28 de setembro de 2019
Entrevista com Duda Moura
Entrevista com Duda Moura, amigo de longa data e um dos grandes bateristas brasileiros em atividade. Em sua longa carreira, participou de várias formações musicais e lançou dezenas de projetos, entre eles os métodos de bateria de sua autoria, Bateria Ouvir & Tocar (vols. 1 e 2) e Grooves do Brasil, além de idealizar o Curso de Bateria Drumming Boy. Mais detalhes de sua bio, aqui: https://www.dudamoura.com/biografia
.................................................
M- Duda, um grande prazer conversar com você!
Escutei a música “Céu do Sertão”, de sua autoria, recém-lançada na rede, um tema instrumental brasileiríssimo, profundo, com raízes latentes. Conte como veio à luz essa preciosidade em sua vida, e como foi o seu processo de criação...
DM- Realmente foi uma luz! Mas é uma longa história e eu queria fazer uma introdução. Tudo começou com o trabalho que faço com a ONG “Amigos do Bem” lá no sertão - é um local de muita emoção, de emoção à flor da pele e tudo isso acaba contagiando a gente. No ano de 2017, eu fui convidado para fazer a trilha sonora de uma peça que a professora de teatro iria realizar lá no Centro de Transformação dos Amigos do Bem. Eu fiquei surpreso pelo convite porque eu não sabia se tinha condição ou não de fazer essa trilha, né? Há muito tempo eu não tocava violão, não compunha nada, mas resolvi aceitar o desafio. Só que aconteceu uma magia nessa história toda: ela me deu os temas...o motivo do que eu tinha que compor, e a partir daí começou a aflorar a inspiração! Compus várias músicas, algumas já tinha texto, outras eu tive que fazer a letra, outras ainda só a melodia, e a música “Céu do Sertão” na verdade era a introdução da abertura da peça – eram só dois acordes, e eu fazia um BG ( como a gente diz), indo e voltando naquilo ali, no ritmo do baião, mas ao mesmo tempo era uma coisa muito profunda. E eu percebi que a música tocou as pessoas no dia da peça...até eu mesmo fiquei emocionado! No primeiro momento foi assim. No ano seguinte, nós viajamos pra lá. Foi no ano de 2018, e era, se não me engano, o último dia de capacitação no sertão. A gente costuma ir para o Vale do Catimbau, que é um povoado lá em Buíque (PE). Era fim de tarde, quando uma amiga me convidou pra ver o pôr-do-sol, tinha mais umas pessoas lá no nosso alojamento, que na verdade é uma vila – a Vila do Bem, como a gente chama – e aí a gente desceu perto de uma igrejinha que tem lá. Aquele céu todo alaranjado, maravilhoso, e eu fiquei pensando, olhando praquele céu todo, aquele momento, o silêncio, aquele colorido...foi um momento muito bonito e me tocou também! Então na verdade foi uma soma a composição dessa música: a junção desse momento descrito e o convite para fazer a trilha de teatro para a Sonia Benetti, que é uma grande amiga e diretora de teatro de lá. Somando esse dois momentos, veio a inspiração no meu estúdio – onde estou agora narrando tudo isso – peguei o violão e foi aparecendo...fui lembrando das atividades, do nosso trabalho, que é voltado para as crianças. Na verdade, não trabalhamos diretamente com as crianças: a gente capacita os professores para eles educarem. E enquanto compunha, comecei a me lembrar do envolvimento todo que a gente tem com o projeto, que é de puro amor, pois nós somos voluntários e a coisa toda é feita com muito carinho e muita dedicação! Então nesse processo, acabei compondo, sem pretensão nenhuma...foi uma coisa particular. Só que foi um momento muito mágico porque eu senti algo dentro de mim que há muitos anos eu não sentia! Quando a gente começa a fazer música, quando a gente descobre que quer ser músico, e começa a tocar com os amigos - no meu caso, o Ponta Cristal, que você conheceu -, existe a arte dentro de você, aquela emoção diferenciada de tudo o que você já tinha vivido até aquele momento. Com o tempo, você vai se profissionalizando, e começa a perder isso, a se iludir com o trabalho; você tem que ganhar dinheiro como profissional da música, acaba meio que se desviando no meio do caminho...vira um “caça-níquel”, vamos dizer assim, e passa a viver no automatismo. Você acaba se enganando com tudo e isso passa a ser sua realidade. Eu passei muitos anos sem perceber que estava no meio dessa engrenagem toda, que não leva a nada! Então de repente me deparei com minha essência, lá da época do Ponta Cristal e consegui resgatar tudo aquilo que sentia antes, quando a gente fazia música pela arte. Então eu considero “Céu do Sertão” um resgate da minha essência e aos meus verdadeiros valores. Foi o reencontro da essência com o novo, com o que eu vivo agora. O processo de criação foi muito espontâneo, desse jeito que eu descrevi, e conseguiu trazer toda a emoção à flor da pele que eu vivi junto aos amigos da capacitação aqui para o estúdio.
