas várias histórias relacionadas aos carros que teve durante sua vida ( Fusca incluído, claro), me emocionei bastante com esse vídeo! ( na sequência, vale assistir o making off abaixo).


9 de novembro de 2016

IMS adquire arquivos fotográficos dos Diários Associados

Uma boa notícia colhida do portal Comunique-se: o Instituto Moreira Salles adquiriu o arquivo fotográfico de três jornais cariocas que pertenceram aos Diários Associados do famoso "Chatô" (Assis Chateaubriand). São eles, "O Jornal" ( nascido em 1919; adquirido pelos DA em 1924 e extinto em 1974); Diário da Noite (1929-1964) e Jornal do Commercio ( de 1827 - adquirido pelo grupo em 1957 e fechado recentemente, como postado por este blog). A cadeia jornalística dos Diários Associados existe até hoje, vale lembrar, mas não mantém mais nenhum jornal em atividade no Rio de Janeiro, daí a necessidade que teve em encontrar um instituto que acolhesse essa preciosa coleção de imagens do seu acervo. O IMS, que já vem fazendo um trabalho primoroso nesse sentido, não perdeu o passo e amealhou esse arquivo histórico tão importante. Que outros arquivos primordiais que mofam esquecidos em porões pelo país afora tenham essa mesma sorte.

http://portal.comunique-se.com.br/jo-com/82703-instituto-moreira-salles-adquire-arquivo-dos-diarios-associados

7 de novembro de 2016

( O Acervo Sorve): Suplementos culturais da Folha da Noite com páginas de quadrinhos ( 1952)






Há muito, muito tempo atrás, o grupo Folha publicava em bancas dois jornais diários, a Folha da Manhã e a Folha da Noite ( que depois se fundiram na edição única Folha de S.Paulo - além da Folha da Tarde). Foi nesses periódicos que Mauricio de Sousa começou como repórter policial e conseguiu publicar suas primeiras tiras ( Bidu/Franjinha foram as primeiras). Alguns anos antes, a Folha da Noite incluía em suas edições de segunda, quarta e sexta um suplemento cultural com a cobertura do meio artístico que dedicava a última folha para as histórias em quadrinhos ( principalmente de aventuras seriadas, mas em certa fase, também com humor - Pinduca foi um dos personagens). Nessas duas edições que consegui para o meu acervo (26/03/1952 e 02/09/1952) as séries são "Os Anjos do Inferno" e "Os Prisioneiros do Tempo", ambas seriadas e distribuídas pelas APLA. Os desenhos são chamativos e de certa qualidade ( não consegui saber mais sobre essas histórias em minhas pesquisas - se alguém souber, por favor, deixe suas observações aqui). Como curiosidade, além da capa com Valentino, chama a atenção o então ator Ronald Reagan posando de galã na fronte do outro número, ele que sequer imaginava nesses tempos que 29 anos depois se tornaria o 33º presidente dos EUA. Na verdade, ninguém em canto algum imaginava.

3 de novembro de 2016

Foto do Mês: "Ondas Urbanas" de Priscila Zambotto


A dinâmica Priscila Zambotto foi minha colega de ensino médio aqui em São Caetano do Sul e só poucos anos atrás soube que tinha abraçado com garra e determinação a fotografia, essa profissão imagética e magnética que ainda consegue nos comover. Desde então venho acompanhando seu trabalho pelas redes sociais, sempre com muita curiosidade, visto a qualidade e identidade de suas fotos. Foi o caso dessa imagem batizada de "Ondas Urbanas", produzida em 2014 (acima), e que desde então  coleciona prêmios e menções Brasil afora. A própria Priscila elencou essas premiações:

- 2º lugar na "XXVIII Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco" – Manaus/AM – 2014.
- Selecionada no 12º Salão Nacional de Fotografia “Pérsio Galembeck – Araras/SP – 2015.- Participação na exposição coletiva "Infinitos Tons de Cinza" com fotos dos associados do Grupo Luminous de Fotografia premiadas ou selecionadas na XXVIII Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco (Manaus/AM - 2014) – Galeria Consigo – São Paulo (SP) – 2015.
- Publicada na Galeria Fotográfica Estilo, do Estilo/ND - Anuário do Núcleo de Decoração do Vale – 2015.

- Recebeu Menção Honrosa no "XX Salão Nacional de Arte Fotográfica" - Foto Clube de Londrina (PR) -2016

Muito merecido; e ouso dizer que se for participar de eventos internacionais, levará mais louros. É a típica imagem que além de ser feita na hora certa/no lugar exato, traz sensibilidade própria e plasticidade genuína. Técnica à parte, o resultado é pura arte.