30 de junho de 2011

O incompreendido e incomparável Nick Drake

Nick Drake morreu em 1974, aos 26 anos, incompreendido por crítica e público da época. Lançou em vida três discos emblemáticos para o folk e a música britânica, cada um com seu universo e particularidades únicas. O primeiro, Five Leaves Left, de 1969, trouxe um emocionante violão perpassado por orquestrações suaves e vocal sussurrante que viraria seu emblema. O segundo, Bryter Layter (1970),  dialoga com o jazz e o rock e é o que chega mais perto de uma formação "banda" ( graças as participações do guitarrista Robert Thompson, que já participara do primeiro, e seus comparsas do Fairport Convention, além de John Cale); o derradeiro, Pink Moon (1972) é o mais intimista e instrospectivo, mas não menos brilhante. Três discos imprescindíveis que não aconteceram. O magnífico e inusitado disco de estréia vendeu umas três mil cópias. Nick ficou chateado mas não se abateu com o fiasco e logo engatou o lançamento do segundo trabalho, demonstrando sua boa forma e até resquícios de humor entre suas explanações melancólicas de praxe. O resultado pífio nas vendas desta vez  bateu fundo e Nick nunca mais foi o mesmo. Se ele era monossilábico, ficou catatônico; se as drogas e as pílulas eram casuais, tornaram-se um preenchimento das horas; quando gravou as sessões caseiras do derradeiro Pink Moon, seu estado depressivo era tanto, que deixou a fita na mesa da secretária da gravadora Island sem conversar com ninguém. Logo depois voltou para a casa de sua família onde veio falecer dois anos depois. Neste ínterim, ainda tentou uma última sessão de gravação, mas seu estado lastimável só permitiu a conclusão de quatro canções ( lançadas postumamente). O terceiro disco também não vendeu nada, estarrecendo os amigos e músicos que sempre o viram, desde a escola de música, como um gênio criativo sem igual. Mas paralelamente a sua criação ímpar, havia uma timidez, um antimarketing e uma índole indomável que acabaram implodindo qualquer empurrão comercial em sua carreira. Por uma década, Nick Drake ficou fadado ao limbo, só lembrado por privilegiados conhecedores de sua obra. Até que os anos oitenta sopraram ventos em outra direção e fãs do mainstrean como Robert Smith (The Cure) e Peter Buck ( REM) começaram a incensá-lo e louvá-lo em entrevistas, e seu nome passou a figurar entre lendários e influentes de uma geração. Seus três discos de carreira, quem diria, passaram a frequentar listas de melhores discos de todos os tempos. Vários artistas da nova geração (e também Elton John, da velha guarda) regravaram clássicos de sua obra. Nick Drake finalmente e merecidamente, saía da sombra.
Em tempo: Renato Russo gravou Clothes of Sand de Drake em seu primeiro disco solo de 1994 ( todo em inglês). Já as nossas gravadoras - novidade - nunca lançaram os discos de Nick Drake em terra brasilis.

River man: http://www.youtube.com/watch?v=idcaRTg4-fM&feature=related
Way to Blue: http://www.youtube.com/watch?v=S40DdlD9JxI
Cello Song: http://www.youtube.com/watch?v=_1YsFgDaEeo
At the Chime off a City Clock: http://www.youtube.com/watch?v=Y4Va1xJUjC0
Poor Boy: http://www.youtube.com/watch?v=NdYJyp4EIbI
Northern Sky: http://www.youtube.com/watch?v=y11X5WljnFA&feature=related
Parasite (cover de Beck): http://www.youtube.com/watch?v=rUzGz3pBeFQ
Road/ Place To Be/  Which Will.(três faixas de Pink Moon): http://www.youtube.com/watch?v=ZT17fInnJ_I
Clothes of Sand ( com Renato Russo): http://www.youtube.com/watch?v=lN4WcXfxY_s
Day is Done: http://www.youtube.com/watch?v=Cyv4qB5Aft4&feature=related
Pink Moon: http://www.youtube.com/watch?v=aXnfhnCoOyo