..............................................................
M - Na gravação, você contou com parceiros de longa data. Embora o vídeo conte com a ficha técnica, gostaria que você detalhasse a participação de cada um na execução da música...
DM - É verdade! Contei com parceiros de longa data, mas de curta data também...rs. Você vai saber por que: o primeiro parceiro que eu tive contato foi o Paulo Dáfilin. Eu tava na sua casa e mostrei a música pra ele, sem pretensão nenhuma. Ele tava com o violão na mão, como sempre acontece quando a gente está batendo papo na casa dele e o violão acabou vindo pra minha mão. Eu toquei a música e ele começou a falar que quando o cara fosse gravar tinha que mudar determinado acorde, fazer não sei o que, e eu falei “ Mas não tem cara nenhum! Se tiver alguém, esse cara é você!” Aí ele pegou e falou “ ‘Bora’ gravar!” A gente marcou numa quarta-feira aqui no meu estúdio e foi assim que começou. O Paulo mudou alguns acordes...o violão não é o meu primeiro instrumento, tem uma certa limitação e ele é um especialista nisso, né? Então ele deu uma corrigida em alguns acordes e acrescentou alguma coisa. A participação dele nesse trabalho foi muito efetiva, não só como instrumentista, gravando os violões, mas fez a direção também, sugerindo que eu colocasse contrabaixo, violoncelo, que eu regravasse a bateria, pois era outra bateria que tinha. Ele é um grande diretor musical! Eu tive muita sorte de ter esse parceiro pra esse trabalho. Ah, e nesse mesmo dia que ele veio gravar, na verdade a melodia era a minha voz guia, mas como eu não sou cantor, tava aquela coisa linda de morrer...rs. Aí no caminho, quando ele vinha pra cá, ligou pro Amilcar, o saxofonista, que trouxe uma flauta, e me falou:”Olha, Duda, eu sei que sua voz é maravilhosa...rs, mas o Amilcar vai fazer uma guia pra poder gravar os violões”. Depois eu mandei esses violões guias já com a bateria que eu tinha gravado – que na verdade era uma bateria guia também. A percussão já tava valendo, mas a bateria era guia. Falei para o Amilcar que eu tinha uma ideia de algo orquestral e ele captou isso e gravou ali na melodia, tocando em uníssono, flauta, piccolo e sax soprano. Ficou uma coisa bem bonita, que lembra um pouco Villa-Lobos. Achei muito bacana e de pronto falei:”É isso!”. O Paulo até falou: “Vamos abrir vozes,tal”, mas era mais ou menos o que eu estava querendo e acabou ficando assim. E eu também resolvi colocar voz. Como a melodia se repete duas vezes: sopro na primeira vez e depois de novo, - então eu resolvi convidar uma cantora, a Adriana Jakutis. Essa é amiga de curta data, grande parceira de música lá no projeto junto comigo. A voz dela lembra a de uma cantora lírica e era o que eu queria na sonoridade da melodia. Só que na hora que ela gravou, ficou bonito, tudo, mas ficou faltando peso, e foi daí que surgiu a ideia de convidar o Gerson Machado, que era parceiro nosso do Ponta Cristal, vocalista, e ele participou também. No contrabaixo também é um amigo de longa data, o Nilton Leonarde, que tocou comigo no Double Duo, depois no Tropic Bossa, e como é um cara que eu tenho muita afinidade tocando, resolvi convidá-lo. Ele gravou no contrabaixo acústico. O cellista, Jonas Moncaio, eu não conhecia. O Paulo Dáfilin está dirigindo um musical que é a história do Juscelino Kubitscheck e o Jonas é o cellista deste espetáculo. Ele é de São Carlos, veio aqui na maior boa vontade e gravou aquele cello maravilhoso! Então foi assim...a parte de bateria e percussão eu gravei nove tracks de percussão – muita percussão, mais kit de bateria. Na execução teve a participação nos arranjos do Paulo, junto comigo, o Amilcar fez os arranjos do sopro, eu fiz os arranjos de bateria e percussão, o Paulo ajudou nos arranjos de voz e violão – eu tinha o arranjo pronto, mas ele acrescentou algo. O Nilton Leonarde contribuiu muito também com o arranjo de contrabaixo. O Paulo escreveu os arranjos para o cello e a voz teve a direção dele. Essa parte é muito boa também: os encontros com os amigos, cada um vindo com uma ideia, e tudo isso somado dá aquele efeito todo na música. Ouvir tudo concretizado é um prazer muito grande!
