31 de agosto de 2023

Ponta Cristal: a volta triunfal da banda, quatro décadas depois!

                                                         O Ponta Cristal em 2023

No início dos anos 1980, a região do Grande ABC em São Paulo vivia um grande turbilhão em suas garagens, estúdios caseiros e qualquer outro lugar onde coubesse uma banda recém formada, ávida por compor músicas próprias e tocar ao vivo. A virada dos anos 1970 para os anos 1980 marcou um momento de transição em que a música brasileira procurava um novo rumo, depois de passar maus bocados com a censura da ditadura militar (principalmente no Governo Garrastazu Médici e Geisel) e ver o rock arrefecer a audiência com a aparição do fenômeno "Disco" nas pistas e uma nova leva de mulheres cantoras na MPB que estouraram em vendagens de discos com muita sensualidade e personalidade ( Angela Ro-Rô, Simone, Frenéticas, Zizi Possi, Elba Ramalho, Amelinha) e fizeram com que outras mulheres com a carreira já consolidada voltassem às paradas também (Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Joyce). O mercado tentava voltar aos bons tempos dos festivais (Festival de MPB da TV Tupi 1979; MPB 80; MPB Shell 81; MPB Shell 82 - estres três na TV Globo), enquanto a música independente e "underground' movimentava os subterrâneos urbanos, ou pelos caminhos dodecafônicos e experimentais ( Arrigo Barnabé; Itamar Assumpção e Isca de Polícia, Rumo, Premê, Língua de Trapo, Banda Um) ou pelos becos e quebradas da periferia (com os punks). O ABC sempre foi uma antena parabólica para os movimentos musicais e aquela época não foi diferente. A Fundação das Artes em São Caetano, reduto de grandes músicos desde a sua fundação em 1968, fervilhava nesse começo de década e as casas noturnas e culturais no entorno espelhavam essa efervescência ( Café Casinha; Trem das Onze). Foi nessa atmosfera que cinco jovens músicos na cidade fundaram uma banda muito consistente e apaixonante chamada Ponta Cristal. Paulo Dáfilin (violão, guitarra e voz); Gerson Machado (violão e voz); Luis Alvares (contrabaixo e voz); Duda Moura ( bateria) e Amílcar Lobosco (flauta e sax), além da amizade, cultuavam mutualmente a música brasileira plantada pela geração que criou e perpetuou a revolucionária Bossa Nova, a geração transgressora do Tropicalismo e os grandes músicos formadores do genial Clube da Esquina. Com essa formação (e a participação especial do tecladista João Cristal, na época integrante do grupo Fruto da Terra), gravaram o primeiro LP, independente, que teve algumas faixas tocadas nas rádios de MPB da época. Empolgados, foram para a estrada, com a adição do tecladista Ricardo Penachi na formação, e tocaram em dezenas de locais importantes da região, como a Fundação das Artes e os teatros Paulo Machado de Carvalho, Elis Regina e Santos Dumont, com um set list recheado de composições próprias e músicas de outros compositores que faziam a cabeça dos integrantes, principalmente os mineiros (Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes). Foi um período intenso e recompensante, mas com o mercado cada vez mais voltado para o chamado BRock (o rock que voltou nas paradas após o estouro da Blitz em 1982), remar contra a maré ficou cada vez mais complicado para a banda, que resolveu interromper as atividades por tempo indeterminado. Cada integrante seguiu sua própria jornada dentro da música profissional nas décadas seguintes e a velha amizade continuou a toda prova, visto que em vários momentos se encontraram em participações especiais em projetos novos e outras bandas. 