22 de junho de 2011

Compositoras Brasileiras (9) - Bárbara Eugênia

Divulgação
Bárbara Eugênia é bárbara mesmo, e nada ingênua. Veste camiseta do Sonic Youth, canta o que quer ( e o que já viveu) e já é referência na nova cena paulistana. A sua música é moderna sem forçar a barra e tem um frescor espontâneo e despojado só dela. Mas quase, por pouco mesmo, não rolou nada disso. Carioca radicada em São Paulo desde 2006, vinda de uma separação dolorosa ( e qual separação não é dolorosa?) e de um quase início de carreira na MPB tradicional, Bárbara só aprumou seu rumo quando trombou em 2007 com o produtor Apollo 9 que lhe deu a chance de participar da trilha do cultuado filme "O Cheiro do Ralo". Em seguida, engatou uma parceria com Edgar Scandurra em projeto sobre Serge Gainsbourg. Já enturmada em Sampa, se aconchegou entre a turma que vem fazendo a novíssima cena musical brasileira, em parcerias certeiras com Tatá Aeroplano (Cérebro Eletrônico) e Cidadão Instigado. Suas dores e cores de amores, embalados em baladas pop e rocks lisérgicos, conquistaram muitos protagonistas, a ponto de seu disco de estréia, lançado no segundo semestre de 2010 ( "Journal de Bad", um dos melhores lançamentos do ano passado) ter participações atemporais - Otto, Edgard Scandurra, os citados Tatá Aeroplano e Cidadão Instigado, Tom Zé ( em uma vibrante participação em "Dor e Dor", pérola de sua lavra), Pupillo e Dengue (Nação Zumbi), Karina Buhr, entre outros. Bárbara Eugênia é das minhas - adora a música criada entre os anos 50 e 70 - e está aí pra injetar emoção nas modorrentas audições teleguiadas que se avizinham. Sem estardalhaço nenhum, mas com atitude e presença, em quintais até então abandonados.
http://www.barbaraeugenia.com/
http://www.youtube.com/watch?v=Lowic6flj_8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=6pKAw_nYxWc
http://www.youtube.com/watch?v=82tI54LTXBA&feature=fvwrel
http://www.youtube.com/watch?v=I2h0Fdb5V64&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=7h_UW8_iWcA&feature=relmfu
http://www.youtube.com/watch?v=-VyXUMfcKFc&feature=related

21 de junho de 2011

A música de Chico Buarque, de volta

Chico Buarque segurando o seu novo disco "Chico" ( Reprodução - Site Oficial)
Chico Buarque, depois de alguns anos mergulhado no mar da literatura, está de volta à música. Como sempre, trazendo poesia de primeira dentro de uma canção brasileiríssima. "Querido Diário" é a primeira música de trabalho do disco prestes a sair do forno. O áudio foi disponibilizado para os fãs que fizeram a pré-compra de seu novo CD "Chico" no site  http://www.chicobastidores.com.br/. Esse mesmo áudio acabou vazando e está rolando no Youtube (veja abaixo em matéria do UOL):
Áudio:  http://mais.uol.com.br/view/zwuxgmhe6kop/chico-buarque--querido-diario-04020C9A3966C8B91326?types=A&
Letra:
"Querido diário"

Hoje topei com alguns conhecidos meus
Me dão bom-dia [bom-dia], cheios de carinho;
dizem para eu ter muita luz
e ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho

Hoje a cidade acordou toda em contramão
Homens com raiva,
buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta à casa, na rua
recolhi um cão
que, de hora em hora, me arranca um pedaço

Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez,
fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício

Hoje, afinal, conheci o amor
E era o amor, uma obscura trama
não bato nela, não bato
nem com uma flor
mas se ela chora, desejo-me em flama

"Querido diário"
Hoje o inimigo veio,
veio me espreitar
Armou tocaia lá
na curva do rio
Trouxe um porrete, um porrete a "mode" me quebrar
mas eu não quebro não, porque sou macio, viu?!