M - A gravação foi “ao vivo” no estúdio? Como foi a edição?
DM - Como eu disse anteriormente, a gravação não foi feita ao vivo, porque a princípio, não era para ser uma coisa grandiosa. Era pra ser uma música com bateria, percussão, violões e só. Mas aí o Paulo veio com as ideias, colocou contrabaixo, sopro...tudo isso veio depois. A ideia de colocar voz também...foi acontecendo, né? Então não se pensou nisso antes, pra combinar com todo mundo e gravar ao vivo. A gente aproveitou a evolução da tecnologia, o que ela nos oferece hoje. Por exemplo: eu gravei aqui bateria e percussão; gravamos também voz, violões e cello. O Amilcar gravou na casa dele sopros e o Nilton Leonarde gravou no home studio dele o contrabaixo. A tecnologia te oferece essas condições de fazer a coisa à distância. Esse é o mundo de hoje. Mas como a gente estava em sintonia plena, tudo aconteceu de forma bem natural, tanto que não precisou de muita edição...uma coisinha ou outra só. Quanto à finalização do trabalho – mixagem, masterização – foi feita no Estúdio Baeta pelo Thiago Lima. Me parece que ele trabalha na TV Record, uma coisa assim – ele fica mixando o dia inteiro. Eu falei: “Esse é o cara que vai ter facilidade pra mixar”. Porque eram vários instrumentos, e como eu disse antes, só de percussão eram nove tracks! A gente fez a mixagem à distância: eu mandei pra ele como referência uma música do Dori Caymmi...mandei uma outra do Pat Metheny – coisas que eu gosto de ouvir. Aí a partir daí ele mixou, mandou a primeira mostra pra mim e eu fui corrigindo – aumenta aqui, abaixa ali -, mais ou menos umas “trocentas” vezes indo e vindo, até conseguir chegar naquele resultado. Assim foi feito o processo. A gravação foi realizada em três estúdios: no meu, no do Amilcar e no do Nilton, e a finalização no estúdio Baeta, em São Bernardo (do Claudinho Baeta). O Thiago Lima tem uma parceria com ele, tem uma sala lá. Sendo assim, resolvi lançar a música como meu primeiro trabalho solo, como instrumentista e compositor e daí veio a ideia de fazer um videoclipe, pois a música hoje está muito associada à imagem. Fechei uma parceria com a Ginguba Records e eles me deram toda a assessoria no sentido de distribuição digital. Hoje a música está sendo distribuída em todas as plataformas digitais
............................................................
M - E a produção das imagens para o vídeo? Você que deu as coordenadas?
DM - Malu, eu pude contar com dois grandes profissionais: o Valdério Sá, que é lá do sertão de Pernambuco, da cidade de Inajá, e que cedeu gentilmente algumas imagens do céu do sertão que ele mesmo fotografou, e com a Wendy Maria, que fez a direção de arte/vídeo, além de criar aqueles gráficos inspirados na literatura de cordel. E quanto às coordenadas, eu deixei a Wendy livre pra desenvolver a criação do vídeo. Mas depois ela me enviou uma mensagem, perguntando se existia uma história da composição, como foi, e daí eu fiz um relato de tudo, da emoção e da energia na hora de compor, da inspiração que eu tive, enfim, tudo o que eu já relatei na primeira pergunta. Ela absorveu tudo isso de forma brilhante – ela é uma pessoa muito sensível – e conseguiu dar imagem à minha música. Eu gostaria de ressaltar aqui que essa música não é tão fácil assim pra fazer um trabalho como este. Ela tem vários movimentos, mas a Wendy teve essa percepção e conseguiu sincronizar muito bem as imagens com o áudio. .............................................................