                                                     O Ponta Cristal em 1984

Mas o mais incrível nessa trajetória ainda estava por vir: nesse ano de 2023, o Ponta Cristal resolveu oficialmente voltar à ativa e - viva! - praticamente com a mesma formação que fundou a banda (com exceção de Gerson Machado). Com toda experiência e influências adquiridas nesses 40 anos, os integrantes já gravaram o primeiro single, "Outono" (que conta mais uma vez com a participação do tecladista João Cristal), a primeira música de um projeto batizado de "Novas Memórias", que pretende lançar várias composições dessa nova fase do ponta Cristal nas redes sociais e plataformas de distribuição digital de música. A pungente "Outono" foi composta por Paulo Dáfilin e Duda Moura durante a pandemia e traz em seu bojo toda a introspecção daquele momento de dúvida e espanto, mas também a esperança no retorno da banda e a vontade de seguirem juntos para sempre, com a essência lá de trás intacta, em busca de novos caminhos artísticos. O segundo single, "Molecagem", vem aí, com previsão de lançamento para setembro de 2023. Prova de que a volta do Ponta Cristal, depois de quatro décadas, é pra valer mesmo e pelo visto, com muitas surpresas e emoções à frente! Assim seja!

Instagram: @pontacristaloficial

Clipe: https://youtube.com/watch?v=GbuVtpt0Uuo&si=0n5lvYYBfVRv1tAt  

Acesso às plataformas para ouvir as novas músicas: https://pontacristal.hearnow.com/ 

29 de agosto de 2023

Grande capa: Eurico, o Presbítero de Alexandre Herculano (Editora Ática) por Eugenio Colonnese


Mexendo nas coisas do meu pai hoje, me deparei com este livro, que eu não via desde a minha infância. Trata-se de uma edição da série "Bom Livro" da Editora Ática , que trazia uma cor diferente na lombada e na borda - azul, vermelho, preto ou verde - para diferenciar o seu preço (este no caso é azul). "Eurico, o Presbítero" saiu em 1971, ostentando essa capa magnífica do mestre Eugenio Colonnese (1929-2008). Nascido na Itália, mas estabelecido na Argentina, Colonnese fez seu nome como um dos maiores quadrinistas argentinos, antes de vir morar no Brasil na segunda metade dos anos 1960. Aqui, continuou bravamente nos quadrinhos, mas também em ilustrações brilhantes para livros, principalmente os didáticos. Esse que eu encontrei, estava no meu HD há tempos, e foi só reavê-lo para me lembrar imediatamente dele na estante do meu pai nos anos 1970. Eu adorava mexer nos livros dele na época e essa capa foi uma das que ficaram retidas na minha mente. Nada mais natural, visto que a arte é bem impactante!

24 de agosto de 2023

Baú do Seu João 39 - Livreto promocional ilustrado da Novalgina (Hoechst)


Encontrei este livreto ilustrado de 15 páginas no meio da mistura fina de papéis diversos do meu saudoso pai. O simpático livretinho vem com desenhos bacanudos (que lembram muito o Mordillo. E eu acho que é) ilustrando as dicas de prevenção odontológica, sob o patrocínio de Novalgina (do laboratório Hoechst). Não tem data nele, mas deve ser de final dos 80, começo dos 90. 


4 de agosto de 2023

Entrevista para Kendi Sakamoto no programa "Quadrinhos para Quadrados e Redondos" (20/07)

 No dia 20/07/2023 concedi entrevista para o empresário e colecionador de quadrinhos Kendi Sakamoto, em seu programa "Quadrinhos para Quadrados e Redondos" na TV Relacionamento. Além de falar um pouco sobre minha vida e carreira, o papo focou no meu último lançamento, o livro 'Joselito Mattos Solta seus Bichos" (Editora Noir) e novidades (como o anúncio do novo livro que está em produção). Segue a entrevista completa no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=o_RR_uHOzhk 

Betinho Moraes na revista Raízes

Depois que fiz, por volta de 2017, um zine sobre o inesquecível guitarrista Betinho Moraes, que passou pelas bandas Devotos e Kães Vadius, ficou burilando na minha mente, enquanto eu fazia outros projetos, como eu poderia voltar com sua história em outra oportunidade. E eis que agora em julho de 2023, essa vontade virou realidade: fiz uma grande matéria sobre o Betinho Moraes na última edição da revista Raízes. Por enquanto, fiquem com essas duas imagens (a maravilhosa capa da edição e a primeira página da matéria). Em breve, coloco aqui o texto completo. (obs: pra quem quiser uma edição da revista, que é gratuita, é possível adquirir diretamente na Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul, que fica na Avenida Dr. Augusto de Toledo, 255, São Caetano do Sul - SP)