Saiu a lista do 23º Troféu HQMix

O HQ MIX, maior prêmio brasileiro dos quadrinhos, já tem a lista oficial dos indicados deste ano (link abaixo) e a imagem do troféu-escultura do Geraldão (acima), personagem de Glauco, falecido no ano passado e homenageado nesta 23ª edição. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 15 de setembro.
http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/noticia/

15 de junho de 2011

Compositoras Brasileiras (8) - Camila Costa

Camila Costa é uma verdadeira pérola a se descobrir. Sua voz doce e seus arranjos primorosos remetem o ouvinte a várias paisagens, todas paradisíacas. As sensações podem ser as mesmas de uma suíte de Guinga & Aldir ou um flerte do "Círco Místico" de Chico & Edu. Violonista, cantora e compositora, fundou há mais de 10 anos, com Nilze Carvalho, o Sururu na Roda, com a proposta de preservar e resgatar o cancioneiro popular. Com o grupo, lançou três discos, participou de workshops sobre o samba em universidades americanas e se aprofundou intensamente em marchinhas clássicas e sambas dos primórdios, num belo trabalho de resgate cultural. Em 2005, consegue uma brecha na agenda do Sururu e grava o seu primeiro trabalho solo, "Reflexo", com dez composições próprias, mostrando um lado autoral passional e intenso. Um disco emocionante, mas inexplicavelmente desapercebido. Entre 2007 e 2009 faz apresentações elogiadas no exterior, ao lado do pianista Itamar Assière e também com o Sururu na Roda. No mesmo ano de 2009, seu projeto "Bendito é o Maldito entre as Mulheres" é aprovado e finalmente em 2011, apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil (SP), com Camila ( que também dirigiu e roteirizou todo o projeto) ao lado de Jards Macalé e outras cantoras compositoras cantando a obra de outros homenageados ditos "malditos" (veja aqui, as participações deste projeto incrível: http://www.bb.com.br/portalbb/page511,128,10165,1,0,1,1.bb?codigoEvento=3930 ). Essa realização de sucesso parece ter aberto uma grande janela na carreira da compositora, que neste ano se desligou do Sururu de Roda e está em vias de finalizar canções fresquíssimas que fecharão um novo disco ( as demos estão em seu myspace abaixo). Ao que tudo indica, o trabalho não será nada convencional....
http://www.myspace.com/camilacostaoficial
http://www.youtube.com/user/camilacostabrasil?blend=21&ob=5
http://www.youtube.com/user/camilacostabrasil?blend=21&ob=5#p/a/u/2/GsvPaMzHaZs

13 de junho de 2011

Valeu, Bigorna!

Hoje fui fazer o meu habitual caminho pelas novidades dos quadrinhos na internet e tomei um susto: um dos melhores sites sobre a nona arte está encerrando suas atividades, depois de mais de seis anos prestando serviço inestimável à categoria. Márcio Baraldi, uma espécie de super-herói multitarefas do nosso quadrinho pátrio, que ultimamente estava carregando o Bigorna nas costas, conta toda a saga de sacrifícios para manter a página em pé e o que o levou a fechar o ciclo ( além do pertinente desabafo sobre a HQ nacional).Eu que acompanhei o Bigorna por todos esses anos- entrevistas, discussões, prêmios, polêmicas... foram muitos os momentos que fizeram história - espero que o Baraldi, para fechar com chave de ouro, edite uma coletânea ( quando der tempo, claro) com os melhores momentos do site. O Bigorna deixa uma lacuna enorme no jornalismo especializado em quadrinhos, por sua crítica, nunca inconsequente, por seu foco no quadrinho nacional, sem intolerância, e por dar espaço pra todos que quiseram divulgar ou colaborar. Valeu, Márcio Baraldi, valeu Bigorna...

http://www.bigorna.net/index.php?secao=artigos&id=1306717371  ( dêem uma boa sacada no desenho que abre o editorial do Baraldi. É do Bira, outro multi das artes gráficas, que aglomerou numa cena só, personagens clássicos e de todos os gêneros do quadrinho brasileiro. Entre tantos, Garra Cinzenta, Bidu, Saci, personagens do Henfil, Jotalhão, Mônica, Maria Erótica, Turma do Xaxado, Cubinho, Maciota, Bob Cuspe, Trapalhões...