M - O momento é de inspiração! Outras músicas de sua lavra podem surgir no horizonte?
DM - Eu diria que o momento é de inspiração e introspecção. As duas coisas caminham juntas. Você tem que estar ali consigo mesmo para que aconteçam as coisas, e eu ando em busca de um novo horizonte, isso tem acontecido comigo! Junto com a música “Céu do Sertão” vieram outras...eu compus mais músicas, então eu estou com um repertório pronto. A ideia era lançar o primeiro single para ver como as coisas iam acontecer, né? Eu já fiz uma pré-gravação da próxima: é uma música em 7/8 chamada “Nascimento”. Na verdade este era o primeiro single que eu ia lançar, mas aí aconteceu aquele envolvimento com a música “Céu do Sertão”, e eu resolvi prestar aquela homenagem aos amigos sertanejos. Mas essa outra música já está na fila, prontinha para ser produzida.
........................................................ M - Nos últimos tempos, você focou e se empenhou muito como professor/educador de música, lançando cursos, lecionando em seu estúdio próprio e participando de projetos sociais. Detalhe, por favor, essas ações recentes...
DM - Pois é, eu comecei a me envolver nessa área acadêmica a partir de 2002. Foi quando lancei o meu primeiro método “Bateria – Ouvir & Tocar – Volume 1”. Daquela época pra frente, eu comecei a levar paralelamente à minha atuação como músico, tocando na noite com artistas, a área acadêmica, dando aulas, escrevendo projetos. Daí veio o volume 2 do “Ouvir & Tocar”, veio o “Grooves do Brasil”, que é um método mais sedimentado nos ritmos brasileiros, lançado no Brasil e no exterior – por aqui pela Eme Editora, nos EUA pela Taps Space – e eu fui crescendo dentro dessa área. Por volta de 2005 eu comecei a trabalhar no Projeto Guri, pela Secretaria do Estado de São Paulo, um projeto social. Eu dei aula em Febem, dei aula em polos com camerata de violão, outros de orquestra. A gente preparava lá jovens e crianças pra tocarem na orquestra e ao invés deles ficarem na rua, iam até o projeto para aprender a tocar um instrumento. E no Projeto Guri, além de professor, eu fui supervisor por um curto período. Depois eu montei o meu próprio estúdio, onde além de produzir, eu ministro aulas de bateria. Já em 2012, eu fazia parte da ONG Amigos do Bem, arrecadando alimentos nos supermercados pra enviar para as famílias no sertão, e nesse período pensei comigo mesmo que eu podia fazer muito mais por eles, porque a música é um elemento transformador e eu já tinha essa experiência por conta do Projeto Guri. E veio de encontro com a abertura do centro de transformação, um lugar com atividades extra-curriculares, como música, esporte, línguas, capoeira, teatro, dança, além da escola fundamental. Mas na verdade, a essência disso tudo começou no período em que eu morei nos EUA: um certo dia, estava sentado na sala de aula – eu estudava numa escola que era para estrangeiros – com gente de todas as nacionalidades, e a professora americana chegou lá e falou que nós, principalmente o povo latino-americano, só olhava para o próprio umbigo. Aquilo ficou na minha cabeça – eu entendi que os imigrantes só queriam salvar a própria pele e não olhavam para os lados. Foi a partir daí que resolvi trabalhar com projetos sociais e hoje eu entendo que a gente está aqui nessa vida para partilhar com o próximo. ........................................................................................................................................................................................... M - E quem quiser ter aula com você, quais os caminhos?
DM - Para quem quer estudar comigo, existem dois caminhos. No ano passado eu lancei uma vídeo-aula de bateria para iniciantes e tem maiores informações no meu site, ou melhor, no site do Drumming Boy, que é www.drummingboy.com.br. Você vai encontrar lá no link “curso online” as informações de como obter a vídeo-aula. O outro caminho são as aulas presenciais. A localização do meu estúdio é em São Caetano do Sul, no Bairro Santa Maria. É um estúdio com equipamento top de linha, no qual eu realizo gravações com os alunos. Eu trabalho muito por meio da prática, dos play alongs, oferecendo todas as condições para o aluno ser um grande profissional da música. O curso foi inspirado nas escolas de línguas estrangeiras onde você aprende por meio de conversação, então aqui se aprende tocando – depois, com o tempo, vai tendo consciência daquilo que foi tocado, no caso, a técnica, a leitura, o nome das notas, etc.
