A Editora Abril, em seus primeiros dez anos (1950-1960) lançou poucas revistas e nem todas alcançaram o sucesso desejado pelo boss Victor Civita. Se O Pato Donald (1950), Mickey (1952), Capricho (1952 - a primeira revista brasileira com fotonovelas), Ilusão (1958) e Manequim (1959) seguiram adiante com força (mesmo que o início de quase todas tenha sido aos trancos e barrancos), outras não tiveram sorte no mercado e sumiram em pouco tempo: Raio Vermelho (1950 - depois Misterix), Meu Bem ( 1952 - revista com quadrinhos românticos) ,Você (1958 - também com fotonovelas, mais requintadas) e Noturno (1959). A virada da década pareceu dar uma nova arejada na editora com o lançamento da pioneira Quatro Rodas (agosto de 1960). Diversões Escolares, outra dica do irmão argentino de Victor, Cesar Civita, começou muito bem neste mesmo ano de 1960 (e mesmo mês), apresentando uma revista em formatinho made in Itália (Fratelli Fabbri Editori, de Milão, mas produzida na Editorial Codex, da Argentina), no estilo "almanaqueiro" de Seleções, mas direcionada aos jovens em idade escolar. Com este foco, publicava seções educativas e de curiosidades, voltadas para as ciências, a natureza, trabalhos manuais e colecionismo - a seção sobre filatelia fez sucesso logo de início. Também incluía desde o começo, histórias em quadrinhos de dois personagens: Saturnino, um alienígena ("Saturnino descobre a Terra", de C.Solini) e o jovem índio canadense Alce Branco ( "Na aldeia dos índios", sem assinatura de autor). Detalhe curioso: no logotipo característico da editora nestes primeiros anos, junto à arvorezinha vermelha na capa, a inscrição "Editora Abril Didática". O intuito talvez fosse prosseguir com esta linha educativa ( o que só foi se concretizar mesmo com a Fundação Victor Civita, décadas depois).
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Edição 3 - 15/10/1960 |
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Anúncio de Quatro Rodas - ( edição 3) |
Ainda em 1961, com as vendas aquém do esperado pela cúpula, houve uma reformulação na publicação, com o intuito de salvá-la. Cláudio de Souza, o "bombeiro" de plantão do seu Victor para resgates e salvamentos quase impossíveis, ficou encarregado das mudanças, que começaram com a troca de nome para "Diversões Juvenis". Mas os detalhes desta nova roupagem, vou deixar para o próximo Baú . Algumas dessas informações eu tirei das edições que aqui estão e que fazem parte do meu acervo, mas muitos detalhes preciosos e precisos vieram do excelente e pouco comentado livro "O Homem Abril - Cláudio de Souza e a história da maior editora brasileira de revistas", do historiador e jornalista Gonçalo Junior ( Opera Graphica Editora -2005), que assim como outras obras mais debatidas do autor ( Guerra dos Gibis 1 e 2) expõe todo o painel editorial de uma época, além de esmiuçar e investigar detalhes mal explicados ou esquecidos da história. Um dos melhores livros históricos/biográficos que já li e que ainda pode ser encontrado ( na Comix Book Shop, sai por R$49,00). Estas belas capas expostas aqui são made Italy, feitas por um tal de Cozzi A.
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Edição 6 - 15/01/1961 |
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HQ com Saturnino ( edição 6) |
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HQ com o jovem índio Alce Branco (Ed.6) |
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Edição 7 - 15/02/1961 |
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Anúncio de Band-Aid ( edição 7) |
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Anúncio de Nescau ( ed.7) |
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Matéria sobre "os truques do cinema" (ed.7) |
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Anúncio da nova revista do Zé Carioca (ed.7) |
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Edição 9 (maio 61) |
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Seção "Os pequenos entrevistam os grandes" (ed.9). O entrevistador no caso, Flávio de Souza, aqui com 7 anos, é filho do editor Cláudio de Souza. Flávio se tornou escritor, roteirista e produtor de TV ( é o criador do Castelo Rá-Tim-Bum) |
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idem |
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Seção " O Tio Filatelista" (ed.9) |