Double Duo Jazz Quartet em grande forma

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Recebi do nobre Duda Moura, via Youtube, o último show da Double Duo Jazz Quartet, formação instrumental em que democratiza sua audaciosa batera ao lado de Amílcar Lobosco ( flauta e sax), Ary Holland ( piano) e Nilton Leonarde (baixo). Parceiros de longa data, os músicos demonstram em versões arejadas de jazz, mpb e pop, uma inabalável sintonia fina entre eles que transparece naturalmente nas execuções ao vivo. Acompanhem trechos do show em apresentação deste mês, as últimas no site do Duda e o primeiro post do Double Duo aqui no Almanaque, em 2009 ( com o myspace do quarteto).
 http://www.dudamoura.com.br/
http://almanaquedomalu.blogspot.com/2009/08/double-duo-jazz-quartet.html

9 de junho de 2011

"Eduardo e Mônica", a música, vira filme publicitário

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A já clássica "Eduardo e Mônica", história completa de amor letrada e musicada por Renato Russo nos tempos em que se intitulava "O Trovador Solitário" ( um pouco antes da Legião Urbana), virou filme da operadora Vivo pelas mãos da O2 e da agência África. O clipe ficou bem maneiro, e as trocentas vezes que o casal acessa os devidos celulares não comprometem a produção bem amarrada. Com seus 4 minutos e pouco ( a música rola na íntegra), o comercial não teria longa vida no congestionado e veloz horário nobre televisivo. Daí a preferência pela divulgação apenas na internet.
http://www.youtube.com/watch?v=gJkThB_pxpw&feature=pyv

Les Paul e o "Doodle para tocar"

A equipe do Google responsável pela criação dos famosos doodles está cada vez mais criativa. Desta vez, o logo interativo do dia, em homenagem ao  mestre Les Paul, permite que o internauta toque música utilizando o mouse ou o teclado.É isso mesmo! A façanha inédita já virou febre entre os internautas, a ponto de divulgarem sequências no teclado para algumas músicas famosas ( veja lá embaixo).
Les Paul (Lester William Polfuss - 1915-2009) foi um versátil guitarrista de jazz e rock, vendedor de milhares de discos, mas ficou mesmo na história por ser o inventor que alterou o curso da música com a criação da guitarra elétrica de corpo maciço e os múltiplos canais para as gravações. Hoje, completaria 96 anos.
Muitos artistas usaram e divulgaram a Gibson Les Paul para o mundo. Entre tantos, destaco 20 dos bons:
Jimi Hendrix
Eric Clapton
Ace Frehley
Jimmy Page
Steve Howe
Slash
Bob Marley
Zakk Wylde
Brian Jones
Joe Perry
Adrian Smith
Pete Townshend
Rafael Bittencourt
Mark Knopfler
Gary Moore
Billie Joe Armstrong
Paul McCartney
George Harrison
Eddie Van Halen
Raul Seixas
Além do vídeo oficial para o doodle "musical", fiquem com algumas sequências divulgadas hoje na internet:
“Asa Branca”, Luiz Gonzaga - 1235534 1235543 11235 54314 33223 2211
“One” (Metallica) – 3-7-3-5, 1-7-1-5, 3-7-3-5, 1-7-1-5-8
“In the End” (Linkin Park) – 2-6-6-4-3-3-3-342-6-6-4-3-3-3- 342 -6-6-4-3-3-3 – 3-4-2 – 6-6-4-3
“Run to the Hills” (Iron Maiden) – 0 009 990 889 778
“Judas” (Lady Gaga) – J KKKKK JHHHGJHGG JJJJL; HJ
Marcha Imperial do filme “Star Wars” – E, E, E, Q, T, E, Q, T, E, U, U, U, I, T, E, Q, T, E
Trilha do Filme “Poderoso Chefão” – D-H-K-J-H-K-H-J-H-F-G-D
Parabéns pra Você – AASAFD , AASAGF, AAKHFDS, KKJGHGAASAFD , AASAGF, AAKHFDS, KKJGHG
Trilha do filme “Indiana Jones” – ERTI WER TYUP YU IOP
When the Saints Go Marching In (hino gospel americano) – A-D-R-T X2 , A-D-R-T-D-A-D-S, D-D-S-A, A-T-T-R, D-R-T-D-A-S-A
Trilha do filme “Harry Potter” – e-y-i-u-y-p-o-u-y-i-u-y-u-e

 Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=LT4fPPMXvVk 

7 de junho de 2011

Compositoras Brasileiras (7) - Lulina


foto: Marcelo Costa
Lulina pode até ter criado a Lulilândia, um lugar seu de conto de fadas, cheio de ETs, referências ao número 13 e personagens excêntricos. Mas seu mundo real é bem mais bacana..Esse seu jeitão descolado e meio "nas nuvens" esconde uma vida hipercriativa, que inclui seu segundo trampo oficial como redatora publicitária ( o primeiro é, logicamente, o de cantora-compositora), uma produção literária em off ( já lançou livro e tem muitas poesias e contos inéditos) e um gosto para a ilustração. Nascida no Recife, morou um bom tempo em Olinda, voltou pra Recife, até chegar a São Paulo há uns 9 anos, onde se adaptou rapidamente à cena indie da cidade. Começou a gravar discos caseiros ( 9 ao todo: "Cochilândia", "Bolhas na Pleura", "Sangue de ET", entre outros), que distribuia gratuitamente aos amigos e interessados, chamando atenção pelas letras irônicas e bem humoradas. Quando finalmente calhou de lançar o primeiro disco oficial de estúdio, em 2009, não perdeu a verve: batizou-o de "Cristalina", por ser o "primeiro disco sem ruídos" de sua original carreira. Tanto o disco como a inclusão de suas músicas em trilha (Alice - HBO) e compilações estrangeiras ( Lulina tem uma extensa correspondência com a Europa - principalmente Glasgow) não rompeu seu espírito underground - ela nem cogita interromper sua produção caseira. E segue divulgando sua música com medidas certas de bossa, estranheza, Mutantes, suavidade, Ultraje, humor, Syd Barret, etc, etc., ao lado do comparsa Leo Monstro e banda e com seu jeito Lulina de sempre.
http://lulilandia.wordpress.com/
http://www.myspace.com/lulina
http://www.youtube.com/watch?v=d6kojs-KPKI
http://www.youtube.com/watch?v=7ShKoL6soYI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=TY5D8GDRdfY&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=3Zgwm3dPHzA&feature=related

6 de junho de 2011

O mistério da "UBE" e o quase lançamento da revista Mônica em 1969

A Mônica, no início, e a capa da Mônica nº1 (Ed.Abril - maio de 1970)
Eu, que adoro chafurdar atrás de um assunto que me interessou, nesta semana fui, por incrível que pareça,  perseguido por um assunto. Explico. Tudo começou com o post sobre o Alain Voss. Ao pesquisar sobre ele, me deparei com um episódio que até então desconhecia: o suposto esquema de lançamento da revista Mônica, de Maurício de Sousa, pela União Brasileira de Editoras, a mesma que lançaria seu personagem Careca em revista própria, mas teve todo o projeto abortado ( a fonte é o blog do Roberto Guedes e a citação é do editor Franco de Rosa - veja aqui: http://guedes-manifesto.blogspot.com/2009/07/40-anos-de-o-careca.html . O ano:1969; ou seja, um ano antes do lançamento real de Mônica pela Editora Abril ( a revista saiu da gráfica de Victor Civita em maio de 1970 e logo se mostrou um sucesso editorial retumbante). Fiquei encafifado com essa menção, mas deixei quieto (eu  só o mencionei, no post do Voss). Na sexta passada, comprei a revista Mundo dos Super Heróis nº 27, com a surpreendente matéria de capa sobre Maurício de Sousa, em um amplo dossiê de 40 páginas (!). E lá, na entrevista com o mestre, feita por Manoel de Souza e André Morelli, o assunto reapareceu. O trecho da entrevista é esse:
Manoel: Parece que, quando você lançou a Mônica, pela Abril, ocorreu um salto na sua carreira e as coisas realmente começaram a acontecer...
Maurício: Em partes. Antes da Abril, eu já estava trabalhando com merchandising, estava entrando na área de desenho animado...a Abril foi parte do processo. Se eu não tivesse ganho prêmios no exterior, não tivesse com o merchandising estourando e publicando tiras em 300 jornais, não teria revista ainda. Um ano antes da Abril, eu já planejava lançar uma revista com outra editora. Mas os jornalistas que montaram essa editora tiveram problemas com a ditadura militar e acabaram presos.
Manoel: Que editora era?
Maurício: Não me lembro. Eles estavam começando, eram jornalistas ex-colegas meus. Só sei que foram presos e minha célula editorial foi desmontada. Eles sumiram e eu não sabia onde eles estavam. Foi um golpe duro.
Quando bati o olho nesse ponto da conversa, percebi que o assunto voltara pra me cutucar, mas não ficou só nisso não. No sábado, comprei em um sebo da minha cidade o livro "Panorama da Música Popular Brasileira na Belle Époque" (1977- Livraria Sant'anna) do magistral pesquisador Ary Vasconcelos (1926-2003) .Uma importante obra que resgata do limbo os músicos brasileiros do século XIX. E não é que ao ler o curriculum vitae do autor, o danado do assunto, mesmo em um livro sobre música, reapareceu? entre centenas de funções exercidas por Ary no meio jornalístico-editorial, está lá: Diretor de Redação da União Brasileira de Editores - UBE (1968-1969). O mesmo nome citado por Franco ( a única diferença é que no livro está Editores e no blog do Guedes, Editoras. A sigla é a mesma) e o mesmo período citado por Voss e Maurício. Bom, o assunto venceu pelo cansaço. Esses indícios me atiçaram e aqui estou eu. Dei uma sapeada na web, mas pelo visto esse tema precisará de uma boa pesquisada externa. Quem sabe o próprio Franco não tenha mais pistas. Juntando o que temos, dá pra se tirar uma conclusão: o que estava no terreno da "lenda", depois dessa declaração do Maurício, passou para o campo das possibilidades. A revista Mônica ( ou da turma da Mônica com outro título) quase saiu em 1969, por uma editora desconhecida- isso é fato, mas é só a ponta do iceberg. Quem eram os jornalistas da UBE? quais eram seus planos no campo editorial? além do Careca e Mônica, havia intenção de lançar outras revistas? como foi esse "desmanche"´da editora via ditadura? Vou atrás de mais pistas. Quem souber de algo, por favor, me ajude nesse resgate.