M - Com mais de 30 anos de carreira, tem algo inédito dentro da música que ainda gostaria de realizar?
DM - A música tem um leque muito vasto. Dentro dela podemos encontrar a indústria da música, a arte, o entretenimento, a produção musical, a área acadêmica, e tantas outras facetas. Eu praticamente transitei em todas. Atualmente estou nessa parte acadêmica e de produção musical. Então eu diria que tenho muito a realizar ainda, porque quando você está lidando com algo que é abstrato, vamos dizer assim, as possibilidades são infinitas. Então tudo pode acontecer. Estou aqui aberto para que várias coisas aconteçam. Uma delas, que está em pauta, seria a realização de um álbum autoral. Então eu lancei o primeiro single, pretendo lançar o segundo, o terceiro, até completar o álbum com pelo menos umas dez músicas. É o que eu consigo enxergar no momento. A partir daí podem vir outras coisas. Eu sempre estou aberto à novidades, estou sempre pesquisando, indo atrás de coisas diferentes.Esse é um atrativo da música,né? Não existe monotonia.Você tem essa possibilidade de fazer várias coisas diferentes, dentro do que você gosta. .....................................................................................................................................................................
M - Para finalizar, deixe um recado para aqueles garotos/garotas - que eu sei que são muitos nesse Brasilzão -, que sonham em ser músicos, mas por vários motivos – falta de recursos, desprezo da família, falta de opções na comunidade, etc – acabam adiando ou enterrando esse sonho.
DM - O recado que eu deixo é o seguinte: na vida, você pode conseguir aquilo que desejar, desde que tenha determinação, dedicação, paixão, foco e resistência ao não, porque é o que você mais vai ouvir. Não seja egoísta e fique longe das drogas. Seja positivo, tenha convicção que seu sonho se realizará e com certeza o universo colocará as pessoas certas no caminho para que atinja o seu objetivo.
................................................................................................................................................
M - Obrigado, Duda, pela entrevista! E parabéns pelos projetos! Que venham muitos por aí...
DM -Valeu, Malu.Grande abraço! ....................................................................................................................................................
Link para o clipe de “Céu do Sertão”: https://www.youtube.com/watch?v=Ft7fNZti7mw
22 de setembro de 2019
Bat-Sinal (São Paulo, 21/09/2019)
Eu não pude comparecer, mas lá estava ao vivo minha correspondente para assuntos da cultura pop, Letícia Canos, que fotografou o momento exato em que o mundialmente famosos bat-sinal foi projetado na lateral do prédio do ItaúSA na Avenida Paulista.Essa ação em homenagem aos 80 anos do super-herói da DC aconteceu também em 10 cidades ao redor do mundo, entre elas, Tóquio, Berlim, Paris e Nova York. Graças à minha filha, fica registrado aqui no blog, em foto de sua autoria:
16 de setembro de 2019
Doodle - 105 anos de Lupicínio Rodrigues
Sempre que o Google homenageia os mestres e pioneiros da nossa cultura, eu faço questão de registrar aqui no AdM. O Doodle desta vez retrata o compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), boêmio, gremista, inventor do termo "dor-de-cotovelo" e um dos maiorais no quesito "samba canção", deixando mais de uma centena de canções, entre elas as pungentes e doídas "Nervos de Aço", "Vingança" e "Esses Moços, Pobres Moços". A homenagem é pelos seus 105 anos.
Baú do Seu João 31: mala Pégaso ( década de 50)
Hoje, fuçando no labiríntico acervo do meu pai, encontrei sua mala de juventude, onde ele carregava suas coisas do trabalho e da escola. A mala ainda está bem conservada para sua idade ( mais de 60 anos) e a etiqueta interna, de papel, mantém seu viço depois deste tempo todo! Nela está registrada a marca ( Pégaso), fabricante (Indústria de Artefatos de Couro Pégaso) e origem (São Leopoldo - Rio Grande do Sul). Um achado!
15 de setembro de 2019
Baú do Malu 80: mini-livro "Primaveras" de Casimiro de Abreu (1957)
Hoje compartilho com vocês este simpático mini-livro "Primaveras" de Casimiro de Abreu. Publicado em 1957 pela "Edições Leia", as únicas informações adicionais é que se trata de uma coleção chamada "Miniatura" e o volume foi composto e impresso nas oficinas da Tipografia Cupolo, em São Paulo, no mês de janeiro de 1957. Quem me deu esta pequena pérola literária foi minha querida madrinha Odete, a quem tenho grande amor e consideração. O livrinho inclusive está assinado pela minha madrinha e pela data constante foi lhe presenteado em seu aniversário de 15 anos pela sua amiga Paula, que lhe fez uma dedicatória (foto abaixo). Mesmo com esse tamanho diminuto, já o coloquei em destaque na estante!
10 de setembro de 2019
Cláudio de Souza Fragnan (1947-2019)
Soube hoje da morte de um dos maiores colecionadores de quadrinhos e discos do Brasil, que eu tinha também como amigo: Cláudio de Souza Fragnan. Ele morava no Rio de Janeiro e vinha lutando desde o ano passado contra um câncer. Uma das grandes felicidades minhas nesse meio do colecionismo foi ter conhecido o lendário Fragnan - lendário por ser um colecionador raro, dos que só colecionam itens impecáveis e preferencialmente com mais de 50 anos de idade. Essa peculiaridade cabia para os gibis e os LPs, embora no caso dos discos havia lugar também para os CDs. Fragnan colecionava revistas em quadrinhos dos anos 60 pra trás ( salvo raras exceções) e elas tinham que estar em "estado de banca". Se não estavam, ele fazia de tudo para trocá-las posteriormente, quando encontrava um exemplar melhor. O mesmo valia para seus discos: ele foi amigo pessoal de alguns músicos ligados à bossa nova e ao som instrumental da boemia carioca dos anos 60, entre eles, o eclético Ed Lincoln, e sua coleção de discos, impecável, logicamente, focava nesse universo musical. Tive alguns momentos excelentes com o Cláudio: em alguns telefonemas, chegamos a ficar conversando sobre quadrinhos e música por quase uma hora! E foi nessas ligações Rio-São Paulo que eu soube um pouco mais de sua vida: seus tempos de Banco do Brasil, sua aposentadoria, a fundação do Gibi Clube em 1983 e a abertura de sua própria loja de quadrinhos, sua longa amizade com Ed Lincoln. Outro momento sublime e pra mim inacreditável, foi quando ele me contatou para comprar alguns gibis de terror das editoras Chiodi e Novo Mundo que eu tinha encontrado em um sebo de São Paulo. E não era só mais uma troca do colecionador obstinado por um exemplar em melhor estado - do lote que eu adquirira, uma das revistas ele estava atrás há tempos. Foi realmente uma honra! Além dos longos papos na internet, o último grande momento com ele foi em abril deste ano no último Festival Guia dos Quadrinhos ( que acabou sendo o último mesmo). Ao lado do estande que eu, o Francisco Ucha e o Alexandre Morgado dividimos, lá estava a pequena mesa do Cláudio, com algumas dezenas de gibis incrivelmente intactos para os seus mais de 60 anos. Finalmente eu tinha a oportunidade de conhecê-lo ao vivo. Ele estava visivelmente debilitado, mas bastava aparecer em suas mãos algum gibi raro para imediatamente acender um brilho intenso em seus olhos de especialista e apaixonado. Foi a última vez que consegui conversar pra valer com ele - rimos, nos divertimos, ele me vendeu alguns gibis ( e ele me comprou alguns, mais por amizade que qualquer coisa...rs) e combinamos ali vários projetos ligados aos quadrinhos. Tentei contato em junho e julho, e ele me mandou uma mensagem breve, dizendo que estava resolvendo um assunto sério e que depois nos falávamos. O tempo, inexorável, infelizmente não permitiu. Espero, Fragnan, que a sua passagem para o outro plano seja da forma mais tranquila possível. Obrigado por sua amizade! E que seu legado para a história da História em Quadrinhos brasileira possa de algum modo ser apreciado pelas gerações futuras.