2 de junho de 2011

Compositoras Brasileiras (6) - Nina Becker

                                                                                                            Divulgação

A música de Nina Becker é camaleônica. Quando surgiu na Orquestra Imperial, por volta de 2002, cobrindo a ausência temporária da crooner Thalma de Freitas, aderiu ao formato multicolorido e alegórico da superbanda e por ali ficou. Veio das artes cênicas e produção de filmes publicitários, abriu ateliê cult de moda simultaneamente à orquestra, mas nunca mais abandonou a música. Também pudera - a escola em que entrou pela porta da frente não podia ser mais perfeita para sua formação prática: além da Thalma, tinha Kassin, Rodrigo Amarante, Moreno Veloso, Nelson Jacobina e seu filho Rubinho, entre tantos novatos e mestres. Durante os movimentados anos ao lado dos parceiros imperiais, começou a compor, e antes mesmo que gravasse essas canções autorais, foi considerada pela APCA como a melhor cantora de 2008 e uma das artistas mais influentes da sua geração, pela revista Bravo. Até que em 2010, finalmente veio á luz outros tons de Nina até então desconhecidos pelo seu público. De uma só tacada, a compositora lançou dois discos irmãos, o "Azul", gravado durante um ano, mais instrospectivo, contemplativo, sereno, e o "Vermelho", gravado ao vivo em estúdio em apenas quatro dias, mais imediato, mais recheado de instrumentos, mas tão delicado quanto. Das 20 músicas dos dois disquinhos, tem duas do Jorge Mautner/Nelson Jacobina (Samba Jambo no Azul e Lágrimas Negras no Vermelho), tem canções da novíssima geração e tem parcerias de Nina com os integrantes da aliada Banda do Amor e também com membros da Orquestra Imperial. Dois discos que embalam o ouvido como música de ninar, assobio de avô, violão no sofá, ambos longe, muito longe do agito carnavalesco d'antes. Mais uma prova de que Nina Becker tem cores de sobra em seu arco-íris particular.
 http://www.ninabecker.net/
http://www.youtube.com/watch?v=DkUIejKOszc&feature=related
Medo: http://www.youtube.com/watch?v=NCTPKwj0hyQ
Toc Toc: http://www.youtube.com/watch?v=4iOqkZKXNF8&feature=related
Ela Adora: http://www.youtube.com/watch?v=lr8AlOF1qno&feature=related
Pedido: http://www.youtube.com/watch?v=vM8lwx7Px94&feature=related
Janela: http://www.youtube.com/watch?v=8z6Qs72R2kI&feature=related
Lágrimas Negras: http://www.youtube.com/watch?v=9bFdzh91i2o&feature=related
Tropical Poliéster: http://www.youtube.com/watch?v=AllzIp--yEU
Madrugada Branca: http://www.youtube.com/watch?v=gpH2tF2I3F0&feature=related