(da esquerda para direita: Francisco Ucha, Cláudio de Souza Fragnan e eu - FGdQ abril de 2019)
9 de setembro de 2019
Élton Medeiros (1930-2019)
Discreto e genial - esse era o compositor Élton Medeiros, considerado um dos melhores melodistas da história do samba. Também produtor, cantor, radialista, foi um dos fundadores da ala dos compositores da escola de samba Aprendizes de Lucas, onde deixou sua marca como criador em sambas sublimes como "Exaltação a São Paulo", de 1954. Mas desde cedo, antes mesmo da escola de samba, já era instrumentista , tocando trombone em gafieira à noite e membro da Orquestra Juvenil de dia. Mas foi a partir do início dos anos 60, nas reuniões do restaurante Zicartola ( que como o nome entrega, pertencia ao casal Zica e Cartola), como um dos principais incentivadores e frequentadores, que sedimentou uma amizade duradoura com Zé Keti, Paulinho da Viola, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Herminio Bello de Carvalho, o próprio Cartola, entre outros.E dessas amizades surgiram clássicos incontestes como "O Sol Nascerá", "Peito Vazio" (ambas de Elton Medeiros/Cartola), "Mascarada" (Élton Medeiros/Zé Keti), "Pressentimento" (Élton Medeiros/ Hermínio Bello de Carvalho), "Onde a Dor Não tem Razão", "Recomeçar" (ambas de Élton Medeiros/ Paulinho da Viola). Outros frutos oriundos das conversas no Zicartola foram o show Rosa de Ouro - espetáculo escrito por Herminio Bello de Carvalho e dirigido por Cléber Santos, com Élton Medeiros, Nelson Sargento, Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Clementina de Jesus e Aracy Cortes (mais aqui: http://almanaquedomalu.blogspot.com/2015/06/bau-do-malu-folheto-original-com.html; e o grupo A Voz do Morro, integrado por Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Zé Keti, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro e Oscar Bigode. Sua carreira seguiu discreta, com poucos discos e poucos shows, mas perpetuou sua aura de exímio ritmista e compositor de mão cheia - há indícios de que mais de uma centenas de sambas inéditos estejam guardados em seu acervo pessoal. Élton Medeiros faleceu no último dia 04, aos 89 anos. Sua poesia e sensibilidade ficam.
2 de setembro de 2019
No "retiro cultural" de José Zinnerman Nogueira
Finalmente consegui conhecer a casa do José Zinnerman Nogueira, amigo de fabulosos projetos e um dos grandes fanzineiros deste Brasil. Seu reduto fica em um bairro de Ferraz de Vasconcelos - ele mora lá há mais de três décadas - e logo que se entra em seu lar, já dá pra perceber que seus "guardados" culturais, artísticos e literários são múltiplos, sortidos e muito, muito coerentes em sua arrumação em caixas, potes e armários espalhados pelo aconchegante imóvel. As coleções são diversas: chaveiros, pôsteres, folhetos, bonecos, discos, livros, revistas, cinzeiros, máscaras, canetas, óculos, etc, etc. Mas dá para situar entre tantos objetos, alguns temas que lhe são mais caros, como, os itens que contam a história do rádio no Brasil - com centenas de áudios de programas, vinhetas e entrevistas -; a memorabilia imensa em torno de Raul Seixas e Made in Brazil - Nogueira foi cofundador do Raul Rock Club ao lado de Sylvio Passos e também idealizador de um dos primeiros fã-clubes dedicados ao Made; peças e itens ligados à arte de Salvador Dalí, Guto Lacaz, grupo Rex; fanzines e correspondências literárias de várias gerações de fanzineiros e escritores independentes do país; caveiras; Bob Esponja; Chico Anysio; arte erótica; áudios diversos de seus projetos, incluindo o último: "AudioZine". Essas são as coleções temáticas de destaque que me lembrei, mas tem mais, muito mais. O Nogueira, além de um baita parça, tem história à beça e grande importância na cultura independente de São Paulo. Ver ali ao vivo um pouco dessa sua história em cada detalhe do seu acervo é inesquecível. Nessa visita tive a honra também de conhecer seu elétrico e fiel cachorro e um simpático restaurante de comida caseira onde o proprietário - eita mundo pequeno - foi criado em Utinga, aqui pertinho da minha casa. No fim, claro, fizemos nossa tradicional troca de sacolas (cada um separa itens culturais para troca durante meses). Valeu Nogueirão! Para ver tudo, vou precisar marcar outra...rs
Assinar:
Postagens (Atom)